quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência = Dia de reflexão

Hoje é o Dia Nacional de Luta Pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, lendo o texto da Adriana me vieram as reflexões sobre vários deficientes com quem convivi e convivo. 
Na minha família foi o primeiro lugar que convivi de perto com alguém portador de deficiência. Minha tia avó Edite era cadeirante. O que sei é que na primeira infância ela não tinha nenhuma deficiência e que depois de uma indigestão teve muita febre, convulsões e acabou ficando sem fala, sem andar. Ela ficava basicamente em casa porque sem grana minha bisa não tinha dinheiro para passear com ela, não haviam ônibus especiais como a pouco tempo surgiram e poucos tinham carro.
Lembro também do Tailor, um rapaz que devia ser uns quatro anos mais velho que eu que tinha uma espécie de paralisia cerebral, também era cadeirante e não falava.
Duas casas ao lado da minha tinha uma moça que tinha uma deficiência parecida com da minha tia avó. Mas ela caminhava. As vezes ela fugia de casa sem roupas.
Agora escrevendo isso lembrei do Daniel, que era primo da tia Lorena, a deficiência do Daniel era alguma coisa mental. Na verdade eu não sei direito, porque era criança e não tinha esta coisa de perguntar o que ele tinha. Apenas sabia que ele agia de forma diferente da maioria das pessoas e diziam que algumas vezes ele tinha uns ataques, podia ser epilepsia, por exemplo, mas as pessoas falavam apenas "ataque" o que engloba muitas coisas.

Estas pessoas eu convivi de perto, lembro deles. Mas muitas pessoas com deficiência física ou mental eram escondidos pelas famílias por vergonha, por preconceito ou ignorância. Outros tantos eram internados em "clinicas" onde a família pagava e abria mão daquela convivência que poderia ser tão rica. A impressão que tenho, tendo base a história da Edite, que os médicos pouco informavam os familiares e simplesmente desistiam daquelas pessoas sem orientar ou ajudar a família a dar qualidade de vida pr'aquelas pessoas. Sorte a minha que minha bisa fez questão de cuidar da Edite até o final da vida dela! 
Na escola já na primeira série tinha um colega, não sei que tipo de deficiência ele tinha, apenas lembro que ele tinha um pouco de atraso na aprendizagem. Quando mudei para o Colégio Pedro Osório na minha sala tinha a Taís, ela era down. Outro dia descobri que existem vários níveis (se eu estiver errada me digam). Ela sofria bulling de alguns colegas até que uma das nossas professoras pediu pra ela buscar uma coisa qualquer na secretaria e deu o maior esporro nos guris. Dois ou três babacas que debochavam das características físicas de todo mundo, como se fossem uns príncipes lindos e inteligentes. 
No segundo grau tivemos o convívio feliz de três anos com a Madalena uma surda muda muito amada e engraçada, que ficava furiosa quando não entendíamos o que ela estava falando. E muitas vezes eu não entendia mesmo e olha que era bem descolada, afinal na minha família há quatro surdos mudos. Sim, tenho quatro primos surdo mudos. 
Na minha faculdade lembro de alguns caras mais velhos, que já estavam na faculdade há um bom tempo. Um era o Paulo que tinha uma deficiência que se notava por conta dos seus trejeitos, modo de falar e tinha o Alemão (não lembro do nome dele) que tinha vários tiques. Ambos se formaram. E no curso da mãe tinha um rapaz que era cadeirante também. Tanto o ICH quanto a Católica se adaptaram colocando elevadores. 
Não recordo de ter tido pessoas com deficiência visual nas escolas ou faculdade porque passei. Mas lembro que na rua atrás da minha casa tinha um senhor que era cego. Sempre o via passando com uma das filhas ou no ônibus. Depois conheci o Lucas da Carmem Lúcia e o José Antônio advogado de umas empresas para as quais fazemos contabilidade. 
E também a Michele que sofre de Atrofia Muscular Espinhal. E o Bruno e o Andrei que são down. 
Na verdade, se olharmos a nossa volta existe muita diversidade, tem muita gente portador de alguma deficiência que a gente conhece e se informando, perguntando pra eles mesmo podemos lhes ajudar. Enquanto escrevo vou lembrando das pessoas e de como elas eram independentes e ativas apesar de que um tempo atrás pessoas deficientes eram apenas para serem cuidadas. Aliás, algumas, como disse acima eram escondidas como se fossem um erro, sei lá.
Vamos fazer este exercício e lembrar dos nossos anos de escola quantos deficientes haviam, como era a vida deles, como a gente se comportava com eles. Seria muito útil para esta desconstrução e para a mudança que almejamos. 

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