segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013

Pra mim é muito difícil fazer uma retrospectiva do ano. Sim, embora pareça clichê e aquela propaganda do banco "o tempo voa" e sempre confundo acontecimentos deste ano com o ano anterior e o outro ainda. Mas analisando o tempo que ficou pra trás e fazendo um balanço de tudo creio que valeu a pena.
Na virada do ano passado a primeira pessoa que eu abracei foi o Igor. A gente estava deitado no quarto juntos, ele aguentando no osso do peito as dores terríveis do braço e eu com problemas intestinais. Naquele dia me dei conta que sempre que a gente tava junto, o Igor e eu, ele era o primeiro a me abraçar na virada do ano. E este ano não vamos nos abraçar fisicamente. Ele partiu em fevereiro deste ano, ficou a saudade daquele jeitinho dele. Vira e mexe a gente lembra de alguma coisa que ele dizia, dalguma bobagem, enfim... Mas ainda que ele esteja na espiritualidade sei que ele recebe nossas vibrações de carinho, amizade e amor, a partida foi cedo e comoveu muita gente porque o Igor era muito querido por onde passava e creio que isto é o verdadeiro sentido da nossa existência, aprender, amar, ser amado.
Foram tempos difíceis depois que ele foi. As coisas amenizaram um pouco, mas a saudade esta cá e lá. E fomos aos poucos retomando a rotina, aproveitando as alegrias de ter o Yuri fazendo graças e descobrindo o mundo daquele jeitinho que só as crianças podem e conseguem vê-lo. Aprendendo aos poucos que precisamos aproveitar as pequenas alegrias da vida, os doces momentos em família e com os amigos, estes momentos que nos fazem felizes.
Muita gente achou o ano de 2013 ruim, vi muitos dizendo acaba logo 2013 ou coisas assim. Segundo a numerologia e outras vertentes místicas 2013 é um ano de conclusão, de encerramento de ciclo. Teve muita violência nas ruas, teve muitas mortes, teve momentos de comoção, como no caso da boate Kiss. Para algumas pessoas próximas foi uma ano difícil porque tiveram partidas inesperadas. A superação foi a meta destes amigos, aos quais eu admiro muito pela força e pela fé. A certeza de que um dia a gente se reencontra com aqueles que nos antecederam ajuda a aguentar a saudade. Teve alguns desastres naturais, pessoas perderam o pouco que tinham, outros perderam pessoas queridas, mas no meio destes desastres teve solidariedade, teve união. Vi muita gente falando mal da humanidade por conta de violência, roubo e outras desgraças. Mas eu prefiro me emocionar com aqueles que fazem o bem, que mesmo na sua dor arranjam forças para dar amor e ajudar quem precisa.
Mas o ano foi de renovação também. E Então numa terça feira, fria e chuvosa de agosto recebemos um presentão chamado João Pedro. Uma criança linda e saudável escondida numa barriguinha por nove meses. E quem diria que receberíamos tão lindo presente?! Uma nova alegria que reforça o pensamento de que a vida é um ir e vir. É assim, como diz a música do Milton Nascimento e do Fernando Brant, cantada pela Maria Rita a vida é uma estação com "encontros e despedidas".
2013 pra mim foi um bom ano, tive bons momentos e tive momentos difíceis, mas ninguém disse que seria fácil, mas garantiram que valeria a pena. E vale cada segundo!Tive que aprender muita coisa, tive que me adaptar, tive que mudar, mas tudo vale a pena. Reencontrei amigos, fiquei mais perto da minha família, mudei de casa, encontrei o amor, fiz mais amigos, li muitos livros (não todos que gostaria), vi muitos filmes, admirei a lua, admirei muito o céu pra observar as nuvens, os pássaros, pra receber o sol e o vento no rosto. Plantei flores, peguei recém nascidos no colo, mudei fralda, dei banho, fui a reunião de pais, esqueci a Larissa no colégio e tive que sair correndo pra buscá-la. Tanta coisa cotidiana que me fez sentir viva e feliz que não dá pra enumerar.
E de 2014? O que espero? 365 oportunidades!

E só para lembrar, prestem atenção na Mafalda com sua grande sabedoria: 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O brega está de luto! Muita luz Reginaldo!

Sou uma brega assumida. Adoro as músicas consideradas bregas, canto de olhos fechados e faço performance se for preciso e sem a menor vergonha. Junto com a Suzana Vasconcellos no twitter (que tenho frequentado pouco nos últimos tempos) nossa líder do #BreganaTL ficávamos horas trocando músicas, indicando e catando canções, consideradas bregas, para alegrar as noites e aliviar a tensão do dia.
Hoje o brega perdeu seu REI! Tá triste por perder um rei que orgulhava-se bregar e cantava sem vergonha as dores, os amores, as decepções e as traições. Faço minha homenagem pra ele sem nenhum constrangimento e sem nenhuma culpa, porque sempre entoei e homenageei este Rei desde muito criança, quando tocava as ganhas e a todo volume a fita cassete que tínhamos em casa.
Muitos que não reconheceram o talento deste ser iluminado, com certeza, agora que ele se tornará saudade, dirão, como bem previu Nelson Gonçalves na canção "quando eu me chamar saudade", que ele tinha um bom coração. Muitos, milhares de súditos do REIginaldo "hão de chorar". Outros ainda irão "querer lhe homenagear fazendo de ouro um violão". Mas pro nosso rei, neste momento de despedida faremos "preces", ouviremos suas canções e lembraremos os tantos momentos que choramos, ou sorrimos e nos embalamos tocados pela voz de Reginaldo Rossi!
Vá em paz querido, como disse a Bárbara Gael faz um duo com o Wando. Vocês estão no coração do povo brasileiro que os ama e jamais os esquecerá! <3 br="" nbsp=""> PS.: Destaco uma frase do #REIginaldo praqueles que torcem o nariz ou falam mal do #Brega:
 "Quem não bregar, tá morto. Quando o chifre dói, diploma cai da parede." Reginaldo Rossi

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A idade que o coração dói

Uma vez me disseram no centro espírita que vou, e isto faz tempo, que 26 anos é a idade que o coração dói. Achei estranho, porque pra mim o coração doía por motivos incontáveis, por causa de muitas possibilidades, nem sabia, só cogitava muitas ideias. Então o guia que me dava passe disse olhando dentro dos meus olhos, "é verdade, tem uma idade que o coração dói, depois passa". E me orientou a respirar profundamente por alguns segundos observando o altar e sentindo o batimento dentro do peito. Obedeci.
E toda vez que sentia o coração pesado, apertado ou doido fazia aquele exercício lembrando daquela senhora que me atendeu. E ela tinha razão, "tem uma idade que o coração dói, depois passa". Passou!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago

A leitura do mês de outubro do meu clube de literatura foi "Ensaio sobre a cegueira",  do José Saramago. Não é nenhuma novidade que ainda não conseguimos concluir a leitura, afinal já estávamos com a leitura anterior um pouco atrasada. Eu achava que precisaria muita atenção para conseguir acompanhar a saga das personagens e do enredo de Saramago, principalmente por conta do estilo do autor. Creio que um pouco desta preocupação se dá por eu ter tentado ler "Canoa de pedra" e não ter conseguido acompanhar todas as idas e vindas dos personagens.
Devo deixar claríssimo que o livro é magnífico. Com momentos fortes, é verdade, mas uma história muito envolvente e tocante. Em alguns momentos eu chorei, como não podia deixar de ser e o que não é novidade pra ninguém (chorona assumida). Ainda não conclui a leitura e fico até altas horas lendo curiosa para saber o que sucederá a seguir com aquelas sete personagens tão diferentes entre si.
Para quem não conhece a história do livro vou tentar resumi-la. A narrativa conta sobre uma cegueira branca que em pouco tempo torna-se uma epidemia. Os cegos e os possíveis contaminados são levados a um manicômio que estava fechado há alguns anos em quarentena. Com o passar dos dias mais e mais pessoas vão tornando-se portadoras da cegueira branca e com medo o governo tenta isolá-las até que todo o país está cego. É na luta pela sobrevivência que os doentes mostram e vivem o lado mais cruel desta luta. Alguns aproveitam a fraqueza dos cegos recentes para extorqui-los, não se sabe ao certo com que intuito, já que dinheiro e riqueza de nada adiantam no caos em que o país se encontra.
As personagens principais são formadas pelo núcleo dos primeiros a ficar cegos. O mais interessante na narrativa de Saramago, na minha opinião, claro, é o fato de nenhuma das personagens ter um nome. Sim, ele conta toda a história identificando as personagens por características físicas, por detalhes da aparência, pela profissão ou por outros detalhes que chamam atenção ao "visualiza-las". Semelhante a nossa narrativa do cotidiano, quando comentamos sobre situações e pessoas a quem não conhecemos intimamente, mas de quem sabemos histórias ou talvez tenhamos presenciado alguma situação que mais tarde mereça ser contada, como um vizinho novo, ou aquele do bloco ao lado que passeia com a cachorrinha.
Este núcleo de personagens demonstra toda a complexidade do ser humano, suas divergências, enfim. Mas é um grupo que não perdeu  toda a dignidade, não se entregou a selvageria ou deixou os instintos primitivos tomarem  conta das suas atitudes totalmente. É possível que o fato de um dos integrantes ainda possuir olhos para ver tenha ajudado, não se pode saber ao certo. Pelo menos não até terminar a leitura.
Após um incêndio no prédio do hospício em que estavam em quarentena os cegos finalmente conseguem ter liberdade, então começam a tomar ciência de como estão as coisas fora daquelas paredes. Bem verdade que não muito diferente visto que todos estão cegos e passam seus dias a buscar o que comer e onde dormir. Os serviços básicos como água e energia elétrica não funcionam. É o caos!
Vou dar só a ideia do que trata o livro, pra dar um gostinho e atiçar a curiosidade.
Vale muito a pena a leitura!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mudança

