sábado, 28 de julho de 2012

Cores...

Esquadros

Adriana Calcanhotto

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...
Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Palmas e correntes na casa do Biso - #Histórias de Fantasmas

Batidas, barulhos, mesas girantes foram os primeiros fenômenos espíritas relatados. As irmãs Fox foram as primeiras médiuns a manter contato com o mundo espiritual. O contato se dava através de pancadas e batidas, que com o tempo foram transformadas em letras do alfabeto e daí a "conversa" evoluiu. Depois vieram os fenômenos das mesas girantes, também contato entre o mundo espiritual e físico, que atraiu o então professor Rivail, futuro codificador da doutrina Espírita Allan Kardec.
Tendo este breve conhecimento é natural, ou pra alguns assustadora a ideia, de que certos sons escutados em casas antigas nada mais é do que a presença de certos espíritos ali. Bem como sentir a energia dos locais.
Na casa do meu bisavô haviam manifestações deste gênero. Conta minha mãe que o vovô dela morava na avenida Domingos de Almeida, nas imediações do colégio Ginásio do Areal. A casa era daquelas construções antigas, com alicerce feito de grandes blocos de pedras. Havia porão e sótão, cheio de coisas velhas. É provável que por ali.. um dia... tenham vivido escravos. 
A mãe conta que se escutava barulho de correntes pela casa. Ela conta que muitas vezes se escutava baterem palmas e chamar na frente da casa "em ponto de meio dia" e quando se ia ver quem era, não havia ninguém. Nunca se viu nenhum espírito pela casa, pelo menos que se saiba... 
Hoje vou fazer mais algumas pesquisas com a família e garimpar novos causos e historinhas.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

"A cena mais triste que já vi!"

Ninguém jamais suspeitou que a mãe sofresse de depressão, considerada uma das doenças do século. Nenhum outro mal a afligia. Não havia doenças do coração, nem reumatismo, artrose ou esclerose comuns para a idade de 80 anos. Realizava, apesar da idade avançada, todo o trabalho da casa, sem queixas e com agilidade. Vivia tranquila com o marido numa região da colônia de Canguçu. Da casa do alto do morro podia ver a casa de uma das filhas. Viviam aparentemente felizes.

Um domingo antes de completar 80 anos chamou todos os filhos para um almoço de família em sua casa. Vieram todos, menos Laerte, que decidiu não ir porque no próximo sábado seria o aniversário da mãe e ele iria aparecer. A mãe preparou um farto almoço, com ótimas sobremesas. Todos se divertiram, conversaram e riram aproveitando toda a felicidade daquele momento em que estavam reunidos, irmão, sobrinhos, filhos, netos.

Fernando seu pai não cabia em si de tão contente por estarem juntos enchendo a casa com gargalhadas, fala  alta e correria de crianças. O tempo rolou devagarinho naquele domingo de sol, quando puderam sentar na grama e sentir a brisa ao pôr do sol.

Na segunda feira nada havia mudado. A casa estava limpa, as coisas organizadas em seu lugar, Laura não era mulher de deixar arrumação pra depois. Pediu ao esposo que fosse a venda buscar alguns mantimentos e coisas para o almoço, isto eram pouco mais de oito da manhã. Mesmo tendo mais de 50 anos de casado, nunca desconfiou da intenção da esposa. Foi com seu carrinho até o armazém, alguns quilometros da casa.

Ela então preparou tudo com muito cuidado. Posicionou a cadeira, lançou a corda e apertou o laço. Colocou a corda em volta do pescoço e jogou-se no espaço com a mesma firmeza que fazia qualquer dos afazeres domésticos.
Ao voltar para casa Fernando se depara com a mulher já morta, pendurada por uma corda na sala de estar. Ainda que viva cem anos ele jamais entenderá como ela conseguiu colocar a corda tão alto, sendo de estatura baixa. Ainda que viva cem anos nunca conseguirá esquecer da visão que teve. E ainda que viva mais cem anos não saberá o porquê daquela atitude de deixar a vida.

Os vizinhos chamaram os filhos e o primeiro a chegar foi Laerte. Não haverá trauma maior para um filho do que ver a mãe enforcada.
_ Foi a cena mais triste que já vi! Entrar em casa e ver meu pai abraçado nas pernas da minha mãe morta! O pai nunca mais foi o mesmo depois daquilo! E como conseguir não é mesmo?

