A leitura do mês de outubro do meu clube de literatura foi "Ensaio sobre a cegueira", do José Saramago. Não é nenhuma novidade que ainda não conseguimos concluir a leitura, afinal já estávamos com a leitura anterior um pouco atrasada. Eu achava que precisaria muita atenção para conseguir acompanhar a saga das personagens e do enredo de Saramago, principalmente por conta do estilo do autor. Creio que um pouco desta preocupação se dá por eu ter tentado ler "Canoa de pedra" e não ter conseguido acompanhar todas as idas e vindas dos personagens.
Devo deixar claríssimo que o livro é magnífico. Com momentos fortes, é verdade, mas uma história muito envolvente e tocante. Em alguns momentos eu chorei, como não podia deixar de ser e o que não é novidade pra ninguém (chorona assumida). Ainda não conclui a leitura e fico até altas horas lendo curiosa para saber o que sucederá a seguir com aquelas sete personagens tão diferentes entre si.
Para quem não conhece a história do livro vou tentar resumi-la. A narrativa conta sobre uma cegueira branca que em pouco tempo torna-se uma epidemia. Os cegos e os possíveis contaminados são levados a um manicômio que estava fechado há alguns anos em quarentena. Com o passar dos dias mais e mais pessoas vão tornando-se portadoras da cegueira branca e com medo o governo tenta isolá-las até que todo o país está cego. É na luta pela sobrevivência que os doentes mostram e vivem o lado mais cruel desta luta. Alguns aproveitam a fraqueza dos cegos recentes para extorqui-los, não se sabe ao certo com que intuito, já que dinheiro e riqueza de nada adiantam no caos em que o país se encontra.
As personagens principais são formadas pelo núcleo dos primeiros a ficar cegos. O mais interessante na narrativa de Saramago, na minha opinião, claro, é o fato de nenhuma das personagens ter um nome. Sim, ele conta toda a história identificando as personagens por características físicas, por detalhes da aparência, pela profissão ou por outros detalhes que chamam atenção ao "visualiza-las". Semelhante a nossa narrativa do cotidiano, quando comentamos sobre situações e pessoas a quem não conhecemos intimamente, mas de quem sabemos histórias ou talvez tenhamos presenciado alguma situação que mais tarde mereça ser contada, como um vizinho novo, ou aquele do bloco ao lado que passeia com a cachorrinha.
Este núcleo de personagens demonstra toda a complexidade do ser humano, suas divergências, enfim. Mas é um grupo que não perdeu toda a dignidade, não se entregou a selvageria ou deixou os instintos primitivos tomarem conta das suas atitudes totalmente. É possível que o fato de um dos integrantes ainda possuir olhos para ver tenha ajudado, não se pode saber ao certo. Pelo menos não até terminar a leitura.
Após um incêndio no prédio do hospício em que estavam em quarentena os cegos finalmente conseguem ter liberdade, então começam a tomar ciência de como estão as coisas fora daquelas paredes. Bem verdade que não muito diferente visto que todos estão cegos e passam seus dias a buscar o que comer e onde dormir. Os serviços básicos como água e energia elétrica não funcionam. É o caos!
Vou dar só a ideia do que trata o livro, pra dar um gostinho e atiçar a curiosidade.
Vale muito a pena a leitura!
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