terça-feira, 22 de outubro de 2019

Homenagem de 25 anos de formatura

Parece que foi ontem que senti o frio na barriga ao começar a estudar num colégio tão grande! Eram vários ônibus, muita gente, só na minha turma umas trinta! E como num passe de mágica em pouco tempo já conhecia quase todo mundo! Já tinha me apaixonado pelo Hari 😂 e até os professores dos outros cursos me conheciam e davam carona! Entrar naquele corredor de árvores faz passar um filme de três anos maravilhosos na minha cabeça, anos de muita amizade e de diferenças que o tempo dissolveu e ao rever colegas deixa os olhos rasos d'água! Todos os dias agradeço por não ter passado na escola técnica! Minha vida talvez não tivesse tantas boas amizades como tive estudando no CAVG! Talvez minha vidinha fosse mais sem graça! 25 anos e parece que foi ontem!
Logo no primeiro ano muitos banhos, porque bicho tem que ir pro tanque! Eu muito grande que sou bastava um dos guris e já era! Passei o ano todo levando outras roupas pro colégio pra não passar o dia todo molhada! Também foi no primeiro ano que me apelidaram de "cascudinha"! A referência era a "Cascuda", que, olha o horror, não tenho certeza do nome, mas acho que é Adriana. Todos diziam que a gente era muito parecida e que ela era minha mãe! Óbvio que ficamos amigas, somos amigas até hoje! O apelido dela foi por causa do Cascão, um interno que já tinha se formado quando entrei e os guris diziam que ela era namorada dele. Daquelas coisas que pegam e a gente leva pra vida, Apelidos! :) 
Cheguei no CAVG com 14 anos! Na minha festa de 15 foram poucos colegas, mas "se Maomé não vai a montanha..." eu levei o coquetel de frutas pro colégio! Juntamos nosso grupinho Leandra, eu, o Clóvis, o Vó, o Claudiomar, o Jaspion e mais uns e depois do almoço tomamos aquele o coquetel. E como a gente conversava e ria! E a gente estudava também, embora pareça mentira!
Atrás da sala de aula em que estudávamos tinha (tem até hoje!) um bosque onde eu adorava dormir depois do almoço! Debaixo das árvores no verão e escarrapachada no sol em cima da minha jaqueta no inverno! As gurias jogavam cartas! Foi no CAVG que aprendi a jogar escova! hahaha Um dia, um calor terrível, resolvi ficar só com a camiseta que ia até os joelhos na sala de aulas que só tinha guria! Mas eu não contava que os guris da agropecuária iam lá paquerar minhas colegas! Que vergonha eu passei, porque antes de vê-los na janela, tinha feito um monte de palhaçada e até desfilado na sala! Essa foi a primeira vez que fui no CTG!
E meu amigo Vacaria me recitou a poesia, "Paisagens do açude grande - o fio dental"! Fiquei envergonhada de novo, mas era até bonitinhos os versos! 
Muitas coisas aconteceram naqueles três anos! Quantos amigos que nunca mais vi! Darci, Giba, Charles, Robson! Nossa sorte é que a internet apareceu e podemos reencontrar alguns deles. Também é sorte que naquela época não tinha, porque nossa! Cada mico! hahaha
Anos que valeram muito a pena! Aprendizados que carrego comigo pro resto da vida e amigos que carrego no coração!
Depois do CAVG fui direto pra faculdade. No ano seguinte a mãe foi fazer história na federal e encontrei alguns colegas do CAVG lá e foi muito legal este reencontro. A amizade cresceu ainda mais e o laço segue firme até hoje!
Ser homenageada por ter vivido estes anos de CAVG é até uma redundância! É bom ser homenageada, mas melhor ainda é poder reencontrar os amigos, matar a saudade e relembrar aqueles dias tão bons da adolescência! 
E nossos professores! Quantas brigas com o João Vicente de química! Quanta risada com a Janete de biologia falando dos filhos! Quanta comida fizemos nas aulas da Nonô! E as costuras que davam erradas, mas a Beth nos salvava! E as corajosas que aceitaram matar a galinha com o professor da agropecuária e depois não conseguiram almoçar!?
Os almoços no bandejão, as sobremesas musicais promovidas pelo Jorjão! Nossa, daqui a pouco começo a chorar! Estas lembranças estão tão vivas que custo mesmo a crer que já passaram 25 anos!
Só tenho a agradecer por tudo! Também aproveito a deixa para agradecer aos professores e aos funcionários da escola que tanto nos deram nestes anos! Agradeço às minhas amigas queridas! E vamos nos encontrar com mais frequência! ❤️

Acho que a poesia é essa:
PAISAGENS DO “AÇUDE GRANDE” FIO DENTAL
Jayme Caetno Braun

Eu tenteio mais um amate
olhando o “açude brabo”,
nesse barulhão do diabo
como estrondos de combate,
enquanto o meu cusco late,
pro lado do litoral,
vem cruzando, por sinal,
um lote lindo pelado,
com aquele troço engraçado
que chamam de “fio dental”.

É um barbante colorido,
de cor berrante e moderna,
passado no entrepernas,
e na cintura prendido,
o fio termina escondido
e reparte pelo meio,
pra mim que domo e tropeio,
lidando com qualquer bicho,
o nome certo, é rabicho,
pra segurar o arreio.

