sexta-feira, 27 de maio de 2016

Violência contra mulher tem viés muito sutil

Eu percebi que tem alguns homens de cara com o fato de que estamos dizendo que homens estupram e agem protegidos pelo machismo da sociedade, principalmente depois do absurdo de 30 homens terem estuprado uma guria de 17 anos!
Eu respeito estes homens que realmente não querem ser comparados com seres ignóbeis que são capazes de causar uma dor horrorosa como esta a um semelhante seu.
No entanto meus bons amigos, a cultura do estupro existe sim e ela é muito sutil! Ela transforma a vítima de um crime hediondo como a violência sexual no motivo pelo qual um homem pode usar e abusar do corpo de uma mulher sem o consentimento dela e tantas vezes a ponto de, em alguns casos, a mulher morrer.
Não bastando ter a agressão física, estes caras gravam o ocorrido e jogam nas redes sociais, onde outros homens acham bonito e até se motivam a fazer o mesmo. Eu ouso comparar este caso do Rio com um homicídio, e digo que se fosse um assassinato de fato seria considerado com requinte de crueldade.
As mulheres estão mais vulneráveis porque recebem agressões verbais nas ruas, que são consideradas "cantadas e elogios". Quando uma mulher é assaltada além de tudo ela também é uma potencial vítima de estupro, mas a culpa é dela, afinal "ninguém é estuprada em casa lavando louça" (comentário de um cidadão de bem em alguma postagem qualquer), mas pasmem, mulheres são estupradas em casa sim, algumas vezes pelo próprio companheiro, outras pelo pai, pelo padrasto ou por algum homem que invade sua casa.
A cultura do estupro ta aí, na nossa cara quando os homens consideram “mulheres para casar” e “para pegar”. Tá na televisão quando se romantiza o abuso como amor, quando transforma violência sexual em “sexo ou amor”, ou quando um cara vai a um programa de televisão e conta como estuprou uma religiosa dentro de sua casa e quando ela desmaiou, disse que ela havia caído e deixou-a lá, jogada. Inclusive ele se sentiu a vontade para fazer isto, afinal de conta ele o fez no programa de um cara que disse em cadeia nacional que “comeria a Vanessa Camargo” (na época grávida) e não se sentindo satisfeito com tamanha escrotissee disse que comeria o bebê também. Óbvio que é o mesmo que disse no seu stand up que “mulher gorda deveria agradecer quando é estuprada”.
Realmente vocês devem mesmo ficar muito putos de serem colocados no mesmo saco que estas pessoas. E devem ficar tão putos, tão putos que deveriam começar a apontar aos seus amigos as atitudes machistas e misóginas que tem. Deve aproveitar para falar o quanto aquela piada é de mau gosto, é péssima, o quanto agride e humilha. Deve também aproveitar e pensar bem quando for falar mal uma mulher e evitar  xingamentos como: puta, vagabunda, vaca. Xingamentos que são relacionados à condição física ou a vida sexual também fazem parte da cultura do estupro. Acredite, existem formas de xingar sem apelar pra eles.
Não permita que lhes coloquem no mesmo bonde dos abusadores de mulheres e denuncie aqueles que vocês sabem que o são. Respeitem as mulheres, não porque elas poderiam ser suas mães ou irmãs, mas porque são pessoas que merecem respeito. Corrija aquele teu amigo que argumenta que a menina tava bêbada, aquele que costuma dizer que “mulher diz não, mas quer mesmo dizer sim”, ou ainda aquele que fala que a guria “usa roupas provocantes e por isto ta pedindo”. Conta pra ele que estar bêbada não é um convite, que não é não e que roupa curta não dá direito a nada!
A culpa não é de todos os homens, é verdade é só daqueles que não fazem nada para mudar as agressões às mulheres. Não tenho estatística, mas penso que estupradores são minoria, no entanto, quem considera normal que um estupro coletivo aconteça porque é na favela, “lá é assim mesmo”. Estupradores estão em todos os níveis sociais, assim como os agressores. Eles freqüentam faculdade e algumas vezes praticam esta violência com as colegas de curso, por se sentirem mais fortes e poderosos. Eles casam, e muitas vezes praticam esta violência dentro de casa porque consideram as mulheres sob sua tutela seus bens, e por ter poder e “domínio” sobre elas podem usar de seus corpos como bem entendem. É cultura do estupro quando um médico abusa de suas pacientes e um juiz o solta, seja lá porque motivo. Ou um homem matar sua namorada e ficar confortavelmente preso em sua residência.

