sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nossa vida também é feita de pequenas tristezas e grandes perdas


Dizem por aí que a única certeza desta vida é que vamos morrer. Alguns de nós está preparado para isto, vive intensamente sua vida, ama incondicionalmente, se diverte e aprecia cada pequena coisa que lhe acontece. Outros não estão porque não querem ver as pessoas que ama e que o amam sofrendo. Mas... como disse anteriormente... a única certeza é de que viemos para cá e um dia partiremos. Esta semana recebi a notícia do falecimento de duas pessoas que conhecia. O primeiro morto de modo muito trágico e que me angustiou demais e ontem meu professor de matemática financeira. Ambas foram notícias chocantes porque tanto um quanto o outro gozavam de ótima saúde.
O Flávio, amigo do meu irmão caçula cometeu suicídio. Quando eu soube senti uma angústia muito grande. Sou espírita e dentro da doutrina, tirar a própria vida é considerado um dos mais graves "pecados", ou melhor erro que podemos cometer, pois junto com ele, ao invés de sanar os problemas acabamos criando outros. Desde que soube não consegui desligar meu pensamento dos pais, dos amigos e do próprio Flávio. Não consegui dormir direito nas noites seguintes, principalmente porque não há uma explicação, ninguém sabe ao certo o que o levou a fazer o que fez.
E o Hugo... Ah! O Hugo com seu jeito engraçado, seu cabelo bagunçado, foi a pessoa que eu nem cogitei que teria morrido quando me falaram que nosso professor havia partido. Jamais poderia me vir a mente que ele, logo ele, tão cheio d vida teria ido embora.
Na volta para casa eu lembrei de quando perdi meu primo Miguel. Assim como o Hugo, o Miguel partiu jovem num acidente de moto. Na época do seu falecimento minha mãe e eu estávamos viajando com o pessoal da faculdade dela. Logo que chegamos a Salvador, cinco dias depois de partirmos de Pelotas, ela soube que ele não tinha resistido os ferimentos. Só que ela não me contou logo, segurou firme com ela a tristeza.
Quando voltamos, uma semana depois aconteceu algo que foi bem engraçado. Tínhamos uma sacola de calçados e ela estava solta no porta malas do ônibus em que viajávamos. A Cristina, uma amiga nossa bem estabanada, no momento de arrumar as coisas dela pegou a bolsa plástica com nossos sapatos e guardou dentro de uma mala gigante que ela carregava. Ao descer na rodoviária de Santa Maria procuramos pela sacola, reviramos o bagageiro do ônibus e nada. A Cristina junto nos ajudando a procurar.
Como não achamos ficamos ali, sentadas uma defronte a outra aguardando nosso ônibus. Neste momento, que tenho de forma nítida na minha cabeça como se houvesse ocorrido a meia hora atrás, eu disse: "gostava tanto daquele sapato..." E a minha mãe disse, como sempre sábia, "coisas muito mais importantes a gente perde na vida!". Eu sabia exatamente do que ela estava falando, era do Miguel. Comecei a chorar no mesmo instante.
Foi então que lembrei de um verso que minha mãe falava pra mim às vezes quando eu chorava por bobagens, "chorava porque não tinha sapatos, até o dia em que conheci um homem que não tinha pés". Sofrer por coisas pequenas não faz o menor sentido quando perdemos alguém de quem gostamos.
Na vida só existem duas certezas, a primeira já disse, é a morte e a segunda é que a única coisa capaz de fazer com que nossa história valeu a pena são as pessoas que amamos.

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