domingo, 26 de junho de 2011

Fúria das águas


Quem vai neste arroio no verão não tem ideia de que com alguma chuva ele fica assim! Invade a areia aonde a gente toma sol e tapa a ponte impedindo os carros de passarem! É a força da natureza!!!!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Olhar perdido

Fui entrando pelo corredor mal iluminado ouvindo as vozes e os movimentos na cozinha da casa. Tentei agir de forma tranquila, natural e segura para não passar aos outros e não deixá-los ouvir meu coração rachando dentro da caixa toráxica quando meus olhos pousaram sobre o rosto descorado e o olhar perdido do meu tio. Ele não é mais nem sombra do homem alegre e disposto que sempre foi. Seu riso solto não ecoa nem reverbera nas paredes que hoje retém um silêncio apavorante.
À cabeceira da mesa aguardando seu mingau de biscoitos no leite as mãos inquietas e os olhos sem brilho me causaram uma grande perturbação que custou um pouco para disfarçar. O que mais dói é ver o olhar silencioso que parece gritar!
Quem pode imaginar o que vem marcado para si?
Meu tio tão forte, tão desprentido e disposto agora precisa de ajuda para comer e para se locomover.
Nem faz tanto tempo passávamos noites em bailes dançando e rindo. Perdi as contas de quantas vezes nós andamos de bicicleta pela praia, ele pedalando enlouquecido e rápido de bermuda e blusão de lã no final da tarde e eu no bagageiro, segurando no banco da bike para não cair, rindo feito louca. Tantas vezes fomos, já de noitinha, tomar banho na lagoa e aproveitar a água morna!
Como ri quando íamos para os bailes na colônia ou em outras cidades e no intervalo, quando os casais saiam para namorar na rua, nós íamos para o carro tomar café, comer bolachas e bolo no carro, para em quinze minutos voltar para a festa e dançar até as cinco da manhã.
Para mim é impossível não rir quando lembro daquela festa de quinze anos, aonde a comida era pouco e a bebida praticamente nenhuma, a festa era tão sulrreal que a aniversariante dançou tantas valsas que chegou a desmaiar e o meu tio com fome sacou do carpim uma banana.
Tudo isto foi me passando pela lembrança, enquanto ia tomando parte nos últimos acontecimentos da sua saúde. Meus olhos apreensivos pulavam dos olhos perdidos do meu tio e para os olhos chorosos da minha tia. As pessoas não tem ideia de como é difícil pra mim fazer de conta que sou forte e que lágrimas não mexem comigo quando choram na minha presença.  Os olhos perdidos me perturbam o coração e não consigo conter as lágrimas! E nós todos na sala nos olhamos solidários e preocupados com a situação e é neste momento em que o silêncio cresce e explode batendo nas paredes e voltando para socar nossos estômagos.
Minha mente vaga por inúmeras lembranças e eu rezo, rezo, rezo, rezo, rezo, rezo... sem conseguir esquecer o olhar perdido do meu tio.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Meu lugar favorito no inverno!

Para resistir ao inverno preciso de algumas cositas básicas... o fogão a lenha, o chimarrão, um vinhozito ou uma canha com butiá, a cama com bastante cobertor, café e chocolate quente, aproveito o fogo para no forno assar batata doce, muita sopa e pimenta. Não deixo minhas pantufas por nada, não ando sem meias e faço tricô. O calor humano dos amigos e da família são imprescindível... O coberto de orelha pro frio também vem sempre a calhar. ;-)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Mar

A Grandeza do Mar!!!
Você sabe por quê o mar é tão grande?
Tão imenso... Tão poderoso?
É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios.
Sabendo receber, tornou-se grande.
Se quisesse ser o primeiro; centímetros acima de todos os rios, não seria mar, mas sim uma ilha.
Toda sua água iria para os outros e estaria isolado.
A perda faz parte.
A queda faz parte.
A morte faz parte.
É impossível vivermos satisfatoriamente.
Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber viver.
Se aprenderes a perder, a cair, a errar, ninguém mais o controlará.
Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, errar e perder. E isto você já sabe.
Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade o ganho e a perda...
o acerto e o erro... o triunfo e a queda... a vida e a morte.