Quem imaginaria que um amor de infância acabaria assim?
Laura e Fernando se conheceram crianças e se gostaram. Ele prometeu que iria casar com ela, ela aceitou. Pelos doze anos foi pedir ao pai dela pra namorá-la. O velho olhou, com uma cara feia e disse que eles podiam ser amigos, mas namorar ainda estava muito cedo.
Fernando era um rapazinho sozinho na vida. Com dezesseis anos voltou a casa dela pra tentar mais uma vez o namoro. O pai dela disse que ainda estava cedo, que ele não tinha trabalho.  Ele resolveu arranjar um emprego junto a um armazém. 

Fernando tinha certeza de que ela seria sua mulher. Com dezoito anos ele já havia arrendado um pedaço de terra pra trabalhar. Os vizinhos davam força, o homem do armazém disse que faria um caderno pra ele e outros ofereceram dinheiro emprestado para eles casarem. Ele não quis o empréstimo. Voltou a pedir permissão para o namoro. Como ele se esforçava o pai decidiu dar uma chance, mas ele tinha que ter mais do que o que oferecia pra casar.

Não conseguia saber o que fazer pra conseguir chegar a uma condição melhor. Trabalhava de meieiro, arrendava, até que o pai da moça percebeu o quanto ele estava sozinho, o quanto ele era sozinho e deixou que ela fosse viver com ele. Mas havia a condição de casar.
O amigo da venda abriu um caderno pra vender fiado e ele seguiu pegando pesado no trabalho. Aos poucos conseguiram casar. Foram juntando dinheiro para comprar as terras que arrendavam. Conseguiram um valor grande, mas o dono da terra queria um pouco mais. Faltava uma parte. Com ajuda de um amigo, que emprestou, conseguiu completar o dinheiro. O dono das terras perguntou como ele havia conseguido o valor, ele contou, com sinceridade que a parte que faltava havia pego emprestado. O homem disse que ele devolvesse o valor para o amigo e que ele pagasse o restante quando tivesse. E foi assim que comprou suas terras, aos poucos, sempre dialogando muito com a esposa e decidindo juntos o futuro da família.
A vida foi de muito sacrifício e trabalho. E foi uma vida muito boa também! Tiveram e criaram os filhos com amor e carinho, sempre incentivando o estudo. Seu lema era "não temos nada pra deixar de herança, a herança de vocês é o estudo!". Tudo era dividido e decidido junto e ele acreditou que assim também seria na morte. Mas isto... ela decidiu solita! E ele segue solito vivendo na casa dos dois, limpando, cozinhando, arrumando a casinha com o carinho e o cuidado que lhe são peculiares. A saudade aperta sim, sufoca até. Faz parte, é o que dizem.  Só seu Fernando não quer morar com nenhum filho, quer viver na sua casinha, até quando Deus quiser!


PS.: Esta história, como a maioria dos meus contos, é baseada na história real de um senhorzinho muito guerreiro e querido que conheci. Tem algumas modificações mas o cerne é verdadeiro.
Quem podia prever ou se quer pensar no mais louco dos delírios que a história de amor que começou na infância acabaria com o suicídio dela?

terça-feira, 17 de julho de 2012

O homem gigante - Histórias de Fantasma

Entre as histórias que escutava quando criança de aparições e fantasmas sempre estava a do "Homem gigante". Hoje em dia, conversando com minha mãe, testemunha ocular do fato, a gente se pergunta se o homem seria tão grande assim, como aos olhos de uma criança. Ou se tudo não passava de imaginação.

Assim como a mulher de branco que aparecia pelos campos da Bom Jesus, o gigante também era uma história recorrente e várias pessoas contavam tê-lo visto. Não se sabe ao certo se o objetivo dos causos era impressionar as crianças ou exaltar a coragem de quem havia visto o tal gigante de perto.

Minha mãe conta que ela e a família haviam ido visitar o avô. A noite era quente e enluarada. O caminho era relativamente grande, visto que eles viviam no mato (aonde hoje é o bairro Dunas) e a casa do vovô era na Domingos de Almeida (aonde hoje é o colégio Ginásio do Areal). Eles iam andando, pois naquela época visitar os amigos e parentes era o divertimento, visto que não havia luz elétrica nem televisão. Os passeios eram recheados de boas conversas com gente amiga e um grande frege entre os irmãos na volta pra casa.

