terça-feira, 10 de março de 2015

Não é a roupa da mulher que deve ser mudada, mas o comportamento do homem!

Fico muitíssimo indignada quando uma mulher é assediada ou abusada e a primeira coisa que perguntam é sobre a roupa que usava. Eu nunca usei roupas curtíssimas ou decotadérrimas e fui assediada na rua muitas vezes. Não uso roupas curtas porque me sinto desconfortável, porque gosto de sentar no chão, de dobrar as pernas. Mas mesmo com roupas "bem comportadas" sofri assédio.
Teve uma época, quando tinha meus 10 ou 11 anos que tinha medo de ir até o bar da esquina porque tinha um homem que me perseguia. Ele me seguia de bicicleta dizendo um monte de besteiras, falando que queria fazer isto e aquilo, coisas que com dez anos eu não fazia ideia do que se tratava, mas que sabia que não queria aquela coisa asquerosa tocando em mim. Várias vezes eu corri pra casa, pois ele andava sempre de bicicleta. Eu sentia muito medo! Isto aconteceu até um dia que entrei em casa correndo e chorando e meu pai saiu atrás dele e o confrontou.
Naquele momento eu temi por mim e pelo meu pai. Graças a Deus não aconteceu nada e aquele nojento parou de me perseguir.
Mas não fiquei imune a piadas na rua, barulhos de chupão e outras coisas mais. Uma vez eu estava esperando o ônibus, pelas sete horas da manhã, na esquina da minha casa, onde tinha dois bares, mas estavam fechados e um cidadão, já com seus 40 anos e que vivia de fazer pequenos trabalhos de capina nas casas ali da volta resolveu se mostrar. Desceu da bicicleta, encostou-a no muro do bar e veio pra cima de mim com as calças arriadas e balançando seu pênis. Não sei como consegui reagir tão rápido! Deu uma surra de sombrinha no tarado! Bati nele com muita raiva! Tanta que quebrei a sombrinha e ele fugiu correndo! Depois disso pensei no quão arriscado tinha sido minha atitude e que ele poderia ter reagido, me batido e sei lá mais o que. Voltei pra casa tremendo que nem vara verde!  Com as pernas bambas e chorando! Nunca mais aquela criatura se quer olhou pra mim, se me via na rua mudava o rumo. Mas ele poderia ter agido diferente e tentado fazer algo comigo novamente não é? E não era porque eu estava de mini ou micro saia, porque nunca usei nada muito acima do joelho. Não era porque eu estava de short curto ou blusa decotada ou transparente. Foi porque eu sou mulher e eles acreditam que mulheres estão aí pra isso.
Eu até acho bom que se use uniforme nas escolas e no trabalho, economizam nossas rouptchas! Mas optar por isso porque guris adolescentes não sabem respeitar as colegas é no mínimo absurdo. E mais absurdo é ouvir da responsável pelo SOE (nem sei se existe isto ainda) que as meninas devem usar "roupas comportadas e que se os guris derem piadas ou passarem a mão ela não tem nada o que fazer!" É acreditem já ouvi mais de uma vez o mesmo argumento no Dom João Braga (escola péssima, aliás) . E de mais de uma pessoa.
Outro dia um pai reagiu ao argumento dizendo que eles deveriam fazer os guris respeitar e não fazer as gurias andarem tapadas. Isso me deu uma pontinha de esperança e pensei, nem tudo tá perdido!
Mas ainda que sejamos maioria, ainda somos vítimas destes abusos.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Deficiente mental porque fui um?

Acabei de ler os relatos destes espíritos que vieram em sua última encarnação com algum grau de deficiência mental. O livro joga por terra aquela ideia de regra quanto ao motivo de alguém reencarnar com limitações físicas ou mentais. São várias histórias contadas pelos próprios espíritos e depois comentada pelo mentor Antonio Carlos. Vamos encontrar histórias de suicidas, ex-usuários de drogas, delatores torturados pelo remorso, pessoas que praticaram mal contra seus semelhantes e até o caso de um rapaz que reencarnou para aproximar a família da espiritualidade. Cada caso é um caso isto o livro deixa bem claro. Aliás, o relato deste jovem me emocionou muito. Ele nasceu sem nenhuma deficiência, mas tornou-se deficiente por conta de um acidente de transito, no qual deveria desencarnar. Como sentia-se em dívida, pois não havia conseguido fazer com que a família se espiritualiza-se pediu permissão para continuar encarnado, sobre o que foi alertado pelo seu mentor que, caso ocorresse, ele viveria com muitas limitações, sofrimento e dor. Ele insistiu e lhe foram concedidos mais alguns anos. Sua missão foi plenamente realizada! Como antes do acidente ele já frequentava o centro espírita e estudava a doutrina, seus companheiros do grupo jovem daquela casa passaram a lhe visitar e mais tarde outras pessoas do centro, com isto a família começou a interessar-se pelo Espiritismo e tornou-se seguidora da doutrina. Quando ele de fato desencarnou, noutro acidente a família compreendeu o desencarne, sabendo que tudo não passava de uma separação momentânea.
Enquanto lia, pensei em várias pessoas e famílias que conheço e que tem em seu seio alguém com uma deficiência. Eu mesma tenho dois afilhados com limitações, que são cercados de muito amor, condição imprescindível para o bom desenvolvimento destas pessoas.
Outro relato que muito me tocou foi o do Benedito, que nasceu com deficiência devido a sífilis de que os pais eram portadores. Na sua família todos os irmãos tinham algum grau de deficiência, mas ele foi o mais afetado. Ainda assim, era muito ativo, trabalhava com os pais na lavoura e depois, quando passou a viver na cidade começou a trabalhar rachando lenha na casa das pessoas. Mesmo com o trabalho pesado cuidou dos avós com muito carinho até seu desencarne e depois dos pais. No plano espiritual não ficou com nenhuma sequela da deficiência, visto que seu perispírito não havia sido afetado, mas apenas o corpo físico.
Para quem não crê no espírito, na reencarnação tudo pode parecer apenas uma forma de alento aqueles que sofrem. De toda forma o que devemos ter claro é que precisamos sempre amar. Uma vida não vale a pena se não amarmos.
Recomendo a leitura!