Eu já me mudei algumas vezes. A primeira mudança de um espaço para outro foi da casa onde me criei na "vila" (como carinhosamente chamo o bairro onde morava e ainda mora boa parte da minha família) para o apartamento que moro até hoje com a minha mãe. Digo mudança de espaço porque as mudanças , ou melhor transformações físicas e emocionais acontecem desde que nascemos. Mas a mudança de espaço reserva uma boa parte da transformação (não é a toa que na adolescência meio mundo queira sair de casa!) e, afinal para sair de uma casa para um apartamento menor temos de passar por adaptações, ajustes, é preciso se desfazer de algumas quinquilharias que conservamos e guardamos durante anos, que pareciam relíquias, mas as quais não damos a mínima atenção durante muito tempo. Até aquele momento em que precisamos abrir velhas caixas de guardados e avaliar o que serve para ser mantido ou o que vai para o lixo e fica só na memória.

Nesta primeira vez deixei pra trás muita coisa que não servia mais e tantas outras que não teria espaço para guardar no quarto novo, bem menor que o primeiro aonde eu dançava enlouquecida ao som do rádio três em um. Foi um momento de reviver algumas lembranças porque fui relendo cartas, agendas, diários... revi fotos, vasculhei cadernos, separei apostilas da faculdade e desenhos dos colegas do primeiro grau. E pouco a pouco a ideia de deixar aquela casa, tão gigante na infância, foi se ajustando as novas histórias que surgiriam no apartamento mais próximo do centro.

Então nós fomos para o Village dois e fomos vendo a mudança na paisagem em volta, pois quando nos mudamos ainda não havia Big, nem Habbibs, nem muitos prédios ou condomínios por ali. No início caminhar do meu bloco até a entrada do condomínio parecia uma longa jornada, agora de tanto fazer o trajeto parece que o caminho encolheu.

Foi só depois de alguns anos morando ali que "saí de casa" pela primeira vez! Saí já "um pouco velha", como diria minha sobrinha Larissa, estava com 24 anos e tinha me formado na faculdade há mais ou menos dois. E foi uma mudança e tanto, pra quem foi uma adolescente que nunca pensou em sair de casa e morar sozinha. Mudei de casa e de cidade! A ideia de viver num outro lugar que não fosse Pelotas não me desagradava de todo, nem me assustava, afinal vida de jornalista é assim, na rua atrás do furo de reportagem. Foi uma época muito importante para o meu amadurecimento. Foi um tempo aonde tive de aprender a me virar por mim mesma, a fazer as coisas que tinha que fazer e a tomar decisões. Acho que esta foi a parte mais difícil e mais proveitosa também. Tomar decisões apenas escutando um conselho materno ou paterno pelo telefone. Ou às vezes sem ter tempo de pedir este conselho. Foi a transição para a fase adulta quando as rédeas da nossa vida vem para as nossas mãos e temos de saber que agora a responsabilidade é nossa. Sempre fui muito ligada nisto, sempre tive claro a responsabilidade que tinha sobre o resultado das minhas escolhas. Mas quando estava em casa, com meus pais, havia um crivo deles que servia como uma confirmação de que a escolha estava correta, o que me tranquilizava muito.
Foram 11 meses de experiência em Ijuí começando do zero o círculo de amizades, conhecendo a cidade e começando a ser jornalista, aprendendo que os meus ideais nem sempre iam ser aceitos pelo patrão e que precisaria aprender a ter jogo de cintura nesta profissão.

Depois deste tempo voltei para casa. Voltei pra Pelotas e precisei me readaptar, colocar tudo que tinha adquirido e mudado neste tempo no meu antigo quarto. Mais uma vez se fez necessário desfazer-me do que não mais me servia. Fiquei três meses e fui fazer um trabalho temporário numa cidade chamada Ibirubá. Aliás, minha amiga Jacque sempre diz quando eu começo uma história ou um causo, "lá vem história de Ibirubá". Lá eu sabia que seria por um tempo e depois eu voltaria pra casa ou iria pra outro lugar, eu não tinha ideia do que viria depois, mas sabia que não ia ser ali minha casa. Nesta época lembro que me fazia muito sentido uma música dos Titãs (não tenho certeza se do Nando Reis ou do Arnaldo Antunes) que diz "Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia/ Eu não encho mais a casa de alegria/ Os anos se passaram enquanto eu dormia/ E quem eu queria bem me esquecia". Confesso que vir embora de Ibirubá não foi tão fácil por saber que não seria "pra sempre". Fiz amigos, encontrei um amor, gostava do trabalho, mas o cargo não era meu e eu precisa encontrar meu lugar. Voltei pra Pelotas. Os amigos ficaram, o amor virou lembrança boa, o trabalho virou experiência valiosa no curriculum vitae.

A experiência mais significativa foi uma mudança de menos de 20 dias. Foi quando me dei conta que precisava ter jogo de cintura, mas não podia jogar fora meus ideais, que precisava me adaptar, mas não podia simplesmente descrer de mim ou abrir mão do que eu acreditava. Aí eu voltei pra Pelotas pra ficar.
Revi meus sonhos, minhas aspirações, minhas ânsias e percebi que viver bem é viver de forma simples. Trabalhei no Redução de danos que foi um período que me ensinou muito. Estudei, vendi chocolate, fiz o técnico em contabilidade e voltei a trabalhar com meu pai no escritório. Ah! E tem quem já tenha me dito que eu não precisava ter ido e vindo como fiz, que devia ter feito desde o princípio Contabilidade e ter ficado no escritório desde o começo, sem mudanças. E realmente, se não tivesse vivido tudo que vivi, trabalhado onde trabalhei, conhecido as pessoas que conheci, viajado o que viajei, não teria mudado, não teria me transformado e compreendido o que compreendo hoje. Não enxergaria o mundo como enxergo hoje. E seria mais pobre de conhecimentos, que é a verdadeira riqueza que podemos e devemos ajuntar nesta vida (em todas as vidas). Se eu não tivesse ido e vindo eu não seria quem sou hoje.

Agora vou morar na minha primeira casa, na casa que eu comprei com o fruto do meu trabalho, com ajuda de pai e mãe é verdade, mas com esforço meu. É outra fase, novos aprendizados. Mas na minha amada Pelotas, junto com a família e os amigos de toda a vida. Ainda tem muito aprendizado pela frente, mas ainda a muito espaço no meu cofre pra guardar esta riqueza toda. Como diz a Larissa... tô "um pouco velha" é verdade, mas nunca é tarde pra começar.


Nas fotos vista das novas  janelas!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fase de introspecção

Nestes últimos dias o corre-corre não permitiu postagens como eu gostaria de fazer. Foram períodos sem internet, outros sem tempo e outros aproveitando o prazer de estar ao lado de pessoas que amo.  Não vou só reclamar que os dias estão "mais curtos" como se diz a torto e a direito, até porque muito da minha falta de tempo é um pouco de preguiça, desorganização, enfim... 

Mas o lado bom é que períodos introspectivos ajudam no autoconhecimento. Também tem a fase da mudança, mudança interna, mudança externa, mudança de casa. 

Aos poucos as coisas vão entrando nos eixos e tomando seu lugar, mas por enquanto é fase de limpeza, organização e adaptação. 
Pretendo não ficar mais tanto tempo sem mostrar minhas formas por aqui. 