É uma coisa muito complexa e muito difícil de explicar, porque um homem adulto só tem medo de ser violado se for preso. Aí neste caso ele tem medo de ser a “mulherzinha” do presídio. Mas nós, mulheres temos medo disso o tempo todo e a gente teme pelos nossos filhos e filhas, e sobrinhos e sobrinhas. A gente se compadece destes acontecidos, a gente sente a dor desta guria e da família dela. Quase todas nós temos conhecimento de pelo menos uma amiga que sofreu algum tipo de assédio e morre de medo que as meninas que vieram depois de nós também sofram. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Dos preconceitos

As pessoas acham que a sua opinião, que muitas vezes é formada pelo que está fora delas, deve ser respeitada. Dizem todo o tipo de coisa a respeito das escolhas dos outros, sem pensar o que aquela forma de falar representa para quem ouve. E sentem-se desrespeitados quando sua "opinião" é tachada de preconceituosa.
O que é considerado normalidade é um conceito bem subjetivo, que é formado, entre outras coisas, por uma sociedade totalmente imperfeita.
Quando eu conheço uma pessoa se gosto dela o que menos me importa é se ela é negra, branca, índia, se é gorda ou magra, se é loira ou morena, se tem o cabelo branco, a bunda caída, a barriga grande, se tem alguma deficiência e por aí vai. Porque a afinidade é algo que vem do reconhecimento da alma! A gente se sente igual o outro, tem intimidade para falar olhando no olho de igual pra igual e se algo saiu mal a gente conversa e acerta as arestas.
Quando o outro é mal caráter, bem, aí sim não há jogo de cintura a gente tem logo que se afastar da pessoa, porque esta é a única decisão dela que nos atinge diretamente. Se o outro ama animais, é gay, come melancia com manteiga, resolveu ter 20 filhos, ou se decidiu fazer um aborto por qualquer motivo, nada disso me atinge. Agora se ele é mal caráter...
E porque eu estou falando sobre isto? Porque tem retrocessos que não podem ser permitidos. E entre estes retrocessos eu destaco o direito d@s tr@ns de usar o nome social. Gente se a Rogéria optou por ser chamada de Rogéria, ainda que todos saibam que seu nome de batismo é Astolfo, a gente deve, antes de mais nada, se respeita ela, perguntar como ela gostaria de ser tratada.
A mesma coisa é o direito da mulher decidir se quer ou não ter um filho fruto de um abuso. Eu como espírita compreendo bem que toda a gravidez é a chance de um espírito viver. Bem, EU SOU ESPÍRITA, eu entendo o que pra mim cabe e não julgo a decisão de outras mulheres. Ela tem o livre arbítrio e responderá na lei de causa e efeito pela escolha que fez, não cabe a mim apontar o dedo. De mais a mais, minha gente eu conheço mulheres que praticaram aborto, cada uma com um motivo diferente e todas, TODAS, sentiram-se muito mal. Nenhuma delas depois do procedimento comemorou, muitas perderam a possibilidade de engravidar novamente. (aqui muitos dirão, bem feito!)
Eu sempre fui uma pessoa rude! E a custo, muito custo, trabalho diário e vigilância constante tento controlar estes impulsos. Mas até eu, que sou rude, estou chocada com tamanha intolerância e violência. Outro dia vi uma pessoa contrária ao aborto chamar as pessoas que defendem ou fizeram aborto de "vacas, vagabundas que merecem morrer!". Totalmente contraditório não é?
Quer dizer que uma mulher que sofreu um estupro e engravidou deve morrer se resolver interromper a gravidez? Eu nunca passei por isto, mas imagino que uma pessoa que é violentada deve pensar muito sobre esta possibilidade.
O que me espanta é porque os deputados estão sempre, sempre trabalhando pra destruir conquistas recentes e tão batalhadas? O que é que interfere na sociedade um@ tr@ns ser tratada pelo nome que escolheu pra si? Porque muitas vezes é tão importante criminalizar mulheres que optam por interromper a gravidez quando homens abandonam suas famílias? Porque respeitar o direito individual do outro agride tanto, quando o outro apenas quer viver sua vidinha na boa?  De onde foi que tiraram que seguir Jesus é ser intolerante e violento? Jesus nos pediu duas coisas amarmos uns aos outros e a Deus. Julgar os outros não está nos mandamentos!

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Campanha para ajudar o Hospital Espírita de Pelotas

Nós colaboradores, trabalhadores, estudantes do Centro Espírita Jesus estamos realizando uma campanha em benefício do Hospital Espírita de Pelotas, uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos que está enfrentando há algum tempo dificuldades financeiras sérias. Esta falta de recursos dificulta a manutenção e conservação dos edifícios, pagamento de despesas ordinárias, tais como água, luz, folha de pagamento, alimentação e medicamentos dos pacientes entre outros.
A campanha é de colaboração espontânea para com a entidade via conta de energia elétrica, na qual será debitada mensalmente a quantia autorizada pelo titular da conta. O valor mínimo é de R$ 1,00, um pilinha! A doação pode ser interrompida a qualquer momento, caso o contribuinte não possa ou não queira mais auxiliar. Para ser colaborador basta preencher o formulário que está disponível no Centro Espírita Jesus ou com os trabalhadores da casa.