quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Compaixão

Não estou repassando notícias que considero negativas. Tá acontecendo tanta coisa louca nestes últimos tempos que resolvi só ler. Quando me choco, reflito e tento não me contaminar. No entanto, uma notícia que li hoje me fez muito mal, porque é uma má interpretação, é um equívoco e as pessoas precisam saber que, como em todas as religiões, no espiritismo também existem pessoas que não são tão legais quanto deveriam, afinal escolheram uma doutrina que visa EM PRIMEIRO LUGAR A REFORMA ÍNTIMA DO INDIVÍDUO QUE A SEGUE. Esclarecido isto, preciso dizer que fiquei envergonhada de uma pessoa se dizer espírita e falar tantas barbaridades a mãe de uma menina de sete anos vítima de estupro, além de se recusar a atendê-la.
Gente, primeira coisa, muito importante que a médica não compreendeu na doutrina, talvez porque não tenha estudado, ou talvez porque tenha entendido mal, não importa, a compaixão e o amor são as bases da doutrina, Jesus nos ensinou isto.
Depois é necessário esclarecer que:
1º Sim, nós vivemos muitas encarnações, pra quem acredita isto é fato, para quem não acredita, não devemos impor, é a nossa escolha e o livre arbítrio deles. A Doutrina ensina isto "doutora"!
2º Cada situação vivida por nós pode ser (geralmente é) efeito de uma causa anterior, mas ninguém olha pra outra pessoa e diz, sem o mínimo de empatia e compaixão pelo irmão, "que a culpa de tudo aquilo é dela". Até porque Deus é misericordioso e nos permite esquecer as outras existências para melhor vivermos na atual. Cada resgate dos erros passados pode se dar de uma forma, cada caso é um caso, não tem regra e nem estatuto que diz "matou vai ser assassinado, foi estuprador será estuprado". Mas é uma visão dentro do espiritismo, para muita gente isto não passa de fantasia, de ópio para aceitar as coisas sem revolta. E antes de qualquer coisa um ser humano deve ver o outro como ser humano também. Ela devia ter exercido seu papel de médica e fim. E como espírita devia ter acolhido mãe e filha encaminhando para o auxílio psicológico de que necessitavam. A orientação religiosa só pode ser dada se solicitada.
3º Ninguém nasce para fazer o mal ou para sofrer o mal. A nova existência é uma nova oportunidade de recomeçar e fazer tudo certo, nos tornando pessoas melhores. Pode acontecer de errarmos, somos humanos! Lamento dizer "doutora", mas acho que a senhora tá precisando rever as bases da Doutrina Espírita e começar a sua reforma interior, não se preocupe, não vou lhe atacar como fez com a menina de sete anos atribuindo a ela a culpa do estupro que sofreu, mas repense suas atitudes como um bom espírita faria.
4º Ninguém tem o direito de dizer coisas sobre uma encarnação anterior, seja verdade ou puro devaneio, pra ninguém, a menos que a própria pessoa busque estas lembranças. Ainda assim, só lembrará o que lhe for permitido. A lei do esquecimento nos protege.
"Doutora" sei que a senhora é alguém estudada, formada em medicina, especialista em pediatria, vou lhe dar um conselho, se quiser aproveitá-lo faça, se não, é só jogar fora. Mas além de rever as bases da Doutrina Espírita a senhora deveria se analisar, nada é preto no branco como disse. Faltou prestar atenção ao nosso mestre Jesus o cara com maior compaixão de que se ouviu falar, ele acolhia os pobres, os miseráveis, os deserdados, aqueles que estavam agindo errado, porque acreditava que eram estes que mais necessitavam do seu amor. Acorde enquanto é tempo, desça do seu pedestal de "médica pediatra espírita" e comece a praticar a humildade, o amor e a compaixão, afinal de contas, sendo espírita tem consciência de que a sua ação em relação a mãe e a esta menina terão uma reação no futuro.
Àqueles que não são espíritas eu peço perdão! Peço perdão a este menina e a mãe dela! Nossa Doutrina é perfeita, no entanto os espíritas são imperfeitos! Fico profundamente triste em saber que alguém teve coragem de dizer uma coisa destas num momento de sofrimento e dor de um irmão. Perdoem, sei que é difícil!

