A temida mulher de branco é uma personagem comum entre os contos de assombração pelo mundo todo. Ouvi várias histórias diferentes de mulheres assombrações. Algumas que surgiam nas estradas pedindo carona aos caminhoneiros e despediam-se na frente do cemitério.
Uma das histórias mais famosas conta que numa cidade havia uma moça muito bonita que ia nos bailes e dançava a noite toda com os rapazes. No final da noite o rapaz se oferecia pra levá-la em casa, colocava gentilmente seu casaco sobre os ombros da frágil donzela, que se despedia dele no portão da casa. Outras vezes era no portão do cemitério.
O moço muito cavalheiro deixava com ela o casaco, com o intuito "desinteressado" de reencontrar a dama encantadora. Geralmente no dia seguinte ele voltava a casa da moça com a desculpa de resgatar o casaco. Mas a surpresa algumas vezes era aterradora, a dona da casa dizia logo de saída que não havia jovem alguma vivendo ali. Vai então que ele via o retrato ou com a descrição a mulher dava-se conta de que a jovem em questão se tratava da filha falecida.
Mas uma das histórias da mulher de branco que mais escutei na vida foi a da minha tia Rosa e do meu avô. A família da minha mãe, como já contei em outras historinhas por aqui, era muito pobre. Eles vieram da colônia para a cidade morar num lugar que chamavam de "vila preta", aonde hoje se localiza a avenida República do Líbano, a Cohab dois, por ali...
Depois ofereceram pro meu vô uma casa no mato, pra cuidar do mato (aonde atualmente é o bairro Dunas). Nesta época meu avô já tinha ido lutar na Itália, do lado dos aliados contra os nazistas na segunda Guerra Mundial. Sim, ele foi pracinha e namorou umas italianinhas por lá, claro! Por causa de uns estilhaços e catarata ele acabou perdendo a visão de um olho. Conforme ele contava, o doutor meteu o dedo no olho dele arrancou e deu pro gato comer. Como podem ver, meu vôzinho era, também, um contador de histórias. E neste mato foi preciso reformar toda a casa, que parecia aquela da música, não tinha porta e nem janelas.
Bem, mas a história é de fantasma, ou melhor, da mulher de branco! Mas contei tudo isto pra vocês se localizarem, geograficamente, na história. Meu avô e minha tia Rosa, na época criança pela volta dos oito anos, acho, foram buscar lenha. A noite era de lua clara que, naqueles tempos em que não havia iluminação pública, clareava como o dia com sua luz prata. A tia Rosa conta que meu vô vinha com uma mão no ombro dela e com a outra segurava o saco de lenhas sobre a cabeça, quando de longe avistaram uma mulher vindo em sua direção, quando atravessavam o campo, próximo da caixa d'água. Ele chamou atenção da tia dizendo:
_ Lá vem a chininha, deve ter achado que demoramos demais!
Meu vô chamava a minha vó por este apelido. Seguiram caminhando, então minha tia disse que a mulher não pisava no chão, mas voava, flutuava no ar. Passou por eles falando coisas incompreensíves e tocou no ombro da tia Rosa.
Com medo ela disse:
_ Papai a mulher me tocou!
Deixa a mulher, deixa que ela vá.
Acho que meu vô conhecia a mulher de branco. Sério, a vó disse que ele contava que foi tomar água uma vez numa sanga, na colônia e quando ele encheu as mãos pra levar a boca surgiu uma mulher pedindo um gole, quando ele colocou água no quepe e ergueu o rosto pra lhe alcançar ela já havia sumido.
Todos os relatos sobre a mulher de branco narram uma moça muito bela que moreu jovem, algumas vezes por amor, outras em acidentes trágicos e noutras ainda... assassinadas por algum namorado ou amante ciumento. Algumas destas histórias fizeram parte da série histórias extraordinárias e fazem parte do imaginário, dos mitos e lendas de todas as cidades.
2 comentários:
Adoro estas histórias!! adoro saber que não as deixas perdidas!! através delas volto no tempo são singelas mas lindas, são parte da minha vida obrigada filha te amo!
Eu é que agradeço mãe por me contares todas estas histórias! São parte da minha vida também! Te amo!
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