quarta-feira, 30 de junho de 2010

Personagens da infância

Toda vez que penso nisso, fico com medo de chegar a conclusão de que realmente sou maluca. É que a maioria dos personagens de desenho animado que as outras crianças tinham medo ou não gostavam eram justamente os que eu gostava. Eu já cheguei a falar sobre isto n'outro post há um tempo atrás. No "Sítio do Pica-pau Amarelo" meu personagem favorito era a Cuca. Meus amigos dizem que sentiam medo dela, eu adorava, me identificava a beça. Principalmente, quando ela, se olhando no espelho, dizia com a maior auto confiança do mundo, "lindona, lindona!". Depois dela amava o Saci, ádorava suas traquinagens, o gorro vermelho e seu rodopio. Nunca fui muito de gente assim... muito-muito boazinha. Também gostava da Tia Anastácia, pode ser que em relação a esta as explicações venham de outras encarnações esquecidas providencialmente.
Minha heroina era a Mulher Maravilha. Meu sonho era sair na frente da minha casa e num "giro simples" me transformar da mulher comum, trabalhadora na super heroina linda e forte. Confesso que algumas vezes tentei, mas não tive muito êxito. Acho que a árvore que tínhamos na frente de casa não era o mesmo tipo daquela aonde ela se transformava. Hoje em dia não sei não se gostaria de andar com um tomara que caía com as estrelas dos EUA.
O meu herói favorito ficava verde de raiva. Na verdade, de todos os super heróis o incrível Hulk era o que mais me parecia semelhante a nós, gente. Outro dia minha amiga Jannah disse que sentia medo dele.
Além de gostar dos personagens "estranhos" e "diferentes" eu não gostava daqueles que a maioria das crianças gostava como o Popai e a Olívia Palito. A doida aqui não gostava! Também não gostava e ainda não gosto, da Xuxa. Na Caverna do Dragão tinha pavor daquela Uni. Tanto ela quanto o gurizinho me irritavam demais!!!
E por aí vai...
Será que Freud explica? Tenho lá minhas dúvidas quanto a isso, só tenho certeza de que nunca quis ser igual as outras pessoas. Na minha adolescência customizava roupas, usava camisas e camisetas do meu pai, com muitos acessórios, claro! Enquanto minhas amigas queriam namorar e beijar na boca eu estava pensando em estudar e adquirir a tal independência que minha mãe tanto falava. Eu queria mesmo ser artista, dançar pela vida afora, dar muitas piruetas. Mas nunca quis ser paquita, pelo contrário, achava muito bobas. Enquanto as gurias queriam ser louras eu comecei a pintar meu cabelo de vermelho. Quando todas achavam que as bruxas eram más e queriam ser fadas... Eu queria mais era uma boa bruxa, voar na minha vassoura (apesar de ter medo de altura), fazer poções mágicas e magias, cultivar ervas no meu quintal e dançar pra lua cheia.
Esta sou eu, uma luna em fases, uma imprensa nanica, uma apaixonada pela natureza, uma maluca beleza, com dias de fúria. Fiz terapia sim, me encontrei e me entendi. Algumas vezes a conexão falha e parece que as coisas não funcionam, mas é só respirar fundo e tomar um café que logo-logo o provedor coloca tudo no caminho.
Enfim, comecei falando nas personagens e viajei legal na maionese. Quem me conhece sabe que sou assim, um assunto puxa o outro e a prosa entra madrugada adentro. Caso algum psicólogo queira fazer um diagnóstico.. é só mandá-lo por email. Ah! E por favor, se for caso de internação, não digam nada pra minha família. Valeu!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Chá de laranja com aspirina

Nos dias que me acordo com a cabeça como se tivesse cheia d'água, o nariz entupido que mal dá pra respirar, o corpo dolorido e a garganta raspando só consigo lembrar de como era bom aquele tempo de criança quando minha mãe me dava de noite um cházinho de laranja com uma aspirina dentro e no outro dia eu estava renovada. Tá certo, a idade chega pra todos, fazer o quê né?! Mas um gosto tão singelo me remete aquele tempinho. Sim, porque mesmo não sendo mais criança minha mãe continua me levando cházinho de laranja na cama. O resultado não foi o mesmo. Talvez tenha sido pela falta da aspirina.
Lembro que a pior coisa de estar doente quando criança era não poder brincar, não poder sair pra rua, enquanto meus irmãos andavam por lá jogando bola e correndo. A questão é que geralmente irmãos na mesma faixa etária de idade acabam adoecendo junto.
Só que lá em casa a coisa era diferente, eu ficava doente e meu mano raramente ficava. Minha mãe dizia que era porque ele era muito arteiro. Ele sempre foi, e ainda é, inquieto, mexe com todo muito, amassa um, abraça outro e escabela outros tantos, não consegue ficar quieto. Desta forma, como ele sempre foi assim, eu tive cachumba, contagiei a turma toda e ele nada. Antes disso tive hepatite A e ele nada. Desta vez eu tinha que ficar em repouso, minha cama foi para o corredor para evitar que os guris ficassem doentes e meus pertences ficavam separados. Mas o que mais me deixou de cara foi a catapora. Gente! Eu tive tanta ferida e tanta febre que nem sei.
Estava passando uns dias pra fora na casa da vó Didi, já contei dela pra vocês. Tivemos que vir antes do previsto porque ela ficou com medo que a doença agravasse. Pelo telefone a mãe disse que o mano também estava com catapora. Sim, estava, meia dúzia de feridinhas na barriga e olhe lá. E eu com ferida até no céu da boca. Não conseguia comer porque até na garganta tinha catapora. E lá estava eu esperando a catapora passar enquanto meu irmão tomava banho de chuva no pátio.
É incrível!!!! E mesmo que a mãe cuidasse pra ele não ficar comigo pra não se contagiar da doença, virava e mexia ele aparecia pra me achacar, pra brincar, só pra olhar pra minha cara ou pra gente brigar. E ele tinha sorte, das doenças mais graves que tive ele nunca se contagiou.
Bom mesmo era quando tínhamos gripe, daí ficávamos juntos deitados no sofá, tapados de cobertor vendo televisão e esperando o cházinho de laranja com aspirina. É claro que esta calma só acontecia por alguns minutos e logo ele saia a fazer suas artes por aí.