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Esqueçam o "pão e circo" agora é hora de protesto

É tanta denúncia de corrupção, é tanto projeto de lei e emenda parlamentar com ideia errada, é tanto descaso com educação, saúde e segurança, que nem aquela velha estratégia de colocar o futebol e destacar a "pátria de chuteiras" tá desviando o foco do povo. É, não teve copa. Não teve não. Apesar dos 7 x 1  da Alemanha sobre nossa "valorosa" seleção canarinho (#SQN) e da perplexidade que muitos ficaram naquela fatídica tarde, nenhum segundo daquele foi mais estarrecedor quanto saber com provas concretas, porque saber sem provas todos sabíamos, que muito mais da metade dos nossos representantes estão muito envolvidos em casos de corrupção. Ainda que tenhamos visto e sabido de  protestos e as denúncias antecipadas de desvios e superfaturamento nas obras da copa,ainda que ainda houvesse uma possibilidade de torcer pela seleção, os 7 a um foram uma pá de cal nas esperanças futebolísticas brasileiras. As pessoas resolveram focar nos seus times e deixar aquele projeto de "circo" pra lá, pois não dá pra ter admiração alguma quando os caras ganham milhões para fazer um trabalho que, fazem mal feito e depois culpam o clima, a pressão, aqueles dois dias sem treinar que os deixou "fora de forma". Ninguém engole mais!
É claro que o fato de as camisas da CBF (mesmo que do camelô!) terem sido usadas por uma parte da população nos protestos contra a corrupção foi uma completa contradição, afinal de contas, não é de hoje que sabemos que a dita instituição é pra lá de corrupta e que muitos times de futebol e seus dirigentes também. Como diz meu amigo Nauro Júnior, "quem gosta de futebol é o torcedor, jogador gosta de dinheiro!". Atrevo-me a ter a singela ideia de que, aqueles que vestiram a camisa verde-amarela para protestar estavam colocando naquele símbolo sua última esperança, estavam torcendo como faziam na copa para que seu ato representasse uma verdadeira mudança. Mas... Foi mais um 7 a 1 né? Uma parte dos apoiadores só queriam tirar os holofotes de cima das suas denúncias e apontando o dedo para pedaladas e outros cositas acabavam por abafar o caso.
Acontece que, embora a grande maioria da população não tenha acesso a informações isentas, esta mesma população não quer mais saber do circo e quer muito mais que pão. Basta ver que, em outros tempos, a derrota da seleção na copa América estaria sendo muito mais falada e muito mais presente nos noticiários. Ninguém, ou quase ninguém, acredita que haja possibilidades de uma medalha de ouro nas Olimpíadas. Mas todos desconfiam, principalmente depois da queda da ciclovia e outros fiascos, que tem muita grana contabilizada e não utilizada nestas obras. A questão é que esta corrupção e descompromisso está matando gente. Seja na utilização de materiais de segunda mão, seja na retirada dos pertences dos moradores de rua, seja no descaso com a opressão dos indígenas. É impossível apoiar um time que é apoiado e usado para desviar nosso olhar de outros problemas graves do nosso cotidiano.
O que realmente me dá esperanças é ver que, por todo o país as pessoas estão se mobilizando. Sem bandeira partidária, mas pelas ideias, pela defesa do que creem. Hoje foram os agricultores, os professores, os alunos a irem as ruas pedindo respeito e dizendo que não aceitam os desmandos. Foram pessoas comuns protestando pela falta de segurança e outras tantas denunciando os abusos da polícia e da política. Ainda tem muito o que ser mudado, ainda tem muita gente para despertar para a necessidade que temos de sermos mais justos, mais amorosos, mais atuantes. Ainda há muito o que lutar pelo respeito as diferenças e aos direitos alheios. Mas as coisas estão acontecendo.
O momento é de união e mobilização, nem o Tite, nem a seleção, muito menos o Neimar (só pra citar um dos "ídolos" do futebol) vai fazer as pessoas pararem de cobrar dos políticos a mudança que precisa ser feita. Porque se é pra ser circo, que tenham bons palhaços. E não é só de pão que vive o homem.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Eu e a mediunidade

Todos somos médiuns em maior ou menor grau. Tá lá nas obras básicas. Também tá lá que mediunidade é dívida, nada de status ou vantagem. Quanto mais ostensiva a mediunidade, mais dívida! Eu tenho uma grande intuição, creio que seja esta a minha mediunidade. E é só isso. Não vejo, não escuto. De vez enquanto sonho com algumas coisas que lá adiante fazem sentido, mas para por aí. Eu sinto a energia dos pontos quando vou a uma terreira, sinto meu corpo todo arrepiar quando escuto uma batucada, sinto a energia das pessoas quando fazem uma prece. Nunca fui ao centro espírita com intenção de ir para o trabalho mediúnico, ou coisa que o valha. Mas eu tenho um dindo que eu amo de paixão e ele sempre me diz que "mediunidade não se coloca na porta do vizinho!". Então resolvi que precisava saber mais sobre tudo isto, para estar preparada. Foi aí que decidi ir para o centro espírita estudar e me preparar para quando fosse chegada a hora de pôr em prática a minha mediunidade estar afiada.
