sexta-feira, 24 de maio de 2019

Padrões de beleza são cruéis

Acredito que a primeira estória que conheci que trata de padrão de beleza é um conto dos Irmãos
Grimm! Sim, não era um conto de fadas certamente! Pelo menos não dentro do padrão Disney! Então minha mãe contava a história da Gata Borralheira, aquela moça que se chamava Cinderela e, órfão de mãe, ganhou uma madrasta e duas irmãs muito feias e más. Invejosas e ciumentas pela beleza de Cindy (somos íntimas, são mais de 30 anos!), as três mulheres a faziam de escrava, jogando sobre ela todas as tarefas de cuidados e manutenção da casa.
A Cinderela dos irmãos Grimm, assim como os outros contos deles, era mais pro lado do terror do que pras doces fábulas, que contadas pelos Estúdios Disney fez com muita menina desejar ser princesa! Na história que a mãe contava a Gata Borralheira não foi convidada para o baile no palácio, mas sua fada madrinha veio em seu socorro providenciando um vestido lindo, um par de sapatinhos de cristal, uma carruagem feita de uma abóbora e dois ratinhos foram transformados em cocheiro e pajem para conduzi-la ao tão esperado baile. Desde aí percebi que, "não existe mulher feia, existe mulher que não conhece os produtos jequiti"! Sim, a fada madrinha não fez nada além do tal "banho de loja" e com algumas peças novas e uma boa make, Cindy se largou pro baile e arrasou corações, conquistando inclusive o príncipe. Ela teve que adequar-se ao padrão de beleza da corte para poder ser admitida no baile sem questionamentos, sem que o guarda lhe pedisse o convite! E como todo encanto tem hora pra acabar... eis que o relógio lança suas doze badaladas no ar e nossa princesa precisa deixar seu amor para não ser descoberta. Perde seu sapatinho de cristal e volta ao borralho!
Perceba que a heroína da estória precisou se encaixar no padrão de beleza, mesmo sendo uma mulher bem bonita, que estava apenas um pouco andrajosa! Após voltar a sua vida normal, segue sonhando com o príncipe!
E ele, por sua vez, começa a busca pela dona do sapatinho de cristal e do seu coração! Que romântico, não?! Sempre pensei que o infeliz sequer olhou pro rosto da Cinderela, afinal, bastava olhar pra cara da mulher pra reconhecer não é mesmo? Não, o vivente não foi capaz de perceber que o rosto de uma centena de mulheres do seu reino NÃO ERA O ROSTO DA SUA AMADA. Ele só conseguiu achá-la porque o sapato serviu perfeitamente! (Cada vez que ouvia a estória ficava pensando em quanto aquele príncipe era lesado!) As irmãs e a madrasta reconheceram Cinderela assim que ela entrou no salão do palácio, mesmo com o vestido mais lindo! Mas o príncipe dançou a noite toda (até a meia noite, claro!) com ela e depois encontrando-a em trajes esfarrapados não foi capaz de reconhecer! Aff!
Mas, como era preciso experimentar o sapato, lá se foi o príncipe  acompanhado de uma comitiva em busca do amor de sua vida! Chegando na casa de Cindy uma das irmãs calça o sapato e percebendo que não é seu número, recorre a uma atitude descabida e corta o dedão do  pé. Segue então que, o pobre príncipe leva sua "amada" e pela rua percebe o rastro de sangue. Desconfiado volta a casa da moça, devolvendo-a. Afinal o sapato não lhe coubera!
A outra irmã então corre para o sapatinho, cheio de sangue, e enfia no pé! Também não é seu número! Mas ela decepa o calcanhar e mostra como serviu bem certinho. Lá se vai o casal no cavalo branco do príncipe e o sangue manchando a estrada! (Eu disse que os contos de Grimm são terror! E minha mãe me contava isso! hahaha)  Então o moço percebe que esta também não é a sua amada.
Na volta Cinderela atreve-se a calçar o sapato e, só então, o príncipe a reconhece, porque a mágica se faz e ela  fica linda e formosa dentro do vestido da noite anterior! Eles são felizes para sempre e fim!
Eu sempre ficava pensando se aquelas irmãs não tinham morrido de hemorragia, já que deceparam dedo e calcanhar a sangue frio. E como o sangue seguia sendo expelido, certamente elas não haviam costurado ou feito curativos ali. No mínimo, morreram de gangrena, né? Morreram como morrem muitas mulheres em procedimentos cirúrgicos desnecessários para se adequar a um padrão de beleza imposto desde muito tempo.
Padrão que ignora o biotipo dessas mulheres! E que, algumas vezes, trata um procedimento puramente estético como algo necessário para a saúde desta mulher. Não bastando querer padronizar as mulheres a partir de seus rostos e corpos. Agora a novidade é padronizar as mulheres a partir da vagina! É isso mesmo! Criaram um padrão de beleza pra ela! Baseado em quê? Filmes pornôs! É, não bastava aquelas ideias de depilação radical, que não admite um pelinho sequer! Agora tem que diminuir ou aumentar os lábios da vagina conforme o que aparece nos filmes.
Conheço muitas gurias que foram muito zoadas por não se encaixarem no padrão de beleza! O bullying acontecia por ser muito alta, ter o pé grande, ser gorda, não ter cintura fina, não ter cabelo loiro Ser fora do padrão fez e faz muitas mulheres sofrerem, na tentativa estressante de se enquadrar dentro de um modelo inatingível.   Mas isso não importa pra indústria da beleza, da moda e da cirurgia plástica.  Porque quanto mais insatisfeito se está com o seu corpo mais grana se gasta para atingir esse ideal de beleza desumano!

