quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Paixonite de infância

Hoje quando fui buscar minha sobrinha na escola dois coleguinhas dela começaram a cantar "é o amor" numa alusão a paixonite que ambos tem por ela. Outro diz diz que eles brigaram porque os dois gostam dela. Mas ela não quer saber de nenhum deles. Assistindo a cena acabei, inevitavelmente lembrando de três colegas da segunda série que cantavam o tempo todo na minha volta uma música do extinto grupo Dominó e que traduzia sua sensação de tristeza por eu não corresponder seus sentimentos.
Uma tagarela como eu sempre tinha papo com todos da sala, não precisava que ninguém respondesse, bastava estar do lado escutando meu monólogo incansável. Então eu conversava com os colegas concentrados e com os "terríveis" da sala, no caso dois Leonardos e um Cristiano. É engraçado que eles gostavam de mim e supunham, lá com seus botões, que eu gostavam de algum deles, é claro. Ainda mais que eu sentava numa carteira próxima e conversava com eles.
Um dia antes de sair da sala para o recreio eles vieram os três juntos para saber, afinal de contas de qual deles eu gostava. Nunca fui uma pessoa de enrolar. Digo logo o que sinto ou não sinto, sem enrolação. Naquela época não era diferente.
Um dos Leonardos foi quem disse que queria falar comigo. O Leonardo era meu colega desde a primeira série. O outro Leonardo chegou depois transferido de outra escola e com uma fama de aluno mal comportado. O Cristiano também não tinha lá uma fama das melhores. Apesar de todos terem algum problema de comportamento, o que hoje considero apenas uma enorme energia e um comportamento compatível com o fato de serem crianças, todos tinham boas notas. O colega chegou dizendo de forma incisiva que eu tinha que decidir de qual dos três eu gostava.
Na época acho que não arqueava a sobrancelha, ainda, mas se o fizesse com certeza neste momento ela devia estar nas alturas. Mas nem deu tempo de uma resposta desaforada porque os outros me cercaram dizendo que era verdade e eu tinha que dizer de quem eu gostava, que tinha que decidir. Então eu decidi mui categoricamente e com uma gentileza sem tamanho...
_ Eu não gosto de nenhum dos três e nem temos idade para este tipo de coisa.
Depois desta resposta toda vez que eles se aproximavam era pra cantar "mas ela não gosta de mim/ vive me dizendo não/ nem tem pena do meu coração/Que só vive nessa ilusão". Confesso que ficava bem vaidosa, principalmente porque adorava o grupo Dominó.
Esta lembrança estava quase esquecida, não fossem os coleguinhas da Larissa saírem pela rua cantando pra ela, talvez não fosse lembrar disso tão cedo. Fiquei com vontade de escutar o Dominó.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A formiguinha e o elefante

Quando eu era pequena passei muitas tardes da minha infância na casa do tio Lauro e da tia Marli, com o Laudemir, o Miguel e a Maribel. Pra casa deles eu ia de caçamba quando o tio ia lá em casa me pegar e quando eu queria voltar pra casa cantava Lady Laura do Roberto Carlos, numa versão minha mudando Laura por  Lauro.
Foi numa destas tardes que a tia Marli me contou a história da formiguinha e do elefante.  Não sei se isto é uma fábula safada (uma safábula, diria a Jannah) ou se é realmente uma história de crianças que foi subvertida por adultos maliciosos. Pesquisando no google (óbvio haha) vi que tem uma porção de historinhas sobre a formiguinha e o elefante, demorei e encontrei num blog a versão da tia Marli que diz o seguinte:
Certa vez uma formiguinha precisava atravessar um riacho, mas sozinha corria o risco de afogar-se pois era muito fundo. Então que entra na água um elefante a quem a formiga pede ajuda.
_Ei amigo elefante eu preciso atravessar o riacho, mas sou muito pequena, pode me ajudar?
Logo o paquiderme responde:
_Claro suba nas minhas costas e te dou uma carona.
Ela mais que ligeiro se coloca no lombo do elefante e fica bem firme. Quando chegam do outro lado a formiguinha agradece ao amigo.
_Obrigada amiga, muito obrigada você salvou minha vida!
E o elefante mais que ligeiro retruca:
_Obrigado nada, pode baixando as calcinhas!

Não é uma história muito própria pra crianças eu acho. Mas na época que ouvi pela primeira vez se quer podia dar qualquer conotação maliciosa. Devo ter levado pelo menos uns 15 anos pra entender a história.