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Paixonite de infância

Hoje quando fui buscar minha sobrinha na escola dois coleguinhas dela começaram a cantar "é o amor" numa alusão a paixonite que ambos tem por ela. Outro diz diz que eles brigaram porque os dois gostam dela. Mas ela não quer saber de nenhum deles. Assistindo a cena acabei, inevitavelmente lembrando de três colegas da segunda série que cantavam o tempo todo na minha volta uma música do extinto grupo Dominó e que traduzia sua sensação de tristeza por eu não corresponder seus sentimentos.
Uma tagarela como eu sempre tinha papo com todos da sala, não precisava que ninguém respondesse, bastava estar do lado escutando meu monólogo incansável. Então eu conversava com os colegas concentrados e com os "terríveis" da sala, no caso dois Leonardos e um Cristiano. É engraçado que eles gostavam de mim e supunham, lá com seus botões, que eu gostavam de algum deles, é claro. Ainda mais que eu sentava numa carteira próxima e conversava com eles.
Um dia antes de sair da sala para o recreio eles vieram os três juntos para saber, afinal de contas de qual deles eu gostava. Nunca fui uma pessoa de enrolar. Digo logo o que sinto ou não sinto, sem enrolação. Naquela época não era diferente.
Um dos Leonardos foi quem disse que queria falar comigo. O Leonardo era meu colega desde a primeira série. O outro Leonardo chegou depois transferido de outra escola e com uma fama de aluno mal comportado. O Cristiano também não tinha lá uma fama das melhores. Apesar de todos terem algum problema de comportamento, o que hoje considero apenas uma enorme energia e um comportamento compatível com o fato de serem crianças, todos tinham boas notas. O colega chegou dizendo de forma incisiva que eu tinha que decidir de qual dos três eu gostava.
Na época acho que não arqueava a sobrancelha, ainda, mas se o fizesse com certeza neste momento ela devia estar nas alturas. Mas nem deu tempo de uma resposta desaforada porque os outros me cercaram dizendo que era verdade e eu tinha que dizer de quem eu gostava, que tinha que decidir. Então eu decidi mui categoricamente e com uma gentileza sem tamanho...
_ Eu não gosto de nenhum dos três e nem temos idade para este tipo de coisa.
Depois desta resposta toda vez que eles se aproximavam era pra cantar "mas ela não gosta de mim/ vive me dizendo não/ nem tem pena do meu coração/Que só vive nessa ilusão". Confesso que ficava bem vaidosa, principalmente porque adorava o grupo Dominó.
Esta lembrança estava quase esquecida, não fossem os coleguinhas da Larissa saírem pela rua cantando pra ela, talvez não fosse lembrar disso tão cedo. Fiquei com vontade de escutar o Dominó.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A formiguinha e o elefante

Quando eu era pequena passei muitas tardes da minha infância na casa do tio Lauro e da tia Marli, com o Laudemir, o Miguel e a Maribel. Pra casa deles eu ia de caçamba quando o tio ia lá em casa me pegar e quando eu queria voltar pra casa cantava Lady Laura do Roberto Carlos, numa versão minha mudando Laura por  Lauro.
Foi numa destas tardes que a tia Marli me contou a história da formiguinha e do elefante.  Não sei se isto é uma fábula safada (uma safábula, diria a Jannah) ou se é realmente uma história de crianças que foi subvertida por adultos maliciosos. Pesquisando no google (óbvio haha) vi que tem uma porção de historinhas sobre a formiguinha e o elefante, demorei e encontrei num blog a versão da tia Marli que diz o seguinte:
Certa vez uma formiguinha precisava atravessar um riacho, mas sozinha corria o risco de afogar-se pois era muito fundo. Então que entra na água um elefante a quem a formiga pede ajuda.
_Ei amigo elefante eu preciso atravessar o riacho, mas sou muito pequena, pode me ajudar?
Logo o paquiderme responde:
_Claro suba nas minhas costas e te dou uma carona.
Ela mais que ligeiro se coloca no lombo do elefante e fica bem firme. Quando chegam do outro lado a formiguinha agradece ao amigo.
_Obrigada amiga, muito obrigada você salvou minha vida!
E o elefante mais que ligeiro retruca:
_Obrigado nada, pode baixando as calcinhas!

Não é uma história muito própria pra crianças eu acho. Mas na época que ouvi pela primeira vez se quer podia dar qualquer conotação maliciosa. Devo ter levado pelo menos uns 15 anos pra entender a história.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lua cheia é poesia!


"Pra poesia,
em noite escura, 
basta luz do poste 
refletindo em poça d'água." Nilza Menezes
Ou a lua cheia refletida numa janela da vizinhança! ;)

"Cada onda
reflete na areia
a nova lua cheia" Alice Ruiz

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

"Deixe-me nascer"

Minha prima Graziele e eu sempre estamos conversando e trocando ideias sobre os mais variados temas. Geralmente quando falamos sobre um assunto surgem inúmeras coisas relacionadas a ele ou outras pessoas vem falar sobre a mesma coisa. Isto aconteceu quando conversamos sobre o aborto e todas os debates que vinham ocorrendo seguidamente por conta do tal "estatuto do nascituro".
No dia que comentamos o assunto fui comprar um livro de aniversário pro meu pai e encontrei um livro psicografado pelo espírito Luiz Sérgio chamado Deixe-me viver. Comprei o livro porque na contracapa o resumo era mais ou menos o que eu penso a respeito da escolha pela maternidade. Mas ao começar a ler o livro não consegui encontrar aquela linha de raciocínio presente no resumo. Ainda não conclui a leitura, mas estou quase lá. Confesso que achei o texto do Luiz Sérgio muito rebuscado e não gostei muito.
Complementando as questões do aborto encontro no youtube o belíssimo filme d'Os Espíritos. Um filme lindo que destaca o livre arbítrio, causa e consequência, o que é Deus, a importância das relações familiares e de amizades e trata a questão do aborto com delicadeza, verdade e de forma direta. Para os espíritas a evolução e o aprendizado só se dá através das reencarnações, como bem disse a personagem de Nelson Xavier, Dr. Levi "tudo passa pelas portas da maternidade".

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Nos nossos caminhos

Eu cumprimento  tanta gente no caminho que faço de casa até o trabalho que quando não encontro alguma delas sinto meu dia incompleto. São pessoas que não conheço, gente comum que tá indo para o trabalho também, ou outras que vem, outras tantas que estão no seu trabalho, já desempenhando seus afazeres. Sempre tive o costume de começar a cumprimentar as pessoas que vejo duas ou três vezes no mesmo caminho.
Com estes frios grandes que tem feito não tenho encontrado um senhor que se exercita em frente ao prédio onde mora. Não sei o nome dele, mas posso dizer com toda a certeza de que, das primeiras vezes que o vi até agora seu caminhar esta mais firme.  Sua idade pra mim é uma grande incógnita, mas sei que ele se recupera de algum tipo de doença que sofreu, um avc ou talvez um infarto (não sei). Das primeiras vezes que eu o encontrei na vinda pro trabalho ele seu caminhar era cambaleante e inseguro, precisava agarrar-se na grade, como uma criança que está iniciando a caminhar, sob o olhar vigilante da esposa. Agora, meses depois, com muita persistência ele já anda com mais firmeza, sem segurar-se na grade, usando como apoio uma bengala.
Uns dias atrás ele perguntou se eu tinha percebido a sua melhora. E arrematou dizendo que quando estiver caminhando como eu ficará feliz. Não duvido nadinha que logo-logo chegará este dia.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

"Tenho sede"

Vou sentir saudade do xodó que a sanfona do Dominguinhos fazia aos meus ouvidos.  Sou o tipo de pessoa que vê coisas sempre com um viés muito meu. Por exemplo, o livro "O pequeno príncipe" na minha visão tem vários toques que se afinam a doutrina espírita. As músicas do Dominguinhos pra mim são românticas demais. Curto o balanço gostoso da sanfona dele. Daqui um tempo, com certeza ela estará tocando em dueto com o Gonzagão. Que Dominguinhos tenha muita luz!

"Tenho Sede (Dominguinhos)
Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem o teu olhar

A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede o teu amor
Se não me deres posso até morrer"

Foto google imagens.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

De amor e do que eu não sei dele

Embora algumas pessoas busquem conselhos amorosos e sobre relacionamentos comigo (e eu não entendo direito porque, afinal não tenho relacionamentos, quanto mais que possam servir de exemplo) tenho claro que não entendo muito, pra não dizer nada, destas coisas. Apenas analiso as pessoas em questão e dou minha opinião pessoal e sincera (por isso se alguma vez te dei conselhos e te sentisse magoada, desculpe, não foi a intenção). Meu relacionamento mais longo foi de um ano e onze meses, mas estávamos há quilômetros de distância nos vendo a cada quatro meses. Depois disso outros encontros vieram, mas nada muito longo, com detalhe que os mais longos sempre foram a certa distância.

Percebi, aconselhando e analisando amig@s e, principalmente a mim mesma, que geralmente tanto quanto o outro nós, que dizemos estar com tudo claro em nossa mente, na verdade estamos tão perdidos ou mais que o outro. Compreendi que quando alguém começa um relacionamento dizendo que não quer nada sério é melhor deixarmos para lá, porque geralmente quando concordamos que também não queremos "nada sério" acabamos nos apaixonando e querendo o que antes não queríamos. E algumas vezes culpamos o outro, embora ele tenha sido claro desde o primeiro momento.
 Entendi que quando não abrimos um espaço para conhecer o outro e deixá-lo entrar na nossa vida (veja bem, deixar entrar e não TORNAR-SE A NOSSA VIDA) acabamos atraindo para perto da gente pessoas confusas, enroladas em outros relacionamentos ou que não tem interesse em ter um. Por isso eles vem e somem com a mesma rapidez e facilidade. E a gente muitas vezes sofre um monte sem entender afinal o que fizemos de errado.

