O João Pedro e eu sempre conversamos no carro quando estamos indo pra casa ou vindo para a escola. Geralmente são coisas triviais, desenhos, super-heróis, sobre coisas do dia-a-dia. Hoje nossa conversa surgiu do nada e me pegou bem de surpresa, assim:
JP: _ Leli, tu te lembra do bebezinho que tava na tua barriga?
Eu: _ Lembro, porque?
JP: _ Te lembra que nós jogamos almofadas em ti e pegou no bebezinho?
Eu: _ Sim.
JP: _ Doeu?
Eu: _ Um pouquinho.
JP: _Ele chorou?
Eu: _ Não.
JP: _ Quando que tu vai poder ter outro bebezinho na tua barriga? Eu quero outro irmão e tem que ser um menino, tá bom?
Ele me fez lembrar da situação que eu estava adiando. Sim, deixei quieto, botei na pilha do analisar mais adiante, tipo lá por dezembro, que é quando acaba o período no qual eu deveria evitar engravidar. Desta data em diante posso voltar a tentar, lá na faculdade, onde me atenderam após a curetagem, na revisão, já passaram data pra marcar retorno, caso decida tentar nova gestação. Uma decisão muito simples pro João, que já fez a escolha de mais um irmão (na verdade primo) e tem que ser menino. Tá tudo certo, é só decidir e já é. Pra mim é um pouco mais complexo, mas vamos esperar o tempo. Quando chegar dezembro...
Até porque depois de tudo ainda não fui consultar a minha médica ginecologista, nem voltei no meu clínico geral para dar satisfação de tudo que aconteceu. Parece fuga, talvez seja!
Mas sei que está tudo bem, me recuperei bem, voltei a andar de bicicleta semana passada (quando não chove né?) estou fazendo uma dieta light (já emagreci 2,5 quilos), estou muito feliz e pretendo emagrecer mais um pouquinho, mas sem neurose! Tô levando tudo numa boa, com calma. Como diz minha sobrinha Amanda, é vida que segue!
Claro que fiquei matutando! Assim como fico quando alguém conta que tá grávida, e isto tem acontecido muito ultimamente. Eu fico feliz porque adoro criança e porque entendo que neste período de transformação espiritual do nosso planeta (papo pra outro post) precisamos de muitos espíritos, de gente que vem pra nos ajudar nesta mudança. Nestes últimos dois meses fiquei sabendo de pelo menos umas 10 grávidas. Acho lindo, me emociono e também penso em como estaria minha barriga e meu bebê se a gestação tivesse seguido. Enfim, vamos adiante, todo tempo é necessário para a maturidade e o aprendizado!
Contos de todo o tipo, historinhas da vida real, crônicas do cotidiano, contos, sonhos e desejos, todos mudando conforme as fases da lua.
terça-feira, 17 de outubro de 2017
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Religião não se discute?
Sempre ouvimos dizer que religião não se discute. Concordo, porque é direito de cada indivíduo ter ou não uma crença e é obrigação de todos nós respeitar essa escolha e é um dever do estado, assegurado pela Constituição que esta liberdade de escolha seja garantida. E o que sempre vimos sobre religião nas escolas? Não foi uma aula que fala da história, dos dogmas e de como se professa cada culto. Enfim, muita coisa não se dizia e talvez volte a não dizer com esta aprovação do STF de que as escolas voltem a ministrar aulas de ensino religioso confessional (que diabo é isso???) sendo que o professor da disciplina poderá optar por falar apenas de uma única religião. Isto além de ser perigoso, desrespeitoso com os seguidores de religiões que não serão contempladas é inconstitucional. Estamos berrando isso, mas não estamos sendo ouvidos.
O que leva algumas pessoas ao medo, principalmente porque as disciplinas que dariam suporte para que as crianças pensassem de forma mais ampla e pudessem até discutir sobre as religiões e daí, quem sabe, escolher alguma para professar, foram, ao mesmo tempo, retiradas do currículo escolar.
