É engraçado como as coisas tem uma dimensão quando somos crianças e outra quando crescemos. Começa pela ideia de que os pais são grandes! Conforme vamos crescendo e nos aproximando da altura deles, eles já não parecem tão grandes assim. A mesma coisa acontece com os espaços onde costumávamos brincar. E com os números! Ah! Os números... queridos amigos estudiosos da matemática e aritmética os números assustam! Ou talvez só nos confundam um pouco. É que começamos a vida com apenas um dígito e com o passar do tempo estes dígitos vão aumentando e se agrupando com outros e parecem um numerão. Isto acontece com os números da idade e da balança. E eles vão nos causando medo conforme o período da vida. É, tem período em que os dígitos da balança são mais importantes, tanto quando estão baixos quando estão altos. Tipo boletim até uma fase, balança até outra fase, idade até outra, boletos até outra, extratos do banco até o fim da vida!
Lembro que quando eu era criança e fazia as contas de quantos anos eu teria no ano dois mil pensava comigo: nossa! No ano 2000 eu vou estar velha! O detalhe é que naquele ano eu completei 23 anos e me achava muito jovem e mal tinha começado a vida!
A ideia de que 20 anos é muito para uma criança deve ser porque apenas contamos os anos. Não temos ciência de que os anos não são apenas quantitativos, eles também são QUALITATIVOS. Quando cheguei nos anos 2000, além de me surpreender que o mundo não tinha acabado (graças! a Deus!) também me surpreendi de ser uma jovem recém saindo da faculdade que não tinha casa, nem marido, nem filhos e nem ideia de que rumo iria tomar depois que pegasse o diploma! Eu me sentia muito inexperiente e sem nenhum preparo para a vida. Eu tinha alguns sonhos e uma leve idealização de como talvez, fosse se desenrolar minha vida. Pra ser sincera nada aconteceu nem perto do que tinha idealizado.
Essa introdução é só para dar uma noção pra vocês de que, se lá na infância eu achava que com 20 estaria velha, que dirá o que pensava sobre ter 40 anos!!!!! Pois é! As mulheres dessa idade que eu conhecia eram já mulheres velhas (isso na minha infância!). Já eram mulheres maduras que tinham vivido suas escolhas e tinham até sofrido, tinha mulher com 40 anos viúva já há sei lá quanto tempo. E devia fazer bastante tempo porque a gente só conhecia ela por viúva, muitos anos depois que fui saber o nome dela. Então estes numerinhos da idade somados a todo o pré-conceito de como seria uma mulher de quarenta me fez pensar que... sei lá, eu estaria bem "coroa" nesta época.
Cá estou eu... quarentona! Não sou nada, nadinha do que a sociedade dizia na época que eu era criança e também não sou nada do que a sociedade diz que é a mulher de 40 hoje. Aliás, isso daria um globo repórter! hahahaha A mulher de 40 como é? Onde vive? De quê se alimenta?
Não sou viúva, nem separada, nem casada! Não tenho filhos! Já fui e voltei na fase de dúvida sobre o tempo da maternidade e o tempo que tá passando e deixando a maternidade mais longe. Já ignorei esse tempo! Já engravidei e pensei que ganhei do tempo! Abortei e pensei que o tempo tinha me ganho! E agora não tenho tempo pra dar tempo ao tempo, embora precise me dar este tempo. Decidi deixar quieto e daqui a pouco eu volto a avaliar o tempo. Formei, trabalhei, fui embora, trabalhei, não me adaptei e voltei. Comprei apartamento e fiquei longe da mãe. Resolvemos mudar, vendemos apartamento e mudamos. Daí pra ter experiência na vida nada melhor que construir sua própria casa, detalhe, não sou João de Barro, quase surtei. O pedreiro acabou, mudei. Tem muita coisa pra colocar no lugar, loquiei. Tá quase tudo pronto, descansei. Avaliei o passado, as escolhas, os ganhos, as perdas, harmonizei. Agora tô com quarenta comemorei! Não em grande estilo como estava programado desde os meus 15 anos de idade. Tive uns percalços este ano, por isso a festa a fantasia do 40 foi adiada para os 41.
Agora, olhando pra trás e analisando todos os planos que fiz, a verdade é que só fiz um plano. É o único plano que fiz para o futuro foi comemorar meus 40 anos com uma festa a fantasia, todo o resto que aconteceu e foi muito bom foi sem lista, sem plano, sem idealizar. Deu certo! Amei! A ideia de que depois dos quarenta ficamos velhos desapareceu e deu lugar a ideia muito melhor de que todo mundo com mais de quarenta é bem novo!
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