Na minha opinião o primeiro erro é tentar enganar a si mesmo. Quer namorar? Então admita pra si mesma primeiro que o quer. O auto engano é muito ruim. Namorar é muito bom! Por que envergonhar-se de querer algo bom? Além disso, quando temos claro e admitimos isto não caímos na cilada do "não quero nada sério, gata". Porque muitas vezes a gente quer, mas não quer perder a chance de ter um tempinho com o cara e acreditamos que talvez ele possa mudar de ideia, daí nos envolvemos e nos apaixonamos. E sofremos quando ele vai embora ou some.

Outra coisa que fazemos com facilidade é nos iludirmos. Muitas vezes não conhecemos as pessoas, mas damos asas a imaginação acreditando que elas são como na nossa mente. Só a convivência nos faz conhecer alguém de verdade. Então, quando encontrar alguém interessante, não imagine, converse para saber como ele realmente é.

Também não sei direito como se abre um espaço para outro na nossa rotina, não sei bem como fazer isto, admito. Mas creio que levar e deixar as coisas acontecerem devagar é um bom começo. Eu sei que quando se é arrebatado pela paixão existe (não sei porque) uma urgência que as coisas aconteçam logo, rápido, já. Não sei explicar porque, mas acho que a ansiedade não é legal e atrapalha bastante.

Não existe manual de instrução nem receita que te ajude a fazer as coisas bem certinhas para no final dar certo (e o que é dar certo?), aliás eu não gosto muito de algumas colunas que trazem textos como se a pessoa fosse grande expert no assunto. O que serve pra mim nem sempre servirá para os outros. Aliás, na maioria das vezes não vai servir mesmo. E este relato serve principalmente para que eu compreenda meus erros mais comuns, todos relatados acima, e o entendimento de por onde posso começar a mudar. Acredito que qualquer tempo, ou todo tempo que tu tens de relacionamento é bom, deu certo. Afinal de contas o que é dar certo? Casar, ter filhos, ficar juntos até ficarmos velhinhos? Mas e os bons momentos que se viveu, os lugares que conhecemos, as conversas que tivemos, a amizade que construímos não serve para ser guardada como lembrança de um relacionamento que terminou, mas que deu certo porque fomos felizes?

Parece uma utopia, eu sei. Uma viagem na maionese. E eu alertei que não sei muito do amor. Então... me perdoem. Porque pra mim o relacionamento só não dá certo quando deixamos a mágoa e o rancor destruir os momentos felizes e alegres que tivemos. Sim, quando gostamos e levamos o fora sofremos, ficamos tristes e magoadas. Com o passar do tempo (o senhor da razão) percebemos que pode ter sido melhor assim. Recuperamos nossas boas memórias e as velhas mágoas vão parar na lata do lixo. Foi um relacionamento que deu certo, só não teve foram felizes para sempre (e tem muita gente que contesta isto, porque como saber o que significa ser feliz pra sempre?). O relacionamento que não deu certo é aquele em que se fez o contrário, ficamos tão magoadas que jogamos no lixo as boas lembranças e ficamos só com as mágoas, os rancores e a ideia de vingança. Não foi dessa vez, será da próxima. Não guarde a mágoa, lembre do que disse o poetinha Vinícius de Moraes "que não seja imortal, posto que é chama/Mas que seja infinito enquanto dure".

Dizem que a gente não deve desistir, mas dar um tempo na caçada é legal. Aproveitar este tempo para o autoconhecimento é o melhor caminho. De amor não sei nada, só sei que amar faz bem. Foi o que Jesus nos pediu e o que muitos outros (como Gandhi, Madre Tereza, Chico Xavier) mais do que nos dizer, nos mostraram ser o caminho. Vamos amando o exercício leva ao aprendizado.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Super Lua

Em época de super lua, aqui não poderíamos de deixá-la de lado. Estava linda esta lua cheia bem pertinho da terra mostrando toda a sua majestosa beleza. Esta foto foi tirada no sábado dia 22 de junho, era tardinha.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Uma palavrinhas sobre sapatos...

Sapatos são a paixão de muitas mulheres. Mas são também um problema quando apertam e machucam. Quando entra uma pedrinha então... por menor que seja causa um mal estar tremendo. Uma época eu amava comprar sapatos, sempre com salto alto pra "crescer" uns centímetros. Daí passei um período de auto reconhecimento, de aceitação e aposentei os saltos trocando-os  por confortáveis sapatos baixos e macios. Além de passar a comprar só o que realmente preciso. Nesta época e na adolescência apareceu a primeira metáfora sobre sapatos. Minha mãe sempre me falava um verso que dizia "chorava porque não tinha sapatos, até encontrar um homem que não tinha pés". O sapato e o pé apertado vão formando inúmeras metáforas (a partir daí) que traduzem muitas vezes alguns pensamentos meus que, de outra forma não teria como exprimir. Este verso no caso demonstra o quanto a preocupação com o material é supérflua diante de um problema real. Larguei a compulsão pelos sapatos.

O Raulzito, meu ídolo querido traduz para seu pai, através do exemplo do "sapato 36" que não lhe cabe mais, o quanto já cresceu na vida e que tem capacidade de fazer suas próprias escolhas, sabendo o que é melhor para si. Durante muito tempo (e algumas vezes hoje em dia) esta música me representou. Até que me dei conta, assim como Raul que "eu já sou crescidinha, que vou escolher meu sapato e andar do jeito que eu gosto". Larguei o sapato de salto que me apertava, desequilibrava e me piorou o joanete. 

Esta semana uma querida amiga recebeu, de uma amiga sua, umas palavras que a lembraram dela. Palavras estas sobre sapatos. Uma metáfora sobre sapatos e situações da vida em geral. Claro que as palavras cabem bem para os casos de relacionamentos amorosos, mas eu a compreendo de uma maneira mais ampla. Devemos aprender com "os sapatos" que passaram pelos nossos pés. Alguns foram de grande serventia e aprendizado, como o caso das minhas botinhas ortopédicas, que embora não tenham me curado, me ajudaram a caminhar sem cair por algum tempo. Mas deixaram de servir e precisei passá-las adiante. 
Não nego que quando li as palavras da amiga da Gabi pra ela, lembrei de muitas pessoas que acabam calçando o mesmo sapato várias e várias vezes mesmo sabendo que eles não servem mais. E depois disso eu olhei para a minha sapateira interna e revisei quantos pares de sapato eu insisto em guardar e usar mesmo sabendo que causam dores, "bolhas e às vezes até sangram". Larguei o apego e limpei a sapateira doando para quem servir os sapatos que não posso mais usar. 
Aqui as palavrinhas sobre sapatos dedicadas pela Sá (tri intima e nem conheço) para a Gabrielle Colvara. Desculpa o abuso Gabi, mas estas palavrinhas são uma metáfora que me abriu os olhos por isto tô compartilhando. Me serviram com uma luva! ;) 

"Insistir em algo que nunca dá certo é como calçar um sapato que não serve mais, machuca, causa bolhas, às vezes até sangra. Aí você percebe que o melhor é ficar descalço. Deixar totalmente livre o coração enquanto vive. Deixar livre os pés, enquanto cresce. Porque quando a gente vai crescendo, o número muda. E o que você insistia em por, não lhe serve mais. Às vezes na vida, você tem que esquecer o que você quer, para começar a entender o que você realmente merece." 

Ouça a música do Raulzito tá?

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Declaração de amor

É estranho como conseguimos lembrar de coisas que parecem tão distantes com a força e a nitidez daquelas que aconteceram ontem. Muitas vezes as recordações vem aos borbotões sem que, aparentemente, nada as tenham trazida. Noutras vezes observar uma fotografia faz com que surjam toda a atmosfera presente naquele momento vivido. Meu tio ontem me mostrou a fotografia dos meus primos, ambos já vivendo na espiritualidade. Quando o Laudemir partiu, precocemente para nós que aqui ficamos, eu tinha apenas três anos e alguns meses e tenho lembranças muito vívidas dos momentos que passei com ele. Lembro, inclusive de um sonho que tive ao saber que ele tinha morrido afogado numa outra cidade próxima daqui de Pelotas. Intriga-me o fato de eu lembrar destas coisas. Foram muitos momentos felizes e ele sempre me deu muito amor. Observar sua fotografia, o rosto jovem, os cabelos cacheados um pouco grandes e a seriedade do seu olhar dá uma saudade! Vontade de abraçar sabe? Aquele abraço profundo em que a troca de energia, amor e carinho é tão grande que nos sentimos protegidos, aliviados dos cansaços, saudáveis e amados.