Estou estudando a doutrina há uns bons anos, ainda tem muito pra estudar, muitos livros pra ler e ainda não me sinto preparada para nada, aliás, isto acontece comigo sempre, referente a qualquer coisa que preciso fazer e que requeira preparação. Aconteceu na dança do ventre, no jornalismo, na contabilidade e na mediunidade também, óbvio.
O que eu tenho claro, depois deste tempo de estudo é que, não tenho mediunidade para o trabalho mediúnico. Eu tentei fazer o melhor lá, mas não tinha conexão. Como costumo dizer, o aparelho não esta habilitado. Ao mesmo tempo, fui fazendo outras coisas dentro da casa espírita, coisas que me fazem muito bem e agradam muito mais, como trabalhar na recepção do passe as quartas feiras. Este trabalho me faz um bem enorme, sinto-me sempre revigorada quando acaba. E me sentia completamente mal quando saía do mediúnico. Sério, me sentia uma grande fraude, que estava só reproduzindo animismos na mesa, enquanto pessoas e espíritos precisavam de auxílio e isto me fazia muito mal. Graças a espiritualidade eu consegui falar sobre isto e como me sentia a responsável pelo trabalho e fui dispensada para seguir outros afazeres e estudos.
Muitas pessoas me disseram, olhando na minha cara, que eu tinha uma grande mediunidade, mas eu do meu lado aprendendo não vejo nada disso. A Zeneida, facilitadora do nosso estudo, sempre diz que "ninguém tem um mediumnometro, para medir o grau de mediunidade dos outros", ou seja, a gente tem que se conhecer e através do autoconhecimento saber sobre nós e sobre a mediunidade que carregamos. Eu tenho dois pensamentos o primeiro é que não tenho mediunidade tarefa e o segundo é que, talvez não seja a hora e que se for o caso. no momento certo tudo vai se ajeitar.
De outro lado, com minha forte intuição é um mecanismo forte para me orientar na minha caminhada. Penso que estamos em um momento em que talvez, encarnados estejam precisando muito mais do nosso olhar e do nosso acolhimento do que os desencarnados. Já ajudei pessoas ouvindo suas histórias e até aconselhando sobre algumas coisas, sempre deixando claro que, se fosse EU, faria assim ou assado. Mas recebendo-as bem, tentando ser uma pessoa livre de preconceitos ou julgamentos e auxiliando aquelas pessoas da melhor maneira possível.
Penso que, se nem tudo é culpa dos espíritos, certamente nem todo o nosso propósito de caridade tenha a ver com a mediunidade. No meu entender, atualmente, os encarnados estão bem mais necessitados de amparo do que os desencarnados, além do que, para os desencarnados existem os trabalhos mediúnicos, para encarnados são as portas do centro espírita, é o sorriso no rosto de quem o recepciona, é a nossa boa vontade e interesse em ajudar. Agora resta as diretorias dos centros valorizarem todos os trabalhadores do centro afim de que o centro espírita seja realmente a casa espírita!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Menopausa

Eu suspeito que estou entrando na menopausa (ou seria passando pela menô e entrando no climatério?). Sei que muita gente vai dizer que sou muito jovem para tal. Até minha médica já disse isto! No entanto, conheço bem meu corptcho. E tem muitas coisas que me levam a crer que a menô tá na área. Uma das primeiras coisas que as mulheres percebem são as alterações na menstruação, ausência de alguns meses, a volta, enfim. Eu não tenho como confirmar este dado, visto que tomo anticoncepcional, mas percebo alterações no fluxo e na cor.