Eu não fui catequizada na escola, não porque havia como contrapor a professora de religião, porque não tinha. Mas porque fazer minha cabeça tão bem feita pela minha mãe não é nada fácil. Além do que sou teimosa e tenho um determinado comportamento do contra quando querem me impor alguma coisa. Nem todo mundo é assim.
Pensem bem, quando eu entrei para o colégio, lá na década de 80, na escola municipal não tínhamos aula de música, nem filosofia e nem sociologia nos primeiros anos, mas sempre teve aula de religião, que pra mim parecia uma catequese (embora não tenha feito catequese) porque não falava sobre as várias religiões existentes no mundo e muito menos se dizia que podíamos escolher a que mais se aproximasse do nosso coração e verdade.
Confesso que tentei fazer a primeira comunhão, todo mundo fazia, era praxe. Então um sábado de manhã cedinho fui até a escola, onde se realizava a missa, para começar o tal curso. Fui apenas este dia e nunca mais.
Depois, quando na quinta série fui para a escola estadual, continuamos sem as aulas de música, sem filosofia, sem sociologia, ou mesmo moral e cívica, que em algumas escolas tinha, mas tínhamos aula de religião. No entanto, aprendi que se a minha religião não fosse contemplada naquela aula poderia não assisti-la. Descobri isso porque meu colega Michel foi pedir dispensa por ser de uma outra religião, que não a católica. Não lembro a religião dele.
Mas eu só tive aula de religião e não catequese, quando na faculdade tive uma matéria chamada "Deus e a experiência de Deus hoje". O professor Vernetti (não lembro se ele era padre ou filósofo) nos passou várias apostilas falando sobre as diversas religiões, falou-nos dos seus fundamentos. Mas eu tinha aula de sociologia e filosofia.
Eu não tinha, ainda uma religião, mas achava muito importante que aquela disciplina discorresse sobre tantas religiões diferentes porque ampliava a minha visão sobre o assunto e compreendia como a religião e a política estavam ligadas desde sempre.
A gente diz que não se discute religião porque muitas pessoas brigam ou querem impor para os outros a sua verdade e para evitar conflitos calamos. Acontece que desde os primórdios a religião está intimamente ligada a política. Era assim na Grécia, no Egito, na idade média, enfim, professores de história podem dar mais informações. Sim, estavam ligadas e exerciam tanto poder quanto os mandatários políticos. Por vezes elas estavam juntas e por outras duelando. Muito poucas vezes o duelo era para defesa do povo. Bem como agora. Nós nos calamos sobre isto e muitos religiosos com o poder midiático entraram e foram eleitos na política. Não pra defender a população, mas para defender os interesses de seu grupo. Eles tem tanto poder que determinaram a volta do ensino religioso. Eles tem tanto poder que barganham inúmeras leis e projetos só visando seus interesses pessoas e do seus companheiros.
Portanto, política e religião se discute sim, porque é necessário conhecê-las, saber sua história. Porque talvez as bases das religiões, assim como as bases dos partidos políticos, sejam boas, no entanto as pessoas que formam esta religião ou partido e lideram podem não ser. Pensem nisso!
O que leva algumas pessoas ao medo, principalmente porque as disciplinas que dariam suporte para que as crianças pensassem de forma mais ampla e pudessem até discutir sobre as religiões e daí, quem sabe, escolher alguma para professar, foram, ao mesmo tempo, retiradas do currículo escolar.
Eu não fui catequizada na escola, não porque havia como contrapor a professora de religião, porque não tinha. Mas porque fazer minha cabeça tão bem feita pela minha mãe não é nada fácil. Além do que sou teimosa e tenho um determinado comportamento do contra quando querem me impor alguma coisa. Nem todo mundo é assim.
