Sempre ouvimos dizer que religião não se discute. Concordo, porque é direito de cada indivíduo ter ou não uma crença e é obrigação de todos nós respeitar essa escolha e é um dever do estado, assegurado pela Constituição que esta liberdade de escolha seja garantida. E o que sempre vimos sobre religião nas escolas? Não foi uma aula que fala da história, dos dogmas e de como se professa cada culto. Enfim, muita coisa não se dizia e talvez volte a não dizer com esta aprovação do STF de que as escolas voltem a ministrar aulas de ensino religioso confessional (que diabo é isso???) sendo que o professor da disciplina poderá optar por falar apenas de uma única religião. Isto além de ser perigoso, desrespeitoso com os seguidores de religiões que não serão contempladas é inconstitucional. Estamos berrando isso, mas não estamos sendo ouvidos.
O que leva algumas pessoas ao medo, principalmente porque as disciplinas que dariam suporte para que as crianças pensassem de forma mais ampla e pudessem até discutir sobre as religiões e daí, quem sabe, escolher alguma para professar, foram, ao mesmo tempo, retiradas do currículo escolar.
Eu não fui catequizada na escola, não porque havia como contrapor a professora de religião, porque não tinha. Mas porque fazer minha cabeça tão bem feita pela minha mãe não é nada fácil. Além do que sou teimosa e tenho um determinado comportamento do contra quando querem me impor alguma coisa. Nem todo mundo é assim.
Pensem bem, quando eu entrei para o colégio, lá na década de 80, na escola municipal não tínhamos aula de música, nem filosofia e nem sociologia nos primeiros anos, mas sempre teve aula de religião, que pra mim parecia uma catequese (embora não tenha feito catequese) porque não falava sobre as várias religiões existentes no mundo e muito menos se dizia que podíamos escolher a que mais se aproximasse do nosso coração e verdade.
Confesso que tentei fazer a primeira comunhão, todo mundo fazia, era praxe. Então um sábado de manhã cedinho fui até a escola, onde se realizava a missa, para começar o tal curso. Fui apenas este dia e nunca mais.
Depois, quando na quinta série fui para a escola estadual, continuamos sem as aulas de música, sem filosofia, sem sociologia, ou mesmo moral e cívica, que em algumas escolas tinha, mas tínhamos aula de religião. No entanto, aprendi que se a minha religião não fosse contemplada naquela aula poderia não assisti-la. Descobri isso porque meu colega Michel foi pedir dispensa por ser de uma outra religião, que não a católica. Não lembro a religião dele.
Mas eu só tive aula de religião e não catequese, quando na faculdade tive uma matéria chamada "Deus e a experiência de Deus hoje". O professor Vernetti (não lembro se ele era padre ou filósofo) nos passou várias apostilas falando sobre as diversas religiões, falou-nos dos seus fundamentos. Mas eu tinha aula de sociologia e filosofia.
Eu não tinha, ainda uma religião, mas achava muito importante que aquela disciplina discorresse sobre tantas religiões diferentes porque ampliava a minha visão sobre o assunto e compreendia como a religião e a política estavam ligadas desde sempre.
A gente diz que não se discute religião porque muitas pessoas brigam ou querem impor para os outros a sua verdade e para evitar conflitos calamos. Acontece que desde os primórdios a religião está intimamente ligada a política. Era assim na Grécia, no Egito, na idade média, enfim, professores de história podem dar mais informações. Sim, estavam ligadas e exerciam tanto poder quanto os mandatários políticos. Por vezes elas estavam juntas e por outras duelando. Muito poucas vezes o duelo era para defesa do povo. Bem como agora. Nós nos calamos sobre isto e muitos religiosos com o poder midiático entraram e foram eleitos na política. Não pra defender a população, mas para defender os interesses de seu grupo. Eles tem tanto poder que determinaram a volta do ensino religioso. Eles tem tanto poder que barganham inúmeras leis e projetos só visando seus interesses pessoas e do seus companheiros.
Portanto, política e religião se discute sim, porque é necessário conhecê-las, saber sua história. Porque talvez as bases das religiões, assim como as bases dos partidos políticos, sejam boas, no entanto as pessoas que formam esta religião ou partido e lideram podem não ser. Pensem nisso!
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