sábado, 30 de agosto de 2014

Quando setembro chegar!

Quando setembro chegar vou fazer aniversário, um aninho mais nesta existência. Também vai chegar
a primavera, as flores abrirão, seu perfume e suas cores irão inundar as paisagens e o ar. Muita gente vai espirrar adoidado por conta das alergias do polem e tal, mas tudo bem porque é primavera, os dias são mais bonitos! 
Geralmente faço uma revisão daquela lista de resoluções feita no fim do ano. Vejo sempre quanta coisa boa aconteceu, quantos dias felizes pude viver junto daqueles a quem amo. E como setembro, ou melhor, meu aniversário marca a revolução solar no meu signo, procuro ver o que me aguarda segundo os astros, o que fiz de bom, as metas que alcancei (embora não tenha rigidez com o prazo), as que precisam ser trabalhadas e aquelas que, realmente, não tem a menor chance. Como disse num post uns dias atrás não faço planos a longo prazo. Gosto das coisas inesperadas, como acontece quando encontramos amigos na rua, vamos tomar um café e o café vira uma cervejinha e a cervejinha jantinha e quando vê foi uma noitada com muita conversa,  risada e amor. Muitos planos deixam as coisas meio engessadas. Ainda que seja virgem com ascendente em virgem! É, eu sei...
Então, agora, daqui um dia, quando setembro chegar, numa bela segunda feira vou agradecer, mais uma vez a Deus por mais este setembro, por mais esta primavera. Vou fazer algumas reflexões sobre a vida, como é praxe, mas daí só em setembro. 
Por agora vou me despedindo de agosto, que foi um mês bom e dar as boas vindas ao lindo setembro que se apresenta com algumas poesias e frase colhidas na internet. 

"Que setembro venha com bons ventos, que me traga sorte e amor, que não me deixe sofrer por favor." (Caio Fernando Abreu)

"8 de setembro

Hoje, este dia foi uma taça cheia,
hoje, este dia foi uma onda imensa,
hoje, foi a terra inteira.

Hoje, o mar tempestuoso 
ergueu-nos num beijo
tão alto que estremecemos
ao clarão de um relâmpago
e, unidos, descemos
para mergulharmos enlaçados.

Hoje os nossos corpos dilataram-se,
cresceram até ao extremo do mundo
e rolaram fundidos
numa só gota 
de cera oi meteoro.

Entre mim e ti abriu-se uma nova porta
e alguém, sem rosto ainda,
esperava-nos ali." (Pablo Neruda)

"Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada." (Cecília Meireles)


"Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…" (Mario Quintana)

"Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo." (Carlos Drumond de Andrade)
"Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração." (Fernando Pessoa)

"Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."(Vinícius de Moraes)


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Todo dia um novo desafio!

