A maioria das religiões cristãs é contrária ao aborto. Todas elas defendem que as mulheres mantenham a gravidez e após o nascimento do bebê, que ele seja dado a adoção, caso a mãe realmente não queira criá-lo. Algumas oferecem amparo e tratamento psicológico para a mulher que enfrenta essa situação, mas não lembro de nenhuma que tenha oferecido auxílio financeiro. Não entendo como sendo totalmente ruim que o Estado dê essa ajuda para estas mães que foram violentadas, visto que uma gravidez desejada já demanda muito custo. Uma gestação fruto de violência sexual nem se fala, pois além de tudo que é de praxe ainda tem o trauma. Mas nas características que este projeto é apresentada pela nova ministra tem muita coisa errada. Não se pode dispensar o direito da mulher de decidir manter, ou não, a gestação de um estupro, muito mais grave é querer que o criminoso mantenha um vínculo com esta mulher através de pensão. Ele não é um pai que está saindo de uma relação que acabou. Ele é um criminoso que praticou um ato de violência física de profunda hediondez! Não é possível cogitar esta hipótese! Forçar a mulher a gerar um filho da violência, parir, criar e ter convivência com seu agressor é de uma crueldade imensurável!!!
Já falei várias vezes sobre o aborto aqui, tá aí os links para quem não leu 👇
https://lunaemfases.blogspot.com/2016/06/sobre-o-aborto-o-livre-arbitrio-e.html
https://lunaemfases.blogspot.com/2016/05/dos-preconceitos.html
https://lunaemfases.blogspot.com/2014/09/descriminalizacao-do-aborto.html
e posso dizer que argumentar com quem pensa em fazer um aborto, mesmo sendo fruto de violência, é muito mais fácil do que com estas pessoas que não demonstram NENHUMA COMPAIXÃO por estas vítimas! Querem forçar a composição de uma família entre vítima e agressor, quando todo o trabalho das organizações de proteção da mulher e do feminismo é respeitar o direito da mulher de decidir.
A minha maior defesa neste debate é exatamente isto, o direito da mulher de decidir. É uma vida que será impedida, acredito que sim, mas a minha crença ou a minha fé não podem ser impostas a outra pessoa simplesmente porque eu creio nela. As coisas são muito mais complexas do que argumentar que "deixe a criança vir depois dá pra adoção!" E, pela minha compreensão da minha religião (pelo menos!), a doutrina espírita, a mulher, como todos, tem o livre arbítrio e este é inalienável, cabe somente a ela a decisão, pois é somente ela que responderá à lei do retorno. Além disso, Jesus que veio nos apresentar o maior e mais perfeito dos mandamentos que é o amor, nos disse para sermos indulgentes. O esquecimento do passado (outras encarnações) nos é dado para que a culpa, a vergonha e a mágoa não venham nos atrapalhar na tentativa de acertar no presente. Nos cabe numa situação como esta acolher esta mulher e dar-lhe o suporte necessário para que possa decidir sem medo, sem culpa, com dignidade sendo respeitada independente do que for escolher.
Quanto ao Estado, deve sim fornecer todo o aparato médico, clínico e até financeiro para que esta mulher possa, na decisão de manter a gestação ter suporte em caso de necessidade e, caso opte por interromper a gravidez possa fazê-lo de forma segura, com apoio psicológico e médico com toda a dignidade.
Em relação a essa senhora que irá assumir o Ministério dos Direitos Humanos... está incorrendo numa questão que sempre precisamos combater que é a idolatria e o fanatismo. Jesus, que diz ela ter visto numa goiabeira, disse "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!" Estão misturando tudo, esquecendo o maior mandamento que é o amor e julgando quem não vive essa ideia raivosa de que quem discorda ou é de outro credo não merece respeito! Fé raciocinada é o caminho, aplicar o evangelho nas nossas vidas e não apenas decorar os salmos e condenar os outros ao mármore do inferno!
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