terça-feira, 12 de agosto de 2014

"O dia em que o papa foi a Melo"

"O dia em que o papa foi a Melo" bem podia ser uma lembrança minha, se é que seria possível que eu lembrasse daquele dia longínquo lá em 1988. Mas minhas palavras jamais seria tão encantadoras quanto as de Aldyr Garcia Schlee que nos conta várias estórias com detalhes interessantíssimos e que lembram as velhas histórias das noites de encontros em família e causos que os antigos costumam contar.
A leitura me fez lembrar de mim diante da televisão, sem reconhecer aquele velhinho com uma toquinha bem pequena na cabeça abanando para as pessoas de baixo de um guarda chuva preto. Lembrei da minha mãe comentando comigo, olha lá tá chovendo. E eu instintivamente olho para rua e reparo que no pátio da nossa casa não está chovendo. Tem também as pessoas cantando "a benção João de Deus"... Eu só me lembro disso, mas já devia ter onze anos por esta época. Mas também, é natural que a gente lembre mesmo só aquilo que nos marcou. Eu nunca fui católica, sempre me esquivei da igreja e coisas que o valha, não seria natural que lembrasse da visita do Papa.
Então eu ganhei o meu amigo Vaz o livro do Schlee,que conta justamente isto e me pego tendo memórias da tal visita, que bem pode ser coisa da minha imaginação. E livro bom é assim nos transporta pra outra dimensão, nos faz viajar centenas de quilômetros  pra um lugar onde nunca estivemos, mas que se um dia formos saberemos nos localizar.
Óbvio que como contestadora meu conto favorito é o CONTO VI. As  perguntas, a farofada, o problema no chevrolet tigre e os bêbados tudo faz com que me sinta próxima daquela viagem. É o tipo de causo que qualquer tio poderia ter vivido e agora estar contando dando barrigadas de tanto se rir da viagem que não deu certo, ou melhor, que deu até parte do caminho.
O CONTO VII também me agradou e muito, apesar da tristeza. Confesso que segui a sugestão de "cantarolar tristemente, no final,o título deste conto, se quiser chamá-lo de UN DON DIN".
"O ESPELHO PARTIDO"  não pode ser deixado a parte. É um conta muito singelo. Gostei muitíssimo! O avô completando 98 anos, o espelho que se parte, toda a gente pra comemorar o aniversário e ver o papa, os rosários, a pétalas, as memórias misturadas de vô e neto.
Adorei a linguagem,senti-me o tempo todo como a escutar o Schlee falando com seu jeito sereno aquelas histórias e vez por outra sorrindo do que lembrava e dando detalhes e falando de fulano e sicrano e de como aconteceram aquelas coisas todas n'O dia em que o papa foi a Melo.

2 comentários:

Luiz Carlos Vaz disse...

Essas memórias ficcionais do Schlee agora fazem parte da nossa memória coletiva, Daniele. Os relatos, que passam a ser teus e meus, nossos, nos remetem àquele dia incrível em que o Papa (com tanto lugar para ir) resolveu ir inexplicavelmente à cidadezinha Melo. Quando fui até lá, especialmente fazer a foto para a capa dessa nova edição - agora em agora em português, me envolvi com o lugar, como se também estivesse estado por lá, junto com padre Julio, naquele distante 8 de maio de 1988 no Teatro de Verano, a imagem que foi selecionada para a capa.
Gostei de ler tua postagem.
Um abraço.

Luiz Carlos Vaz disse...

Essas memórias ficcionais do Schlee agora fazem parte da nossa memória coletiva, Daniele. Os relatos, que passam a ser teus e meus, nossos, nos remetem àquele dia incrível em que o Papa (com tanto lugar para ir) resolveu ir inexplicavelmente à cidadezinha Melo. Quando fui até lá, especialmente fazer a foto para a capa dessa nova edição - agora em agora em português, me envolvi com o lugar, como se também estivesse estado por lá, junto com padre Julio, naquele distante 8 de maio de 1988 no Teatro de Verano, a imagem que foi selecionada para a capa.
Gostei de ler o teu texto.
Um abraço
Vaz