Tem lembranças que nunca se consegue esquecer, por mais remota que seja. Eu lembro bem de quando fui dar banho nos gatinhos da Lili e os matei afogados num tanque cheio de água e sabão. Sinto culpa até hoje, não foi uma coisa de caso pensado, na verdade eu nem pensei. Não queria matá-los. Só dar banho! Mas criança né? Pensei que era quem nem a mãe fazia com a roupa coloca de molho um tempo, depois torce.
Também tem uma lembrança que guardo bem quietinha na minha cabeça. Talvez meu pai nem lembre disso. E esta recordação veio a tona depois que uma médium, que me deu um passe no centro espírita, disse para convidar meu pai para fazer uma oração. Não veio como um filme, não.
Veio de forma progressiva assim...
Quando eu era criança, pelos seis ou sete anos, numa noite de inverno a minha mãe foi ficar com minha tia e minha prima Graciela no hospital. A Nêga, como a chamamos, é uma prima muito querida, seis anos mais nova do que eu. Quando criança sofreu muito com doenças respiratórias e nos períodos de frio rigoroso acabava precisando algumas vezes ser internada para nebulização. Nem faz tanto tempo assim, mas não era tão fácil as famílias terem dinheiro, cartão de crédito ou coisa parecida para comprar um nebulizador. Por isso era preciso internação hospitalar.
Numa noite destas minha mãe foi acompanhar a tia Rosa. Meus irmãos e eu ficamos com o meu pai. Então o pai veio nos explicar que a mãe "dormiria" fora porque a Graciela estava doente no hospital. Naquela época seguidamente ela estava indo para o hospital com crises respiratórias. Daí, disse pro pai que ela já tinha estado no hospital e se era grave. Foi então que ele nos convidou para rezar pedindo por ela. Quando fecho os olhos lembro daquela noite. Meus olhinhos fechados, as mãos juntinhas e o pai puxando a reza.
A fé é algo incontestável, principalmente a fé de uma criança. Nós rezamos pela Nêga, no centro espírita do meu padrinho foram feitos trabalhos e simpatias, tudo buscando que a sua saúde melhorasse. Tudo junto resultou na cura dela.
Ainda criança eu acreditava que tinha sido aquela oração junto com meu pai e meus irmãos que tinha promovido a cura. Não podemos saber, o importante é que o objetivo foi alcançado.
Desta vez, eu tenho que ficar a vontade para convidar o pai para fazer uma oração. Tenho que abrir o coração, deixar a vergonha de lado, dar a mão e em comunhão falar com Deus.
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