terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Não entendo porque aconteceu, então resolvi esquecer

Algumas coisas não se compreende, não tem mesmo como compreender. Tua entrada na minha vida por exemplo, não tem explicação lógica. Eu sempre busco uma explicação lógica pra tudo! Então eu procurei uma explicação por ter me apaixonado por ti, que nunca me notou, mas um belo dia apareceu na minha vida... assim... do nada! E aí veio todo interessado pro meu lado, procurou assunto, quis ficar ao meu lado.
A razão que busco é pelo simples fato de depois deste dia teres sumido. Não culpo a mim mesma. Cansei de me considerar a culpada por tudo! Segui meu coração, meu instinto. Deixei a razão de lado, mandei ela para as cucuias e me expus sem vergonha. Entreguei meu sentimento, procurei por ti, mesmo quando por alguns momentos tinha certeza de que estavas nalgum lugar defendendo ideologias, percorrendo caminhos novos, seguindo os passos do Che. Não te culpo por nada! Fiz o que sentia ser o certo. Fui feliz por algumas horas e se te faz bem, quero que saibas que te saístes muito bem. Enfim... mas depois de ter procurado por ti, sem pudor, vergonha ou medo de levar um não, o silêncio de tua parte me indica que devo deixar aquele momento no passado e seguir adiante. Quem sabe, assim como da segunda vez que nossos caminhos se cruzaram, lá na frente, n'alguma curva do caminho nossas estradas não se cruzem novamente? Por agora é deixar o rio correr, fresco e com suas águas límpidas. Não posso garantir que teu sorriso sairá de minha memória instantaneamente, tampouco que nunca lembrarei da tua voz ou dos teus olhos... mas o fato é que neste momento o melhor a fazer é colocar tudo em uma caixa... deixar lá, no momento certo retira-se a poeira e enxerga-se a  verdade. Será como o mar, não o vejo sempre, mas sei de sua força e beleza, estará sempre lá, quando quiser vou vê-lo.
Talvez não estejas entendendo porque te digo tudo isto, sem dizer. É que assim como não posso garantir que te esquecerei, o que seria bom para mim mesma, não tenho como prometer que quando nossas ruas formarem uma encruzilhada continuarei te amando. Não há garantia de nada, por isto não espero nada! Só quero que saibas que o sentimento existiu e foi verdadeiro. Busquei respostas não obtive nada, quis explicações e fiquei apenas com minhas dúvidas e outras incertezas. Não sei porque aconteceu, ainda não percebi a lição que deveria aprender. E como não entendo o motivo pelo qual este amor aconteceu, resolvi esquecer... Ou pelo menos tentar!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A falta que eu já sinto

Sei que partir é sempre mais difícil que chegar. Mas, talvez o mais difícil seja ver alguém que se ama ir. Despedidas para mim sempre são sofridas, sempre há lágrimas! Quando morei fora de Pelotas, toda vez que vinha era uma alegria. Bastava o ônibus sair da rodoviária de Porto Alegre e eu passava a me sentir em casa. Quando vinha por Santa Maria a chegada em Canguçu prenunciava minha casa, minha gente...
Esta madrugada meu irmão voltou para nos visitar. A alegria de sua chegada mescla nossos olhares e nossos corações de uma pequena melancolia. A felicidade de vê-lo chegando e receber seu abraço anuncia uma nova partida, ainda mais dolorosa!
Existem filhos que nascem no coração. O útero é o aparelho que forma e expele pro mundo o recém nascido, o coração é quem o acolhe. É com base nele que protegemos e amamos. Para amar precisa ter coração, para ser mãe... para ser mãe é preciso muito mais coração...
Minha filha do coração nasceu prematura há 8 anos, 9 meses e cinco dias. Eu não estava perto fisicamente mas meu coração estava na mesma constância, batimentos sincronizados. Minha filha do coração é a coisa mais linda que poderia ter acontecido na vida da minha família inteira. Seu amor incondicional por cada um dos seus Familiares, como ela mesma diz é incontestável.
Receber meu irmão na sua volta é ótimo, mas faz com que eu pense num assunto que estou adiando propositadamente. Não quero pensar na partida. Na falta que irei sentir de preparar a merenda, de dizer pra que coma de boca fechada e perguntar como foi a aula. Meu coração parte só de pensar que daqui duas semanas ela irá para outro estado. Como toda a mãe sei que "os filhos são do mundo", e como toda a mãe também... é impossível não sofrer com a separação. A sorte é que ela tem duas mães... a primeira e a segunda, que sou eu. E sei que a primeira cuida muito bem dela, junto com o pai.
Será impossível conter as lágrimas... a única certeza que tenho é que a saudade se aconchegará num cantinho recôndito do meu coração de segunda mãe. A minha sorte é que mãe de coração não tem problemas de fertilidade, como disse, o útero apenas forma e expele o bebê o coração é o verdadeiro responsável pela maternidade. E como sou mãe de coração, tenho outras filhas e filhos. Mas tanto eu, como meus filhos de coração sentiremos uma imensa saudade da primeira, porque ela será sempre a primeira, nunca a próxima!

PS.: Parei de escrever se não ia causar um curto circuito com as lágrimas saltando no teclado, no monitor, inundando a sala, afogando a colega de trabalho...

sábado, 4 de dezembro de 2010

"Elas gostam de apanhar" dizia Nelson Rodrigues

Um dos meus autores favoritos é o Nelson Rodrigues, alguns que me conhecem já sabem disso, claro. Assim como aqueles que me conhecem pelo meu jeito contestador e revoltado com o machismo e os preconceitos me dizem, tu gostas de Nelson Rodrigues? Como?
Eu explico, gosto do que ele escreveu na vida como ela é, gosto das personagens e dos temas que ele trata. É certo de que ele era moralista, que tinha alguns preconceitos e era machista, como não ser naquela época? Mais perguntas eles me fazem quando lembram da expressão: "toda mulher gosta de apanhar". Completando o questionamento com a perguntinha cretina, Tu gostas de apanhar? Sempre respondo, a verdade é que ele disse "nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais". E eu sou, assumidamente, ANORMAL!
A verdade é que quando ele falava assim se referia a uma questão sexual. Nelson Rodrigues falava da mulher reprimida que quando podia liberava tudo, geralmente na cama. Quanto a isto cabe aqui a frase "ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível".
Mas o fato que realmente me levou a escrever este texto é aquela velha questão do tal "um tapinha não dói".  Sei que quando Nelson Rodrigues se referia as mulheres que gostam de apanhar, esta fala tinha uma conotação sexual, induz a pensar que este gosto seja para a cama. Como anormal que sou, digo logo que não aceito tapas ou coisa que o valha nem no quarto, quanto mais noutro lugar da casa. Mas conheço sim mulheres que admitem gostar de apanhar na hora H.
Numa época em que cada vez mais seja necessário criar campanhas para defender e lutar pelo #FimDaViolênciaContraMulher acabo pensando que aceitar um tapa na hora h é admitir que outros tapas possam acontecer noutros momentos. Desta vez eu concordo com o Nelson Rodrigues, quando ele diz que  "o homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor".
Como saber o limite que separa o tapinha da hora H do empurrão na cozinha? Há como distinguir?
Na minha opinião não dá, pra mim um tapa é um ato de violência, independente do momento. Por isto continuarei sempre fã do Nelson, acho que ele é um ótimo escritor e conhecia a alma humana e continuarei lutando pelo #FimDaViolênciaContraMulher! E com certeza isto não é contradição! "Elas gostam de apanhar", mas eu não!