sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lobisomen - História de Fantasma

Qualquer um pode ser ou se transformar num lobisomem. Sim, tu não acreditas? Pois quando eu era criança todo mundo conhecia pelo menos um na sua rua ou no bairro. Toda a cidade tinha um que aterrorizava os cidadãos com seus caninos e garras afiadas. Reza a lenda que, para virar um lobisomem existem duas ou três maneiras. Uma delas, que acho a mais sedutora, acontece se um homem deitar no mesmo local aonde esteve deitado um animal. De acordo com as narrações que escutei na infância a sombra do bicho no qual o candidato deve deitar não precisa, necessariamente ser de um lobo, pode ser uma vaca, um boi, um cavalo, ou qualquer outro animal.  Mas tem que deitar imediatamente após o animal levantar, o local deve estar "quente". Pelo menos esta era a teoria que meu tio Zé.

Tinha também aquela história de que numa família aonde nasce sete homens em sequência o último seria um lobisomem. Para evitar a tragédia o irmão mais velho tinha que batizar o caçula. Quando eram sete mulheres a "maldição" contava que a última seria bruxa, se a mais velha não a batizasse. Ou ainda se depois de sete mulheres nascesse um guri, este seria lobisomem. O mesmo acontecia na sequencia de homens, só que a mulher seria bruxa.  Esta parte de quem nasce lobisomem é meio confusa pra mim!
Também tornava-se lobisomem todo aquele que fosse atacado pelo monstro e ferido por mordidas ou arranhões.
Os lobisomens todos sabem, são aqueles homens que se transformam em lobos nas noites de lua cheia. Cresciam pêlos por todo o corpo do vivente, as garras eram afiadas e os caninos bem aparentes. O objetivo dos caninos do lobisomem não era o mesmo dos vampiros, mas havia alguma semelhança.

Para que o homem contaminado deixasse de ser lobisomem era preciso ferí-lo com um objeto cortante e tirar sangue do bicho. Desta forma ele voltaria a sua  normalidade, deixando de uivar para o céu nas noites de lua. Outra versão diz que o lobisomem nunca deixa de ser lobisomem, desta forma a única solução é matar o monstro. Para isto é preciso um tiro com bala de prata no coração.
Diziam também que na noite em que se transformava em lobisomem o cidadão arrancava suas roupas e as deixava todas do avesso jogadas por onde passava.

Das histórias de lobisomem a que mais lembro era uma que minha mãe contava. Ela contava que a mulher estava deitada esperando o marido, já de camisola vermelha. Mas ele estava atrasado. Ao escutar um barulho no pátio da casa ela foi ver do que se tratava. Deu de cara com um lobisomem que a perseguiu. Na tentativa de pegá-la rasgou com os dentes a camisola dela. Ela conseguiu fugir para dentro da casa e trancar-se. Adormeceu sem perceber a chegada do marido.
Na manhã seguinte, estava fazendo um cafuné no bem amado. Foi quando ele sorriu e ela viu o pedaço da sua camisola preso nos dentes do esposo. A expressão mais assustadora pra mim ao escutar esta história era a frase com que minha mãe encerrava.
"_ Era ele o lobisomem!"

Meu Deus!,  eu pensava. A mulher era casada com o lobisomem e ele queria matá-la, o que sobraria, ou melhor, o que ele não faria comigo que não sou nada dele? Hoje acho a história engraçada, mas confesso que na época ficava a-pa-vo-ra-da! E o mais apavorante não era isto e sim o fato de que eu morava numa casa com um pátio grande e, às vezes, precisava ir, de noite, buscar  a toalha na peça do tanque de roupas. Tchê! O pátio era iluminado, mas eu ia correndo e voltava correndo pra dentro de casa.

