quinta-feira, 16 de junho de 2016

Esqueçam o "pão e circo" agora é hora de protesto

É tanta denúncia de corrupção, é tanto projeto de lei e emenda parlamentar com ideia errada, é tanto descaso com educação, saúde e segurança, que nem aquela velha estratégia de colocar o futebol e destacar a "pátria de chuteiras" tá desviando o foco do povo. É, não teve copa. Não teve não. Apesar dos 7 x 1  da Alemanha sobre nossa "valorosa" seleção canarinho (#SQN) e da perplexidade que muitos ficaram naquela fatídica tarde, nenhum segundo daquele foi mais estarrecedor quanto saber com provas concretas, porque saber sem provas todos sabíamos, que muito mais da metade dos nossos representantes estão muito envolvidos em casos de corrupção. Ainda que tenhamos visto e sabido de  protestos e as denúncias antecipadas de desvios e superfaturamento nas obras da copa,ainda que ainda houvesse uma possibilidade de torcer pela seleção, os 7 a um foram uma pá de cal nas esperanças futebolísticas brasileiras. As pessoas resolveram focar nos seus times e deixar aquele projeto de "circo" pra lá, pois não dá pra ter admiração alguma quando os caras ganham milhões para fazer um trabalho que, fazem mal feito e depois culpam o clima, a pressão, aqueles dois dias sem treinar que os deixou "fora de forma". Ninguém engole mais!
É claro que o fato de as camisas da CBF (mesmo que do camelô!) terem sido usadas por uma parte da população nos protestos contra a corrupção foi uma completa contradição, afinal de contas, não é de hoje que sabemos que a dita instituição é pra lá de corrupta e que muitos times de futebol e seus dirigentes também. Como diz meu amigo Nauro Júnior, "quem gosta de futebol é o torcedor, jogador gosta de dinheiro!". Atrevo-me a ter a singela ideia de que, aqueles que vestiram a camisa verde-amarela para protestar estavam colocando naquele símbolo sua última esperança, estavam torcendo como faziam na copa para que seu ato representasse uma verdadeira mudança. Mas... Foi mais um 7 a 1 né? Uma parte dos apoiadores só queriam tirar os holofotes de cima das suas denúncias e apontando o dedo para pedaladas e outros cositas acabavam por abafar o caso.
Acontece que, embora a grande maioria da população não tenha acesso a informações isentas, esta mesma população não quer mais saber do circo e quer muito mais que pão. Basta ver que, em outros tempos, a derrota da seleção na copa América estaria sendo muito mais falada e muito mais presente nos noticiários. Ninguém, ou quase ninguém, acredita que haja possibilidades de uma medalha de ouro nas Olimpíadas. Mas todos desconfiam, principalmente depois da queda da ciclovia e outros fiascos, que tem muita grana contabilizada e não utilizada nestas obras. A questão é que esta corrupção e descompromisso está matando gente. Seja na utilização de materiais de segunda mão, seja na retirada dos pertences dos moradores de rua, seja no descaso com a opressão dos indígenas. É impossível apoiar um time que é apoiado e usado para desviar nosso olhar de outros problemas graves do nosso cotidiano.
O que realmente me dá esperanças é ver que, por todo o país as pessoas estão se mobilizando. Sem bandeira partidária, mas pelas ideias, pela defesa do que creem. Hoje foram os agricultores, os professores, os alunos a irem as ruas pedindo respeito e dizendo que não aceitam os desmandos. Foram pessoas comuns protestando pela falta de segurança e outras tantas denunciando os abusos da polícia e da política. Ainda tem muito o que ser mudado, ainda tem muita gente para despertar para a necessidade que temos de sermos mais justos, mais amorosos, mais atuantes. Ainda há muito o que lutar pelo respeito as diferenças e aos direitos alheios. Mas as coisas estão acontecendo.
