sexta-feira, 13 de julho de 2012

O fantasma do meu avô e a vizinha fofoqueira - Histórias de Fantasmas


Eu gosto muito desta história, mas preciso contar um pouco da história da família da minha mãe pra que possam compreender bem como as coisas aconteceram. Já contei em outros textos que a família da minha mãe sempre foi bem pobre e veio da colônia para morar na cidade. A vida era bem dura, quando mudaram para o mato a casa resumia-se a uma tapera, faltavam janelas, problemas no telhado entre outros. Fico imaginando minha mãe e meus tios pequenos, meus avós e minha bisa, mais minha tia avó em volta dos cuidados da casa e tudo mais no meio daquele mato de eucaliptos, numa época em que tudo era mais escasso. Mas a simplicidade daqueles tempos também era outra.

A lua era quem iluminava as noites, numa lua clara como o dia, conta minha mãe. O céu era pesado de estrelas e o perfume da noite era um cheiro gostoso de eucalipto, dama da noite e jasmins. Como o cheiro da nossa infância era bom! E como ele nos remete a lugares tão lejos! O cheiro da comida da minha tia Eva e o perfume do tio Teco fazem com que eu volte aos cinco, seis anos de idade!

E as histórias que minha mãe e minha avó contam me envolvem de tal forma que algumas já são minhas também, ainda que não as tenha vivido. Foram tantas vezes que as ouvi quando criança que parece que algumas até são como um filme que assisti, quando as pessoas comentam as imagens invadem minha cabeça. Esta história do meu avô, por exemplo me povoa o imaginário de um jeito que se pudesse projetaria as imagens da minha imaginação num telão pra que todos pudessem ver.


Meu avô morreu muito jovem. Perdeu a visão, prejudicada, segundo dizem, pelas consequências da segunda guerra mundial onde foi pracinha e perdeu um olho por conta do erro de um médico, que acreditava que não havia como recuperar a visão. O outro olho teve um terço da visão recuperada pelo doutor Paulo Sidney Castagno. O vô morreu aos 50 anos do coração. E é aí que a história se desenrola.



Lá no mato ao lado da casa aonde morava a família da minha mãe vivia uma vizinha, a dona Irene. Meu avô não ia muito com ela, nunca tratou mal, mas deixava claro de que não simpatizava com a dita cuja. Achava-a bisbilhoteira, fofoqueira, intrometida, falcatrua. Sempre na hora das refeições dava um jeito de ir na casa da vó. O vô disse que não queria ela lá e nem os filhos na casa dela. Mas minha mãe ia de vez enquando.

Depois que meu vô faleceu começaram a apedrejar a casa da dona Irene. Sim, a pedra batia na casa, fazia barulho, eles saiam pra ver e não havia nada. Nem pedra, nem ninguém que a tivesse jogado. Um dia ela disse que meu avô, o seu Bispo, como ela o chamava, estava por lá. Depois disse que o tinha visto saindo da casa e entrando na patente, com a camisa branca aberta. Minha mãe disse que ela estava louca que o vô tinha morrido. E as pedras seguiam rolando pelo telhado dela.

Resolveram cuidar, investigar. Como na casa dela haviam duas portas, meu tio Toninho ficou numa porta e o marido dela na outra. Quando eles escutavam a pedrada saia cada um por uma porta, faziam a volta na casa, cada um por um lado e... nada. Ela insistia que era o seu Bispo.



Uma outra vizinha que era de terreira dizia que era mesmo meu vô que não queria a dona Irene por lá. Então ela escutou no ouvido dela:

"_ Eu te avisei!"

Dias depois ela arrumou uma casa noutra rua e se mudou. Contou que viu uma última vez meu avô perto da casa durante a mudança. E depois nunca mais.

O vô fez com que ela se afastasse da sua família. Vai ver que do lado espiritual conseguiu enxergar algo que, no plano físico não seja possível. Como eu poderia duvidar com tantos olhos buscando as pedras sem achar? Como diria uma personagem do livro Tieta do Agreste “mistééério”! Para os espíritas apenas uma comprovação do que eles já sabem... a vida continua sim.



Um comentário:

adriane freda disse...

Eu também já escutei muito essa história e acredito!