quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Relacionamentos

Eu não entendo nada de relacionamentos. Tirando a minha família e alguns amigos de longa data, não muitos, tive poucos relacionamentos amorosos na vida. Surpreendo-me quando olho pessoas da mesma idade que eu vivendo (ainda) a paixão como os adolescentes. Não me sinto velha, apenas, acho que não sou deste planeta. Lembro da minha adolescência de forma muito clara. Toda semana eu me apaixonava por um guri diferente. A maioria deles eu simplesmente nem lembro o nome. Era um ciclo, paixão arrebatadora, dias falando no guri, desilusão (muitas vezes sem que o cara chegasse a saber meu sentimento ou tivesse feito algo pra mim, do tipo: não é tão bonito, fala errado, cospe na rua, cheira mal ou não gosta de mim. Tudo da minha cabeça E na minha cabeça), tristeza com o "rompimento", choro e, por fim, o bom e velho "ele não me merece!".
Daí a pouco já estava bem. Nunca vivi em função de ninguém que não fosse eu ou minha família. Minha mãe e meu pai me criaram para ser independente. A frase que mais ouvia era: "tens que estudar, trabalhar, ganhar teu dinheiro e não depender de marido. Tens que ser independente!". Eu eu cresci assim, estudando, buscando ser uma boa profissional, ter qualificações, ter cultura, ser inteligente. Não dei muito tempo para os namoros. Mas sempre me diverti muito, sempre fui a festas, boates, bailes, adoro dançar. Sempre gostei de ter com amigos, mas nunca deixar de fazer algo de que gostava porque alguém não gostava. Vou a praia sozinha, vou ao cinema sozinha, danço sozinha em casa, canto no chuveiro. E gosto de ter meu tempo sozinha.
Acho que isto é que acaba atrapalhando os casamentos. Não o tempo que a pessoa precisa ter consigo, mas a falta deste tempo. Eu entendo que casar, ou juntar, ou namorar é comunhão, é compartilhar. Mas ao contrário do que pensam algumas pessoas não é fundir. Embora a mulher adote o nome do marido ela não deixa de existir individualmente para ser um casal. E quando não se respeitam as individualidades e as diferenças acaba dando errado. Outro dia li um artigo que compara o tema com a matemática, Aritmética do amor de Márcio Ezequiel.
Algumas amigas minhas estão passando por momentos estranhos nos seus relacionamentos amorosos. O mais estranho de tudo isto é que, eu que conto nos dedos o tempo que estive namorando com alguém sou a escolhida para aconselhá-las, sendo que elas, desde que as conheço estão sempre namorando com alguém. Contraditório não? Também acho!
Mas em ambos os casos percebo que o "problema" é semelhante, sendo um deles a falta de maturidade, justamente por terem se envolvido em relacionamentos sérios jovens demais. E o outro é o medo terrível de ficar sozinha, a dificuldade de estar consigo. Neste afã de correr da solidão elas vão se envolvendo em relacionamentos apressados, em situações que as levam a mudar suas personalidades e a se submeterem a circunstâncias que só lhe fazem mal. Óbvio que eu estando de fora enxergo tudo de forma clara e cristalina, enquanto quem está no olho do furacão só consegue perceber o vento que lhe suspende no ar.
Eu não sei o que dizer a elas, todos os argumentos que tenho, tudo o que penso sobre seus relacionamentos não tem base científica ou psicológica. É pura especulação! É intuição, nada mais. Assim como meus pais, que intuitivamente me criaram para ser feliz comigo mesma sem depositar ou esperar dos outras a felicidade, eu aconselho minhas queridas amigas a viverem bem consigo mesmas. Confesso que não é fácil se conhecer bem e respeitar-se. Muitas vezes a gente pensa que o melhor mesmo é ser como no passado, apenas uma SRA. Fulana de Tal e colocar sobre os ombros do nosso marido todas as frustrações que temos. Afinal de contas é sempre mais fácil culpar os outros a encarar que somos nós os responsáveis pelo erro.

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