Foi em meio a este frege todo que o homem gigante apareceu com seu macacão de brim e botas de borrachas gigantes! A mãe conta que vinham naquela algazarra quando viram o homem. Uns ficaram mudos, outros falaram pro meu avô: "_Papai olha  homem!" Meu avô, que minha mãe diz que era o herói dela, respondeu: "_Deixa o homem!"
O homem passou e foi s'mbora.
A mãe conta que o homem ia crescendo, cada vez se tornando maior, até sumir pelo meio das árvores.

Fico pensando que bem pode ser o espírito d'algum lenhador que ainda não havia se apercebido da morte. Ou talvez, minha mãe cogita, seja um homem comum, apenas com uma estatura um pouco mais avantajada e por conta de tantos causos de assombração criaram uma imagem de um homem realmente gigante. Vai saber? Ela mesma não sabe se era um homem ou um espírito, ainda que tenha participado do acontecido.

No meio das historinhas criadas pela mente das crianças tá o sonho que a minha sobrinha Larissa teve depois de escutar a história do homem gigante pela primeira vez. Leiam e digam se a imaginação não é como fermento.

Larissa  Soares  Guadalupe.

  Eu  tava  tomando  café  com  a  minha  dinda  Danieli    e  ela  pediu  pra  minha
 Vó  contar   a  história  do gigante  e  ai  a  hora  que  eu  fui  dormir  eu  sonhei  com  o  gigante.
Eu  tava  no  computador  pois  o  gigante  era  uma  lenda  ai  eu  imprimi  uma  foto  do  gigante e  ele  apareceu  na  janela  e   eu  fiquei   do  lado  da   cama  olhando   a  foto  e  a  cara  dele  muito  assustada e  ele  pergunto  meu nome, eu respondi  e  perguntei  o  nome  dele  e  a gente ficou  conversando  e  no  final  ele  era  bonzinho  e  legal.
Ele  tinha  rugas,  o  nariz achatado  e  sobrancelha grande.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O fantasma do meu avô e a vizinha fofoqueira - Histórias de Fantasmas


Eu gosto muito desta história, mas preciso contar um pouco da história da família da minha mãe pra que possam compreender bem como as coisas aconteceram. Já contei em outros textos que a família da minha mãe sempre foi bem pobre e veio da colônia para morar na cidade. A vida era bem dura, quando mudaram para o mato a casa resumia-se a uma tapera, faltavam janelas, problemas no telhado entre outros. Fico imaginando minha mãe e meus tios pequenos, meus avós e minha bisa, mais minha tia avó em volta dos cuidados da casa e tudo mais no meio daquele mato de eucaliptos, numa época em que tudo era mais escasso. Mas a simplicidade daqueles tempos também era outra.

A lua era quem iluminava as noites, numa lua clara como o dia, conta minha mãe. O céu era pesado de estrelas e o perfume da noite era um cheiro gostoso de eucalipto, dama da noite e jasmins. Como o cheiro da nossa infância era bom! E como ele nos remete a lugares tão lejos! O cheiro da comida da minha tia Eva e o perfume do tio Teco fazem com que eu volte aos cinco, seis anos de idade!

E as histórias que minha mãe e minha avó contam me envolvem de tal forma que algumas já são minhas também, ainda que não as tenha vivido. Foram tantas vezes que as ouvi quando criança que parece que algumas até são como um filme que assisti, quando as pessoas comentam as imagens invadem minha cabeça. Esta história do meu avô, por exemplo me povoa o imaginário de um jeito que se pudesse projetaria as imagens da minha imaginação num telão pra que todos pudessem ver.


Meu avô morreu muito jovem. Perdeu a visão, prejudicada, segundo dizem, pelas consequências da segunda guerra mundial onde foi pracinha e perdeu um olho por conta do erro de um médico, que acreditava que não havia como recuperar a visão. O outro olho teve um terço da visão recuperada pelo doutor Paulo Sidney Castagno. O vô morreu aos 50 anos do coração. E é aí que a história se desenrola.



Lá no mato ao lado da casa aonde morava a família da minha mãe vivia uma vizinha, a dona Irene. Meu avô não ia muito com ela, nunca tratou mal, mas deixava claro de que não simpatizava com a dita cuja. Achava-a bisbilhoteira, fofoqueira, intrometida, falcatrua. Sempre na hora das refeições dava um jeito de ir na casa da vó. O vô disse que não queria ela lá e nem os filhos na casa dela. Mas minha mãe ia de vez enquando.