Eu sempre usei o palito,
de guanchuma ou pitangueira,
na vivência galponeira
que integra o meu infinito
e não posso achar bonito
algo que assim me confunda;
não há primeira sem segunda-feira
e a quarta sucede a quinta,
porém a graça despinta;

com esse barbante na bunda.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Um brinde ao dilema - texto resgatado

domingo, julho 16, 2006

Um brinde ao dilema!

Numa mesa de bar resolvem-se muitas coisas. Dá-se fim a miséria do mundo, soluciona-se as crises mundiais, discute-se poesia, política, sugere-se leituras, fala-se alto, pedimos mais uma cerveja.
Lembramos do passado, do ex-namorado, das brigas familiares, da saudade de ser criança e não ter responsabilidades, além das provas do bimestre. Pedimos mais uma cerveja.
_ Garçom, por favor!
Escutamos um samba, o sax. Observamos os casais dançando, falamos do quanto gostamos de dançar ou do fato de não saber cadenciar os passos, dois pra lá, dois pra cá. Pedimos mais uma.
Discutimos sobre liderança, a responsabilidade de ser um líder, da comunidade que aceita ou não esse líder e porquê, falamos de carisma, sem lembrar dele. Pensamos como mudar o mundo, abrimos nosso voto para a próxima eleição, e admitimos não fazer efetivamente nada que mude realmente as coisas. Pedimos outra cerveja.
Não choramos porque o momento é de alegria. Levantamos um brinde ao dilema, na verdade brindamos a tudo e a todos na mesa, ameaçamos levantar e dançar, rimos. Pedimos a saideira.
De tudo isso ficou a amizade, a promessa de outro encontro assim que possível, o abraço apertado. Na verdade quedou-se dentro de nós todo aquele dilema, todas aquelas coisas que discutimos soando no pensamento, acelerando o coração. Não temos, de verdade, a solução para todos aqueles problemas, estamos incomodados, agitados, angustiados com a situação, a nossa no mundo, a do mundo no nosso entendimento, as nossas possibilidades de ações efetivas, como enxergamos os nosso dilemas.

domingo, 6 de outubro de 2019

Epílogo

Epílogo é um capítulo extra, após o "the end", e nos conta como as personagens seguiram "a sua vida"! Ele traz aqueles detalhes que ficamos curiosos para saber quando o livro acaba! Aquela pergunta "será que a Cinderela e o príncipe foram mesmo felizes para sempre ou ela acabou indo de volta para o borralho?" A verdade é que os ciclos se  fecham e as histórias seguem acontecendo! Na vida sempre tem  epílogo! E como eu sou espírita acredito que depois da morte também tem!
Essa foto representa minha alegria restaurada! E essa felicidade não tem nada a ver com as cachaças!
Quando estava no final do meu relacionamento ficava pensando como seria minha vida depois do fim. Como que eu ficaria, como reagiria ao ver meu ex com outra pessoa. Confesso que essa foi uma grande parte do meu sofrimento, e também dos argumentos que usava comigo mesma para adiar o rompimento definitivo. Eu sabia que esse passo teria que ser dado por mim, pois no meu entender o outro já tinha deixado claro que não queria mais. Mas eu tinha esperança de que "acordasse" e mudasse de atitude, que voltasse ao que era no início, sei lá, esperança de que tudo ficasse harmonioso e feliz como no início. Não deu! Também acontecia de eu sentir uma certa responsabilidade sobre como ele ficaria.
O lado bom de ter epílogo na vida é que todas as arestas mal aparadas do relacionamento, as quais não conseguimos acertar porque a dor era muito grande, já foram corrigidas enquanto o epílogo estava sendo escrito! E realmente conseguimos transformar um amor/relacionamento morto em amizade. Falamos sobre todas as mágoas e questões não resolvidas! Colocamos pra fora aquele entulho que só nos fazia mal e não permitia que a alegria fluísse.
Foram conversas bem difíceis! Tocar pontos tão delicados, questões que não queríamos admitir nem pra  nós mesmos. Mas sabíamos que para realmente fechar o ciclo só quando tudo fosse encarado de frente, quando tomássemos consciência e admitíssemos nossas falhas em voz alta, ou texto no zap. hahaha Estas conversas tiraram o peso que sentia em meus ombros. E aquela coisa que me fazia sentir responsável por ele deu lugar a uma grande alegria por vê-lo superar traumas e medos. Não foi nada fácil exorcizar estes demônios! Ao mesmo tempo que sofri e chorei junto com ele, senti que era importante que aquelas coisas me fossem confidenciadas. Eu era parte daquele momento que deveria ser superado, assim como ele foi parte dos meus momentos de superação. Agora sinto-me muito mais feliz por ver que ele se reergueu e que nosso final de relacionamento foi realmente um fechamento de ciclo em que aprendemos coisas de que necessitávamos. Essas conversas me ajudaram, pois eu não queria que as coisas simplesmente fossem guardadas sem necessidade. Agora podemos seguir adiante, cada um no seu epílogo particular, com marcas de aprendizados, mas sem rancores.