Depois de estar lendo "O pequeno Príncipe" pela enésima vez resolvi observar como as pessoas em geral descrevem outras pessoas. Claro que tive a ajuda de gente que começa falando de alguém dando nome e sobrenome, profissão dos pais, caso o alguém em questão não seja neurocirurgião ou advogado de renome. E lembrei do que o narrador da história fala sobre os adultos, dizendo que eles só se importam com números.
Isso serviu pra eu observar como eu falo das pessoas, o que digo delas, o que me chama atenção e é o ponto alto no momento de contar alguma história de alguém. Talvez o fato de ter lido "O pequeno Príncipe" ainda na infância e depois na adolescência e mais sei lá quantas vezes na idade adulta, o que me faz lembrar das pessoas não é o salário, a posição que ocupam no organograma da empresa ou o nome de família. Geralmente quando vou descrever alguém começo falando sobre sua aparência física dizendo a cor dos olhos, dos cabelos, se é gordinho ou magrinho, se tem "cara" de boa gente, se sorri com facilidade, se é quieto. Isso quando vou descrever alguém que acho interessante e quero que o outro visualize, é óbvio que eu sei que na cabeça do outro a montagem do descrito é bem outra. Depois eu costumo sempre falar o que a pessoa faz, começando sempre pelos estudos, se estuda ou pesquisa, se achei-o inteligente. E depois onde trabalha, o que faz como profissional. Só costumo falar onde as pessoas trabalham ou seus nomes de família quando estou comentando com alguém que acredita que a conhece, então uso estes dados como referência para que o outro localize a pessoa dentro da sua "rede".
Porque realmente acho irritante alguém ficar me falando particularidades de alguém que não conheço. Que me interessa se um cara que nunca vi é filho do melhor médico da cidade??? Não é isso que vai despertar meu interesse em conhecê-lo.
Um colega da Contabilidade disse que queria me apresentar um seu amigo. Disse o nome do moço, falou que é um cara legal, tranqüilo (eu ainda não enterrei o trema), calmo, que gostava de ficar em casa, que gostava de música. Quando eu perguntei se era bonito, mandou olhar no orkut as fotos do cara. Eu olhei por curiosidade.
Numa outra conversa meu colega disse que o moço era professor de biologia e falou sobre sua personalidade. Nunca chegou a dizer o sobrenome, até porque não lembrava. Nem quanto ganhava ou se sua casa era uma mansão. Achei essa maneira de falar de um amigo respeitosa e até bonita, porque valoriza o que o outro é e não o que tem.
Por outro lado tenho conhecidos que não sabem falar em alguém sem dar referências numerológicas e financeiras. Como aquela típica "mora num casarão na Dom Joaquim".
Bah! Isso realmente não me importa. Ele pode morar num casebre ou na rua, desde que tenha um bom papo, e bom papo pra mim é falar de tudo, se necessário de cor de esmaltes também, mas tem que ir muito além disso.
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