Então como posso estar desconfiada disso né? É que na pesquisa que fiz encontrei uma matéria que falava em 25 sintomas da Menopausa. Copiei a lista e fui ticando ao lado aqueles sintomas que tinha, resultado 19 sintomas e dois que eram mais ou menos, sabe,  não tenho certeza que seja sintoma da menô ou se é coisa de momento. Outro fator que me leva a pensar nesta possibilidade é que menstruei super cedo, com nove anos e neste tempo todo, dos 9 aos quase 39, nunca fiquei sem menstruar. Minha menstruação veio sempre, todos os meses no dia certinho, 24 dias após o início. Quando atrasou e depois no mês seguinte veio duas vezes dentro do mesmo mês fui a médica e descobri um mioma no útero. Seguindo os exames periódicos , ao mesmo tempo que precisava tirar a vesícula, fiquei sabendo de um cisto no ovário direito. Coisas da idade!
É claro que vou na ginecologista fazer os exames anuais e pedir aquele exame de sangue em que se verifica o hormônio folículo estimulante (FSH). Pode ser tudo coisa da minha cabeça, que guardou que, quem menstrua cedo para de menstruar cedo também. Sei lá, isto nunca me saiu da cabeça! Mas o que tem mesmo me incomodado são as alterações de humor, a ansiedade e as crises de choro. Sempre fui assim, mas nos últimos tempos está muito pior. Na tentativa de minimizar os sintomas apelei pro óleo de prímula, porque acabo sempre pensando, é só TPM. Mas cada mês que passa parece que fica mais agressiva esta tensão. Logo que comecei com a prímula uma cápsula fazia efeito (eu nem sabia que nos 15 dias que antecedem a menstruação devemos tomar dois), mas agora, agora tomo duas cápsulas o mês todo.
É óbvio que não paro de pensar em tudo, nas decisões e escolhas que fiz. E nas que deixei para fazer mais adiante, como pensar sobre filhos. Antes não havia porque pensar, pois não tinha com quem os ter, depois ficamos no impasse de que um já tem dois filhos e não pensa em ter mais e eu decidi esperar mais um pouco. E como se não bastasse tanta coisa para decidir internamente, tem as pessoas de fora pensando, questionando e querendo saber se vou ter filhos, e quando não se satisfazem com a resposta afirmam "tem que ter!", como se fosse algo que, depois da experiência se não quiser mais é só guardar no quartinho da bagunça.
É estranho ficar adulta e ter que pensar seriamente sobre isto! Pensar seriamente sobre tudo! Apesar de virginiana não tenho minha vida programada pelos próximo 10 anos. Nunca tive! Todas as experiências que tive de mudança de cidade, por exemplo, aconteceram, não foi um projeto. O único plano é desacelerar, com menopausa ou sem menopausa! é ter mais tempo para as pessoas e as coisas que gosto de fazer, é reduzir o consumo, o lixo e o estresse (principalmente!). É me amar ainda mais. É esquecer todas as perguntas indiscretas sobre minha vida e minhas escolhas que as pessoas fazem, e eu sei, fazem sem maldade, mas algumas vezes machucam. É deixar rolar!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sobre o aborto, o livre arbítrio e a religiosidade

Eu acho que nunca faria um aborto, por questões íntimas e religiosa. Mas são questões minhas, só minhas. E são questões de foro íntimo, nenhuma delas é de cunho policial, ou do âmbito do direito. Conheço algumas mulheres que fizeram aborto, garanto a vocês que a maioria delas se arrependeu e carrega um pesinho na consciência. Não creio, sabendo como as técnicas de abortamento funcionam, que uma mulher tome esta decisão de cabeça fria, sem medo, sem tormentos e profunda tristeza.
Foto: Comunidade 33 dias sem machismo 
Digo que acho que não faria um aborto porque não sei, assim como não tenho nenhuma ideia se algum dia terei um filho gerado por mim. E quando defendo o aborto, não estou defendendo que as mulheres o façam, defendo a descriminalização deste ato. Defendo que a mulher não seja colocada como criminosa por ter decidido não gerar um filho fruto de um estupro, por exemplo.