Depois que meu vô faleceu começaram a apedrejar a casa da dona Irene. Sim, a pedra batia na casa, fazia barulho, eles saiam pra ver e não havia nada. Nem pedra, nem ninguém que a tivesse jogado. Um dia ela disse que meu avô, o seu Bispo, como ela o chamava, estava por lá. Depois disse que o tinha visto saindo da casa e entrando na patente, com a camisa branca aberta. Minha mãe disse que ela estava louca que o vô tinha morrido. E as pedras seguiam rolando pelo telhado dela.

Resolveram cuidar, investigar. Como na casa dela haviam duas portas, meu tio Toninho ficou numa porta e o marido dela na outra. Quando eles escutavam a pedrada saia cada um por uma porta, faziam a volta na casa, cada um por um lado e... nada. Ela insistia que era o seu Bispo.



Uma outra vizinha que era de terreira dizia que era mesmo meu vô que não queria a dona Irene por lá. Então ela escutou no ouvido dela:

"_ Eu te avisei!"

Dias depois ela arrumou uma casa noutra rua e se mudou. Contou que viu uma última vez meu avô perto da casa durante a mudança. E depois nunca mais.

O vô fez com que ela se afastasse da sua família. Vai ver que do lado espiritual conseguiu enxergar algo que, no plano físico não seja possível. Como eu poderia duvidar com tantos olhos buscando as pedras sem achar? Como diria uma personagem do livro Tieta do Agreste “mistééério”! Para os espíritas apenas uma comprovação do que eles já sabem... a vida continua sim.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Poltergeist - História de Fantasmas

A história foi contada inúmeras vezes e entre as pessoas que a contavam estava a minha bisavó Corália, uma mulher muito séria, que não mentia. A dona Corália era mãe do meu avô Dorocildo, pai da minha mãe. Naquela casa, lá em Porto Alegre aconteciam fenômenos inexplicáveis. A bisavó, contava pra minha mãe e meus tios que dos armários saltavam sacos de farinha, arroz, açúcar.
Que uma vez, naquela casa vinham tesouras e facas direto na direção deles, no ar, não se sabe como elas pararam sem atingir ninguém.

As histórias aterrorizavam a imaginação da minha mãe! Diz que uma das tias era de encarar os desafios, e que eles deitavam na cama e aquela coisa jogava as cobertas longe. Esta tia resolveu enfrentar e disse que duvidava aquilo acontecer com ela. Deitou e cobriu-se, e veio a força e jogou a coberta pra fora da cama. Ela puxou a coberta e disse, quero ver? E lá se foi o cobertor pra longe dela.

Algo inexplicável acontecia por lá! Parou de acontecer, assim como começou, sem nenhuma explicação. Nos perguntamos porque coisas como estas acontecem numa família, mas nenhuma explicação nos chegou. Dizem que um poltergeist pode acontecer quando uma menina, ou garota entrando na adolescência sofre algum tipo de abuso sexual e sua energia acaba por realizar os fenômenos. Não sei se dentro da doutrina espírita isso é falado. Mas, somos energia e a energia de uma pessoa em situação de abuso deve realmente ser muito forte!
O que sei, pela doutrina Espírita, provado cientificamente, os médiuns de efeitos físicos. Pessoas que pela sua presença tem a aptidão de produzir fenômenos materiais. Diz no livro dos médiuns questão 160 "Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais como os movimentos dos corpos inertes, os ruídos, etc. Podem ser divididos em médiuns facultativos e médiuns involuntários. (Ver 2ª parte, caps. II e IV)."

Contam,  também que próximo de onde era a Pepsi-Cola, aqui em Pelotas, que havia uma casa aonde aconteciam fenômenos inexplicáveis. Estes aconteciam sob a "tutela" de um gurizinho. Falam que também objetos eram movidos sem que ninguém os tocasse, coisas voam. Lembro da minha mãe contar que os talheres se entortavam e quebravam, no melhor estilo Uri Geller. As histórias acontecidas aqui, bem pertinho de mim deixavam meus cabelos em pé!

