Nos dias que me acordo com a cabeça como se tivesse cheia d'água, o nariz entupido que mal dá pra respirar, o corpo dolorido e a garganta raspando só consigo lembrar de como era bom aquele tempo de criança quando minha mãe me dava de noite um cházinho de laranja com uma aspirina dentro e no outro dia eu estava renovada. Tá certo, a idade chega pra todos, fazer o quê né?! Mas um gosto tão singelo me remete aquele tempinho. Sim, porque mesmo não sendo mais criança minha mãe continua me levando cházinho de laranja na cama. O resultado não foi o mesmo. Talvez tenha sido pela falta da aspirina.
Lembro que a pior coisa de estar doente quando criança era não poder brincar, não poder sair pra rua, enquanto meus irmãos andavam por lá jogando bola e correndo. A questão é que geralmente irmãos na mesma faixa etária de idade acabam adoecendo junto.
Só que lá em casa a coisa era diferente, eu ficava doente e meu mano raramente ficava. Minha mãe dizia que era porque ele era muito arteiro. Ele sempre foi, e ainda é, inquieto, mexe com todo muito, amassa um, abraça outro e escabela outros tantos, não consegue ficar quieto. Desta forma, como ele sempre foi assim, eu tive cachumba, contagiei a turma toda e ele nada. Antes disso tive hepatite A e ele nada. Desta vez eu tinha que ficar em repouso, minha cama foi para o corredor para evitar que os guris ficassem doentes e meus pertences ficavam separados. Mas o que mais me deixou de cara foi a catapora. Gente! Eu tive tanta ferida e tanta febre que nem sei.
Estava passando uns dias pra fora na casa da vó Didi, já contei dela pra vocês. Tivemos que vir antes do previsto porque ela ficou com medo que a doença agravasse. Pelo telefone a mãe disse que o mano também estava com catapora. Sim, estava, meia dúzia de feridinhas na barriga e olhe lá. E eu com ferida até no céu da boca. Não conseguia comer porque até na garganta tinha catapora. E lá estava eu esperando a catapora passar enquanto meu irmão tomava banho de chuva no pátio.
É incrível!!!! E mesmo que a mãe cuidasse pra ele não ficar comigo pra não se contagiar da doença, virava e mexia ele aparecia pra me achacar, pra brincar, só pra olhar pra minha cara ou pra gente brigar. E ele tinha sorte, das doenças mais graves que tive ele nunca se contagiou.
Bom mesmo era quando tínhamos gripe, daí ficávamos juntos deitados no sofá, tapados de cobertor vendo televisão e esperando o cházinho de laranja com aspirina. É claro que esta calma só acontecia por alguns minutos e logo ele saia a fazer suas artes por aí.
Um comentário:
Puxa! Finalmente o Luna voltou...foram duas semanas "de cama", êta chá bom esse!
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