quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A pressão do tempo fértil! Uma pergunta que não cala!

Nunca tive medo do tictac do relógio, mesmo pensando, quando era criança, que no ano 2000 seria uma velha. Ainda bem que nos enganamos não é mesmo? Lembro de uma vez em que fiz as contas para saber quantos anos ia ter em dois mil e pensei gente nós vamos estar velhas! E hoje, com 36 anos me acho muito jovem. Daí eu tomei uma caipiras a mais, fiquei uns dias numa ressaca estranha e resolvi procurar um médico. Antes de receitar qualquer tratamento o Dr pediu vários exames de sangue e uma ultrassonografia do abdome para saber se estava tudo bem.  Descobri que preciso fazer uma cirurgia para retirar a vesícula.
Também descobrimos que tenho um cisto, pequenininho, no ovário direito. Depois de constatar isto fui fazer os preventivos anuais com a gineco. Inicialmente está tudo bem, fizemos o pré-câncer anual e trocamos a pílula para inibir o crescimento do cisto. E foi nesta hora que foi feita a pergunta fatídica: 
_Tu queres engravidar? Porque ano passado dissestes que sim e agora? Está com 36, tem que ver em seguida, porque depois fica mais difícil engravidar e as chances do bebê nascer com problemas também aumentam. 
Então tive a sensação de ouvir um tictac. Talvez tenha sido meu coração! Respondi que não sabia ao certo. Que sabia que o tempo estava passando (mas na verdade não estava sentindo deste jeito!) e que recém havia começado um relacionamento e que ele já tem filhos e não quer mais. Fiquei meio com uma sensação de estar prestes a ser reprovada numa prova. Meu Deus! Eu não sei esta resposta!
Talvez algumas pessoas achem que sabem. Várias já me disseram que tenho um grande potencial para ser mãe, que isto é visto com meus sobrinhos. Outras atiraram suas opiniões na minha cara dizendo que eu tinha que ter a revelia do meu companheiro se ele não quisesse. 
E uns dias atrás, antes da consulta médica,  estava conversando com minha prima exatamente sobre isto, de como algumas pessoas se sentem no direito de opinar sobre escolhas tão sérias das vidas alheias. Pra nós mulheres ao mesmo tempo em que existe um moralismo e um torcer de nariz para mulheres que tem filhos por produção independente, tem a cobrança de que se é mulher tem que ser mãe. É obrigatório que se explore o seu lado materno.
Mas e quando a gente não sabe a resposta? Penso se faz parte da minha missão ser mãe! Me sinto despreparada, como sempre. E sei que não tem como, não existe curso ou manual de como ser mãe, educar, cuidar, enfim. E aí bate um medo! Não tenho resposta. Só sei que sou capaz de amar muito e incondicionalmente, isto eu sei porque eu amo os meus sobrinhos assim. Mas esta é a única certeza que eu tenho, de que sou capaz de amar. Será que basta?? 
E de repente esta pergunta não me sai da cabeça e de um minuto pra outro fiquei com o tictac me acompanhando na mente, batendo, batendo, batendo... Não sei a resposta! O tempo de plantar tá se esgotando e para tal preciso da resposta pra pergunta que não cala. Daí neste dia sim, me senti um pouco velha como diria a Larissa. 

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