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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Meu primeiro cigarro
Algumas lições na vida são doloridas. Mas fazem parte e fazem principalmente com que a gente se torne melhor. A minha mãe, como já disse, esta sempre certa, até mesmo quando ela está errada. Eu explico. Desde que eu me conheço por gente minha mãe é fumante. Costumo dizer que sou fumante passiva desde óvulo. E ao contrário dos meus irmãos, não me incomodo com a fumaça ou o cheiro do cigarro. Pelo contrário, quando estava morando fora de casa era o cheiro do cigarro em outras pessoas que me fazia sentir perto dela. Eu tinha um colega no jornal, o Tarso, que era fumante. Além de colegas de trabalho éramos também vizinhos, então no final da tarde ou a noite nos juntávamos para tomar chimarrão e eu sempre dizia pra ele: teu cheiro faz eu lembrar da minha mãe! E ele respondia: E este teu hoby faz eu lembrar da minha. É que sempre que estava em casa e estava frio eu colocava um roupão atoalhado, coisa de velhinha... hahaha
Como ia dizendo minha mãe está certa até quando está errada. Ela nunca falava que não podíamos fumar. O que dizia era que o cigarro é um veneno! Sempre me ensinava coisas importantes, mas eu sempre fui assim... deste jeito, desde criança, então uma vez ela perguntou porque eu chupava bico (chupeta) e eu respondi com outra pergunta, porque tu chupa cigarro? Acho que ela entendeu que teria que me ensinar de outro jeito. E a lição que aprendi foi assim:
Eu tinha uns três ou quatro anos de idade, estávamos no pátio, nos fundos da minha casa. Lembro com uma nitidez fantástica a cena. Minha mãe fumando e eu tagarelando pra lá e pra cá, com o canudo de uma caneta bic, fazendo que fumava. Caminhava, zanzava. Daí olhei para a minha mãe e disse:
_ Empresta o fogo senhora?, fiquei com o canudo na boca sorrindo.
A mãe deu uma tragada das boas no cigarro e soprou a fumaça dentro do canudo, direto na minha boca. Sim, eu me afoguei com toda a fumaça que entrou por ali. Tossi muito e até chorei. Disse que ela não sabia brincar, que não era pra acender meu cigarro de verdade.
Parece cruel. Mas não foi, ela queria me mostrar, embora tivesse dito muitas vezes que o cigarro é um veneno e ela fumava por que era burra, que o tabaco era um vício que ia muito além do charme de se fazer pose com ele entre os dedos. Tem o gosto amargo da fumaça, tem o mal e as doenças que pode causar, tem a poluição do ar, o cheiro nas roupas, enfim... muitos males. Mal que até Hitler lutou contra e que apenas as empresas que vendem cigarros é que escondem através de propagandas que falam de liberdade e sucesso.
A verdade é que a partir deste dia nunca mais brinquei que fumava. Já até fumei cigarrilhas com sabor e cheiro de chocolate e canela e até mesmo cigarros. Mas nunca aprendi a tragar. Eu só me exibo fazendo pose com o cigarro entre os dedos, chupo a fumaça e solto pela boca, de um jeito bem superficial. Me disseram que para tragar temos que engolir a fumaça, mas isto eu não faço não. Até porque não consigo.
Eu compreendo o quanto é difícil e duro ser dependente de um vício como o cigarro. E entendo ainda mais que as pessoas tenham se deixado viciar. Foram muitos anos de campanha de incentivo ao fumo, desde propagandas até estrelas de cinema fumando nas telas demonstrando charme e glamour. Minha mãe já tentou várias vezes deixar o vício, mas voltou. Alguns dizem que falta vontade, outros que falta vergonha. Eu discordo é uma dependência.
Mesmo não concordando com algumas leis que estão aparecendo por aí, mesmo que o cheiro ou a fumaça não me incomodem, desde que não seja jogada direto na minha cara, é lógico, digo que o fumo é um veneno! Quem não fumou, nunca experimentou, não fume, não experimente.
P'raqueles que fumam digo que: tentem reduzir os danos, alimente-se bem, bebam bastante água, consumam vitamina C, façam um exercício físico, vá ao médico regularmente. Ah! E tentem deixar o cigarro, é claro!
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