terça-feira, 18 de novembro de 2014

Genealogias familiares confusas

Tem um texto que eu adoro, do qual desconheço a autoria que chama-se "O homem que morreu de confusão". Transcreverei o texto logo abaixo para que tomem ciência do conteúdo e compreendam que é possível que na minha família venha a acontecer algo do tipo, tanto do lado do meu pai, quanto da minha mãe. Eu na verdade não acho as coisas confusas, consigo entender bem tudo, embora algumas vezes me surpreenda com a descoberta de um parentesco a mais com um já parente.
Começo falando do lado da minha mãe. Minha vó Amália tinha vários irmãos e aconteceu de dois casarem-se. A princípio a coisa parece terrível, como dois irmão casam entre si! Mas esmiuçando a árvore genealógica descobrimos que a irmã era minha avó e não os que casaram. Explico melhor!
Minha avó Mália era filha da bisa Elmira com um cidadão o qual não sei o nome, só sei que o sobrenome é Oliveira. Este senhor Oliveira tinha outros filhos, que vinham ser meio irmãos da minha vó. E minha bisa, por sua vez, teve outros filhos e filhas de outros relacionamentos, sendo estes meio irmãos da minha vó. Ocorreu então que o meio irmão paterno da vó Mália, tio Ilvo deu de apaixonar-se pela meia irmã materna da vó Mália, a tia Ursina, ou talvez Orestina, não estou bem certa do nome. E por conta deste amor casaram-se.
Como é de praxe misturar deu de acontecer de meus tios Leopoldo e Claudio (mais conhecido como Guinho) resolverem casar com as irmãs Lorena e Loraci. Até aí tudo bem, nem tem confusão, apenas uma sequência, quase um tradição de família, visto que os filhos do tio Guinho a Claudia e o Maicom casaram-se com um casal de irmãos.
A confusão acontece mesmo quando eu digo que minha irmã é casada com meu tio. Todo mundo acha absurdo e contesta e quer explicações.  E a explicação é muito mais fácil, do que o caso dos meio irmãos da vó. É sim. Meu pai foi casado, antes de conhecer minha mãe e teve 4 filhos, perdeu um ainda criancinha. São eles meus meio irmão, entre elas a Mana que veio casar com meu tio por parte de mãe. Sendo assim não há nenhum parentesco entre eles, a não ser eu que sou irmã de uma e sobrinha da outra, minha mãe que é madrasta de uma e irmã do outro e meu pai que é pai de um e sogro do outro. Dos filhos da minha irmã com meu tio acabei tendo três sobrinhos/primos. Minha mãe tem sobrinhos/netos postiços. E meu pai tem netos e sobrinhos por afinidade. Uma loucura! Eu e a minha mãe somos tias dos mesmos sobrinhos! Isto é fantástico!
Além das questões que expus ainda tem o fato de eu ser madrinha de metade dos meus sobrinhos filhos desta minha irmã. E da minha sobrinha mais velha, de quem não sou madrinha, sou cumadre, pois batizei o filho dela. é uma trama bem trabalhada!
Não bastasse as confusões mais antigas deu de acontecer justamente do meu irmão caçula ter um romance passageiro com uma prima de segundo grau, ou seja filha de uma prima. Deste romance nasceu o João Pedro que é meu sobrinho e afilhado e primo em terceiro grau. O Pedro conseguiu a proeza de ser primo (terceiro) dos próprios pais e neto e tataraneto da mesma vó. No caso a minha vó Mália. Minha mãe é vó da criança e a irmã dela é bisavó.
Do lado do meu pai a confusão não é menos comum. Começa com os irmãos que casaram com irmãs. Minha avó Cela casou com o vô gentil. E o irmão dela casou com a dona Santa.  Meu pai e minha tia Eva se casaram com os irmãos Dalva e Edegar. Esta é das misturas mais simples. Já meu tio mais velho, o tio Lauro resolveu misturar bem e casou com a prima Marli. Teve 4 filhos, que são também seus primos.
Eu que não sou de me assustar nem cogito esta bobagem de sair da história por conta da confusão, gosto mais é que misture tudo mesmo. Só nunca namorei primo, porque pra mim eles são a mesma coisa que irmão. Tô pensando em desenhar a árvore genealógica, mas tô com receio de que fique tudo um borrão de tanta linha cruzada de cá pra lá que vai ter.

O texto, que acho foi inspirado na minha família está logo abaixo.
"O HOMEM QUE MORREU DE CONFUSÃO 

Foi encontrado no bolso de um suicida, em Maceió, a seguinte carta: 

Ilmo Sr. Delegado de polícia, não culpe ninguém pela minha morte. 
Deixei esta vida porque um dia a mais que eu vivesse, acabaria morrendo louco. 

Explico-lhe Sr. Delegado, tive o destino de casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha, se eu soubesse disso jamais teria me casado. 

Meu pai, para maior desgraça, era viúvo e quis ele se casar com a filha de 
minha mulher, resultou daí que minha mulher tornou-se sogra de meu pai, 
minha enteada ficou sendo minha mãe e meu pai era ao mesmo tempo meu genro. 

Após algum tempo, minha enteada trouxe ao mundo um menino que veio a ser meu irmão, porém neto de minha mulher de maneira que fiquei sendo avô do meu irmão. Com o decorrer do tempo, minha mulher deu a luz a um menino, que como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio de seu filho, passando minha mulher a ser nora de sua própria filha. 

Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai de minha mãe, tornando-me irmão de meu pai e de meus filhos e, minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe de mamãe, assim acabei sendo avô de mim mesmo. 

Restando, Sr. Delegado, antes que a coisa se complique mais, resolvi 
despedir-me deste mundo. 

Perdão Sr. Delegado." 

Fonte do texto: Ivan Meyer

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