Talvez ele já esteja aqui, entre nós. Afinal já se passaram 33 anos... Mas a saudade que tenho não é melancólica, não tem tristeza. É só saudade! Entende? É lembrar daqueles momentos com um sorriso na cara e o pensamento de "ainda bem que vivemos isto" e tem a gratidão de ter tido o prazer de conviver, mesmo que pouco, com alguém capaz de amar a gente só por amar.

E meus tios tiveram força para seguir mesmo com toda a dor, que veio aumentar mais com a partida do Miguel, alguns anos mais tarde. Com este sim convivi muito tempo. Um primo querido que pensava que era meu irmão mais velho e queria mandar em mim. Nunca vou esquecer quando ele disse que não gostava do meu cabelo curto porque eu parecia uma mulher. Das proteções que damos aqueles que amamos... E o mais engraçado que quando ele me disse isto eu já estava com 18 ou 19 anos, trabalhando no escritório e cursando faculdade. Eu já era mulher pra mim, mas acho que nunca cheguei a ser pra ele, pra quem eu continuava criança.
Olhando pra trás percebo que também já faz muito tempo que ele partiu, deixando saudade.

Eu tenho muita sorte porque tenho e tive próximo de mim sempre muitos primos. Amigos primeiros da vida inteira, com quem brincava na infância, com quem briguei muitas vezes, com quem comecei a sair, com quem há cumplicidade e carinho mútuo apesar da distância e de quem sempre sabemos algum secreto ou história engraçada e da qual o primo tem vergonha. Posso dizer, já que hoje é dia dos namorados, que ajudei a formar dois casais que amo muito, a Graciela e o Jeferson e a Camila e o Alessandro. Fui "cupido" destes dois amores lindos que deram dois frutos mais lindos ainda o Nicolas (da Negra e do Jeferson) e o Camilinho (da Camila e do Alessandro).
E é tanta gente de quem falar que tenho medo de esquecer alguém, tanta gente pra quem declarar meu amor. O Nei, a Cris, a Ana, a Maribel e a Grazi, o Preto (de quem eu não sabia o nome até meus sete ou oito anos, agora eu sei é Flávio), o Vinícius, a Nara, a Preta, a Lilica, a Adriane, o Duda, o Andi, a Márcia (que também se foi cedo),  a Fabiana, a Vivi, a Gilda (quanto aprontamos!). Tem todos os filhos do Chicão, tem os primos dos primos com quem a gente acampava todos os verões da infância, tem os filhos dos primos segundos, tem os primos dos irmãos por parte de pai. É minha família é grande, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe. Tem problemas como todas tem, desentendimentos, rusgas, mas tem uma coisa que supera tudo isto e o nome desta coisa é AMOR. É o que une toda esta gente e faz as festas animadas, os encontros em qualquer lugar engraçados (inclusive nos velórios dos familiares queridos). Agradeço muito por ter toda esta gente na minha árvore genealógica, no meu face, no meu orkut, nas redes sociais, nas virtuais e principalmente no coração. Hoje declaro, descaradamente, meu amor aos primos, primas, sobrinhos, irmãos, pais, vó, tios e tias. P'raqueles que estão aqui ao alcance da minha vista e p'aqueles outros que estão na espiritualidade. Amo vocês!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Cabelo?


Esta semana me aconteceu uma coisa que me deixou pensando o quanto nossas palavras podem afetar positiva ou negativamente e o quanto não pensamos em algumas coisas que dizemos. A coisa em si não me afetou, mas me levou a pensar muito quanto a isto. Faço aula de dança há bastante tempo e desde o início sempre tive cabelos curtos. Há décadas deixei o cabelo comprido para trás e os fios curtos me representam perfeitamente. Mas no meio da  dança do ventre ter cabelos longos é uma marca. No ballet precisa cabelos longos para fazer o coque, por exemplo. Quando fiz aulas de jazz e me apresentei com o grupo nossos cabelos também estavam presos. Então, pra mim pareceu natural fazer aula de dança do ventre sem o cabelão.
O que aconteceu foi uma pergunta em sala de aula sobre se quando eu me apresentava o fazia com o cabelo curto ou se usava peruca. Na hora eu me irritei, confesso. Depois fiz uma piada sobre a possibilidade de colocar "outros" pelos na cabeça pra dançar. Mas ao final de tudo pensei na grande quantidade de colegas que utilizam a dança como uma terapia, como forma de trabalhar a auto estima e o quanto uma pessoa que busca isto poderia ficar abalada com a pergunta. Lembrei do meu sobrinho Igor que ficou extremamente abatido e triste com o fato de ter de raspar a cabeça por causa da quimio e quantas mulheres passam pelo mesmo sofrimento. São as famosas perguntas indiscretas que muitas vezes abrem chagas que acreditávamos fechadas.
Do meu lado fez-me buscar pensar melhor nas coisas que vou perguntar para os outros . E eu me apresentei de cabelos curtos e bem gordinha. Fazia parte do meu auto descobrimento, de um período de aceitação da minha essência. Hoje em dia não sinto a necessidade de enfrentar o palco de novo. Nunca tive necessidade de me exibir e na época da apresentação eu precisava, eu buscava mesmo me aceitar tal qual eu sou. Agora já me encontrei. Mas as gurias estão me pressionando um "pouquinho". hahahaha

Foto: Diogo Salaberry

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Frases, livros, autores e personagens que eu amo!

A casa dos espíritos - Isabel Allende

Sou partidária de que o livro é sempre melhor do que o filme, ainda que o diretor tenha feito um bom trabalho em transformar em imagens as palavras do autor. Mas é bem difícil transformar um livro de forma fiel em filme. Dos livros que tenho lido e feito a comparação com o filme o mais próximo do livro foi "O caçador de pipas" e a série "Orgulho e preconceito" da BBC. No entanto, também acho que tem filmes muuuito bons baseados em livros, embora a história tenham diferenças grandes. Então o que eu faço na minha cabeça, deixo claro, desconsidero o fato de ser baseado e trato ambos como histórias individuais. O que acontece com o livro e o filme "A casa dos espíritos" é algo assim.

O filme tem ótimos atores, mas tem erros bem fortes (na minha opinião, claro!). Uma das coisas que achei uma falta foi o cabelo da personagem Rosa não ter sido pintado de verde para ficar tal qual o livro. Na adaptação para o cinema foram suprimidos os filhos gêmeos de Clara e Esteban, o que na minha opinião não foi legal, visto que tanto Jaime como Nicolás foram muito importantes na formação da personalidade e do caráter de Alba. Aliás a adolescência e a juventude de Alba foi esquecida e todas as suas vivências foram retratadas como experiências vividas por sua mãe Blanca. É como se o filme acabasse na metade do livro.

Outra coisa que também achei mal no filme foi o nome da personagem do Antonio Banderas, sendo que ele deveria ser Pedro Terceiro e no filme aparece como segundo, todo o tempo. É provável que isto se dê pelo fato de terem desconsiderado o Pedro García, o velho, que é o primeiro dos Pedros. Também senti muita falta do casarão da esquina e de todo o movimento que este casarão continha com suas sessões espíritas, entra e saí de pessoas acolhidas por Clara e Jaime e todas as maluquices de Nicolás.

Como toda história de vida, a vida dos Trueba é cheia de histórias de outras pessoas que vão se misturando e desenvolvendo paralelamente. Mas elas são tão importantes para a trama como a história individual de cada personagem da família. Um momento crucial na vida de "Las tres Marías" e de seus donos foi um tremendo terremoto que deixou a casa grande da fazenda em ruínas, tal como seu dono Esteban que foi soterrado por ela.  Comparativamente as histórias deveriam ser tratadas de forma independente como se o filme fosse apenas uma ideia longínqua do livro.

Mas falando exclusivamente do livro, a história de Isabel Allende é fantástica! Adoro seu jeito de descrever em detalhes fisionomias, paisagens, locais e situações. Esteban Trueba é uma criatura pavorosa, da qual não gostei, mas até que me compadeci dele no final do livro, coisa que não ficou clara no filme. (Ops, era pra falar só do livro hahaha) Acontece que mesmo sendo um reacionário de primeira, Esteban arrependeu-se de ter ajudado os milicos a derrubarem o candidato comunista. No livro isto aparece bem claro, sendo falado pelo personagem. No filme não.

A Blanca do livro é resignada e aceita de forma passiva algumas situações impostas pelo pai. Rebelde e determinada era Alba, a neta de cabelos verdes de Trueba. Alba detinha em si o melhor de todas as personagens do livro. Um pouco da clarividência da vó Clara, a generosidade, a bondade e a inteligencia de Jaime, a impetuosidade de Nicolás, a beleza de Rosa, a teimosia (ou seria determinação?) de Esteban, a atuação política de Pedro Terceiro. Ela reunia muitas qualidades e por isto tornava-se tão autêntica e apaixonante. No livro pode-se perceber cada detalhe desta personalidade, no filme ela não passa de uma criança alheia as coisas. Sendo que na história original ela é atuante desde os primeiros anos de vida.

