sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dia de amar seu corpo - Love your body

Este ano eu conheci uma pessoa muito especial. Eu costumo dizer que tem gente que eu gosto de graça. É assim, olhei, pronto, já gostei. Tem outras que nem com reza braba! Mas faz parte da evolução do nosso espírito passar por estes aprendizados e saber lidar bem, também com estas antipatias gratuitas. Sim, tanto gostar quanto não gostar tem explicação. Mas não vou explicar aqui não. Porque vim para falar de uma pessoa muito especial que conheci este ano e me ensinou muitas coisas através de seus dramas e sofrimentos pessoais. E ensinou-me ainda mais coisas com seus olhos brilhantes, seu sorriso de pérola, seu jeito meigo e a sua força.
Esta pessoa tão especial tem uma história de vida rica, cheia de altos e baixos e de muita superação também. Ela própria, é bem provável, que não se considere uma pessoa tão especial assim, porque luta consigo mesma. A luta se apresenta com marcas (talvez algumas irreversíveis) no corpo e no tratamento para superar um transtorno alimentar, que coloca sua vida em risco e demonstra o seu desconforto com ele.
Não posso falar do que ela sente. Mas posso e sinto que devo dizer o bem que sua forma de sentir e amar as coisas mudou em mim.
Por causa desta pessoa tão especial fui pesquisar e saber como funciona e o que leva uma pessoa a um TA. Confesso que é bem complexo e difícil de entender. Para mim que relaciono, sempre, a extrema magreza a  fome e a miséria, é bem complicado compreender todo o mecanismo que leva a estes transtornos. Mas conviver com esta pessoa tão especial me fez perceber que, ao contrário do que podia imaginar, estas pessoas sofrem muito. Sofrem por não conseguirem ver que seu corpo é uma pequena parte do todo que elas são. Padecem  de uma tortura covarde em busca de um corpo de boneca Barbie. Sofrem ao serem bombardeadas por uma ideia de que a felicidade só é alcançada com um corpo magro e esguio.
Já sofri por pensar que era muito gorda. Agora olho as fotos daquela época e me pergunto aonde estava com a cabeça? E quando era criança meus pais brigavam comigo para comer e reclamavam o fato de eu ser magrela. Já passei por várias fases, fui bem magra até meus 9 anos de idade, quando comecei a menstruar, daí veio a adolescência, os hormônios e as calças tamanho 40. Fui morar sozinha e a saudade e a distância eram descontadas nas guloseimas e comidinhas. Então chegaram as calças tamanho 42. Há um ano atrás cheguei aos 64 quilos. Mas ao contrário do pânico que tinha com estes números da balança na adolescência, passei a me amar mais.
Não sei ao certo o que deu o start, se foi a minha busca por paz de espírito ou se foi a auto aceitação mesmo. Sei que o primeiro passo foi parar de fazer coisas que não gostava, deixar de lado aqueles desagrados que fazia comigo mesma. Neste exercício resolvi não pintar mais meu cabelo e deixá-lo na cor natural. Decidi que mesmo acima do peso, bem acima, ia participar da apresentação de dança do ventre. Sim, me apresentei com um ventre bem avantajado e nunca me senti tão bem. Como passava dos 30 e os joelhos estavam reclamando (e naquele vídeo do Pedro Bial sobre o filtro solar ele diz que precisamos cuidar dos nossos joelhos...) fui ao ortopedista e por fim na nutricionista.
Não espero que ninguém faça as coisas como eu, afinal... nem todo mundo é virginiana neurótica como eu, que pensa que tudo pode ser feito de forma organizada e mesmo dentro da desorganização há alguma lógica. Comecei o tratamento de reeducação alimentar vai fazer um ano e a cada dia que passa amo mais meu corpitcho. Não pelo corpo simplesmente, mas sim pelo aprendizado, por ter percebido que nós podemos nos tornar e fazer o que queremos desde que nos aceitemos.
Conhecer esta pessoa tão especial este ano me fez ver que muitas de nós colocamos no corpo o sofrimento que não conseguimos compreender. A guerra interior faz com que a gente se bombardei com pensamentos ruins sobre nóss mesmos, nos cega a ponto de não conseguir ver o que há de melhor na gente. Pegar na mão de outra pessoa que tá sofrendo estas angústias também nos ajuda a seguir adiante, buscando o melhor.
Queria poder dizer que meu encontro comigo mesma e meu encontro com esta pessoa tão especial este ano tivesse representado pra ela o mesmo que representou pra mim. Mas não posso.
Atualmente ela esta internada, buscando encontrar seu amor próprio, seu querer bem, sua paz. Meu pensamento a segue, na tentativa de fazer a ela o bem que ela me faz com sua amizade. Não sei se consigo, mas desejo muito.
Aprendi a amar meu corpo e estas buscas me ajudaram a me libertar de algumas ideias preconcebidas, preconceitos e pre-julgamentos. O corpo físico tornou-se apenas uma representação do que trago por dentro. Talvez alguns não consigam enxergar, e por isto valorizem tanto a embalagem, mas o conteúdo vou tentando qualificar a cada dia.
dia de amar seu corpo

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