Todos os dias vivemos inúmeros desafios. Somos desafiados a saltar da cama cedo para trabalhar, a viver bem e da melhor maneira possível. Todo dia temos novos desafios. Óbvio que muita gente se prende apenas as questões negativas, achando que quem crê no positivo é bobo ou ingênuo. Somos desafiados a respeitar os outros, a tolerar o que difere da gente, a conviver bem com a comunidade que nos cerca, seja virtual ou realmente. Já pego como exemplo para mim que, quem não tolera virtualmente as diferenças e peculiaridades dos outros tampouco deve tolerar no mundo real.
Os desafios que tem aparecido nas redes sociais tem um fundo, muitas vezes social, como o tal do desafio do balde de gelo, por exemplo. O que questiono é que a coisa vai indo de tal forma que no final as pessoas não fazem ideia do porque começou esta onda. No desafio do balde de gelo a ideia era arrecadar doações para a pesquisa da cura e chamar atenção do mundo para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Pode até ser chato ver as pessoas exibindo seus corpos ou fazendo pose e jogando o conteúdo do balde por cima, sem ao menos saber porque. Mas há uma causa nobre e justa.
Ao mesmo tempo, questiono o desperdício de água, outro desafio que muitas regiões enfrentam. Portanto, chegou um momento em que a visibilidade deveria ser dada para o motivo e para onde doar o dinheiro, ao invés do banho em si. O fato é que o desafio está cumprindo seu papel e arrecadou nos EUA mais de 70 milhões de dólares.
Aqui no Brasil podemos doar para a Associação Pró-Cura da Esclerose Amiotrófica Lateral, CNPJ: 18.989.225/0001-88 Banco Bradesco (237) Agência 2962-9 Conta Corrente 2988-2. Pode consultar o CNPJ no site da receita federal para ter certeza, também fiz isso. E não precisa tomar o tal banho de gelo, afinal, o mais importante são as doações.
E as pessoas chateadas com este desafio passaram a reclamar agora do desafio sem make/sem filtro que a mulherada tá postando no facebook. Sinceramente... pra mim não faz qualquer diferença, porque de modo geral quando não me interesso por determinado assunto passo direto por ele. Mas muita gente esta indignada dizendo que é ridículo, que é coisa de quem não tem o que fazer e sei lá mais o quê. É bem capaz de que a grande maioria realmente não saiba do que se trata e apenas não queira ou não tenha grana para pagar o desafio perdido. A ideia original, posso estar equivocada, corrijam-me, era postar as mulheres com sua beleza natural. Chamando atenção para a tão debatida ditadura da beleza. Pois é, era pras pessoas mostrarem que são reais, que tem alguns defeitinhos que escondem com maquiagem, mas que o fazem porque gostam e querem e não porque o mundo as considera "um bichinho da goiaba" sem a maquiagem. As belezas reais são diferentes daquela apresentada nas passarelas, das telonas do cinema ou da televisão. Bem pode ser que agora as empresas cosméticas se aproveitem do desafio como propaganda para os seus produtos. Afinal, "a ocasião faz o ladrão" diz o ditado. Não há como saber se usarão disso ou não. O realmente importante é que as mulheres tenham sua autoestima em alta, com ou sem maquiagem, que possam postar, viver e usar o que bem quiserem sem rótulos ou opressão.
Mas a revolta e a intolerância com a mania dos desafios pode ser divertida, como nas tirinhas da dona Anésia ou algumas postagens do face, que cutucam e chamam atenção para que os desafios aconteçam pr'além do simples exibicionismo. Sem contar que também chama atenção para o fato de que a mudança começa com a gente, dentro da gente mesma, dentro da nossa casa. A gente pode mudar o mundo (eu acredito verdadeiramente nisso!), mas como disse Bill Gates ou Steve Jobs (não tenho certeza de quem foi que disse realmente, mas acho que foi Gates) "comece arrumando seu quarto"! Muitas mães querem muito que este desafio "pegue"! E também pode levar a outro desafio o da caridade como alguns posts que dizem para adotar animais ou outros que pedem doação de dinheiro para entidades que acolhem cães de rua. Deve ter outros desafios da caridade pedindo doação de agasalhos para moradores de rua, chamando para o voluntariado, para a doação de sangue ou para outras milhares de causas justas, reais e urgentes. Escolha seu desafio e "taca-lhe pau"! Faça de coração!

Aqui vão algumas dicas de causas que precisam de auxílio:
Grupo São Chico - Pelotas pede doação de cinco pila para ajudar com os animais de rua recolhidos por eles. Tu podes depositar na Caixa Econômica Federal (não precisa entrar na fila ou coisa do tipo, dá pra depositar na lotérica) Agência 4424 operação 013 conta 750-0.

Também pode doar para a AApecan da sua cidade, por exemplo. A AApecan ajuda pacientes de câncer em tratamento e podem ser doados, além de dinheiro, medicamentos, alimentos, enfim... Podemos obter mais informações aqui no site. Doações em dinheiro pode ser feitas pela conta corrente da CEF  3213-9 agencia 0495 op:003. Ou no endereço da instituição Rua Santa Tecla, 821. 

Banco de Alimentos Madre Tereza de Calcutá, (CNPJ 13.299.073/0001-78) que fica na Avenida Fernando Osório, 1280. Eles também tem o banco de medicamentos, o banco de empregos, o banco de leite. As doações podem ser feitas através da conta no banco do Brasil conta 3000/7 agencia 2884-3. dos contatos 3273-2600 ou do email bancomadretereza@hotmail.com.

Cerenepe Pelotas que fica na rua Zola Amaro, 318, no bairro Três Vendas, telefone 3223- 4037. 

Apae Pelotas que fica na rua Olga Eiffler, 220. Telefone 3223-2306. 

Alguns centro espíritas da cidade fazem registro e doação de alimentos para pessoas carentes como o Centro Espírita Jesus que fica na praça José Bonifácio (praça da Catedral), 52. Telefone 3026-2913. O Lar Fabiano de Cristo rua Santa Tecla, 624, fone 3227-8887. Fora de Pelotas tem: Casa André Luiz onde tu fica sabendo como doar aqui. Tem também o Centro Espírita Alan Kardec, em Campinas que tem um trabalho muito bonito. 

Tem o Sopão de Rua, onde tu pode ajudar como voluntário, doando alimentos e pão entre outras coisas. O sopão é servido nas quintas-feiras na Rua Padre Anchieta, 2697 telefones 8130-3141(tim) 8476-6990 (Oi) e 9186-7371 (claro). 