O momento é de união e mobilização, nem o Tite, nem a seleção, muito menos o Neimar (só pra citar um dos "ídolos" do futebol) vai fazer as pessoas pararem de cobrar dos políticos a mudança que precisa ser feita. Porque se é pra ser circo, que tenham bons palhaços. E não é só de pão que vive o homem.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Eu e a mediunidade

Todos somos médiuns em maior ou menor grau. Tá lá nas obras básicas. Também tá lá que mediunidade é dívida, nada de status ou vantagem. Quanto mais ostensiva a mediunidade, mais dívida! Eu tenho uma grande intuição, creio que seja esta a minha mediunidade. E é só isso. Não vejo, não escuto. De vez enquanto sonho com algumas coisas que lá adiante fazem sentido, mas para por aí. Eu sinto a energia dos pontos quando vou a uma terreira, sinto meu corpo todo arrepiar quando escuto uma batucada, sinto a energia das pessoas quando fazem uma prece. Nunca fui ao centro espírita com intenção de ir para o trabalho mediúnico, ou coisa que o valha. Mas eu tenho um dindo que eu amo de paixão e ele sempre me diz que "mediunidade não se coloca na porta do vizinho!". Então resolvi que precisava saber mais sobre tudo isto, para estar preparada. Foi aí que decidi ir para o centro espírita estudar e me preparar para quando fosse chegada a hora de pôr em prática a minha mediunidade estar afiada.
Estou estudando a doutrina há uns bons anos, ainda tem muito pra estudar, muitos livros pra ler e ainda não me sinto preparada para nada, aliás, isto acontece comigo sempre, referente a qualquer coisa que preciso fazer e que requeira preparação. Aconteceu na dança do ventre, no jornalismo, na contabilidade e na mediunidade também, óbvio.
O que eu tenho claro, depois deste tempo de estudo é que, não tenho mediunidade para o trabalho mediúnico. Eu tentei fazer o melhor lá, mas não tinha conexão. Como costumo dizer, o aparelho não esta habilitado. Ao mesmo tempo, fui fazendo outras coisas dentro da casa espírita, coisas que me fazem muito bem e agradam muito mais, como trabalhar na recepção do passe as quartas feiras. Este trabalho me faz um bem enorme, sinto-me sempre revigorada quando acaba. E me sentia completamente mal quando saía do mediúnico. Sério, me sentia uma grande fraude, que estava só reproduzindo animismos na mesa, enquanto pessoas e espíritos precisavam de auxílio e isto me fazia muito mal. Graças a espiritualidade eu consegui falar sobre isto e como me sentia a responsável pelo trabalho e fui dispensada para seguir outros afazeres e estudos.
Muitas pessoas me disseram, olhando na minha cara, que eu tinha uma grande mediunidade, mas eu do meu lado aprendendo não vejo nada disso. A Zeneida, facilitadora do nosso estudo, sempre diz que "ninguém tem um mediumnometro, para medir o grau de mediunidade dos outros", ou seja, a gente tem que se conhecer e através do autoconhecimento saber sobre nós e sobre a mediunidade que carregamos. Eu tenho dois pensamentos o primeiro é que não tenho mediunidade tarefa e o segundo é que, talvez não seja a hora e que se for o caso. no momento certo tudo vai se ajeitar.
De outro lado, com minha forte intuição é um mecanismo forte para me orientar na minha caminhada. Penso que estamos em um momento em que talvez, encarnados estejam precisando muito mais do nosso olhar e do nosso acolhimento do que os desencarnados. Já ajudei pessoas ouvindo suas histórias e até aconselhando sobre algumas coisas, sempre deixando claro que, se fosse EU, faria assim ou assado. Mas recebendo-as bem, tentando ser uma pessoa livre de preconceitos ou julgamentos e auxiliando aquelas pessoas da melhor maneira possível.
Penso que, se nem tudo é culpa dos espíritos, certamente nem todo o nosso propósito de caridade tenha a ver com a mediunidade. No meu entender, atualmente, os encarnados estão bem mais necessitados de amparo do que os desencarnados, além do que, para os desencarnados existem os trabalhos mediúnicos, para encarnados são as portas do centro espírita, é o sorriso no rosto de quem o recepciona, é a nossa boa vontade e interesse em ajudar. Agora resta as diretorias dos centros valorizarem todos os trabalhadores do centro afim de que o centro espírita seja realmente a casa espírita!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Menopausa

Eu suspeito que estou entrando na menopausa (ou seria passando pela menô e entrando no climatério?). Sei que muita gente vai dizer que sou muito jovem para tal. Até minha médica já disse isto! No entanto, conheço bem meu corptcho. E tem muitas coisas que me levam a crer que a menô tá na área. Uma das primeiras coisas que as mulheres percebem são as alterações na menstruação, ausência de alguns meses, a volta, enfim. Eu não tenho como confirmar este dado, visto que tomo anticoncepcional, mas percebo alterações no fluxo e na cor.
