terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Zélia Gattai uma contadora de histórias de primeira

Conheci a escrita de  Zélia Gattai quando criança. Ou melhor, conheci a primeira das suas histórias  graças a uma minissérie da Globo chamada "Anarquistas graças a Deus"! Mesmo nome do livro da autora. Apesar de, naquela época, minisséries não serem muito recomendadas para crianças, eu assisti. Tempos depois, (e foi muito tempo mesmo!) li o livro "Crônicas de uma namorada", primeiro livro de Zélia que lia e me apaixonei pela maneira de escrever dela. Já era fã de Jorge Amado, muito tinha lido dele, mas ela me encantou demais. Lembro que certa vez assisti uma entrevista do casal em que Jorge contava do dia que Zélia havia decidido escrever, ou melhor, contar a história da sua família e ele do alto da sua experiência disse a ela "escreve, mas escreve assim, exatamente do jeito que tu conta"! E foi um sucesso!
Atualmente estou lendo a "Casa do Rio Vermelho"! É uma autobiografia, são contos muito engraçados, outros emocionantes da vida de Jorge e Zélia na volta para a Bahia. A procura pela casa, as decepções ao não encontrar um local de acordo com o que imaginavam, até chegarem nesta casa da rua Alagoinhas, 33. É muito interessante ler cada conto imaginando o sorriso dela ao discorrer sobre Rufino e das andanças atrás de casa e depois a construção e mais as viagens que faziam a trabalho e lazer.
O que mais me marcou na minissérie "Anarquistas Graças a Deus" foi quando a personagem da Débora Duarte vai numa loja de discos atrás da valsinha que tanto gostava de ouvir quando passava na rua. E depois a reviravolta que dá quando o disco quebra. Isso tá marcado na minha memória! Sem contar que a Débora parecia muito com a minha mãe!
Não lembro muito de outros personagens, nem da trama pra falar a verdade! Lembro que Débora era casa com Ney Latorraca e tinham uns quantos filhos. Mas logo-logo vou saber tudo desta família porque já comprei o livro no sebo virtual! Fiquei bem chocada ao pagar mais que o dobro do valor do livro em frete! Até tentei comprar outro livro pra amenizar o trauma, mas não deu. Enfim...
Gostei da forma como Zélia relata as situações, os apartes que faz dentro da história para comentar outra e dos comentários que faz sobre as personagens no momento em que está escrevendo o livro. Lembro de assistir na televisão ela dando entrevista sobre o lançamento deste livro, eu estava na faculdade! E lembro de uma outra entrevista que fizeram lá na Casa do Rio Vermelho mostrando os jardins e as peculiaridades daquela casa famosa. Agora, lendo o livro fico puxando da lembrança as imagens que vi na reportagem! É pena que o que lembre seja pouco!
Agora,  lendo este segundo livro de Zélia descobri uma nova escritora favorita. Sim, Zélia e Isabel Allende estão empatadas aqui na minha lista de preferências. Duas mulheres fortes, com histórias de vida incríveis.
Esse post é mais para indicar uma leitura, é uma dica que, além de nos contar a história da família de Jorge e Zélia, conta um período importante do nosso país! E conta assim, sem muita pretensão, conta como quem conta a sua própria história mesmo e só. Vale a pena a leitura!


fotos: Google imagens

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