Grupo São Lázaro distribui comida todas as segundas feiras em frente Mercado Público de Pelotas, às 20h30. Eles pedem, pra quem puder dar caixas de leite ou suco que serão usadas para servir o alimento doado. Claro que eles devem aceitar doações de alimentos também. 
Aqui do lado tem as instruções de como fazer para que as caixas possam ser reaproveitadas.

E se não tiveres como doar grana ou alimentos ainda podes doar sangue! Este é um desafio válido para qualquer cidade do país. Aqui em Pelotas é só ir no Hemocentro  na avenida Bento Gonçalves, 4569. Ou no banco de sangue dos hospitais Santa Casa de Misericórdia de Pelotas praça Piratinino de Almeida, 53; Beneficência Portuguesa de Pelotas, rua Andrade Neves, 915; Hospital São Francisco de Paula, na Marechal Deodoro, 1123.
Não se mixem pros desafios!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

8 coisas pra fazer antes de bater as botas

Fuxicando nas postagens deixadas de lado no blog encontro uma curiosa com o título: "8 coisas pra fazer antes de bater as botas" e me intriga o fato de eu não ter seguido o meme, coisa da qual eu gostcho muito!
A orientação é: "1) Escrever uma lista com 8 coisas que sonhamos fazer antes de morrer;2) Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder também;3) Comentar no blog de quem nos convidou;4) Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da "intimação";5) Mencionar as regras."
Agora, lendo as regras, me vem a mente que... talvez eu não tenha uma, nunca antes na minha própria história de vida, pensado em oito coisas que sonhe fazer antes de bater a cassuleta! Coisa, alíás, que fiz muito pouco na minha vida foi "plano de vida"! Pois é, pode parecer estranho, vai ter gente que vai dizer, como que uma pessoa nascida sob o signo de virgem, com ascendente em virgem não faz lista de planos para a vida?! Como que vai deixar a vida acontecer assim, sem uma organização prévia?! Pois então... nunca fiz! Quando estava acabando o 1° grau (porque sou do século passado sim senhor e fiz foi primeiro grau!) tinha na minha cabeça uma meta, o propósito de fazer o 2° grau na Escola Técnica de Pelotas. E qual não é minha surpresa?! Não passei na escola técnica pra fazer Telecomunicações. Até tinha pensado em ser professora, mas nesta época já tinha mudado de ideia, tantas vezes quanto a ETFPel mudou de nome, tornando-se IFSul. Daí, como era regra fiz teste pra escola, pro CAVG e pro Pelotense. Naquele tempo meu pai não tentou fazer minha cabeça pra Contabilidade. E como os resultados na escola e no Pelotense foram negativos e o CAVG me recebeu de braços abertos me fui bem faceira fazer Economia Doméstica. Ainda com alguma esperança de ser chamada em segunda chamada na escola, mas nada feito. Então... como o destino mudou completamente (graças a Deus!) meu plano original de ser uma telecomunicadora desisti de fazer planos e metas, pelo menos a longo prazo .
No CAVG fiz amigas muito importantes pra minha vida! Uma amiga do coração que está sempre perto de mim, mesmo que esteja longe. Sem contar as inúmeros histórias, as olimpíadas das cores, os "shows" no auditório do colégio, as aulas gaseadas pra caminhar no Arco Íris, tomar umas biritas, os amigos, as risadas, enfim. Foi um tempo maravilhoso! Ah! E foi no Visconde da Graça que descobri que usava bastante o sarcasmo e a ironia nos meus textos, comecei a gostar mais de ler e decidi ser jornalista. Fiz o plano de ser uma grande jornalista, reconhecida e importante e tudo mais. Quem sabe até escrevesse um livro e me tornasse uma grande escritora?!
Passei no vestibular em primeira chamada, em 28° lugar, não era lá uma colocação muito boa mas e daí? Importante é que tinha passado e pra mim já tava de bom tamanho. Sonhava com um jornalismo daqueles, de alguma outra encarnação minha, aquele boêmio, verdadeiro, engajado e combativo, que formava opinião. Mas no fim das contas, amei a faculdade, fiz mais uma porção de amigos do coração, aprimorei minha forma de escrever, aprendi sobre um montão de coisas e descobri que o jornalismo não era do jeito que eu havia sonhado. Mas segui firme! Estudei bastante, me formei e saí mundo afora pra exercer meu talento jornalístico nos jornais e nos bares da vida. Foi então que descobri que o jornalismo não era mais como naquela minha outra encarnação. Os jornais independentes não existiam mais e haviam tornado-se empresas e como empresas visavam o lucro e tratavam a informação como mercadoria. O destino foi tentando me fazer desistir aos poucos, mas eu teimosa, seguia firme, mas me convenci de que ele estava certo e meu jornalismo era de outro século e pra exercer o deste século eu estava sofrendo demais. Ainda não escrevi meu livro, mas ainda há tempo. Quem sabe não é uma das "oito coisas pra fazer antes de bater as botas"?
Das duas vezes que planejei alguma coisa veio o destino que me fez mudar de ideia. Mas talvez eu seja comodista, ou me adapte bem as coisas, e segui tranquila.
Depois de decidir ficar por aqui e "ouvir meu roquizinho antigo que não assusta ninguém", fui me inscrever no técnico em Contabilidade no João XXIII, mas meu plano era não ser sorteada e não cursar. Mas, como todos os outros planos, de cinco pessoas que se inscreveram juntos fui a única sorteada. Como não sou de desperdiçar chance ou tirar vaga dos outros, fui cursar o técnico em Contabilidade. Novamente fiz mais uma penca de amigos maravilhosos e queridos. E fiquei aqui por casa, perto da família, trabalhando numa profissão da qual me orgulho e que me sustentou desde sempre.
Só ainda não faço ideia das oito coisas pra fazer antes de partir pra cidade dos pés juntos! Mas o exercício foi bom, visto que a pergunta que não quer calar ainda martela, um pouco na minha  cabeça. Foi bom pra eu perceber que não havia planejado o caminho, mas que fiz o caminho ao caminhar, como dizem deve ser feito. Não sei se é um ditado ou uma poesia, que diz que todo homem deve, "plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho". Eu não sei se vou seguir isto,até já plantei uma árvore, mas nunca mais soube notícias. Foi lá no CAVG. Entonces... vou tentar fazer a lista, com muitas possibilidades de mudar um item ou outro, porque não sei bem as respostas pra estas perguntas sobre o futuro.
1) Escrever um livro;
2) Realizar um trabalho voluntário
3) Organizar melhor meu tempo, para ter algum tempo sobrando
4) Conhecer o México, a Espanha, o Chile e Portugal
5) Plantar e cuidar uma árvore, frutífera de preferência
6) Comemorar um aniversário com uma festa a fantasia, quem sabe nos 40?
7) Aplaudir o amanhecer e o entardecer próxima da natureza
8) Viver bem!
Fazer o filho é a tal pergunta que não cala, e pra qual eu não tenho ideia da resposta, então...