Pensem bem, quando eu entrei para o colégio, lá na década de 80, na escola municipal não tínhamos aula de música, nem filosofia e nem sociologia nos primeiros anos, mas sempre teve aula de religião, que pra mim parecia uma catequese (embora não tenha feito catequese) porque não falava sobre as várias religiões existentes no mundo e muito menos se dizia que podíamos escolher a que mais se aproximasse do nosso coração e verdade.
Confesso que tentei fazer a primeira comunhão, todo mundo fazia, era praxe. Então um sábado de manhã cedinho fui até a escola, onde se realizava a missa, para começar o tal curso. Fui apenas este dia e nunca mais.
Depois, quando na quinta série fui para a escola estadual, continuamos sem as aulas de música, sem filosofia, sem sociologia, ou mesmo moral e cívica, que em algumas escolas tinha, mas tínhamos aula de religião. No entanto, aprendi que se a minha religião não fosse contemplada naquela aula poderia não assisti-la. Descobri isso porque meu colega Michel foi pedir dispensa por ser de uma outra religião, que não a católica. Não lembro a religião dele.
Mas eu só tive aula de religião e não catequese, quando na faculdade tive uma matéria chamada "Deus e a experiência de Deus hoje". O professor Vernetti (não lembro se ele era padre ou filósofo) nos passou várias apostilas falando sobre as diversas religiões, falou-nos dos seus fundamentos. Mas eu tinha aula de sociologia e filosofia.
Eu não tinha, ainda uma religião, mas achava muito importante que aquela disciplina discorresse sobre tantas religiões diferentes porque ampliava a minha visão sobre o assunto e compreendia como a religião e a política estavam ligadas desde sempre.
A gente diz que não se discute religião porque muitas pessoas brigam ou querem impor para os outros a sua verdade e para evitar conflitos calamos. Acontece que desde os primórdios a religião está intimamente ligada a política. Era assim na Grécia, no Egito, na idade média, enfim, professores de história podem dar mais informações. Sim, estavam ligadas e exerciam tanto poder quanto os mandatários políticos. Por vezes elas estavam juntas e por outras duelando. Muito poucas vezes o duelo era para defesa do povo. Bem como agora. Nós nos calamos sobre isto e muitos religiosos com o poder midiático entraram e foram eleitos na política. Não pra defender a população, mas para defender os interesses de seu grupo. Eles tem tanto poder que determinaram a volta do ensino religioso. Eles tem tanto poder que barganham inúmeras leis e projetos só visando seus interesses pessoas e do seus companheiros.
Portanto, política e religião se discute sim, porque é necessário conhecê-las, saber sua história. Porque talvez as bases das religiões, assim como as bases dos partidos políticos, sejam boas, no entanto as pessoas que formam esta religião ou partido e lideram podem não ser. Pensem nisso!
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência = Dia de reflexão
Hoje é o Dia Nacional de Luta Pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, lendo o texto da Adriana me vieram as reflexões sobre vários deficientes com quem convivi e convivo.
Na minha família foi o primeiro lugar que convivi de perto com alguém portador de deficiência. Minha tia avó Edite era cadeirante. O que sei é que na primeira infância ela não tinha nenhuma deficiência e que depois de uma indigestão teve muita febre, convulsões e acabou ficando sem fala, sem andar. Ela ficava basicamente em casa porque sem grana minha bisa não tinha dinheiro para passear com ela, não haviam ônibus especiais como a pouco tempo surgiram e poucos tinham carro.
Lembro também do Tailor, um rapaz que devia ser uns quatro anos mais velho que eu que tinha uma espécie de paralisia cerebral, também era cadeirante e não falava.
Duas casas ao lado da minha tinha uma moça que tinha uma deficiência parecida com da minha tia avó. Mas ela caminhava. As vezes ela fugia de casa sem roupas.