Já disse antes, mas não custa nada repetir, Isabel Allende é minha escritora favorita. Acho que um pouco por que faz das suas histórias e experiências pessoas literatura e poesia. Adoro sua forma de escrever, consigo criar o mundo que ela descreve, por mais fantástico que seja, em minha mente. O primeiro romance que li dela foi "Contos de Eva Luna" e de lá pra cá adorei cada um dos seus livros, até o infanto-juvenil "Cidade das feras" está entre meus favoritos.

Fiquei um pouco decepcionada com o filme é verdade. Mas creio que a escolha do elenco para o filme foi boa e os atores encarnaram bem as personagens, pena que o roteiro não tenha sido tão fiel. Talvez tivesse sido melhor dividir a história e ter feito uma série de filme tratando cada geração num filme e desta forma ser mais fiel a história do livro.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Frases, livros, autores e personagens que eu amo!

Costumo dizer, sem medo de errar, que meu autor favorito é Gabriel García Marquéz. Tenho muitos autores de quem gosto, mas o Gabo é o de quem mais gosto. O engraçado é que não gosto nada de ficção científica, mas o realismo fantástico de Gabo me prende. Não acho interessante um cientista maluco que cria bombas, gosmas assassinas ou coisa que o valha. No entanto, fico presa querendo saber da vida da pequena menina que raspava com as unhas o reboco da parede para comer e sua maravilhosa explosão de borboletas.
Na forma de gabo escrever não parece absurdo que um homem fique mais de meio século a espera da morte de seu rival para, assim, poder conquistar finalmente o coração da sua amada. Tampouco soa esquisito que paguem a alguém para sonhar, ainda que alguns sonhos sejam os mais bizarros possíveis. García Márquez é aclamado como autor, mas sua postura política, sua amizade com Fidel Castro e outros homens de grande importância política também são admirados.
Voltando as personagens... as histórias...
Reli há poucos meses O amor nos tempos do cólera. É um livro lindo! E eu, como sou do contra, acabo sempre me apaixonando por Juvenal Urbino. Não gosto da personalidade sombria de Florentino Ariza. Urbino comete seus deslizes, mas o amor que dedica a Fermina na minha visão é mais bonito e puro. Enquanto o de Florentino é uma doença, uma obsessão que me assusta. O amor nos tempos do cólera é dos preferidos no mundo, tendo participação importante num filme protagonizado por John Cusack. Acho o filme muito bonitinho, é uma comédia romântica, que "deixa nas mãos do destino" o reencontro do casal. Ele busca na última página de uma edição de O amor nos tempos do cólera o número do telefone de Sara. Ela espera que uma nota com o número dele chegue até ela. É interessante ver o livro como "personagem".

Mas o personagem de Gabo de que mais gosto e sempre penso é José Arcádio. Pode ser que numa releitura tudo mude, mas sua personalidade me encanta, apesar da casmurrice, do seu fechamento em si mesmo. Torci muito para que não conseguisse se matar quando ficou viúvo. Seus cem anos de solidão, suas investidas pela alquimia e toda a sua família com inúmeros nomes repetidos.Não pude deixar de concordar com a Clara del Valle Trueba (A Casa dos Espíritos, Isabel Allende) quando ela diz que nomes repetidos confundem as memórias nos cadernos de anotar a vida. Gabo não viu problema nisto e foi batizando e rebatizando personagens com os mesmos nomes ou combinando uns com outros formando tantos outros nomes. Aconselho ao leitor de Cem anos de solidão que enquanto lê vá montando a árvore genealógica  dos Buendía, mais no objetivo de não se perder na história.

São tantas personagens, são tantas histórias e até mesmo reportagens que ainda não li! Tenho muito o que ler do meu amado Gabo, depois de reler Cem anos de solidão faço uma resenha e lhes conto se sigo amando José Arcádio. E preciso ler, pelo menos mais três livros do Gabo que comprei e não consegui ler.
Vou contanto aqui o que me encanta neste escritor. Até breve!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O luto ao invés de despedida pensemos num "até breve"

O luto mais antigo na família da minha mãe que tenho na minha memória é do meu priminho Marcio que faleceu praticamente bebê. Eu devia ter uns cinco, seis anos, talvez quatro, não lembro bem. Mas lembro com nitidez dos dias anteriores a morte dele e a comoção de toda a família por aquela perda prematura.
Numas noites antes da partida dele estávamos na casa da tia Ieda, mãe dele, e ele já estava meio ruinzinho. No colo da irmã mais velha, Adriane, a tia Semita o examinou dizendo que ele estava com caxumba. Os mais velhos riram do diagnóstico dela. Eu era criança não sabia do que se tratava, mas pelo tom grave e apavorado da voz da minha tia imaginei tratar-se de doença séria.
Na minha cabeça, na minha lembrança confusa, no outro dia a tia Ieda o levou para o hospital e algumas horas depois ele morreu. São lembranças muito vivas da tristeza da minha tia quando desceu do carro trazendo a notícia de que o Márcio tinha ido embora. Lembro de estar na cozinha da casa da vó Mália vendo todos os adultos e até as crianças chorando e eu sofrendo duramente, sentindo-me uma insensível por não conseguir chorar. Encolhi-me debaixo de uma mesa e fiquei ali, escutando a "falaiada" de todos, escutando seus choros e lamentos. Então minha mãe me puxou e começou a conversar comigo e recordo que contei que não conseguia chorar pelo Márcio, mas que queria, que me sentia culpada por não chorar. Ela me acalmou e disse que eu não ficasse me recriminando, que ele entendia. Foi neste momento que chorei. Ele era tão pequenininho, tão bebê e conseguia compreender e sentir claramente o amor que cada um de nós dedicava a ele.
A partida da minha tia avó Edith e depois da minha bisa Elmiria foi bem difícil também. Nesta época eu era um pouco maior. Como minha tia já estava doente há algum tempo e minha bisa faleceu com 96 anos o choque da partida parece ser mais ameno. Mas a dor é grande da mesma forma, apenas a forma de racionalizar a perda é que muda, afinal elas haviam estado bastante tempo conosco.
Baque grande foi quando minha prima Márcia foi embora. Ela tinha diabetes desde criança e foi embora moça com pouco mais de 15 anos. Outra vez ia s'embora  alguém que tinha muito tempo pela frente. Que amávamos tanto e que, pra nós tinha muito o que viver. Estudando a Doutrina Espírita vamos percebendo que estas situações são necessárias para o nosso aprendizado e crescimento enquanto espíritos. Mas na nossa carne, na pele de uma mãe a partida de um filho é coisa muito difícil de compreender e não há argumentos que façam mudar a forma como se esta sentindo naquele momento.
Na família do meu pai o luto mais antigo e mais duradouro foi a morte do meu primo Laudemir. Ele morreu com 17, 18 anos num retiro espiritual na época do carnaval. Eu tinha 3 anos na época e tinha uma ligação muito forte com ele que adorava crianças. Ele se afogou para salvar uma outra pessoa, mas ninguém teve coragem de socorre-lo já que o pastor havia dito que "se Deus quisesse ele se salvaria". Minha lembrança é bem nítida a este respeito, mesmo sendo tão pequena. Lembro do meu pai indo com meu tio buscar o corpo dele. E lembro até de um sonho com o lugar aonde eu via o corpo dele sem vida próximo ao arroio onde ele se afogou. Tenho certeza de que o sonho é fruto da minha imaginação a partir das coisas que eu escutava os adultos comentando. Minha tia Marli ficou muitos e muitos anos com aquela dor lancinante no peito. Sentindo culpa por crer que poderia ter evitado tudo aquilo, sofrendo com a saudade, sofrendo pelo que não poderia ver do futuro dele que foi embora tão brusca e prematuramente. Todos nós olhávamos a dor dela e pensávamos que ela não iria nunca se recuperar. Anos depois seu outro filho morreu num acidente. O baque foi ainda maior e nossa impressão era que agora sim, não teria como sair daquela profunda tristeza.
Mas o tempo, aquele senhor sábio que sempre ajuda a nossa caminhada evolutiva, foi ajudando a tia Marli. Ela começou a fazer roupinhas de bebê para dar a pessoas conhecidas ou não como forma de homenagear seu filho mais velho que partiu cedo e tanto gostava de crianças. Foi estudar a Doutrina para melhor compreender-se. A dor, a saudade, não passam nunca, diz ela e meu tio, mas a gente aprende a conviver.
Vendo o sofrimento da minha irmã, toda a dor e a revolta que ela sente agora, penso no tempo. Penso que tudo tomará seu lugar, que a compreensão virá. Rogo que venha. É claro que não tem como estimar quanto tempo. No momento é auxilia-la o quanto possível com sua dor.
O luto é um momento difícil pelo qual todos passamos de alguma forma. Na minha visão é sim, como uma viagem, como se o outro estivesse num outro país e um dia nos encontraremos. No momento da partida choramos, afinal quantos de nós não nos despedimos nas rodoviárias, aeroportos e portos com lágrimas nos olhos antevendo a saudade que vamos sentir da família e dos amigos? Mas a certeza de que nos reencontraremos nos conforta. Não digamos "adeus", vamos dizer "até breve"!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Saravá Clara Nunes!