domingo, 24 de agosto de 2014

Poesias para o domingo

A arte de perder

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério" Elisabeth Bishop






A arte da perda é fácil de estudar:
a perda, a tantas coisas, é latente
que perdê-las nem chega a ser azar.
Perde algo a cada dia. Deixa estar:
percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.
Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar,
destino que talvez tinhas em mente
para a viagem. Nem isto é mesmo azar.
Perdi o relógio de mamãe. E um lar
dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.
Duas cidades lindas. Mais: um par
de rios, uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.
Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar
que eu amo), isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar
de parecer (Anota!) um grande azar.
(Elizabeth Bishop)
(Do livro ASCHER, Nelson. Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.)

Ambos os poemas acima são de Elisabeth Bishop, os mais atentos perceberão que é o mesmo, mas o que me causou curiosidade é a forma que cada um foi traduzido. Já havia lido a primeira versão, encontrada no site O pensador, mas o segundo... sei lá.. me pareceu mais fiel, embora entenda bem pouco inglês para dizer alguma coisa. Resolvi procurar alguns poemas dela por conta da curiosidade que fiquei depois de ler "Cartas de amor aos mortos" da Ava Dellaira. Então, o próximo passo para saber mais sobre esta mulher é assistir "Flores Raras", que perdi de ver no cinema, pois foi daqueles que ficaram apenas uma semana em cartaz e só. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