De Paulo Roberto Gaefke
No Livro Quando é preciso Viver

Fonte: "furtei" do orkut de um amigo da minha prima Raffael.

Lucidez... loucura... saudade...

Chorei horas intermináveis,
escrevi em folhas molhadas com minhas lágrimas,
as palavras borradas pareciam a materialização dos meus pensamentos confusos...
alternei momentos de lucidez e loucura, na busca por mim mesma...
revirando o meu interior, vagando pelo labirinto do meu coração, em cada corredor só encontrava a saudade...
A lucidez não me permitia ter-te perto, pois apenas na minha ilusão era possível nossa união...
Na loucura queria teus braços como camisa de força me amarrando, retendo meu corpo perto do teu!
Mas apenas a saudade me deu a mão...
enquanto chorava, caminhava... pisando de leve na areia da praia sentindo as ondas geladas do mar lambendo meus pés!
O cheiro da maresia apagava  teu perfume...
A lua refletida na água... prateada... cintilante...
E eu, nesta hora encharcada com o sal das minhas lágrimas... com o sal do mar, lembrava da luz dos teus olhos nos meus.
Me entreguei ao abraço salgado do mar e rolando na areia te beijei...
Delirando e febril, nos meus sonhos a saudade deixei no mar... como Caymmi me deixei morrer um pouco nas ondas verdes do mar!
Aonde é doce morrer!

PS.: Prezados leitores, desculpem os versos toscos, tortos e desconexos, são apenas sentimentos confusos e contraditórios doidos para sair da mente e invadir o espaço!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eu choro...

A maioria dos textos que postei aqui foram escritos com lágrimas escorrendo pelo rosto. Algumas vezes os pensamentos foram sufocados pelos soluços e outras ainda foram abafados pelas gargalhadas que soltei enquanto escrevia. Compartilho as mais profundas lembranças recheadas com os mais profundos sentimentos. Escrever me faz entender melhor o que sinto, quem eu amo e... inúmeras vezes aliviaram meu peito!
Espero que vocês que passam por aqui fiquem tão emocionados quanto eu, pois saberei assim que estou falando com o meu coração!
Ah! E falando em coração, solidariedade e caridade são importantíssimos para o bom funcionamento deste órgão. Por isto, quando puder doe sangue, não custa nada e pode salvar uma vida. Doe também medula óssea, pois tem muita gente nas filas de espera mundo afora.
Se és de Pelotas olha no ícone ao lado que tem o endereço e o telefone do Hemocentro de Pelotas. Vai lá!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Porque eu gosto de "Flashdance"?

"Flashdance" a meu ver não é apenas o filme de uma mulher talentosa que não mede esforços para realizar seu sonho, como li na sinopse. Ele tem uma lição muito maior. Pode até parecer um filme, que alguns considerem como de "mulézinha". É óbvio que na época em que vi o filme, durante minha adolescência e minhas aulas de jazz, não percebia o filme desta forma.
Dois fatos neste filme me chamaram sempre muita atenção, a primeira o fato de uma moça que aspira ser bailarina, ao mesmo tempo trabalhar numa metalúrgica e a noite numa boate ou um bar - é uma dançarina (no link diz exótica) mas podemos dizer sensual. E o segundo era o fato de ela ter se apaixonado e não ter tido problema nenhum em transar com o cara de quem ela gostava. Diferença gritante entre outros filmes da mesma época, como por exemplo "a garota de rosa choque", aonde a moçoila não fazia nada se não suspirar e chorar pelo galã do filme. E cá pra nós o amigo "mucho loco" dela era bem mais interessante e com estilo.
"Flashdance" não diz apenas acredite em seus sonhos, vá atrás e lute. Diz, e mostra, que uma mulher pode sim muitas coisas. Dá até pra considerar um filme feminista. Eu considero! Porque a guria vai lá e faz acontecer e faz do jeito dela! O filme demonstra o preconceito escancarado, tipo: o cuturno de proteção da metalúrgica versus a delicada sapatilha de ponta cor-de-rosa. A mulher tomando a iniciativa do sexo enquanto o cara, num primeiro momento acha legal, mas depois já não tanto.
 Com o filme aprendi que uma mulher pode ser sim: bonita, sensual, delicada, eficiente em seu trabalho (mesmo que seja um trabalho pesado) e ser realizada. Para que isto ocorra ela precisa, principalmente respeitar a si mesma. É este, entre outros filmes que me fazem lembrar dos anos 80 e 90, minha infância e adolescência maravilhosos!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