Não lembro se lembro o passamento da Clara Nunes pois devia ter de cinco pra seis anos quando ela desencarnou. Mas sei que das primeiras músicas que cantarolei na vida foi "Morena de Angola", junto com "Lady Laura" do Roberto Carlos.Gosto de muitos estilos de música, assumo-me brega, mas meu coração e minha alma são do samba e quem me levou por aí, além de minhas raízes foi a voz desta mulher. Clara Nunes é, sem dúvida, a voz feminina que mais gosto. E gosto desde que me conheço por gente! Hoje faz 30 anos de sua morte e minha homenagem a ele é ouvir e cantar o bom samba. Sempre que escuto Clara Nunes minha alma é invadida por sua claridade. Saravá Clara!


quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia da poesia!


Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!

Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.

São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.

São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.

São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.

Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.

E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares

Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.

Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.
Manuel Bandeira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Frases, livros, autores e personagens que eu amo!


Não foi inadvertidamente que li primeiro "Quincas Borba". Sim, o próprio Machado de Assis no início do romance destaca a importância de primeiro conhecer as "Memórias póstumas de Brás Cubas". Talvez por ter contrariado Machado (este meu tão querido autor) que a frase mais marcante do livro, a qual guardo encrustada na memória seja "ao vencedor as batatas". Não é nada poético como "os olhos de ressaca de Capitu". Nem tão jocoso, diria o próprio Machado, como "bonita porém coxa".
Estou lendo "Memórias..." e forço a minha própria memória para lembrar da história de Quincas Borba. E não consigo lembrar de nada, além da dita frase. Após passado o primeiro instante de sandice nos primeiros capítulos do livro a leitura esta fluindo. E vira e mexe a frase do Quincas me vem a lembrança.
Quando pensei em fazer este post, esta frase foi a primeira que veio a minha cabeça. Claro, que existem várias outras frases, românticas, bonitas e com um conteúdo bem mais significativo do que esta, mas... apesar de sermos racionais nem sempre a razão explica o porquê de gostarmos de certas coisas e não de outros. Lembro de um professor na faculdade que disse que com Machado de Assis se aprendia muita coisa velha em resposta a minha esfuziante máxima de que adorava o autor por sempre aprender coisas novas. É possível que a razão não explique o que eu considero novo e ele velho. Também não importa, visto que continuei lendo muito Machado de Assis.
O que mais amo na escrita de Machado é o uso da ironia. Na adolescência a gente acha que Machado de Assis é chato, mas não é. Ele tem um humor fantástico e o uso da ironia como argumento da escrita faz com que consigamos compreender, por exemplo o motivo que levou Capitu a trair Bentinho. Se é que isto aconteceu, claro. E vem a dúvida, outra presença constante nos romances machadianos.
Não sou uma grande conhecedora de Machado de Assis, confesso. O primeiro livro dele que li foi "Helena", ainda no primário e acho que devo ler novamente. Foi o primeiro romance que li na vida. Depois li "O alienista", "Dom Casmurro", "Quincas Borba", alguns contos e poemas. Não posso dizer que é o meu autor favorito e mais amado, mas tem um lugar especial pelo seu realismo. Ainda que suas estórias se passem no século retrasado a proximidade das personagens com as pessoas "reais" é muito forte. Quem já não teve a reação ou não exclamou uma frase, mesmo que mental, como a que descreve Marina ("bonita porém coxa")?
Muito da obra de Machado conheci pela televisão através de novelas e séries baseadas nos seus romances, tal como "Iaiá Garcia" e "Uns braços". Mas sou daquelas que acha a história do livro é a verdadeira. E convenhamos que nem sempre os filmes são fiéis a obra literária. Seguirei contando pra vocês a respeito dos meus livros, personagens e frases favoritas. Comecei por um autor que respeito muito!

Fotos: google

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A vida voltando a seu curso

É estranho quando alguém parte a sensação que fica com a gente. Mesmo quando a pessoa não desencarna as coisas mudam muito. O nosso encontro com aquela pessoa não vai ser mais tão frequente quanto antes. Talvez nem o contato. O que sentimos é aquele vazio, aquela falta de ver o rosto familiar num encontro casual.
Lembro das minhas perdas na família de forma bem clara. A primeira de que me dou conta é a da minha tia avó Edite, que era doente e a qual sempre via em sua cadeira de rodas na sala da casa da vó Mália sendo cuidada pela vó Mila. Quando a Edite faleceu era muito estranho chegar na vó e não encontrar aquela cadeira na sala! Eu devia ter uns nove anos. Não chorava a perda, mas sentia muita falta. Não compreendia direito pra onde ela tinha ido, nem porque.
Em seguida perdemos a minha bisa. Minha mãe sofreu muito esta perda e lembro dela comentando que pra ela não fazia sentido o sol brilhar e a vida seguir sem a vó Mila ali junto de nós. Eu lembro da noite que meu pai me contou que a vó Elmiria tinha morrido. Ele recém tinha recebido a notícia por telefone. A falta da minha bisa era sentida desde a esquina da casa da vó Mália de onde a avistávamos escorada no muro nos esperando todas as tardes. Para compreender isto leva tempo! Na verdade para conseguir não enxergar a vó Mila ali, na frente da casa, com o braço apoiado no muro levou tempo. E não fosse a casa não estar mais lá, tal como era, é bem possível que ao entrar na rua eu a avistasse. Porque meus olhos sentem saudade de ver aquela imagem.
Como espírita eu sei que elas estão bem, talvez até já no nosso convício novamente. Mas a saudade fica e as lembranças permanecem sempre. Sem contar que cada um encara esta ausência de forma diferente.
Atualmente sentimos, e posso dizer que toda a família sente de forma unanime,as faltas do tio Zé e do Igor. É como um sonho. É como se a qualquer momento fossemos encontrar um deles, como se eles fossem chegar a qualquer instante. Ainda que eu saiba que bons espíritos os amparam, e eu peço isso todos os dias, se bobear a cada vez que lembro deles, a saudade é constante. E saber lidar com esta ausência talvez seja o mais difícil na tentativa de fazer com que a vida corra normalmente. Porque não dá para simplesmente apagar aquelas pessoas que amamos tanto e que já fizeram a viagem. E também não dá para impedir que o sol brilhe e que a vida siga. É um momento de readaptação. E a vida é readaptação constante.
Agora mesmo enquanto escrevo não consigo impedir que uma lágrima caia. Não consigo ignorar a ideia de que sofrer os fará sofrer também. E não conseguir racionalizar isto sempre, deixando escapar a lágrima ou um suspiro de saudade é me sentir viva e me sentir gente. É sentir a contradição de querer aquelas pessoas bem e felizes e, ao mesmo tempo, querê-las comigo.
O melhor nestes casos, como para tantos outros, é o tempo. É o remédio que atenua a dor. É o senhor sábio que nos aconselha. E é através dele, no "correr" dele, que a vida vai voltando a seu curso.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A fé que cura e a fé que mata


Sou uma pessoa de fé. Acredito em Deus. Sou espírita, frequento o centro, tomo passe, oro e faço o evangelho no lar. Tenho uma infinidade de defeitos. Mas tento guiar minhas atitudes dentro dos ensinamentos de Jesus Cristo, que foi um homem como nós, em carne, só que muito mais evoluído espiritualmente que qualquer outro ser encarnado e muito mais do que qualquer cristão poderia descrever. Principalmente certos cristãos que creem estar acima do bem e do mal.

Tenho plena consciência de que a fé ajuda na cura de doenças. Inclusive há estudos sobre a relação cura e fé. Mas compreendam bem, não sejam tolos ou arrogantes de imaginar que serão curados sem fazer um tratamento físico. A fé auxilia na cura, porque parte do tratamento é espiritual. O corpo tem que ser tratado com o medicamento, com a cirurgia, com o soro, com a injeção, com o curativo. Conheço pessoas religiosas que tiveram doenças graves que se curaram bem mais rapidamente da sua enfermidade por crer em algo maior. Seja lá o nome que se queira dar. Enquanto outras fizeram o tratamento, curaram-se com um pouco mais de vagar por não ter uma fé. E conheço pessoas que estão morrendo em sofrimentos medonhos por serem orientados a não tratarem seu físico e ficarem apenas com a fé.

Sei que alguns vão dizer, são fanáticos que morram estão escolhendo isto, nada mais natural. Mas tenhamos compaixão, empatia. Alguém que recebe o diagnostico de um câncer maligno (ainda que hoje existam tratamentos eficientes) ou um exame de HIV em que descobre ser portador do vírus sente-se como se houvesse recebido uma sentença de morte. No primeiro momento se sentirão abandonados, revoltados, perdidos. Irão buscar além do tratamento médico tudo e qualquer tipo de cura alternativa que lhe oferecerem. É muito difícil manter o equilíbrio sabendo a barra que tem de enfrentar no tratamento de tais doenças. Então as pessoas vão buscar na igreja, na umbanda, na benzedeira um conforto pra sua alma. Não podemos julgá-las. Elas estão sofrendo. Estão desesperadas.