O tio Jocely também sempre contava que na frente da casa aonde ele morava quando rapaz vivia um lobisomem. Ele contava que numa noite de lua cheia o cara entrou no quarto dele, mas não era como um cachorro qualquer. Era um bicho grande que andava de pé. Um cachorro enorme, de pêlo preto que caminhava em duas patas! O cachorrão entrou e tocou no meu tio. Ele achando que era o irmão sentou na cama e começou a conversar e o outro não respondia. Sentou ao lado dele e ficou parado, com uma respiração ofegante. Parecendo um cão mesmo. Então meu tio, ainda no escuro, passou a mão pelo rosto daquele ser que havia chegado e só encontrou pêlos. Ficou sem saber que reação ter, ficou paralisado de medo. Então o lobisomem foi embora sem fazer nada com ele.
Todos na rua sabiam que o filho da senhora que alugava a casa pro meu tio e o irmão dele era um lobisomem e nas noites de lua andava pelas ruas amedontrando as pessoas. Ninguém gostava dele, nem lhe dirigia a palavra com medo do monstro em que se transformava. Mas o tio Jocely é pessoa boa demais, sempre foi, desde novo. Nunca tratou mal pessoa nenhuma, nem mesmo o lobisomem! Talvez por isto o bichão não lhe tenha feito nada.

É tanta história de lobisomem que até perco as contas e acabo por esquecer alguns detalhes! Outro causo que o pessoal contava muito é que, o cara que ia se transformar no lobisomem se reborcava (como dizem por aqui os mais velhos) no capim, bem no lugar aonde durante o dia havia estado outro animal qualquer. Daí então começava a metamorfose, primeiro os pêlos das orelhas começavam a crescer, em seguida os dentes e em questão de segundos o homem estava coberto de pêlos e virado num lobo, geralmente negro. Foi um cachorro preto destes, muito maior que um cachorro grande "normal" que deu uma carreira no Zé Luiz. Más o que! Ele vinha de bicicleta naquela noite enluarada, quando se deparou com o cachorrão. Foi então que começou a pedalar o mais rápido que pode, com toda a força para deixar o lobo pra trás. Mas ele era muito rápido e quando menos esperava estava ao lado da bicicleta de novo! E foi assim o caminho inteiro até chegar em casa! Dava distância mandando pedal e quando via a fera estava do seu lado de novo! Parecia assombração, mas era um cachorro, pensava ele. Grande... preto... mas um cachorro. Estava ali diante dele! Só que o medo foi crescendo cada vez que o cão chegava perto.

Quando avistou a casa da esquina pensou, agora é que vamos ver. Pedalou o mais que pode, desceu da bicicleta ainda andando! A magrela se estatelou de um lado e foi o quanto pulou a cerca da casa. Entrou no alpendre da casa e olhou para rua... lá estava o lobo negro, rosnando e mostrando os dentes pra ele, numa ameaça. O Zé entrou pra dentro de casa e deixou a bicicleta na rua. Teve certeza, embora até aquela noite não acreditasse em histórias de fantasmas e monstros, que aquele cachorrão era um lobisomem.

E eu aqui, escutando a chuva... vendo alguns relâmpagos que clareiam a casa toda... vôu verificar, pra ter certeza só... de que a porta esta fechada com a chave. E que... e que, só pra conferir, na rua não tem nenhum lobo preto rondando a quadra!

terça-feira, 26 de junho de 2012

O pé redondo - Histórias de fantasmas


Quando eu era criança, era muito comum, em noites que se juntava toda a família as pessoas contar histórias de terror, principalmente para apavorar as crianças. Todo mundo tinha um causo pra contar de assombração, de fantasma, da mulher de branco, de lobisomem e por aí ia...

Nossos olhos ficavam abotoados de pavor imaginando aquelas criaturas e a situação se desenrolando seja lá aonde tinha se passado. Na minha família todo tipo de causo de assombração aconteceu e pensei em dividí-las com uma série contando aqueles de que lembro.

Começo a série com a história de um primo da mãe, o Vilnei. Dizem as más línguas que ele era mentiroso, inventava histórias cheias de detalhes, que amedrontavam quem escutava e que jurava de pés juntos, cruzando os dedos e tudo de que se tratava da mais pura verdade. 

Teve uma época em que a bicicleta era um meio de transporte único para os trabalhadores, os namorados que iam visitar as amadas ou para quem precisava levar um recado, ou fazer compras, enfim... Hoje tem pessoas que querem cultivar (ou seria replantar?) a ideia na tentativa de um mundo com menos poluição, menos carros, menos estresse. A ideia é boa e tem germinado, tomara que cresça muito e dê frutos. 