"Amigo é coisa pra se guardar..."

Começo pedindo desculpas pela ausência, é involuntária! Não estou tendo muito tempo livre para exercer esta atividade de que tanto gosto que é escrever histórias, compartilhar sentimentos. Hoje, num dia mais calmo de sol manso e friozinho gelando o pé volto por aqui. Prometo que tentarei ser mais frequente!
Tenho uma lista de fatos que pretendo contar, mas algo triste e marcante me aconteceu no domingo e por isto vou passar esta história a frente.
Alguns estudos dizem que o máximo de amigos que conseguimos ter ao mesmo tempo são 150, li isto na Super Interessante. Talvez seja verdade... mas o fato é que durante a nossa vida conhecemos muitas pessoas, o grau de intimidade que temos com cada uma delas varia, como também varia entre os parentes. Mas algumas pessoas são muito marcantes e permanecem em nossas mentes mesmo depois de anos sem convivência. Já contei aqui sobre meu amigo Alexandre Godinho, que é um exemplo claro do que digo.
Amigo de verdade é aquele que faz tanto tempo ou temos tanta afinidade que simplesmente não lembramos como foi que eles entraram na nossa vida, pois parece que eles sempre estiveram lá. Claro, a gente lembra que foi na faculdade, foi no curso de inglês, foi no trabalho, ou um amigo apresentou. Mas o motivo verdadeiro... o que nos tornou realmente próximos não é claro, porque simplesmente somos amigos! Podemos ficar horas tagarelando, podemos sair pra dançar ou então apenas ficar um ao lado do outro... Podemos nos comunicar com gestos, com um olhar ou um leve sorriso, o que vai por fora é só um complemento porque a verdadeira comunicação é de coração pra coração. Tá dentro.
Domingo passado fiquei sabendo que uma amiga muito querida havia partido. Soube tarde, pois já vai dois meses que ela está no plano astral. Fiquei bem triste ao saber que não mais teria comigo outra pessoa capaz de dar uma gaitada tão grande quanto a minha, dentro ou fora de um galpão da vida. A Cristina foi uma grande amiga, não só pelo seu tamanho, pois era uma negra alta e espalhafatosa, mas principalmente pelo seu coração, seu bom humor, sua alegria de viver. Era impossível estar ao seu lado e não sorrir.
Dizem que os verdadeiros sábios são aqueles que riem de si mesmos e que não se levam tão a sério. Cristina era uma mulher muito sábia, pois ria de si e se a vida lhe desse um limão ela fazia logo uma caipira, uma limonada e uma torta de limão.
Viajamos junto para o Encontro Nacional  de Estudantes de História (ENEH) em Salvador, para chegar lá fizemos festas, pedágios, juntamos grana de moedinha em moedinha. Fomos num ônibus duro, passamos um dia inteirinho em Santa Maria para sair a meia noite de viagem. Mas nada disto foi empecilho ou motivo para reclamações. Seguíamos firmes. Em Salvador dormimos em colchões no chão e aproveitamos muito cada minuto. Como não conhecíamos a cidade passeavámos em grupo. Mas grupo... sabe como é, muita gente uns querem ir pra um lado, outros pra outro. Então tiramos um dia para fazer compras num grupo menor. Minha mãe, a Gina, a Cristina e eu. Questionadas pelo pessoal que conhecia melhor a cidade se sabíamos aonde ir a Cris logo foi dizendo: "sei, sei sim, podem ficar tranquilos!"
