sexta-feira, 14 de junho de 2019

"Que não seja imortal, posto que é chama"

Eu tive vários relacionamentos que se dividiram entre namoros, ficadas, casos e paixonites que duraram uma noite e nada mais. Muitos, a maioria destes relacionamentos foram importantes pra mim, mas eu sabia que não daria em nada, que não passaria daquelas horas juntos. De alguns ficou a amizade, de outros restou só a lembrança! Aliás tem uns que a pessoa parece que evaporou, nunca mais vi ou ouvi falar. Mas cumpriram os papéis de me ensinar a amar a mim mesma antes de qualquer outra pessoa!
De todos estes envolvimentos amorosos apenas dois eu acreditei que seria "pra sempre"! O primeiro e o último. Nada dessa ideia de que o melhor ainda está por vir! Nada deste tipo! Acreditei que o primeiro e o último (ou o mais recente) seriam pra sempre pelo sentimento que eu tinha por aqueles caras! O primeiro uma graça alcançada pela intervenção do Senhor do Bonfim! Conheci na Bahia um ser humano que morava em Brasília e por quem me apaixonei a primeira vista! A sensação é de que já o conhecia há anos, nos demos super bem de cara. Mas a distância acabou com o namoro!
O relacionamento que estava, do qual ainda vivo o luto, também acreditei que seria pra sempre! Este foi uma graça alcançada através do santo facebook. hahaha Já nos conhecíamos pessoalmente, nos falamos de passada quando fomos vizinhos e no face nos re-encontramos. Existia uma conexão grande entre nós. E eu ainda tenho sentimentos de amor, carinho e amizade por ele. Mas não é mais recíproco, não tá mais confortável ficar junto porque dói! Eu sei que alguns relacionamentos são de ajustes, são pras pessoas se encontrarem, se amarem, aprender juntos e depois serem felizes da forma como devem ou precisam em outras situações. Isso não quer dizer  que não doa!
Dói bastante! E cada momento desta separação vem sendo um passo para a minha própria transformação. Constatar que havia acabado foi difícil, separar as coisas, perceber que agora não tem mais a volta daquele companheiro foi uma cacetada dolorida, contar pra minha família e depois sair do grupo da família do outro, contar da separação, dizer o quanto dói e como sinto aquele rompimento e o afastamento com todos foi uma grande barra e tão duro quanto a decisão de romper o relacionamento no primeiro momento! Por isso fiquei tanto tempo enrolando para sair do grupo! Sabia que o outro não havia compartilhado nada com seus familiares e que sair implicaria em dar as explicações que ele não deu! No final tive de fazer tudo, mesmo contra minha vontade, mas ficar mantendo aquela situação estava insustentável, porque pro outro parecia que eu estava apenas blefando.  Pelo menos esta foi a impressão que tive!
Agora é acostumar com a ideia e a falta do meu ex-namorado. E aqui vai mais uma etapa, que provavelmente só vai se concluir no final do mês. É meu primeiro término em etapas! E dói do mesmo jeito e quando a gente pensa que passou vem outra dificuldade que não foi considerada! Mas seguimos!
Nesse momento não passa na minha mente a possibilidade de um novo relacionamento! Estou tentando aprender o que de fato é o "pra sempre"! Independente de entender ou não o que isso significa sigo lembrando das palavras do poetinha no seu "Soneto de  fidelidade". E creio que foi infinito enquanto durou e por ter tido esta oportunidade agradeço!

Vinicius de Moraes



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

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