Agora escrevendo isso lembrei do Daniel, que era primo da tia Lorena, a deficiência do Daniel era alguma coisa mental. Na verdade eu não sei direito, porque era criança e não tinha esta coisa de perguntar o que ele tinha. Apenas sabia que ele agia de forma diferente da maioria das pessoas e diziam que algumas vezes ele tinha uns ataques, podia ser epilepsia, por exemplo, mas as pessoas falavam apenas "ataque" o que engloba muitas coisas.
Estas pessoas eu convivi de perto, lembro deles. Mas muitas pessoas com deficiência física ou mental eram escondidos pelas famílias por vergonha, por preconceito ou ignorância. Outros tantos eram internados em "clinicas" onde a família pagava e abria mão daquela convivência que poderia ser tão rica. A impressão que tenho, tendo base a história da Edite, que os médicos pouco informavam os familiares e simplesmente desistiam daquelas pessoas sem orientar ou ajudar a família a dar qualidade de vida pr'aquelas pessoas. Sorte a minha que minha bisa fez questão de cuidar da Edite até o final da vida dela!
Na escola já na primeira série tinha um colega, não sei que tipo de deficiência ele tinha, apenas lembro que ele tinha um pouco de atraso na aprendizagem. Quando mudei para o Colégio Pedro Osório na minha sala tinha a Taís, ela era down. Outro dia descobri que existem vários níveis (se eu estiver errada me digam). Ela sofria bulling de alguns colegas até que uma das nossas professoras pediu pra ela buscar uma coisa qualquer na secretaria e deu o maior esporro nos guris. Dois ou três babacas que debochavam das características físicas de todo mundo, como se fossem uns príncipes lindos e inteligentes.
No segundo grau tivemos o convívio feliz de três anos com a Madalena uma surda muda muito amada e engraçada, que ficava furiosa quando não entendíamos o que ela estava falando. E muitas vezes eu não entendia mesmo e olha que era bem descolada, afinal na minha família há quatro surdos mudos. Sim, tenho quatro primos surdo mudos.
Na minha faculdade lembro de alguns caras mais velhos, que já estavam na faculdade há um bom tempo. Um era o Paulo que tinha uma deficiência que se notava por conta dos seus trejeitos, modo de falar e tinha o Alemão (não lembro do nome dele) que tinha vários tiques. Ambos se formaram. E no curso da mãe tinha um rapaz que era cadeirante também. Tanto o ICH quanto a Católica se adaptaram colocando elevadores.
Não recordo de ter tido pessoas com deficiência visual nas escolas ou faculdade porque passei. Mas lembro que na rua atrás da minha casa tinha um senhor que era cego. Sempre o via passando com uma das filhas ou no ônibus. Depois conheci o Lucas da Carmem Lúcia e o José Antônio advogado de umas empresas para as quais fazemos contabilidade.
E também a Michele que sofre de Atrofia Muscular Espinhal. E o Bruno e o Andrei que são down.
Na verdade, se olharmos a nossa volta existe muita diversidade, tem muita gente portador de alguma deficiência que a gente conhece e se informando, perguntando pra eles mesmo podemos lhes ajudar. Enquanto escrevo vou lembrando das pessoas e de como elas eram independentes e ativas apesar de que um tempo atrás pessoas deficientes eram apenas para serem cuidadas. Aliás, algumas, como disse acima eram escondidas como se fossem um erro, sei lá.
Vamos fazer este exercício e lembrar dos nossos anos de escola quantos deficientes haviam, como era a vida deles, como a gente se comportava com eles. Seria muito útil para esta desconstrução e para a mudança que almejamos.
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Na minha família foi o primeiro lugar que convivi de perto com alguém portador de deficiência. Minha tia avó Edite era cadeirante. O que sei é que na primeira infância ela não tinha nenhuma deficiência e que depois de uma indigestão teve muita febre, convulsões e acabou ficando sem fala, sem andar. Ela ficava basicamente em casa porque sem grana minha bisa não tinha dinheiro para passear com ela, não haviam ônibus especiais como a pouco tempo surgiram e poucos tinham carro.
