Logo no primeiro ano muitos banhos, porque bicho tem que ir pro tanque! Eu muito grande que sou bastava um dos guris e já era! Passei o ano todo levando outras roupas pro colégio pra não passar o dia todo molhada! Também foi no primeiro ano que me apelidaram de "cascudinha"! A referência era a "Cascuda", que, olha o horror, não tenho certeza do nome, mas acho que é Adriana. Todos diziam que a gente era muito parecida e que ela era minha mãe! Óbvio que ficamos amigas, somos amigas até hoje! O apelido dela foi por causa do Cascão, um interno que já tinha se formado quando entrei e os guris diziam que ela era namorada dele. Daquelas coisas que pegam e a gente leva pra vida, Apelidos! :)
Cheguei no CAVG com 14 anos! Na minha festa de 15 foram poucos colegas, mas "se Maomé não vai a montanha..." eu levei o coquetel de frutas pro colégio! Juntamos nosso grupinho Leandra, eu, o Clóvis, o Vó, o Claudiomar, o Jaspion e mais uns e depois do almoço tomamos aquele o coquetel. E como a gente conversava e ria! E a gente estudava também, embora pareça mentira!
Atrás da sala de aula em que estudávamos tinha (tem até hoje!) um bosque onde eu adorava dormir depois do almoço! Debaixo das árvores no verão e escarrapachada no sol em cima da minha jaqueta no inverno! As gurias jogavam cartas! Foi no CAVG que aprendi a jogar escova! hahaha Um dia, um calor terrível, resolvi ficar só com a camiseta que ia até os joelhos na sala de aulas que só tinha guria! Mas eu não contava que os guris da agropecuária iam lá paquerar minhas colegas! Que vergonha eu passei, porque antes de vê-los na janela, tinha feito um monte de palhaçada e até desfilado na sala! Essa foi a primeira vez que fui no CTG!
E meu amigo Vacaria me recitou a poesia, "Paisagens do açude grande - o fio dental"! Fiquei envergonhada de novo, mas era até bonitinhos os versos!
Muitas coisas aconteceram naqueles três anos! Quantos amigos que nunca mais vi! Darci, Giba, Charles, Robson! Nossa sorte é que a internet apareceu e podemos reencontrar alguns deles. Também é sorte que naquela época não tinha, porque nossa! Cada mico! hahaha
Anos que valeram muito a pena! Aprendizados que carrego comigo pro resto da vida e amigos que carrego no coração!
Depois do CAVG fui direto pra faculdade. No ano seguinte a mãe foi fazer história na federal e encontrei alguns colegas do CAVG lá e foi muito legal este reencontro. A amizade cresceu ainda mais e o laço segue firme até hoje!
Ser homenageada por ter vivido estes anos de CAVG é até uma redundância! É bom ser homenageada, mas melhor ainda é poder reencontrar os amigos, matar a saudade e relembrar aqueles dias tão bons da adolescência!
E nossos professores! Quantas brigas com o João Vicente de química! Quanta risada com a Janete de biologia falando dos filhos! Quanta comida fizemos nas aulas da Nonô! E as costuras que davam erradas, mas a Beth nos salvava! E as corajosas que aceitaram matar a galinha com o professor da agropecuária e depois não conseguiram almoçar!?
Os almoços no bandejão, as sobremesas musicais promovidas pelo Jorjão! Nossa, daqui a pouco começo a chorar! Estas lembranças estão tão vivas que custo mesmo a crer que já passaram 25 anos!
Só tenho a agradecer por tudo! Também aproveito a deixa para agradecer aos professores e aos funcionários da escola que tanto nos deram nestes anos! Agradeço às minhas amigas queridas! E vamos nos encontrar com mais frequência! ❤️
Acho que a poesia é essa:
PAISAGENS DO “AÇUDE GRANDE” FIO DENTAL
Jayme Caetno Braun
Eu tenteio mais um amate
olhando o “açude brabo”,
nesse barulhão do diabo
como estrondos de combate,
enquanto o meu cusco late,
pro lado do litoral,
vem cruzando, por sinal,
um lote lindo pelado,
com aquele troço engraçado
que chamam de “fio dental”.
É um barbante colorido,
de cor berrante e moderna,
passado no entrepernas,
e na cintura prendido,
o fio termina escondido
e reparte pelo meio,
pra mim que domo e tropeio,
lidando com qualquer bicho,
o nome certo, é rabicho,
pra segurar o arreio.
Eu sempre usei o palito,
de guanchuma ou pitangueira,
na vivência galponeira
que integra o meu infinito
e não posso achar bonito
algo que assim me confunda;
não há primeira sem segunda-feira
e a quarta sucede a quinta,
porém a graça despinta;
com esse barbante na bunda.