sábado, 30 de agosto de 2014

Quando setembro chegar!

Quando setembro chegar vou fazer aniversário, um aninho mais nesta existência. Também vai chegar
a primavera, as flores abrirão, seu perfume e suas cores irão inundar as paisagens e o ar. Muita gente vai espirrar adoidado por conta das alergias do polem e tal, mas tudo bem porque é primavera, os dias são mais bonitos! 
Geralmente faço uma revisão daquela lista de resoluções feita no fim do ano. Vejo sempre quanta coisa boa aconteceu, quantos dias felizes pude viver junto daqueles a quem amo. E como setembro, ou melhor, meu aniversário marca a revolução solar no meu signo, procuro ver o que me aguarda segundo os astros, o que fiz de bom, as metas que alcancei (embora não tenha rigidez com o prazo), as que precisam ser trabalhadas e aquelas que, realmente, não tem a menor chance. Como disse num post uns dias atrás não faço planos a longo prazo. Gosto das coisas inesperadas, como acontece quando encontramos amigos na rua, vamos tomar um café e o café vira uma cervejinha e a cervejinha jantinha e quando vê foi uma noitada com muita conversa,  risada e amor. Muitos planos deixam as coisas meio engessadas. Ainda que seja virgem com ascendente em virgem! É, eu sei...
Então, agora, daqui um dia, quando setembro chegar, numa bela segunda feira vou agradecer, mais uma vez a Deus por mais este setembro, por mais esta primavera. Vou fazer algumas reflexões sobre a vida, como é praxe, mas daí só em setembro. 
Por agora vou me despedindo de agosto, que foi um mês bom e dar as boas vindas ao lindo setembro que se apresenta com algumas poesias e frase colhidas na internet. 

"Que setembro venha com bons ventos, que me traga sorte e amor, que não me deixe sofrer por favor." (Caio Fernando Abreu)

"8 de setembro

Hoje, este dia foi uma taça cheia,
hoje, este dia foi uma onda imensa,
hoje, foi a terra inteira.

Hoje, o mar tempestuoso 
ergueu-nos num beijo
tão alto que estremecemos
ao clarão de um relâmpago
e, unidos, descemos
para mergulharmos enlaçados.

Hoje os nossos corpos dilataram-se,
cresceram até ao extremo do mundo
e rolaram fundidos
numa só gota 
de cera oi meteoro.

Entre mim e ti abriu-se uma nova porta
e alguém, sem rosto ainda,
esperava-nos ali." (Pablo Neruda)

"Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada." (Cecília Meireles)


"Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…" (Mario Quintana)

"Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo." (Carlos Drumond de Andrade)
"Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração." (Fernando Pessoa)

"Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."(Vinícius de Moraes)


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