Lembro também do Tailor, um rapaz que devia ser uns quatro anos mais velho que eu que tinha uma espécie de paralisia cerebral, também era cadeirante e não falava.
Duas casas ao lado da minha tinha uma moça que tinha uma deficiência parecida com da minha tia avó. Mas ela caminhava. As vezes ela fugia de casa sem roupas.
Agora escrevendo isso lembrei do Daniel, que era primo da tia Lorena, a deficiência do Daniel era alguma coisa mental. Na verdade eu não sei direito, porque era criança e não tinha esta coisa de perguntar o que ele tinha. Apenas sabia que ele agia de forma diferente da maioria das pessoas e diziam que algumas vezes ele tinha uns ataques, podia ser epilepsia, por exemplo, mas as pessoas falavam apenas "ataque" o que engloba muitas coisas.
Estas pessoas eu convivi de perto, lembro deles. Mas muitas pessoas com deficiência física ou mental eram escondidos pelas famílias por vergonha, por preconceito ou ignorância. Outros tantos eram internados em "clinicas" onde a família pagava e abria mão daquela convivência que poderia ser tão rica. A impressão que tenho, tendo base a história da Edite, que os médicos pouco informavam os familiares e simplesmente desistiam daquelas pessoas sem orientar ou ajudar a família a dar qualidade de vida pr'aquelas pessoas. Sorte a minha que minha bisa fez questão de cuidar da Edite até o final da vida dela!
Na escola já na primeira série tinha um colega, não sei que tipo de deficiência ele tinha, apenas lembro que ele tinha um pouco de atraso na aprendizagem. Quando mudei para o Colégio Pedro Osório na minha sala tinha a Taís, ela era down. Outro dia descobri que existem vários níveis (se eu estiver errada me digam). Ela sofria bulling de alguns colegas até que uma das nossas professoras pediu pra ela buscar uma coisa qualquer na secretaria e deu o maior esporro nos guris. Dois ou três babacas que debochavam das características físicas de todo mundo, como se fossem uns príncipes lindos e inteligentes.
No segundo grau tivemos o convívio feliz de três anos com a Madalena uma surda muda muito amada e engraçada, que ficava furiosa quando não entendíamos o que ela estava falando. E muitas vezes eu não entendia mesmo e olha que era bem descolada, afinal na minha família há quatro surdos mudos. Sim, tenho quatro primos surdo mudos.
Na minha faculdade lembro de alguns caras mais velhos, que já estavam na faculdade há um bom tempo. Um era o Paulo que tinha uma deficiência que se notava por conta dos seus trejeitos, modo de falar e tinha o Alemão (não lembro do nome dele) que tinha vários tiques. Ambos se formaram. E no curso da mãe tinha um rapaz que era cadeirante também. Tanto o ICH quanto a Católica se adaptaram colocando elevadores.
Não recordo de ter tido pessoas com deficiência visual nas escolas ou faculdade porque passei. Mas lembro que na rua atrás da minha casa tinha um senhor que era cego. Sempre o via passando com uma das filhas ou no ônibus. Depois conheci o Lucas da Carmem Lúcia e o José Antônio advogado de umas empresas para as quais fazemos contabilidade.
E também a Michele que sofre de Atrofia Muscular Espinhal. E o Bruno e o Andrei que são down.
Na verdade, se olharmos a nossa volta existe muita diversidade, tem muita gente portador de alguma deficiência que a gente conhece e se informando, perguntando pra eles mesmo podemos lhes ajudar. Enquanto escrevo vou lembrando das pessoas e de como elas eram independentes e ativas apesar de que um tempo atrás pessoas deficientes eram apenas para serem cuidadas. Aliás, algumas, como disse acima eram escondidas como se fossem um erro, sei lá.
