quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Voo solo


Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,

Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
(Alberto Caeiro)

Não sei como me atrevo a publicar uma poesia de Fernando Pessoa, assinado por pseudônimo, com uma foto minha ilustrando. Mas hoje mesmo li que o mundo é dos ousados. Então...
A foto foi tirada das margens do canal São Gonçalo, do outro lado ficam as charqueadas. O ar é puro e a paisagem... não preciso dizer, basta olharem a foto.

2 comentários:

Luiz Carlos Vaz disse...

Esse é o nosso FP!!!

Nina disse...

Leli!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! me avisa mesmo, venho ler com gosto.

Um bj meu amor, nunca mais tinha te visto.