Mas naquele tempo em que a bike era o meio de transporte, esse primo da mãe não fugia a regra e andava de bicicleta pra todos os lados, pro serviço, pras festas, nos passeios.
O Vilnei contava que tudo aconteceu numa noite de lua cheia tão clara que iluminava tudo! Ele vinha da Sanga Funda, ou seria do Fragata? Bem, ele vinha num destes caminhos pedalando naquela noite enluarada. Antes de chegar perto do cemitério contava ele que alguma coisa pediu uma carona. E a bicicleta ficou pesada que só vendo! E ele pedalava sem coragem de olhar pra trás ou pro lado e descobrir do que se tratava.

Tremia de medo olhando apenas pra frente e fazendo tremendo esforço nas pernas pra movimentar a bicicleta. Num momento de coragem olhou por baixo do braço e viu... viu o pé redondo do caroneiro aterrorizante. Com certeza deve ter pedalado um pouco com os olhos fechadas na tentativa de não ver mais nada. Quando chegou perto na frente do cemitério o caroneiro saltou gritando:
_ Muito obrigado!

E o Vilnei, como dizemos por aqui, se cagando perna abaixo de medo da assombração. Chegou em casa e jogou a bicicleta em qualquer lugar e se socou debaixo das cobertas tapando a cabeça. Todos queriam saber o que tinha acontecido com ele, qual era o problema. Mas ele apenas disse:
_ Dei carona pro diabo!

Esta história foi contada tantas e tantas vezes na minha infância que perdi a conta! Povoava nosso imaginário, nos amedontrava demais. Hoje em dia, comentando o causo chegamos a achar graça do acontecido e nos perguntamos, como é que sentíamos tanto medo!
O Vilnei, muitos anos mais tarde foi encontrado morto com uma facada em frente a casa em que vivia sozinho. Nunca se descobriu o assassino ou o motivo do crime. Esta sim é uma história de terror! Talvez a palavra correta seja trágica! Um causo muito triste da vida real, causo de morte matada e das quais os jornais estão cheias.


sábado, 16 de junho de 2012

Dores do corpo e da alma

E aí vejo a dor nos teus olhos, mas tu me diz que não há dor alguma.
Teu corpo ontem forte, ágil e viril, agora está frágil, pequenino e fraco
Mas a tua fé segue firme, ainda que tudo ocorra ao contrário do que tu pensas e acreditas,
Dia-a-dia a tua ideia de como as coisas iriam acontecer vão caindo por terra e as palavras, os diagnósticos médicos se comprovam.
Na tua ilusão nada disso está acontecendo!
Teu corpo passa por dores horríveis, o reflexo esta nos teus olhos, que foram vivos... hoje eles estão opacos...
E teu disfarce não me engana, teu suspiro te delata.
Juro que queria que todos os teus ais fossem de amor, teus vômitos de porre, tuas noites em claro de pura farra!
Que teu desânimo fosse preguiça de gente jovem que tem a vida pela frente e tua inapetência a consequência de um amor não correspondido.
Teu corpo exibe marcas que tu tentas esconder e tua alma... essa traz tatuada a cicatriz de cada uma destas dores. E mesmo que tentes sufocar ou apagar os sinais são vistos, e muitas vezes marcam nossa alma também!
É tão terrível esperar, no silêncio, que tu solte um gemido ou uma tosse dolorida para ter a certeza de que ainda segues vivo.
É aterradora a ideia, da possibilidade, de chegar em casa e ter te acontecido algo.
O respeito pela opção que fizeste existe. Mas como compreender? Como engolir o choro vendo que tua dor esta diante de mim sem disfarces? Sim, porque ela está, tentativa de escondê-la é tão ineficaz como o gato que se esconde atrás da cortina mas deixa a cola de fora.
E não nos dói o fato de ter, a nossa frente a tua dor, exposta, explícita. O que dói é não poder fazer nada, é saber que tem muito mais dor lá no fundo, medo, fragilidade e angústia que gritam silenciosos e não podemos dizer "fala queremos te ouvir", pois negas sempre o que sentes.
Ficamos assim, meio de banda, ao lado, olhando e observando como se não o tivéssemos fazendo e rezando pra que as dores do corpo sirvam para fortalecer a alma. Eu sei que serve!