Lá fomos nos quatro olhar banca por banca do Mercado Modelo! Na hora do almoço andamos o Pelourinho inteiro pra lá e pra cá atrás de um Banco Real (que dava dez dias sem juros no cheque) para sacar dinheiro e nada! E a fome batendo e pra cada lado uma ladeira e a Cristina foi ficando com mais fome e cada vez mais braba por não achar o banco. Chegou um momento em que estávamos nos arrastando loucas de fome e ela ia na frente. Atravessamos a Praça Castro Alves num riso só. A Tina furiosa e faminta e nós atrás rindo e se arrastando. Chegando no restaurante a pedida era um lanche, porque ninguém sabia direito o que eram as comidas da Bahia, o que levavam, se eram boas. Minha mãe sem problemas em se arriscar na gastronomia pediu logo um xinxin de galinha, com arroz e... (não lembro mais o que, mas perdoem faz mais de 14 anos isso). As gurias e eu pedimos um xis salada. Mas não sem antes indagar do tamanho do lanche e recheio. Quando chegou o lanche... decepção geral! A Cristina triste pensando que aquilo não dava nem pra cárie do dente lascou: "Só isso moço? Na minha terra um lanche, um xis salada dá dois deste aqui!"
A tarde foi longa e de muitas caminhadas. E como todo o turista que vai a Bahia não podíamos ter vindo embora sem berimbaus, artesanatos e uma porção de bugigangas. Agora imaginem vocês nós "cheias dos berimbaus" naqueles ônibus lotados de Salvador!? Pois é, minha mãe e eu ainda havíamos comprado um facão com uma carranca e um chifre de enfeite, o troço era uma coisa gigante e pesada que ocupava bastante espaço. Espaço este disputado taco-a-taco com os berimbaus e todos os outros presentes.
A tarde foi caindo e a noite se achegando e nós procurando o ponto do ônibus para voltar para a UFBA. Perguntávamos pra um que nos indicava um lado, andávamos, andávamos, andávamos... Perguntávamos pra outro, e este nos indicava o outro lado e lá íamos. Até que... finalmente alguém nos disse com clareza onde esperar pelo ônibus! Mas a saga não acabou... Precisávamos esperar o buzum, entrar, praticamente atravessar a cidade e chegar no alojamento. Ninguém enxergava a placa lateral do ônibus! Então eu ficava cuidando pra ver se dizia a rota Cardeal da Silva. Como eu ri neste dia! Eram todas me mandando ler e a Cristina repetindo cardeal da silva-cardeal da silva-cardeal da silva... hahahahahaha
Um detalhe muito peculiar de Salvador é que os ônibus param longe da calçada do ponto. Então os passageiros é que tem de ir até o buzum lá no meio da rua. Cada vez que parava um ônibus era aquela multidão andando até ele.
A equação é estranha mesmo, um ônibus lotado + uma multidão do lado de fora + quatro mulheres cheias de berimbaus. Resultado... eu que sou pequenininha toda esmagada fincando a guampa da carranca em todo mundo. A Cristina e a Gina grandes batendo com os tais berimbaus na cabeça das pessoas. Eu não podia parar de rir. A Gina virava pra um lado batia com o berimbau e dizia: "desculpa vizinho!". Virava pra outro e batia noutro... "desculpa vizinho". E lá fomos nós! hahahaha Na hora de descer do ônibus outra epopeia. Eu me senti como se tivesse sido cuspida pra fora do ônibus! Saí quase sem blusa e todo o pessoal se espremendo pra sair. hahahahaha Ficamos uns cinco minutos rindo na parada do buzum! hahahaha
Nos últimos anos a Cristina estava morando n'outra cidade. Havia conseguido um trabalho em sua área, depois de muito correr atrás, e atuava como diretora de uma escola em Rolante. Estava feliz e realizada. Sofreu um ataque fulminante do coração. Soltou um grito e partiu. Não poderia ser diferente, foi s'imbora deixando saudade e lembranças doces no coração daqueles que a amaram. Sabemos que tu já sabes, mãns não custa nada dizer de novo, Cristina nós te amamos!