Sim, sou espírita e no espiritismo o aborto é condenado sob qualquer argumento, pois aquele que virá é um espírito que precisa da experiência carnal para evoluir. Mas vejam bem, esta é a MINHA CRENÇA, a minha RELIGIÃO, nenhuma mulher que sofreu abuso, jamais vai ouvir da minha boca que deve manter uma gravidez fruto de violência. A decisão é só dela! E ela tem livre arbítrio para decidir. Ela tem o direito de não querer passar nove meses lembrando que no seu ventre crescido se desenvolve um bebê filho de um desconhecido, filho de uma violação. Ela tem o direito de decidir, mesmo que isto vá impedir outro espírito de viver aqui. Não é justo condená-la, agredi-la de novo, como vi uma postagem uma vez em que uma mulher, contra o aborto, defendia que uma "vagabunda que faz aborto merece morrer!". Meu Deus, ninguém sabe o que levou aquela mulher a decisão do aborto.  Ela tem todo direito de decisão, aliás decisão que só cabe a ela. E a lei do retorno, já que estou falando da minha religião específica, também só será consequência pra ela. Ninguém é atingido pelo retorno de outro, assim como temos direito ao livre arbítrio somente nós somos responsáveis pelas nossas ações e recebemos as reações que nos cabem.
Defendo que a mulher que não quer ter um filho não seja criminalizada, que tenha o direito de fazê-lo sem risco a sua própria vida em clínicas clandestinas porque, como bem dizem, o espiritismo é uma doutrina libertadora. E eu não me sinto culpada em defender que a mulher tenha este direito. Como disse e volto a repetir, não é o aborto que defendo, mas o direito das mulheres de decidirem por isto. Quantas mulheres na nossa história foram mortas, agredidas até perderem seus filhos ou tiveram seus bebês arrancados dos braços por homens que não aceitaram a gestação? O feminismo, como algumas pessoas dizem erroneamente não pretende que as mulheres saiam fazendo abortos, sub-julgando homens e tantas outras barbaridades como vejo por aí. O feminismo apenas defende que as mulheres sejam livres e respeitadas. Que elas possam escolher dedicar suas vidas aos filhos e a casa e não ser obrigadas a isto porque o marido não as quer na rua. A independência da mulher não faz masculinizada, não é o que faz a mulher deixar de se embelezar para os homens. A independência da mulher a faz livre para decidir o que é melhor pra ela.
Não cabe a mim julgar, não é meu direito apontar os erros das outras quando eu estou carregada de erros. Não posso impor para outras que pensem como eu, de acordo com a minha religião.
É por isto que observo algumas pessoas postando coisas a este respeito sem se dar conta que o aborto é o último recurso de mulheres desesperadas e desamparadas. A gente até pode conversar com uma mulher que pensa fazer aborto e ajudá-la, até defendendo que ela tenha o bebê, respeitando, claro, o livre arbítrio dela. Podemos até pensar, hoje, sem nunca termos sofrido uma violência sexual, que teríamos o bebê. Mas isto é apenas uma suposição, é uma ideia. Para saber nossa reação só passando por ali.
Vamos amar as pessoas, mesmo aquelas que pensam diferente de nós, mesmo aquelas que fazem uma coisa que pra nós seria condenável. E aqui eu falo para meus companheiros espíritas, pois é o que o Mestre nos ensinou "amar os outros como a nós mesmos". Ele nunca disse pra amarmos só aqueles que pensam como nós! Esta questão da violência contra mulher é muito séria e precisamos nos posicionar de forma consciente, sabendo que não é possível ficar neutra.
Não quero entrar em embate com ninguém, apenas quero mostrar um outro lado, que penso que devemos levar em conta quando pensamos em algo que afeta a todos a luz da nossa religião. Assim como reprovamos a ideia de alguns seguimentos evangélicos de que apenas eles herdarão o reino de Deus, nós também não devemos nos deixar cegar pela nossa crença.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Violência contra mulher tem viés muito sutil

Eu percebi que tem alguns homens de cara com o fato de que estamos dizendo que homens estupram e agem protegidos pelo machismo da sociedade, principalmente depois do absurdo de 30 homens terem estuprado uma guria de 17 anos!
Eu respeito estes homens que realmente não querem ser comparados com seres ignóbeis que são capazes de causar uma dor horrorosa como esta a um semelhante seu.
No entanto meus bons amigos, a cultura do estupro existe sim e ela é muito sutil! Ela transforma a vítima de um crime hediondo como a violência sexual no motivo pelo qual um homem pode usar e abusar do corpo de uma mulher sem o consentimento dela e tantas vezes a ponto de, em alguns casos, a mulher morrer.
Não bastando ter a agressão física, estes caras gravam o ocorrido e jogam nas redes sociais, onde outros homens acham bonito e até se motivam a fazer o mesmo. Eu ouso comparar este caso do Rio com um homicídio, e digo que se fosse um assassinato de fato seria considerado com requinte de crueldade.