"Cartas de amor aos mortos" II

O livro é simplesmente incrível! Começa que é uma leitura muito fácil e gostosa. E o mais interessante de tudo é ser contado totalmente através de cartas endereçadas a cantores, atores e personalidades já desencarnadas. Pra mim escrever sobre as coisas de que gosto, que me angustiam ou incomodam é uma forma de lidar e compreendê-las. E é exatamente assim que Laurel consegue lidar com suas angústias e problemas depois da morte da irmã May, alguns meses antes de começar o ensino médio.
Com a morte da irmã ela decide mudar de escola, no primeiro dia de aula a professora de inglês solicita um trabalho que consiste em que escrevam uma carta pra alguém que já morreu. A primeira carta de Laurel é para Kurt Cobain, pra quem conta sobre o trabalho e seus sentimentos naquele primeiro dia de escola.
Ela é uma adolescente de 16 anos que sente muita culpa, que se sente sozinha, que sente tanta saudade da irmã e que precisa enfrentar fantasmas aterrorizantes. Ava Dellaira foi muito feliz na forma como escolheu para contar sua história rica de sentimentos. O livro é emocionante! Faz com que lembremos daqueles nossos primeiros dias na escola, do nosso próprio processo de amadurecimento na passagem da adolescência pra vida adulta. Conta um pouco sobre a história dos ídolos e questiona a busca da fama como forma de amor, reconhecimento e realização, visto que tantos destes jovens promissores talentos acabaram optando pelo suicídio para acabar com suas dores e angústias.
Vale muito a pena ler estas cartas! Amei demais a história da Laurel me emocionei muito e, claro, chorei muitas vezes. Não que todas as histórias adolescentes sejam iguais, mas as dúvidas e os medos são muito parecidos. Recomendo demai
s esta leitura!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A pressão do tempo fértil! Uma pergunta que não cala!

Nunca tive medo do tictac do relógio, mesmo pensando, quando era criança, que no ano 2000 seria uma velha. Ainda bem que nos enganamos não é mesmo? Lembro de uma vez em que fiz as contas para saber quantos anos ia ter em dois mil e pensei gente nós vamos estar velhas! E hoje, com 36 anos me acho muito jovem. Daí eu tomei uma caipiras a mais, fiquei uns dias numa ressaca estranha e resolvi procurar um médico. Antes de receitar qualquer tratamento o Dr pediu vários exames de sangue e uma ultrassonografia do abdome para saber se estava tudo bem.  Descobri que preciso fazer uma cirurgia para retirar a vesícula.
Também descobrimos que tenho um cisto, pequenininho, no ovário direito. Depois de constatar isto fui fazer os preventivos anuais com a gineco. Inicialmente está tudo bem, fizemos o pré-câncer anual e trocamos a pílula para inibir o crescimento do cisto. E foi nesta hora que foi feita a pergunta fatídica: 
_Tu queres engravidar? Porque ano passado dissestes que sim e agora? Está com 36, tem que ver em seguida, porque depois fica mais difícil engravidar e as chances do bebê nascer com problemas também aumentam. 
Então tive a sensação de ouvir um tictac. Talvez tenha sido meu coração! Respondi que não sabia ao certo. Que sabia que o tempo estava passando (mas na verdade não estava sentindo deste jeito!) e que recém havia começado um relacionamento e que ele já tem filhos e não quer mais. Fiquei meio com uma sensação de estar prestes a ser reprovada numa prova. Meu Deus! Eu não sei esta resposta!
Talvez algumas pessoas achem que sabem. Várias já me disseram que tenho um grande potencial para ser mãe, que isto é visto com meus sobrinhos. Outras atiraram suas opiniões na minha cara dizendo que eu tinha que ter a revelia do meu companheiro se ele não quisesse. 
E uns dias atrás, antes da consulta médica,  estava conversando com minha prima exatamente sobre isto, de como algumas pessoas se sentem no direito de opinar sobre escolhas tão sérias das vidas alheias. Pra nós mulheres ao mesmo tempo em que existe um moralismo e um torcer de nariz para mulheres que tem filhos por produção independente, tem a cobrança de que se é mulher tem que ser mãe. É obrigatório que se explore o seu lado materno.
Mas e quando a gente não sabe a resposta? Penso se faz parte da minha missão ser mãe! Me sinto despreparada, como sempre. E sei que não tem como, não existe curso ou manual de como ser mãe, educar, cuidar, enfim. E aí bate um medo! Não tenho resposta. Só sei que sou capaz de amar muito e incondicionalmente, isto eu sei porque eu amo os meus sobrinhos assim. Mas esta é a única certeza que eu tenho, de que sou capaz de amar. Será que basta?? 
E de repente esta pergunta não me sai da cabeça e de um minuto pra outro fiquei com o tictac me acompanhando na mente, batendo, batendo, batendo... Não sei a resposta! O tempo de plantar tá se esgotando e para tal preciso da resposta pra pergunta que não cala. Daí neste dia sim, me senti um pouco velha como diria a Larissa. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Simplifica...

