Embora tenha me comprometido a escrever aqui por 30 dias seguidos, acabei ficando alguns dias sem aparecer por aqui. Devo isso aos feriados, o que me faz ficar mais tempo com minha filhinha e pegar celular ou notebook é difícil, justamente porque não quero que ela use celular agora.
O exercício do dia 7 é escrever um texto que estamos porstergando há algum tempo! O tema que tenho deixado para depois é sobre o meu primeiro contato com a violência doméstica. Essa história me assombra desde a infância porque a vítima da agressão foi uma menina que tinha a mesma idade que eu. Não lembro o nome dela! Conheci minha amiguinha na casa da vó Didi, uma vizinha que eu tive. Ela tinha uma chácara pra fora, para onde eu ia nas férias. A casa dela era em Piratini, num distrito chamado de Cruz de Pedra. Apesar de ter vivido a "vida toda" na cidade, ir para lá nos finais de semana e férias era tudo de bom! Isso que lá não tinha luz, nem televisão! O máximo de tecnologia era um radinho de pilha, o qual eu ficava escutando por horas debaixo de uma árvore, deitada num pelego de ovelha. Dias mais pacatos impossível.
Fazíamos muitos passeios nas casas dos vizinhos quando estávamos com a vó Didi. Outros vizinhos vinham a casa dela, traziam frangos, verduras, enfim... a política da boa vizinhança era algo muito presente naquela época! A distante década de 80!
Chegamos a ir na casa desta guriazinha numa visita. Dona Didi não havia nos alertado sobre as pessoas daquela casa, mas ao chegarmos percebemos que a coisa era tensa. Minha nova amiguinha tinha uma cicatriz enorme no rosto, do lado esquerdo! E quando digo enorme é porque realmente era muito grande. Ia de debaixo do olho até os lábios! Era uma meia lua que destoava do rosto delicado da menininha de olhos azuis. Depois do choque e já de volta a casa da vó Didi ela nos contou das atitudes terríveis de um dos homens daquela casa! Ela nos contou que o cara era muito violento e mau quando bebi! Ele queimava a mulher (que era mãe da menina! Eu não lembro se eles eram casados ou se eram irmãos!) e fez aquela cicatriz na menina por pura maldade.
Confesso que fiquei com muito medo daquele homem! E me compadeci demais daquela menina! Não sei se por muita doideira da minha cabeça eu misturei o rostinho desta minha amiguinha com o do menino chorando no quadro! Sabem, aquele quadro dos anos oitenta que diziam que tinha uma maldição?! Outro dia conto sobre essa história do quadro. Por hoje, minha escrita é sobre este caso terrível que ficou guardado no meu subconsciente por muitos e muitos anos, sobre o qual nunca falei com ninguém. Nem sei direito o que senti, ou melhor, senti muito medo! Queria que minha amiguinha ficasse bem, longe daquele cara que batia nas mulheres! Não faço ideia do que aconteceu àquela família! Mas elas estão nas minhas lembranças! Desejo de coração que estejam todas bem hoje em dia!