Então como posso estar desconfiada disso né? É que na pesquisa que fiz encontrei uma matéria que falava em 25 sintomas da Menopausa. Copiei a lista e fui ticando ao lado aqueles sintomas que tinha, resultado 19 sintomas e dois que eram mais ou menos, sabe,  não tenho certeza que seja sintoma da menô ou se é coisa de momento. Outro fator que me leva a pensar nesta possibilidade é que menstruei super cedo, com nove anos e neste tempo todo, dos 9 aos quase 39, nunca fiquei sem menstruar. Minha menstruação veio sempre, todos os meses no dia certinho, 24 dias após o início. Quando atrasou e depois no mês seguinte veio duas vezes dentro do mesmo mês fui a médica e descobri um mioma no útero. Seguindo os exames periódicos , ao mesmo tempo que precisava tirar a vesícula, fiquei sabendo de um cisto no ovário direito. Coisas da idade!
É claro que vou na ginecologista fazer os exames anuais e pedir aquele exame de sangue em que se verifica o hormônio folículo estimulante (FSH). Pode ser tudo coisa da minha cabeça, que guardou que, quem menstrua cedo para de menstruar cedo também. Sei lá, isto nunca me saiu da cabeça! Mas o que tem mesmo me incomodado são as alterações de humor, a ansiedade e as crises de choro. Sempre fui assim, mas nos últimos tempos está muito pior. Na tentativa de minimizar os sintomas apelei pro óleo de prímula, porque acabo sempre pensando, é só TPM. Mas cada mês que passa parece que fica mais agressiva esta tensão. Logo que comecei com a prímula uma cápsula fazia efeito (eu nem sabia que nos 15 dias que antecedem a menstruação devemos tomar dois), mas agora, agora tomo duas cápsulas o mês todo.
É óbvio que não paro de pensar em tudo, nas decisões e escolhas que fiz. E nas que deixei para fazer mais adiante, como pensar sobre filhos. Antes não havia porque pensar, pois não tinha com quem os ter, depois ficamos no impasse de que um já tem dois filhos e não pensa em ter mais e eu decidi esperar mais um pouco. E como se não bastasse tanta coisa para decidir internamente, tem as pessoas de fora pensando, questionando e querendo saber se vou ter filhos, e quando não se satisfazem com a resposta afirmam "tem que ter!", como se fosse algo que, depois da experiência se não quiser mais é só guardar no quartinho da bagunça.
É estranho ficar adulta e ter que pensar seriamente sobre isto! Pensar seriamente sobre tudo! Apesar de virginiana não tenho minha vida programada pelos próximo 10 anos. Nunca tive! Todas as experiências que tive de mudança de cidade, por exemplo, aconteceram, não foi um projeto. O único plano é desacelerar, com menopausa ou sem menopausa! é ter mais tempo para as pessoas e as coisas que gosto de fazer, é reduzir o consumo, o lixo e o estresse (principalmente!). É me amar ainda mais. É esquecer todas as perguntas indiscretas sobre minha vida e minhas escolhas que as pessoas fazem, e eu sei, fazem sem maldade, mas algumas vezes machucam. É deixar rolar!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sobre o aborto, o livre arbítrio e a religiosidade

Eu acho que nunca faria um aborto, por questões íntimas e religiosa. Mas são questões minhas, só minhas. E são questões de foro íntimo, nenhuma delas é de cunho policial, ou do âmbito do direito. Conheço algumas mulheres que fizeram aborto, garanto a vocês que a maioria delas se arrependeu e carrega um pesinho na consciência. Não creio, sabendo como as técnicas de abortamento funcionam, que uma mulher tome esta decisão de cabeça fria, sem medo, sem tormentos e profunda tristeza.
