É tempo de catapora, doença infantil, em geral, que causa bolhas d'água, feridas, febre e muita coceira no corpo. As benditas feridinhas podem atacar todo o corpo, do couro cabeludo até cantinhos mais internos aonde quer que tenha pele.
Eu tive, aliás tive quase tudo que foi doença de criança! Tive catapora, caxumba, hepatite A, e mais um monte de coisas. A minha catapora começou numa época em que eu estava passando uns dias lá fora na casa da dona Didi. Não lembro direito como começou. Lembro que tive bastante febre. As feridas se espalharam por tudo e eu tinha na cabeça, dentro das orelhas, embaixo dos braços, nos órgãos genitais, na garganta e sabe-se-lá-mais-onde.
A ferida da garganta não me permitia comer, pois nada passava por ali sem me causar ânsia de vômito. Lembro de tomar apenas canja, ou melhor o caldinho da canja. A gente estava lá fora, no interior de Piratini aonde não tinha água encanada, luz ou telefone. E o telefone mais próximo era há quilômetros de distância da casa da vó Didi, bem como os vizinhos, a cidade, o bar mais perto. Era muito bom ficar lá nas férias, mesmo sem ter absolutamente nada pra fazer. O tempo passava beeeem devagar, minhas horas eram gastas debaixo de uma árvore na frente da casa, aonde deitava no chão e escutava rádio, viajava nas nuvens adivinhando figuras, sonhava com coisas futuras. Outras vezes eu corria atrás dos bichos, porcos, galinhas e patos. Outras brincava de casinha, inventava histórias ou ajudava a vó Didi a fazer biscoitinhos, sovar massa de pães no cilindro e tantas outras atividades domésticas. A gente visitava a casa de alguns vizinhos. Para isto precisávamos fazer longas caminhadas até a casa deles. Mas quando fiquei doente tive que ficar em casa porque não podia pegar frio e chuva e porque não devia contaminar os outros.
Engraçado que mesmo bem distante do meu mano ele pegou catapora também, na mesma época. A diferença é que eu fiquei tapada de feridas dos pés a cabeça e ele teve uma meia dúzia, no máximo, na barriga.
Como a vó Didi já tinha uma idade um pouco avançada, achou melhor voltar pra casa comigo pra minha mãe cuidar de mim. O legal foi que a volta, da casa lá de fora até o lugar onde pegávamos o ônibus, fui a cavalo com o Vilmar. Foi muito emocionante! Quando cheguei em casa fazia um dia quente, mas caía uma chuva de verão leve e eu fiquei na janela vendo meus irmãos e prima tomando banho de chuva e se refrescando, mas eu não podia. Foi chato!
Apesar de tantas e tantas feridas creio que não fiquei com nenhuma marca no corpo. Ficar doente é bem ruim, eu achava bem chato não poder fazer várias coisas, mas também tinha lá suas vantagens. Afinal... quando a gente fica doente recebe bastante atenção, carinho, cuidados e mimos.
Meus queridos sobrinhos estão passando pela fase cataporenta. A Larissa teve há bastante tempo, devia ter uns dois aninhos. Este ano foi a vez da Amanda, depois foi o João e agora meu amor Yuri. Tomara que o Pê e o Daniel se livrem dela por enquanto.
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