Vamos fazer este exercício e lembrar dos nossos anos de escola quantos deficientes haviam, como era a vida deles, como a gente se comportava com eles. Seria muito útil para esta desconstrução e para a mudança que almejamos.
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quinta-feira, 14 de setembro de 2017
O gosto
Eu sou uma pessoa que não gosta de tudo que os outros gostam. Parece que sou do contra, mas não é. Apenas não gosto! Respeito o gosto alheio, só não gosto de certas coisas que vira e mexe são moda ou são gostadas por todos. Por exemplo, algumas mulheres se sentem atraídas por homens de farda (polícia, bombeiro, militar, brigada) eu nunca gostei, nunca fiquei de olho, se o cara era do tipo que eu achava bonito, achava bonito se era feio... bom não era a farda que mudaria minha ideia, pelo contrário. Na época do Top Gun Tom Cruise era o galã do momento, muitas mulheres caiam de amores, nunca fez minha cabeça! Tom Cruise de militar??? Não, obrigada! Agora, depois de uma
certa idade até enxergo algum charme nele, mas não é meu preferido. Leonardo de Caprio também foi o bambambam! Aquele que fazia as adolescentes gritarem e tirarem foto da tela do cinema, mas não fazia meu gênero, a começar porque era loiro, de olho verde, todo certinho. Como ator? Maravilhoso! Devia ter ganho o oscar antes, mas não é o tipo de beleza que me faria a cabeça. Agora passado os anos...
Pois é, meu gosto é diferente. Aliás como diz aquele velho ditado "gosto e bunda cada um tem a sua"! Isso vale para avaliar belezas físicas ou belezas artísticas. E até avaliar artisticamente um profissional do ramo. No meu caso a avaliação seria totalmente amadora e muito, muito pessoal. Por exemplo, eu amo o Jack Nicholson e o Morgan Freeman. Amo de paixão e olho qualquer filme estrelado por eles. Pode ser até aquele filme que o povo todo diz que é uma bosta, eu dou cartaz sim, dou audiência mesmo. Já Jim Carey... Entenderam? O meu gosto pessoal não influencia nem é influenciado pelo gosto dos outros, aliás, nem mesmo pelas críticas profissas. Se gosto gosto e ponto final!
É a mesma coisa com desenho, pintura, escultura e por aí a fora! Não vou discutir se é ou não arte, se é ou não bonito, apenas acho que a ARTE NÃO DEVE NUNCA SER PROIBIDA.
Eu não gosto de filmes pornôs. Já digo assim, não vi nenhum mais de 15 minutos, se é que chegou a tal, acho escroto e fora da realidade. Acho uma bosta mesmo e não sinto nenhuma excitação. Mas não acho que devam ser proibidos. Os filmes que são feitos pela indústria, não aquelas gravações que são jogadas na internet por homem escroto e machista para expor a mulher, ou por pedófilos que ficam trocando experiências. Estes devem ser proibidos e os culpados punidos com rigor.
Não li 50 tons de cinza, por exemplo, mas não é o tipo de leitura erótica que me agrada. Sou muito mais Zélia Gattai em Crônicas de uma namorada, ou Jorge Amado ou Izabel Allende ou meu amado Gabo. Existe muito tesão na escrita destes últimos e está presente em vários livros. Livros que tem histórias além da f*da. Histórias próximas da realidade. No caso do Gabo histórias de um realismo fantástico! Não preciso do empresário engomadinho que exerce poder sobre uma jovem inexperiente e com visíveis sintomas de abuso. Mas não passou nunca na minha cabeça proibir qualquer livro por retratar amor, sexo ou a vida de uma forma diferente do que eu penso.
