terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Morte

Até uma certa idade a imagem que fazemos da morte é de uma força que leva nossos entes queridos e amigos, mas leva apenas aqueles que já estão mais velhos ou doentes. Com o amadurecimento tomamos conhecimento de que a máxima que minha mãe sempre diz, quando conto de alguém que morreu é a mais pura verdade e "para morrer basta estar vivo". É assustador e ao mesmo tempo motivo para reflexão. Sim, pois se sei que (minha mãe não vai gostar) mais dia menos dia vamos morrer, ter esta certeza devia nos motivar a viver plenamente, deixando de lado os pequenos incômodos, aos quais muitas vezes damos tanta importância. No fundo ficamos nos apegando a bobagens para não pensar na verdadeira importância de nossa vida ou melhor, para não pensarmos seriamente sobre o que estamos fazendo dos nossos dias por aqui.
Depois que se morre, como sou espírita até acredito que podemos nos arrepender e depois voltar e tentar mudar o que não ficou bom. Mas isto é só para uma próxima encarnação. Nesta, bem, se sabemos que temos coisas a fazer o melhor é encarar desde já e ir aparando as arestas, ajustando as coisas e botando os pingos nos is. Para quê deixar para mais tarde se podemos resolver as coisas nesta existência? Tá certo, para os céticos isto é conversa de carola. No entanto, pensando de forma racional, não faz sentido ficar remoendo dores e rancores quando podemos aproveitar o melhor e aprender com os erros.
O leitor pode estar pensando no porquê de assunto tão "mórbido". É que faz parte da vida pensar nestas questões. Mas principalmente estou escrevendo este post porque em 24 horas soube da morte de três pessoas. Duas muito queridas, de almas leves e sorrisos largos. O Afonso Langone foi meu psicólogo, além de grande amigo. Este moço me ajudou num momento em que eu não entendia como podia estar perdida dentro de mim mesma. Ele me ajudou a ver o quanto eu sou importante na minha vida e que as cobranças dos outros não importam quando estamos felizes. O Afonsinho estava doente há algum tempo e foi para o plano astral há um mês.
Tenho certeza de que muitos espíritos de luz fizeram festa ao recebê-lo. Quanto a nós, os mortais que ficamos, sentiremos saudade. Peço que Deus o ilumine.
Também soube hoje do falecimento de um conhecido o Luiz. O que lembro dele é seu jeito bonachão e o riso sempre largo. A outra morte foi do marido de uma conhecida, este muito jovem, 25 anos, num acidente com eletricidade. Que Deus os ilumine e os espíritos de luz os recebam bem.

Um comentário:

Luiz Carlos Vaz disse...

A morte é a curva da estrada
.
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
.
Fernando Pessoa,
Lisboa, 23 de maio de 1932
.