sexta-feira, 20 de maio de 2016

Dos preconceitos

As pessoas acham que a sua opinião, que muitas vezes é formada pelo que está fora delas, deve ser respeitada. Dizem todo o tipo de coisa a respeito das escolhas dos outros, sem pensar o que aquela forma de falar representa para quem ouve. E sentem-se desrespeitados quando sua "opinião" é tachada de preconceituosa.
O que é considerado normalidade é um conceito bem subjetivo, que é formado, entre outras coisas, por uma sociedade totalmente imperfeita.
Quando eu conheço uma pessoa se gosto dela o que menos me importa é se ela é negra, branca, índia, se é gorda ou magra, se é loira ou morena, se tem o cabelo branco, a bunda caída, a barriga grande, se tem alguma deficiência e por aí vai. Porque a afinidade é algo que vem do reconhecimento da alma! A gente se sente igual o outro, tem intimidade para falar olhando no olho de igual pra igual e se algo saiu mal a gente conversa e acerta as arestas.
Quando o outro é mal caráter, bem, aí sim não há jogo de cintura a gente tem logo que se afastar da pessoa, porque esta é a única decisão dela que nos atinge diretamente. Se o outro ama animais, é gay, come melancia com manteiga, resolveu ter 20 filhos, ou se decidiu fazer um aborto por qualquer motivo, nada disso me atinge. Agora se ele é mal caráter...
E porque eu estou falando sobre isto? Porque tem retrocessos que não podem ser permitidos. E entre estes retrocessos eu destaco o direito d@s tr@ns de usar o nome social. Gente se a Rogéria optou por ser chamada de Rogéria, ainda que todos saibam que seu nome de batismo é Astolfo, a gente deve, antes de mais nada, se respeita ela, perguntar como ela gostaria de ser tratada.
A mesma coisa é o direito da mulher decidir se quer ou não ter um filho fruto de um abuso. Eu como espírita compreendo bem que toda a gravidez é a chance de um espírito viver. Bem, EU SOU ESPÍRITA, eu entendo o que pra mim cabe e não julgo a decisão de outras mulheres. Ela tem o livre arbítrio e responderá na lei de causa e efeito pela escolha que fez, não cabe a mim apontar o dedo. De mais a mais, minha gente eu conheço mulheres que praticaram aborto, cada uma com um motivo diferente e todas, TODAS, sentiram-se muito mal. Nenhuma delas depois do procedimento comemorou, muitas perderam a possibilidade de engravidar novamente. (aqui muitos dirão, bem feito!)
Eu sempre fui uma pessoa rude! E a custo, muito custo, trabalho diário e vigilância constante tento controlar estes impulsos. Mas até eu, que sou rude, estou chocada com tamanha intolerância e violência. Outro dia vi uma pessoa contrária ao aborto chamar as pessoas que defendem ou fizeram aborto de "vacas, vagabundas que merecem morrer!". Totalmente contraditório não é?
Quer dizer que uma mulher que sofreu um estupro e engravidou deve morrer se resolver interromper a gravidez? Eu nunca passei por isto, mas imagino que uma pessoa que é violentada deve pensar muito sobre esta possibilidade.
O que me espanta é porque os deputados estão sempre, sempre trabalhando pra destruir conquistas recentes e tão batalhadas? O que é que interfere na sociedade um@ tr@ns ser tratada pelo nome que escolheu pra si? Porque muitas vezes é tão importante criminalizar mulheres que optam por interromper a gravidez quando homens abandonam suas famílias? Porque respeitar o direito individual do outro agride tanto, quando o outro apenas quer viver sua vidinha na boa?  De onde foi que tiraram que seguir Jesus é ser intolerante e violento? Jesus nos pediu duas coisas amarmos uns aos outros e a Deus. Julgar os outros não está nos mandamentos!

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