Também não vou ofertar qualquer filme, livro, série ou peça de teatro para qualquer dos meus sobrinhos sem analisar se eles tem capacidade de compreender aquela peça de ficão. Isso deveria ocorrer na casa de todo mundo. Tipo, crianças menores de 14 anos, não deveriam assistir big brother, na minha opinião. Talvez isso seja muito mais nocivo do que a exposição queer. Não que eu tenha achado alguma coisa bonita. Não achei! Mas compreender e avaliar a capacidade intelectual das crianças a respeito do que irão ver numa obra de arte é função dos pais. Mesmo que a escola convide para um passeio o estudante só vai com a permissão dos pais. Até hoje vai o bilhetinho pro pai ou a mãe assinar, dizendo quando, onde e do que se trata o passeio. Criar uma criança é dureza, requer disposição, interesse e muito boa vontade. Criar um sujeito crítico e que sabe a diferença entre o que é bom ou ruim, o que deve ou não ser feito é mais ainda. E é nossa obrigação. Os caráteres não são formados a partir, apenas do que dizemos que pode ou não pode, até porque eles testam os limites. Ele é formado pelo nosso exemplo. Não é dizer que não pode ver o sexy hot e ser pego no flagra. É explicar claramente, sem moralismo ou meias verdades porque não pode.
Nunca vou esquecer de uma vez assistindo uma propaganda de campanha contra Aids em que eu perguntei pra minha mãe o que era sexo oral. Eu devia ter uns oito, nove anos. Ela disse que eu ainda era muito nova pra saber e que quando eu fosse maior me explicaria. Eu aceitei a resposta porque ela não mentiu. Mas acabei descobrindo o que era em conversas com colegas, e no próprio colégio onde haviam várias campanhas contra a Aids. Atualmente pouco se vê falar sobre HIV/Aids na televisão, não há campanhas sistemáticas como havia na minha infância e adolescência. Não é por acaso que estejam sendo notificados tantos casos entre jovens. Porque está acontecendo? Não é pela ideia de que já existem remédios e agora a Aids não mata. Não é não! É porque não se fala, não se orienta, não tem campanha na televisão pra provocar o debate na mesa do jantar. É por isso! É porque surgiu um moralismo que dita que tudo é feio e errado, mas que como bem antigamente acontecia, o moralismo tá de cueca, porque a boca fala uma coisa e as atitudes mostram outra.
Tá faltando muita coerência por aí! Não quer que o filho aprenda com exposição que mostra sexo, pois bem, conversa com ele. Orienta, prepara pra vida. Essa é tua obrigação como pai ou mãe. Não fica achando que vai ter uma hora certa. A hora certa é quando o filho pergunta. O filho perguntou? Beleza, responde de forma simples o que tu achas que ele vai compreender. Geralmente eles se dão por satisfeitos. Se surgirem novas perguntas, responde. Não tem certeza se deve falar sobre aquele assunto ou não sabe um jeito mais light de falar dele, faz que nem a mãe, diz que quando ele for maior vai explicar. Só não foge do assunto. Não deixa pra escola, porque, na escola tá tudo sendo proibido. Se o livro mostra o aparelho reprodutor masculino as mães puritanas vão lá reclamar e dizer que a escola tá falando de pornografia. Se o boneco vem com pênis fazem campanha pra fechar a fábrica, se se fala em educação sexual e a escola entrega uma camisinha pras criaturinhas verem como é, os pais surtam e vão lá fazer protesto dizendo que a escola tá estimulando o sexo.
Para completar o pacote de como despreparar seu filho pra vida os pais não participam das reuniões, não conhecem os amigos dos filhos, não conversam e muitas vezes nem sabe onde os filhos estão porque estão muito ocupados no mundo deles. Quando acontece alguma coisa fica a pergunta a culpa é de quem? Quer levar pro culto, pra missa, pro centro espírita? Ótimo, leva, dou o maior apoio, se for da vontade deles ir, claro! Mas esclareça! Não cria teu filho como se ele estivesse numa redoma na qual está protegido, a vida não é assim, tu devia saber bem disso!
