segunda-feira, 23 de novembro de 2009

As valetas no caminho

Aqui na minha cidade ainda existem muitos bairros que não possuem saneamento básico, o esgoto fica aberto, juntando toda a sorte de bichos e insetos. Na vila onde eu morava, no Jardim Europa, era assim. Aliás ainda é. Só não tinha valeta na frente das casas de quem comprava os tubos e fechava. Meu pai fechou a que ficava na frente da nossa casa, minha tia que morava do lado também, o Zé Arnaldo, filho da vó Didi também e o seu Alceu, vizinho do outro lado da minha casa também. Mas em todo o resto da rua as valetas eram abertas.
Eu nunca tive muito jeito para pular as ditas valetas. Nunquinha! Uma vez eu estava com umas amigas e minha prima brincando de pegar, para fugir todas as gurias pularam a vala e eu... bem, eu vinha correndo rápido e tinha em mente pular a valeta também, mas quando chegou perto desisti, só que aí já era tarde. Escorreguei como em câmera lenta para dentro da valeta, finquei os pés no lodo e quase perco o chinelo de dedos. Foi muito engraçado! Tanto que sentei na beira da valeta e fiquei rindo, não conseguia sair de dentro daquela água imunda.
Mas a vez mais engraçada e triste de todas foi uma vez que fui para a casa do meu tio Toninho. Quase que eu apanhei daquela vez. Porque é que eu não aprendia que não consiguia pular valeta? Então, estava lá na casa do tio e a Fabiana, minha prima, me convidou para ir chamar a prima dela, que era ali perto. Fui, com a permissão da mãe. Fomos lá na Elisangela e depois voltamos. Foi aí que apareceu uma valeta no caminho. A Fabiana pulou bem bela e eu... bem... eu dei um belo de um mergulho naquela água podre. Caí inteirinha, dos pés a cabeça. Ficou tudo um nojo, roupa, cabelo. Tudinho. Cheguei chorando na casa do tio, é claro!, já imaginando qual seria a reação da minha mãe que não tinha levado outra roupa pra mim.
Lembro que ela queria me dar umas palmadas por conta do mergulho incoveniente, mas a tia Tereza me pegou pelo braço e me enfiou num tanque de lavar roupa. A água fria foi tirando o lodo que tinha por todo o lado e eu chorava dizendo que não tinha conseguido pular a valeta. Não tive pernas para chegar ao outro lado. Que dia! Nunca esqueci disso, porque desta vez não foi tão engraçado. Mas enfim, faz parte da minha história. É claro que depois disso eu acabei caindo outras vezes nas valetas no caminho, só que esta foi a única vez que caí de cabeça. Sem querer, mas de cabeça.

Um comentário:

Nina disse...

ahahahah, leli,ahahahah, pulando as valetas né??? ahahha

na vila tbm tinha, mas elas ficavam vazias, nao tinha agua. Mas eram enormes! por ali escorria somente agua da chuva, e quando nao tinha chuva, sabe o que gente fazia lá dentro??? namorava escondido da mamae :)

que doideira!