As mulheres estão mais vulneráveis porque recebem agressões verbais nas ruas, que são consideradas "cantadas e elogios". Quando uma mulher é assaltada além de tudo ela também é uma potencial vítima de estupro, mas a culpa é dela, afinal "ninguém é estuprada em casa lavando louça" (comentário de um cidadão de bem em alguma postagem qualquer), mas pasmem, mulheres são estupradas em casa sim, algumas vezes pelo próprio companheiro, outras pelo pai, pelo padrasto ou por algum homem que invade sua casa.
A cultura do estupro ta aí, na nossa cara quando os homens consideram “mulheres para casar” e “para pegar”. Tá na televisão quando se romantiza o abuso como amor, quando transforma violência sexual em “sexo ou amor”, ou quando um cara vai a um programa de televisão e conta como estuprou uma religiosa dentro de sua casa e quando ela desmaiou, disse que ela havia caído e deixou-a lá, jogada. Inclusive ele se sentiu a vontade para fazer isto, afinal de conta ele o fez no programa de um cara que disse em cadeia nacional que “comeria a Vanessa Camargo” (na época grávida) e não se sentindo satisfeito com tamanha escrotissee disse que comeria o bebê também. Óbvio que é o mesmo que disse no seu stand up que “mulher gorda deveria agradecer quando é estuprada”.
Realmente vocês devem mesmo ficar muito putos de serem colocados no mesmo saco que estas pessoas. E devem ficar tão putos, tão putos que deveriam começar a apontar aos seus amigos as atitudes machistas e misóginas que tem. Deve aproveitar para falar o quanto aquela piada é de mau gosto, é péssima, o quanto agride e humilha. Deve também aproveitar e pensar bem quando for falar mal uma mulher e evitar  xingamentos como: puta, vagabunda, vaca. Xingamentos que são relacionados à condição física ou a vida sexual também fazem parte da cultura do estupro. Acredite, existem formas de xingar sem apelar pra eles.
Não permita que lhes coloquem no mesmo bonde dos abusadores de mulheres e denuncie aqueles que vocês sabem que o são. Respeitem as mulheres, não porque elas poderiam ser suas mães ou irmãs, mas porque são pessoas que merecem respeito. Corrija aquele teu amigo que argumenta que a menina tava bêbada, aquele que costuma dizer que “mulher diz não, mas quer mesmo dizer sim”, ou ainda aquele que fala que a guria “usa roupas provocantes e por isto ta pedindo”. Conta pra ele que estar bêbada não é um convite, que não é não e que roupa curta não dá direito a nada!
A culpa não é de todos os homens, é verdade é só daqueles que não fazem nada para mudar as agressões às mulheres. Não tenho estatística, mas penso que estupradores são minoria, no entanto, quem considera normal que um estupro coletivo aconteça porque é na favela, “lá é assim mesmo”. Estupradores estão em todos os níveis sociais, assim como os agressores. Eles freqüentam faculdade e algumas vezes praticam esta violência com as colegas de curso, por se sentirem mais fortes e poderosos. Eles casam, e muitas vezes praticam esta violência dentro de casa porque consideram as mulheres sob sua tutela seus bens, e por ter poder e “domínio” sobre elas podem usar de seus corpos como bem entendem. É cultura do estupro quando um médico abusa de suas pacientes e um juiz o solta, seja lá porque motivo. Ou um homem matar sua namorada e ficar confortavelmente preso em sua residência.

É uma coisa muito complexa e muito difícil de explicar, porque um homem adulto só tem medo de ser violado se for preso. Aí neste caso ele tem medo de ser a “mulherzinha” do presídio. Mas nós, mulheres temos medo disso o tempo todo e a gente teme pelos nossos filhos e filhas, e sobrinhos e sobrinhas. A gente se compadece destes acontecidos, a gente sente a dor desta guria e da família dela. Quase todas nós temos conhecimento de pelo menos uma amiga que sofreu algum tipo de assédio e morre de medo que as meninas que vieram depois de nós também sofram. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Dos preconceitos

As pessoas acham que a sua opinião, que muitas vezes é formada pelo que está fora delas, deve ser respeitada. Dizem todo o tipo de coisa a respeito das escolhas dos outros, sem pensar o que aquela forma de falar representa para quem ouve. E sentem-se desrespeitados quando sua "opinião" é tachada de preconceituosa.