No estudo da Doutrina Espírita, noutro dia lemos um poema chamado "Simplifica..." do espírito Casimiro Cunha, pelo nosso amado Chico Xavier. Em aula a gente costuma brincar uns com os outros quando alguma pergunta mais casca grossa nos atormenta e sempre tem alguém para lembrar... "simplifica, simplifica". a gente tem o dom de complicar mesmo, talvez a ânsia ou o medo sejam os causadores desta torrente de sentimentos. Basta ver que quando o problema e de outro facilmente resolvemos, opinamos, palpitamos e simplificamos. Ao passo que quando a coisa é com a gente ficamos naquele mimimi danado, naquele "ai como sofro!", "Ai de mim". Não existe receita pronta, cada um tem sua caminhada e seu jeito de caminhar. Mesmo próximos, amanda e querendo ajudar não podemos percorrer a estrada de outro. E nem fugir da nossa!
Porque dei de escrever tais coisas nesta segunda feira cinza? Porque me entristece ver pessoas que se gostam se afastando por coisas pequenas e sem importância. Pedir perdão não te faz um fraco, assim como arrumar brigas intermináveis não te faz um forte. Mas uma coisa devo dizer, arrumar brigas faz com que os outros te achem intolerante. Eu demorei muito tempo para me sentir a vontade em dizer as pessoas de quem gosto que as amo, mas sempre soube que amar é um pacote fechado. A gente não pode escolher o que gosta para amar numa pessoa e deixar o que nos desagrada de fora. Do mesmo jeito que não damos só o melhor de nós a quem nos ama. Muitas vezes damos muito da pior parte da gente e neste momento sabemos que aquela pessoa realmente nos ama, que ela realmente é nosso amigo. Neste pacote fechado de bolachas sortidas tem de tudo! Tem as rosquinhas cobertas de glacê, tem as bolachas maria, tem amanteigados, tem bolachas ao leite e tem até bolachinha recheada (tinha umas sortidas da Isabela que eram uma delícia) e não dá pra chegar no super abrir o pacote e pegar só a que gostamos mais. A gente precisa levar o pacote todo pra casa, mesmo que não vá comer as marias.
Com as pessoas também é assim. Elas tem qualidades (bolachinha recheada) e tem defeitos (talvez a maria, pra alguns, eu gosto). Elas tem gostos diferentes da gente (graças a Deus!) e pensamentos diferentes também (aleluia!). Imagina todo o mundo igual a mim??? Que sou um doce! hahahaha Estaríamos todos enjoados de taaanto açúcar! Ou de cara amarrada porque eu bem posso ser azeda que nem jiló (dizem né, não sei não conheço eu só ouço falar)! E eu gosto que as pessoas gostem de mim, inteira (até porque sou pequenininha, se tirar alguma coisa sobra bem pouco pra amar!). E eu bem sei que é difícil! Mas vale a pena, porque eu aprendi a simplificar (um pouco, ainda não vou pro céu) e se tu me gostar inteira faço um esforção para dar só o meu melhor. É claro que se houver implicância meu pior fica mais evidente. E passei a adotar isto pros meus gostares, pra'queles que eu amo.
Respeito o gosto, as ideias (ainda que discorde), as diferenças, porque meu gosto é meio estrambólico, mas é meu e neste ponto é bem difícil que eu vá mudar. Sim, por exemplo, eu gosto de amarelão, rosão, roxão, verdão, azulão, quanto mais colorido e ão, melhor. Poderia optar pela discrição, mas daí só em ocasiões especiais. haha
Nesta fase de simplificar ficou mais evidente pra mim que cada um tem seu tempo de despertar, de amadurecer e de aprender a amar. É uma pena que algumas vezes se peguem apenas nas coisas ruins e aquilo que não foi legal faz com que esqueçam o tudo que aconteceu de bom, amarrem a tromba e fiquem criando clima. Vamos simplificar a gente também, nada tem que ser que nem comédia romântica, a vida é a vida e só acontece uma vez (em cada encarnação, mas depois dessa, sabe lá quando vamos conseguir outra chance?)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