PS.: Escrevi com uma inspiração especial/espiritual.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cartas guardadas

Não costumo comemorar o dia dos namorados. Não, só pelo motivo de não ter namorado, mas porque realmente sou péssima com datas. Lembro dias antes do aniversário das pessoas e no dia mesmo acabo esquecendo ou lembrando tarde da noite. O mais engraçado é que, meu primeiro namorado que tinha uma memória horrível e esquecia tudo e perdia tudo também, sempre lembrava de aniversário de namoro e coisas assim. E eu, que não perco nada e lembro de quase tudo (na época lembrava de tudo, agora eu estou  parecendo a Dory) nunca lembrava da data. Até hoje não faço nem ideia do dia, lembro só que foi em agosto de 1996. Já serve né?

Neste ano eu dei uma revirada nas minhas caixas de lembranças, com mil cartinhas, postais, bilhetes e tudo mais. Encontrei um chaveiro que meu pai tinha feito pra mim há séculos e que meu amigo Alexandre tinha escrito o nome dele, tri abusado! Encontrei até a logo marca de uma meia da Gang que tinha guardado como lembrança de um presente de amigo secreto do colégio. Meu amigo secreto tinha sido o Alexandre e aquele foi o último ano em que nós estudamos juntos. Depois a gente se perdeu e agora se reencontrou pelo facebook.

Encontrei uns cartões de natal das amigas e o convite de um aninho do filho de uma amigona! Tem tanta coisa lá! E algumas daquelas coisas eu jurava que já tinham ido fora! É que quando mudei da casa em que nasci, cresci e quase envelheci tive que me desapegar de muitas coisas, tipo cadernos velhos da primeira série, agendas e mais agendas cheias de adesivos e histórias da minha adolescência, papéis de carta, e mais uma série de cousas que li e reli, abracei e beijei e depois me despedi. O engraçado, ou não, é que tem coisas que me desfiz que penso que ainda tenho, chego a procurar nas caixas! E outras... que penso que já foram fora estão lá e vez por outra dou de cara!

Tenho alguns trabalhos da faculdade, uns "xerox", um caderno em que colei a foto do Johnny Depp.  Sim, tem as cartas. Estas são as mais importantes de tudo que tem ali. Cartas que troquei com meu primeiro namorado! Algumas, inclusive, com rascunhos das que eu mandei pra ele, são raros, mas tem. Cartas, cartões e postais que recebi de amigos. Expressões e palavras de amor e carinho que guardo nas cartas guardadas nas caixinhas, mas que me aquecem o coração e a alma toda vez que releio.

Comemorar o dia dos namorados é bom, mas eu gosto mesmo é de celebrar o amor todo dia e toda vez que remexo neste baú de lembranças trago amigos pra pertinho de mim. Posso sentir o carinho de alguns que já fizeram a viagem.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Alma de gato!



Acho muito contraditório um pássaro ter como nome alma de gato, mas acho eles muito bonitos!












segunda-feira, 11 de junho de 2012

Uma lua linda num dia frio


Esta foto foi tirada no dia 03 de junho, um domingo numa tardinha bem gelada! Aliás, acho que o inverno aportou em Pelotas por este dia. Apesar de estar um baita frio a lua estava belíssima! Aproveitei para fotografar uma composição da lua com a gruta do parque da Baronesa. Havia bastante gente por ali tomando chimarrão, passeando com crianças que se divertiam sem sentir o frio que começava a fazer.

Eu lembrei dos inúmeros passeios que fiz com o colégio até a Baronesa. Das tardes de brincadeiras em meio as árvores e da sensação de flutuar no lago ao sentar na "ponte que andava". Lembrei dos piqueniques e das risadas, do medo de encontrar os fantasmas que por ali rondavam, do castelinho e da gruta, aonde, aliás, geralmente entravam os guris e alguns casais de namorados que queriam roubar uns beijinhos sem que as professoras vissem.

Jovens tardes, como canta o Rei Roberto Carlos... "Jovens tardes de domingo/Tantas alegrias/Velhos tempos/Belos dias".

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Grafite #ArteDeRua


No domingo passado capturei algumas imagens bem legais, apesar daquele baita friozão que caia sobre nossa cidade. A lua estava maravilhosa! Aproveitei para fotografar os grafites próximos do museu da Baronesa pela Domingos de Almeida. Há tempos estou para fotografar este muro, mas nunca dava.

Adorei o pescador na jangada!