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Compromisso

Como a gente se descompromissa da gente quando tá em compromisso com outra pessoa,  não é mesmo? A gente vai cedendo, abrindo mão de coisas pelo outro! E depois de abrir mão é muito difícil retomar o compromisso contigo mesma!
Não é só em relacionamento romântico que acontece isso! Acontece muuuuuuito em relacionamento de mães e filhos! E aqui acontece bastante por causa da culpa! A culpa que as mães sentem por não poderem estar com os filhos o tempo todo, por ter que deixar na escola pra trabalhar, por ter escolhido um pai que não cumpre o seu papel, enfim, a mulher acaba se culpando muitas vezes até pelo que não é culpa sua!
E o compromisso com a gente vai sendo colocado em segundo plano na tentativa de suprir as necessidades dos outros! Lembro sempre da professora Cinara, de psicologia do Técnico em Contabilidade que dizia: "vocês tem que estar no topo da pirâmide de vocês! Adivinha quem é que tá no topo da pirâmide do teu marido ou do teu filho? Dica: não és tu!"
Isso já martelava na minha mente. Com certeza, não é coincidência, mas perdi as contas de quantas vezes no centro espírita o guia me dizia que "a pessoa mais importante da minha vida era eu"! Foram muitas e muitas vezes! E demorou muito tempo pra eu me colocar no papel principal, confesso! Ficava naquela de quê se pensasse primeiro em mim estaria sendo egoísta!
Demorei um tempo, mas aprendi que ninguém pode ajudar outra pessoa quando está mal e nem pode auxiliar quem não quer ser auxiliado!
É nesse aprendizado que resolvi adotar a aliança de compromisso comigo mesma. Um símbolo que me ajudasse a lembrar que meu compromisso maior é comigo! É uma forma de me reforçar a ideia de que antes de qualquer decisão tenho que ouvir a mim mesma, sintonizar com meu eu interior e depois escutar ou avaliar o que outras pessoas me dizem. Porque, cá pra nós, sempre vai ter alguém pra te dar uma opiniãozinha, ainda que tu não tenha nem tocado no assunto com ela! São pessoas cheias de boas intenções, mas mesmo as intenções sendo as melhores (presta atenção!), não devem ser consideradas mais acertadas ou melhores que a tua avaliação e os teus sentimentos diante da decisão que deves tomar, principalmente porque a pessoa mais afetada pelas tuas decisões é... tu mesma!
A gente deve errar por nós mesmos e acertar por nós mesmos! Porque é nesse exercício que aprendemos e nos conhecemos. Porque, vou te contar uma coisa, mesmo que a gente abra mão do que sentimos e faça as escolhas levando em consideração só o que os outros nos dizem, no final das contas o acerto ou o erro vai pro nosso balanço e não pro daquele que opinou!
Não é fácil se fortalecer e ter consciência de si mesmo, mas é libertador! Hoje em dia estou em compromisso sério comigo!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Nas voragens do Pecado - parte II

Queridos fiquei uma semana sem conseguir cumprir minha meta de uma postagem por semana, mas foi por motivo sério e real. Sofri uma acidente leve e tive uma queimadura no rosto. Não podia, na semana passada, pegar sol para evitar manchas na pele. Foi uma queimadura superficial, mas que precisou de cuidado. Por isso acabei não conseguindo escrever aqui.
Sigo com estudos, leituras e muito trabalho! hahaha Faz parte né?! E entre minhas leituras mais queridas neste momento está o livro de que já falei  por aqui, da Yvone do Amaral Pereira, Nas voragens do pecado. Quando assisti o filme Rainha Margot fiquei profundamente tocada pela terrível e lamentável noite de São Bartolomeu! Outro livro espírita que traz relatos desta época (também falei no outro post!) é o do Rochester que se chama A Noite de São Bartolomeu. Ambos os livros nos dão uma visão profunda daqueles momentos. Conseguimos perceber o quanto o fanatismo impulsionou atitudes intolerantes tão distintas de Jesus e também como vários homens desconhecedores do amor e do bem aproveitaram-se destas batalhas entre cristãos e huguenotes para cumprirem suas vinganças pessoais e mesquinhas.
Nesta segunda parte do livro, Ruth Carolina, na personagem de Otília de Louvigny faz-se surda aos apelos e influências do irmão Carlos e segue a ideia de vingança plantada em sua alma pela cunhada de quem pegou o nome emprestado. Não percebe a pobre moça que, desta forma, coloca-se nas mãos da cruel rainha Catarina de Médici. Luis de Narbonne completamente envolvido pela sedução da falsa Otília entrega-se totalmente a ela e decide deixar sua prometida carreira eclesiástica para tomá-la em matrimônio e desta forma confortar o coração dorido que nunca recebeu amor.
Catarina percebe que sua, por hora, protegida era audaciosa e conseguiria realizar seu desejo de acabar com De Narbonne. A monarca chegara a contemplar a ideia de manter a moça junto de si, não fosse o fato de ter adotado o nome de Louvigny morta!
De outro lado Ruth Carolina vive o conflito de uma jovem que sente e compreende que o amor de De Narbonne a ela devotado é verdadeiro e isto a faz balançar em sua vingança. Não tivesse sido sua família destroçada pelo Capitão da Fé ela admite que poderia amar Luis.
Após as bodas perceberemos que a pobre menina fica mais solitária do que anteriormente, pois mesmo seus amigos e servidores acabam por afastar-se dela.
O livro tem mais de 300 páginas, mas a leitura é fácil e agradável. A escrita de Charles através da mediunidade de Yvone é de boa compreensão, mesmo que remeta a período tão distante, com nomes de nobres e reis. Continuo indicando a leitura. Provavelmente farei nova postagem sobre a terceira parte. Aguardem!