O que é considerado normalidade é um conceito bem subjetivo, que é formado, entre outras coisas, por uma sociedade totalmente imperfeita.
Quando eu conheço uma pessoa se gosto dela o que menos me importa é se ela é negra, branca, índia, se é gorda ou magra, se é loira ou morena, se tem o cabelo branco, a bunda caída, a barriga grande, se tem alguma deficiência e por aí vai. Porque a afinidade é algo que vem do reconhecimento da alma! A gente se sente igual o outro, tem intimidade para falar olhando no olho de igual pra igual e se algo saiu mal a gente conversa e acerta as arestas.
Quando o outro é mal caráter, bem, aí sim não há jogo de cintura a gente tem logo que se afastar da pessoa, porque esta é a única decisão dela que nos atinge diretamente. Se o outro ama animais, é gay, come melancia com manteiga, resolveu ter 20 filhos, ou se decidiu fazer um aborto por qualquer motivo, nada disso me atinge. Agora se ele é mal caráter...
E porque eu estou falando sobre isto? Porque tem retrocessos que não podem ser permitidos. E entre estes retrocessos eu destaco o direito d@s tr@ns de usar o nome social. Gente se a Rogéria optou por ser chamada de Rogéria, ainda que todos saibam que seu nome de batismo é Astolfo, a gente deve, antes de mais nada, se respeita ela, perguntar como ela gostaria de ser tratada.
A mesma coisa é o direito da mulher decidir se quer ou não ter um filho fruto de um abuso. Eu como espírita compreendo bem que toda a gravidez é a chance de um espírito viver. Bem, EU SOU ESPÍRITA, eu entendo o que pra mim cabe e não julgo a decisão de outras mulheres. Ela tem o livre arbítrio e responderá na lei de causa e efeito pela escolha que fez, não cabe a mim apontar o dedo. De mais a mais, minha gente eu conheço mulheres que praticaram aborto, cada uma com um motivo diferente e todas, TODAS, sentiram-se muito mal. Nenhuma delas depois do procedimento comemorou, muitas perderam a possibilidade de engravidar novamente. (aqui muitos dirão, bem feito!)
Eu sempre fui uma pessoa rude! E a custo, muito custo, trabalho diário e vigilância constante tento controlar estes impulsos. Mas até eu, que sou rude, estou chocada com tamanha intolerância e violência. Outro dia vi uma pessoa contrária ao aborto chamar as pessoas que defendem ou fizeram aborto de "vacas, vagabundas que merecem morrer!". Totalmente contraditório não é?
Quer dizer que uma mulher que sofreu um estupro e engravidou deve morrer se resolver interromper a gravidez? Eu nunca passei por isto, mas imagino que uma pessoa que é violentada deve pensar muito sobre esta possibilidade.
O que me espanta é porque os deputados estão sempre, sempre trabalhando pra destruir conquistas recentes e tão batalhadas? O que é que interfere na sociedade um@ tr@ns ser tratada pelo nome que escolheu pra si? Porque muitas vezes é tão importante criminalizar mulheres que optam por interromper a gravidez quando homens abandonam suas famílias? Porque respeitar o direito individual do outro agride tanto, quando o outro apenas quer viver sua vidinha na boa?  De onde foi que tiraram que seguir Jesus é ser intolerante e violento? Jesus nos pediu duas coisas amarmos uns aos outros e a Deus. Julgar os outros não está nos mandamentos!

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Campanha para ajudar o Hospital Espírita de Pelotas

Nós colaboradores, trabalhadores, estudantes do Centro Espírita Jesus estamos realizando uma campanha em benefício do Hospital Espírita de Pelotas, uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos que está enfrentando há algum tempo dificuldades financeiras sérias. Esta falta de recursos dificulta a manutenção e conservação dos edifícios, pagamento de despesas ordinárias, tais como água, luz, folha de pagamento, alimentação e medicamentos dos pacientes entre outros.
A campanha é de colaboração espontânea para com a entidade via conta de energia elétrica, na qual será debitada mensalmente a quantia autorizada pelo titular da conta. O valor mínimo é de R$ 1,00, um pilinha! A doação pode ser interrompida a qualquer momento, caso o contribuinte não possa ou não queira mais auxiliar. Para ser colaborador basta preencher o formulário que está disponível no Centro Espírita Jesus ou com os trabalhadores da casa.