sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A falta que eu já sinto

Sei que partir é sempre mais difícil que chegar. Mas, talvez o mais difícil seja ver alguém que se ama ir. Despedidas para mim sempre são sofridas, sempre há lágrimas! Quando morei fora de Pelotas, toda vez que vinha era uma alegria. Bastava o ônibus sair da rodoviária de Porto Alegre e eu passava a me sentir em casa. Quando vinha por Santa Maria a chegada em Canguçu prenunciava minha casa, minha gente...
Esta madrugada meu irmão voltou para nos visitar. A alegria de sua chegada mescla nossos olhares e nossos corações de uma pequena melancolia. A felicidade de vê-lo chegando e receber seu abraço anuncia uma nova partida, ainda mais dolorosa!
Existem filhos que nascem no coração. O útero é o aparelho que forma e expele pro mundo o recém nascido, o coração é quem o acolhe. É com base nele que protegemos e amamos. Para amar precisa ter coração, para ser mãe... para ser mãe é preciso muito mais coração...
Minha filha do coração nasceu prematura há 8 anos, 9 meses e cinco dias. Eu não estava perto fisicamente mas meu coração estava na mesma constância, batimentos sincronizados. Minha filha do coração é a coisa mais linda que poderia ter acontecido na vida da minha família inteira. Seu amor incondicional por cada um dos seus Familiares, como ela mesma diz é incontestável.
Receber meu irmão na sua volta é ótimo, mas faz com que eu pense num assunto que estou adiando propositadamente. Não quero pensar na partida. Na falta que irei sentir de preparar a merenda, de dizer pra que coma de boca fechada e perguntar como foi a aula. Meu coração parte só de pensar que daqui duas semanas ela irá para outro estado. Como toda a mãe sei que "os filhos são do mundo", e como toda a mãe também... é impossível não sofrer com a separação. A sorte é que ela tem duas mães... a primeira e a segunda, que sou eu. E sei que a primeira cuida muito bem dela, junto com o pai.
Será impossível conter as lágrimas... a única certeza que tenho é que a saudade se aconchegará num cantinho recôndito do meu coração de segunda mãe. A minha sorte é que mãe de coração não tem problemas de fertilidade, como disse, o útero apenas forma e expele o bebê o coração é o verdadeiro responsável pela maternidade. E como sou mãe de coração, tenho outras filhas e filhos. Mas tanto eu, como meus filhos de coração sentiremos uma imensa saudade da primeira, porque ela será sempre a primeira, nunca a próxima!

PS.: Parei de escrever se não ia causar um curto circuito com as lágrimas saltando no teclado, no monitor, inundando a sala, afogando a colega de trabalho...

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