Mas o padre, o pai de santo, a benzedeira, o rabino, o pastor tem que saber que tem grande responsabilidade junto daquela pessoa. Suas palavras serão regras, serão ordens praquele ser que busca sarar seus males. E eles devem ser responsabilizados criminalmente, se preciso for, ao orientarem alguém a largar o tratamento médico. Mandar alguém não fazer um tratamento é assassinato, porque aquela pessoa não quer morrer, ela esta buscando algo que a conforte e ajude em momento tão difícil.
Pastores que orientam seus fiéis a não se tratarem devem responder criminalmente. Pois não é assim que o médico responde por um erro ou por negar atendimento?

Estou vivendo a perda do meu sobrinho de 24 anos, com toda a vida pela frente. Ele foi diagnosticado com um sarcoma maligno no braço esquerdo e foi orientado por seis médicos a amputar o braço, pois desta forma tinha 79% de chance de cura. Ele morreu esperando um milagre que lhe venderam. Eu digo que ele foi assassinado, pois o pastor, mentor espiritual dele disse que ele não deveria fazer a cirurgia, que os médicos queriam mutilá-lo. Aliás, esta criatura que se diz servo de Deus, disse em alto e bom tom que (vejam se não é caso de polícia) “mesmo que Deus lhe dissesse que o Igor deveria fazer a cirurgia ele não diria”. Foram as palavras dele, dentro de uma sala cheia de testemunhas. E o Igor me disse que se Deus o orientasse a fazer a cirurgia ele faria. Mas não adiantou dizer que era o que Ele queria. Não adiantou que outras várias pessoas que o amavam lhe dissessem. Ele precisava ouvir da boca do pastor, que se negou a dizer mesmo quando a mãe do Igor implorou que ele dissesse.

Este pastor de meia pataca agiu da maneira mais vil e cruel, de maneira que pessoas de bem nem conseguem imaginar tamanha crueldade e mesquinhez. Ele via o guri com dores horríveis e dizia que ele não devia tomar os remédios pra não se “viciar”. Fez com que meu sobrinho passasse vários meses com dores terríveis, agüentando no osso do peito as dores lancinantes, que ele corajosamente chamava “desconforto”. Mesmo nos últimos dias, já com metástase nos pulmões e em outros órgãos o Igor tinha medo de tomar morfina e enfraquecer o coração ou se viciar. Porque ele esperava o milagre que o pastor lhe prometera. A cura, a reconstituição do braço e suas carnes necrosadas. O milagre para o qual se preparara batizando-se, deixando de sair com os amigos de sua idade, indo de casa para a igreja e da igreja pra casa sem um divertimento. E quando ele se deixava levar pelo espírito juvenil e ia a um baile os seguidores do tal pastor e o próprio diziam que ele estava se desviando. Levando-o a crer que não recebera o milagre ainda por sua conduta. Como se Deus fosse um tirano torturador, que só julga e cobra.  O pastor falava ao Igor que ele não podia ficar deitado, que tinha que se forçar e caminhar, mesmo que o corpo não tivesse forças pra isto. Mesmo que se esvaísse o pouco de vitalidade que lhe restava. O pastor deu contra sempre! Foi contra todas as indicações médicas, chegando ao ponto de dizer, quando um dos médicos sugeriu tratamento psicológico, que “psicólogo é pra louco!”.

E nós, que tanto brigamos, argumentamos, amamos o Igor pedindo que ele fizesse a cirurgia não tivemos o crédito que o pastor assassino teve. E assim como este homem teve coragem de orientar um jovem do seu próprio sangue, a não tratar sua enfermidade grave, ele deve orientar outras pessoas com doenças tão graves quanto a dele, sempre pedindo dízimo, sempre estendendo a mão para pegar o dinheiro daquele que nele crê. Sem dar ao próximo um pingo de compaixão. Este sujeito é tão cara de pau que cobra até para fazer uma oração. Vejam se é coisa de quem diz seguir os mandamentos de Jesus? Ninguém precisa acreditar em Deus ou em Jesus para enxergar a desumanidade e a crueldade que é usar algo em que uma pessoa acredita e a que ela se agarrou como tábua de salvação para tirar dinheiro dela.

Não tenho a intenção de abalar a fé ou a crença de ninguém. Como disse no início do texto eu tenho fé, creio em Deus e não quero que ninguém deixe de crer. Minha intenção e a da minha família, principalmente da minha irmã, mãe do Igor, é alertar outras pessoas para que não caiam em ciladas da fé. Creiam, mas não se ceguem! O guia espiritual, seja da religião que for, é um homem igual a gente com as mesmas possíveis qualidades e os possíveis defeitos. Não há perfeição aqui. Pratiquem sua fé, mas respeitem os outros. As pessoas que freqüentam as igrejas e templos não podem ser taxadas de pessoas ruins porque há dirigentes que são mau caráter. Os seguidores de uma crença estão ali pelo que crêem, estão em busca de uma comunhão com Deus, errados são aqueles que usam disto para obter lucro. Dizem estes senhores que seguem Jesus, mas vendem seus fiéis tal qual fez Judas, dando inclusive o beijo da traição na face.

A história pode ser ainda mais triste e macabra. Mas por enquanto vou parando por aqui. Espero que este pastor assassino, porque ele cometeu um assassinato sim orientando meu sobrinho a não tratar-se, tenha consciência e que sua consciência doa e o faça pensar no erro tremendo que o cometeu.

Sei que o Igor está sendo auxiliado no astral, que recebe, embora não acredite, o auxilio que precisa da espiritualidade. Peço a todos que orem pedindo luz pra ele. Pedindo força pros pais dele e pra toda a família. Solicito que compartilhem, comentem, alertem as pessoas de suas relações quanto a esta história. Ela é real embora pareça um romance. É a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Saudade

Depois de tanto tempo de luta e sofrimento o descanso. Sabemos, pelo menos eu, espírita que sou, creio que é só um até logo. Fica a saudade. E fica a dor de uma mãe que chora inconsolável. Não há palavras de consolação, não há o que dizer.
Não me atrevo a dizer qualquer coisa. Minha dor e minha saudade não são nada perto do sofrimento da minha irmã. Mas sei, que posso, em nome dela e de toda a família agradecer aos médicos (Franco, Marcio Costa, Chiara, Gustavo Zerwes, Ricardo Haack), aos enfermeiros da Santa Casa de Misericórdia e a equipe do pronto atendimento da Unimed, que fizeram todo o possível para auxiliá-lo.
Agradecemos também a todos os amigos que sempre que puderam acompanharam a luta do Igor (mesmo discordando da escolha feita por ele), que ajudaram com doações de sangue, com palavras de força e com o ombro amigo para todos nós.
Não tenho nenhuma dúvida que ele foi um grande amigo, bom de coração e extremamente querido. A presença de tantas pessoas no seu funeral são a prova do quanto era amado. Só alguém bom e cativante tem esse retorno. É como uma frase que diz que devemos viver a vida para ao partirmos que sejamos aquela pessoa que os outros irão lamentar não poder mais conviver e não aquele que as pessoas irão alegrar-se por ter partido. O Igor, não era perfeito é verdade, mas é a pessoa que todos lamentaram a partida.
Que Deus através dos bons espíritos iluminem o Igor nesta sua nova jornada! E que nossos amigos de luz ajudem a consolar minha irmã.Faço mais um pedido, que todos rezem pelo Igor para que tenha luz e paz e pelos seus pais, para que tenham muita força e resignação.
A todos vocês amigos queridos meu sincero agradecimento!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ausências

Há dias estou para vir aqui escrever.Pra manter o prazo que dei a mim mesma de uma postagem (pelo menos) por semana. Há meses estou pra escrever um e-mail pra minha querida amiga Camila, que está em alto mar e não tenho tido tempo, falta ânimo e às vezes...  novidades. Não é o fato de elas, as novidades,  não são tão boas quanto eu gostaria. Mas é o pensamento meio que fixo nas pessoas e na situação que estamos todos enfrentando, uns mais ativamente, outros apenas olhando mais de longe.
O lado positivo, e sim, situações ruins também tem lado positivo, é ver a união e o amor que temos uns pelos outros. Mesmo que a gente brigue, não concorde com as ideias uns dos outros estamos unidos. Ainda que a situação seja tão pesada e alguém, em muitos ou num momento específico não tem coragem pra segurar a barra, ainda assim estamos juntos. Eu não seguro a barra bem na ponta, minha força pode ser limitada, mas auxiliar quem está com a mão na massa fazendo o maior esforço já é alguma coisa.
Vou me empenhar ainda mais, com mais afinco e disciplina para escrever aqui, um dia eu sei que conseguirei isto. Por hora, realmente a situação está me deixando meio sem palavras. Mas logo logo volto a contar as histórias que tanto gosto de compartilhar.