""Cartas de amor aos mortos" - Ava Dellaira

Estou apaixonada por este estilo de escrita escolhido pela autora Ava Dellaira para contar a estória de Laurel. É uma leitura instigante que
prende demais a nossa atenção. Ava não escolheu uma narração pessoal e direta, tampouco um narrador fora da história para dizer como a vida de Laurel ocorreu naquele momento em que perdeu a irmã e começou o ensino médio. É verdade que quem conta a história é a própria personagem, mas em forma de cartas ricas em detalhes para seus ídolos, ou ídolos de sua irmã, pais, tia e amigos.
Eu que sou do tempo (olha a velhinha falando!haha) em que escrevíamos cartas para amigos distantes, para revistas e até fazíamos cursos por correspondência a leitura é agradabilíssima. Numa época em que as mensagens se resumem de forma absurda (pra mim, pelo menos) sendo trocadas por email, watsap ou sms, com emotions ou palavras abreviadas ler uma longa carta, com detalhes e tantos sentimentos é como voltar um pouco no tempo.
É muito gostoso ver o interesse da adolescente em saber a história daquelas pessoas pra quem ela escreve, para que ela saiba também como eles se sentiam neste mundo. É interessante a forma como ela coloca a importância daqueles ídolos pra ela e para aqueles a quem ama, principalmente para a irmã morta.
Recém comecei a leitura, foram algumas cartas e  cerca de 70 páginas de história. De uma estória muito boa! Recomendo a leitura e depois de ler faço um resumo (coisa dificílima pra mim).

terça-feira, 12 de agosto de 2014

"O dia em que o papa foi a Melo"

"O dia em que o papa foi a Melo" bem podia ser uma lembrança minha, se é que seria possível que eu lembrasse daquele dia longínquo lá em 1988. Mas minhas palavras jamais seria tão encantadoras quanto as de Aldyr Garcia Schlee que nos conta várias estórias com detalhes interessantíssimos e que lembram as velhas histórias das noites de encontros em família e causos que os antigos costumam contar.
A leitura me fez lembrar de mim diante da televisão, sem reconhecer aquele velhinho com uma toquinha bem pequena na cabeça abanando para as pessoas de baixo de um guarda chuva preto. Lembrei da minha mãe comentando comigo, olha lá tá chovendo. E eu instintivamente olho para rua e reparo que no pátio da nossa casa não está chovendo. Tem também as pessoas cantando "a benção João de Deus"... Eu só me lembro disso, mas já devia ter onze anos por esta época. Mas também, é natural que a gente lembre mesmo só aquilo que nos marcou. Eu nunca fui católica, sempre me esquivei da igreja e coisas que o valha, não seria natural que lembrasse da visita do Papa.
Então eu ganhei o meu amigo Vaz o livro do Schlee,que conta justamente isto e me pego tendo memórias da tal visita, que bem pode ser coisa da minha imaginação. E livro bom é assim nos transporta pra outra dimensão, nos faz viajar centenas de quilômetros  pra um lugar onde nunca estivemos, mas que se um dia formos saberemos nos localizar.
Óbvio que como contestadora meu conto favorito é o CONTO VI. As  perguntas, a farofada, o problema no chevrolet tigre e os bêbados tudo faz com que me sinta próxima daquela viagem. É o tipo de causo que qualquer tio poderia ter vivido e agora estar contando dando barrigadas de tanto se rir da viagem que não deu certo, ou melhor, que deu até parte do caminho.
O CONTO VII também me agradou e muito, apesar da tristeza. Confesso que segui a sugestão de "cantarolar tristemente, no final,o título deste conto, se quiser chamá-lo de UN DON DIN".
"O ESPELHO PARTIDO"  não pode ser deixado a parte. É um conta muito singelo. Gostei muitíssimo! O avô completando 98 anos, o espelho que se parte, toda a gente pra comemorar o aniversário e ver o papa, os rosários, a pétalas, as memórias misturadas de vô e neto.
Adorei a linguagem,senti-me o tempo todo como a escutar o Schlee falando com seu jeito sereno aquelas histórias e vez por outra sorrindo do que lembrava e dando detalhes e falando de fulano e sicrano e de como aconteceram aquelas coisas todas n'O dia em que o papa foi a Melo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Ser mãe é padecer no paraíso"