Eram barulhos de louça sendo lavada, colchões pegando fogo e mais uma série de acontecidos que povoavam minha mente infantil de medo. Hoje, através do estudo da doutrina Espírita encontro algumas explicações e sinto-me menos apavorada com este tipo de acontecimento, pois todo o efeito tem causa. Mas esta história da família da minha mãe, do lado do meu vô, estes pacotes voando pelo ar sem que ninguém os jogassem ainda é um fato intrigante.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A mulher de branco - Histórias de Fantasmas

A temida mulher de branco é uma personagem comum entre os contos de assombração pelo mundo todo. Ouvi várias histórias diferentes de mulheres assombrações. Algumas que surgiam nas estradas pedindo carona aos caminhoneiros e despediam-se na frente do cemitério.
Uma das histórias mais famosas conta que numa cidade havia uma moça muito bonita que ia nos bailes e dançava a noite toda com os rapazes. No final da noite o rapaz se oferecia pra levá-la em casa, colocava gentilmente seu casaco sobre os ombros da frágil donzela, que se despedia dele no portão da casa. Outras vezes era no portão do cemitério.
O moço muito cavalheiro deixava com ela o casaco, com o intuito "desinteressado" de reencontrar a dama encantadora. Geralmente no dia seguinte ele voltava a casa da moça com a desculpa de resgatar o casaco. Mas a surpresa algumas vezes era aterradora, a dona da casa dizia logo de saída que não havia jovem alguma vivendo ali. Vai então que ele via o retrato ou com a descrição a mulher dava-se conta de que a jovem em questão se tratava da filha falecida.
Mas uma das histórias da mulher de branco que mais escutei na vida foi a da minha tia Rosa e do meu avô. A família da minha mãe, como já contei em outras historinhas por aqui, era muito pobre. Eles vieram da colônia para a cidade morar num lugar que chamavam de "vila preta", aonde hoje se localiza a avenida República do Líbano, a Cohab dois, por ali...
Depois ofereceram pro meu vô uma casa no mato, pra cuidar do mato (aonde atualmente é o bairro Dunas). Nesta época meu avô já tinha ido lutar na Itália, do lado dos aliados contra os nazistas na segunda Guerra Mundial. Sim, ele foi pracinha e namorou umas italianinhas por lá, claro! Por causa de uns estilhaços e catarata ele acabou perdendo a visão de um olho. Conforme ele contava, o doutor meteu o dedo no olho dele arrancou e deu pro gato comer. Como podem ver, meu vôzinho era, também, um contador de histórias.  E neste mato foi preciso reformar toda a casa, que parecia aquela da música, não tinha porta e nem janelas.
Bem, mas a história é de fantasma, ou melhor, da mulher de branco! Mas contei tudo isto pra vocês se localizarem, geograficamente, na história. Meu avô e minha tia Rosa, na época criança pela volta dos oito anos, acho, foram buscar lenha. A noite era de lua clara que, naqueles tempos em que não havia iluminação pública, clareava como o dia com sua luz prata. A tia Rosa conta que meu vô vinha com uma mão no ombro dela e com a outra segurava o saco de lenhas sobre a cabeça, quando de longe avistaram uma mulher vindo em sua direção, quando atravessavam o campo, próximo da caixa d'água. Ele chamou atenção da tia dizendo:
_ Lá vem a chininha, deve ter achado que demoramos demais!
Meu vô chamava a minha vó por este apelido. Seguiram caminhando, então minha tia disse que a mulher não pisava no chão, mas voava, flutuava no ar. Passou por eles falando coisas incompreensíves e tocou no ombro da tia Rosa.
Com medo ela disse:
_ Papai a mulher me tocou!
Deixa a mulher, deixa que ela vá.
Acho que meu vô conhecia a mulher de branco. Sério, a vó disse que ele contava que foi tomar água uma vez numa sanga, na colônia e quando ele encheu as mãos pra levar a boca surgiu uma mulher pedindo um gole, quando ele colocou água no quepe e ergueu o rosto pra lhe alcançar ela já havia sumido.

Todos os relatos sobre a mulher de branco narram uma moça muito bela que moreu jovem, algumas vezes por amor, outras em acidentes trágicos e noutras ainda... assassinadas por algum namorado ou amante ciumento. Algumas destas histórias fizeram parte da série histórias extraordinárias e fazem parte do imaginário, dos mitos e lendas de todas as cidades.