Foto: Comunidade 33 dias sem machismo 
Digo que acho que não faria um aborto porque não sei, assim como não tenho nenhuma ideia se algum dia terei um filho gerado por mim. E quando defendo o aborto, não estou defendendo que as mulheres o façam, defendo a descriminalização deste ato. Defendo que a mulher não seja colocada como criminosa por ter decidido não gerar um filho fruto de um estupro, por exemplo.
Sim, sou espírita e no espiritismo o aborto é condenado sob qualquer argumento, pois aquele que virá é um espírito que precisa da experiência carnal para evoluir. Mas vejam bem, esta é a MINHA CRENÇA, a minha RELIGIÃO, nenhuma mulher que sofreu abuso, jamais vai ouvir da minha boca que deve manter uma gravidez fruto de violência. A decisão é só dela! E ela tem livre arbítrio para decidir. Ela tem o direito de não querer passar nove meses lembrando que no seu ventre crescido se desenvolve um bebê filho de um desconhecido, filho de uma violação. Ela tem o direito de decidir, mesmo que isto vá impedir outro espírito de viver aqui. Não é justo condená-la, agredi-la de novo, como vi uma postagem uma vez em que uma mulher, contra o aborto, defendia que uma "vagabunda que faz aborto merece morrer!". Meu Deus, ninguém sabe o que levou aquela mulher a decisão do aborto.  Ela tem todo direito de decisão, aliás decisão que só cabe a ela. E a lei do retorno, já que estou falando da minha religião específica, também só será consequência pra ela. Ninguém é atingido pelo retorno de outro, assim como temos direito ao livre arbítrio somente nós somos responsáveis pelas nossas ações e recebemos as reações que nos cabem.
Defendo que a mulher que não quer ter um filho não seja criminalizada, que tenha o direito de fazê-lo sem risco a sua própria vida em clínicas clandestinas porque, como bem dizem, o espiritismo é uma doutrina libertadora. E eu não me sinto culpada em defender que a mulher tenha este direito. Como disse e volto a repetir, não é o aborto que defendo, mas o direito das mulheres de decidirem por isto. Quantas mulheres na nossa história foram mortas, agredidas até perderem seus filhos ou tiveram seus bebês arrancados dos braços por homens que não aceitaram a gestação? O feminismo, como algumas pessoas dizem erroneamente não pretende que as mulheres saiam fazendo abortos, sub-julgando homens e tantas outras barbaridades como vejo por aí. O feminismo apenas defende que as mulheres sejam livres e respeitadas. Que elas possam escolher dedicar suas vidas aos filhos e a casa e não ser obrigadas a isto porque o marido não as quer na rua. A independência da mulher não faz masculinizada, não é o que faz a mulher deixar de se embelezar para os homens. A independência da mulher a faz livre para decidir o que é melhor pra ela.
Não cabe a mim julgar, não é meu direito apontar os erros das outras quando eu estou carregada de erros. Não posso impor para outras que pensem como eu, de acordo com a minha religião.
É por isto que observo algumas pessoas postando coisas a este respeito sem se dar conta que o aborto é o último recurso de mulheres desesperadas e desamparadas. A gente até pode conversar com uma mulher que pensa fazer aborto e ajudá-la, até defendendo que ela tenha o bebê, respeitando, claro, o livre arbítrio dela. Podemos até pensar, hoje, sem nunca termos sofrido uma violência sexual, que teríamos o bebê. Mas isto é apenas uma suposição, é uma ideia. Para saber nossa reação só passando por ali.
Vamos amar as pessoas, mesmo aquelas que pensam diferente de nós, mesmo aquelas que fazem uma coisa que pra nós seria condenável. E aqui eu falo para meus companheiros espíritas, pois é o que o Mestre nos ensinou "amar os outros como a nós mesmos". Ele nunca disse pra amarmos só aqueles que pensam como nós! Esta questão da violência contra mulher é muito séria e precisamos nos posicionar de forma consciente, sabendo que não é possível ficar neutra.
Não quero entrar em embate com ninguém, apenas quero mostrar um outro lado, que penso que devemos levar em conta quando pensamos em algo que afeta a todos a luz da nossa religião. Assim como reprovamos a ideia de alguns seguimentos evangélicos de que apenas eles herdarão o reino de Deus, nós também não devemos nos deixar cegar pela nossa crença.