Esta expressão sempre me pareceu completamente oposta, uma coisa tipo aquela lei da física que diz que "dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço". Então pra mim padecer e paraíso parece muito contraditório para estar na mesma frase, e mais ainda, contraditório demais para fazer sentido.
Claro que estou falando como uma filha que é só filha. Que talvez nunca venha ser mãe. E que pensa muito noutro dito que diz "que só aprendemos a ser filhos depois de sermos pais", portanto, talvez, nunca venha a saber como deveria ter sido/agido/comportado para ser uma boa filha pra minha mãe.
Não passei por esta fase do aprendizado e ficarei em dívida com meus pais neste ponto. Sempre tentei ser boa filha, mas creio ter falhado por inúmeras vezes, não entendendo o quão preocupados e responsáveis eram por mim, o quanto queriam o meu bem e o melhor e o mais importante, quantos sacrifícios tiveram de fazer, quantas coisas deixaram de ter/querer/comprar para suprir minhas necessidades.
Este texto é pra minha mãe, pro meu pai, para meus avós e meus tios, para todos aqueles pais e mães que sofreram ou sofrem a ingratidão dos filhos, a incompreensão. Só agora, só neste momento me é possível compreender a máxima posta como título, "ser mãe é padecer no paraíso". Só uma verdadeira mãe consegue amar incondicionalmente e fazer de uma ingratidão algo não nocivo pra si. Óbvio que se abala, que sofre e se magoa, mas consegue transformar e compreender aquilo sem que lhe faça mal e principalmente sem que altere um milimetro se quer seu sentimento maternal pelo filho ingrato. Aliás, como disse (parentese literal para dizer que foi uma das poucas coisas coerente na novela Em família) a personagem Selma "meu filho foi ingrato, como são todos os filhos!". Somos ingratos!
Um dia destes na parada do ônibus duas mães conversavam sobre seus filhos, os trabalhos deles e das coisas que precisavam fazer pra eles mesmo já estando adultos e como quando elas os procuravam pelo celular muitas vezes eram destratadas ou mal tratadas por perguntarem onde estavam, o que faziam, que horas vinham. E que quando o contrario acontecia (dos filhos ligarem) brigavam por a mãe não atender o telefone ou estar fazendo outra coisa e não ter visto.
Numa outra "viagem" de ônibus duas senhoras mais velhas também falavam sobre os filhos. E uma aconselhou a outra a cuidar de si e deixar o filho que se virasse, pois ela já estava "velha" e tudo que podia fazer tinha feito. Mas a outra desculpava o filho que trabalhava muito e a nora, então ela pegava a neta na escola e cuidava de muitas coisas da casa para que eles tivessem algum descanso. Aqui cabe outra expressão popular "mãe só muda de endereço"! Sim, a mesma que aconselhava a deixar o filho de mão muito provavelmente não faria o que diz, porque preocupava-se, porque não quer que o filho ou a filha sacrifique-se já que ela pode ajudar. E neste "pode ajudar" muitas vezes sobrecarrega-se de coisas.
Somos ingratos sim porque muitas vezes queremos voar sem ao menos conseguirmos caminhar com nossas próprias pernas e muitas vezes culpamos nossos pais por isso, ou porque não nos deixaram fazer, ou porque nos cobraram, ou porque nos alertaram do perigo de saltar sem paraquedas. Somos ingratos porque conseguimos brigar, ser rudes e impacientes com as pessoas que mais nos amam, que dariam suas próprias vidas por nós. E não contentes muitos de nós dizemos que eles não fazem mais que sua obrigação porque nós não escolhemos nascer. Como espírita que sou descordo totalmente disso, sei que escolhi bem, escolhi os pais, os irmãos, os companheiros de jornada, a casa, o bairro, a cidade e toda a situação em que me encontro. Creio que tudo faz parte do nosso aprendizado e que o que nos incomoda podemos trabalhar para mudar. Mas isto implica atitude, para isto temos de sair da zona de conforto, da posição de vítima para atuarmos, agirmos e, então, mudarmos.
Como não sou mãe, torna-se fácil para mim dizer que as mães e os pais precisam pensar mais neles mesmos, pensar neles primeiro. Mas é voz corrente, e a sociedade mete o dedo na cara de quem vai contra isto, que depois que se tem filhos homens e mulheres deixam de ser indivíduos com vida própria e passam a viver só para os filhos, pensando primeiro nos filhos e em função dos filhos. Isto é cobrado principalmente das mães e, aliás, com muito mais rigidez.
Aproveito para desculpar-me com minha mãe, mais uma vez, aliás ela tem várias cartas minhas pedindo desculpas por coisas muito bobas, mas que martelaram sem fim na minha cabecinha adolescente. É provável mãe que eu nunca venha a aprender a ser a filha que tu e o pai mereciam ter. Mas fica sabendo que tu és o meu modelo de filha, tu és a filha que eu quero me tornar, pois tu não mede esforços para cuidar da vó, aliás, não mediu para cuidar do vô e da vó Cela também. Aliás tu não mede esforços para auxiliar quem quer que seja e não importa a situação. Tu és também o meu modelo de ser humano. Tomara que um dia eu seja um pouquinho do que tu me ensinou, do que tu é. Obrigada mãe!

PS.: Este texto, como disse, vai para todas as mães e pais, principalmente pra mães que eu tenho o prazer de conhecer nesta caminhada e que sei, que numa ou noutra situação deve se identificar. Entre elas: minhas tias Ieda, Semita, Rosa, Marli, Margarida, Geni, Fidelcina, Deca, Daima, minhas avós Amália e Cela, minha irmã Mana, minhas primas, muitas amigas, minha sogra Ana.