Termino com a seguinte conclusão, era uma exposição que não tinha quase nenhuma visibilidade, (pelo menos eu não tinha ouvido falar até o fechamento da mostra) agora tem. Por conta da pressão e do fechamento muitas mídias estão falando e mostrando as obras que tanto estão sendo criticadas. (Já pensou que teu filho já deve ter visto alguma delas???? )
Quem não ia ver porque não tinha interesse talvez tenha ficado bem curioso e resolva ver na internet. Aliás, outra cidade já se prontificou a receber a mostra. Então...
Fotos da internet achadas pelo google imagens
certa idade até enxergo algum charme nele, mas não é meu preferido. Leonardo de Caprio também foi o bambambam! Aquele que fazia as adolescentes gritarem e tirarem foto da tela do cinema, mas não fazia meu gênero, a começar porque era loiro, de olho verde, todo certinho. Como ator? Maravilhoso! Devia ter ganho o oscar antes, mas não é o tipo de beleza que me faria a cabeça. Agora passado os anos...
Pois é, meu gosto é diferente. Aliás como diz aquele velho ditado "gosto e bunda cada um tem a sua"! Isso vale para avaliar belezas físicas ou belezas artísticas. E até avaliar artisticamente um profissional do ramo. No meu caso a avaliação seria totalmente amadora e muito, muito pessoal. Por exemplo, eu amo o Jack Nicholson e o Morgan Freeman. Amo de paixão e olho qualquer filme estrelado por eles. Pode ser até aquele filme que o povo todo diz que é uma bosta, eu dou cartaz sim, dou audiência mesmo. Já Jim Carey... Entenderam? O meu gosto pessoal não influencia nem é influenciado pelo gosto dos outros, aliás, nem mesmo pelas críticas profissas. Se gosto gosto e ponto final!
É a mesma coisa com desenho, pintura, escultura e por aí a fora! Não vou discutir se é ou não arte, se é ou não bonito, apenas acho que a ARTE NÃO DEVE NUNCA SER PROIBIDA.
Eu não gosto de filmes pornôs. Já digo assim, não vi nenhum mais de 15 minutos, se é que chegou a tal, acho escroto e fora da realidade. Acho uma bosta mesmo e não sinto nenhuma excitação. Mas não acho que devam ser proibidos. Os filmes que são feitos pela indústria, não aquelas gravações que são jogadas na internet por homem escroto e machista para expor a mulher, ou por pedófilos que ficam trocando experiências. Estes devem ser proibidos e os culpados punidos com rigor.
Não li 50 tons de cinza, por exemplo, mas não é o tipo de leitura erótica que me agrada. Sou muito mais Zélia Gattai em Crônicas de uma namorada, ou Jorge Amado ou Izabel Allende ou meu amado Gabo. Existe muito tesão na escrita destes últimos e está presente em vários livros. Livros que tem histórias além da f*da. Histórias próximas da realidade. No caso do Gabo histórias de um realismo fantástico! Não preciso do empresário engomadinho que exerce poder sobre uma jovem inexperiente e com visíveis sintomas de abuso. Mas não passou nunca na minha cabeça proibir qualquer livro por retratar amor, sexo ou a vida de uma forma diferente do que eu penso.
Também não vou ofertar qualquer filme, livro, série ou peça de teatro para qualquer dos meus sobrinhos sem analisar se eles tem capacidade de compreender aquela peça de ficão. Isso deveria ocorrer na casa de todo mundo. Tipo, crianças menores de 14 anos, não deveriam assistir big brother, na minha opinião. Talvez isso seja muito mais nocivo do que a exposição queer. Não que eu tenha achado alguma coisa bonita. Não achei! Mas compreender e avaliar a capacidade intelectual das crianças a respeito do que irão ver numa obra de arte é função dos pais. Mesmo que a escola convide para um passeio o estudante só vai com a permissão dos pais. Até hoje vai o bilhetinho pro pai ou a mãe assinar, dizendo quando, onde e do que se trata o passeio. Criar uma criança é dureza, requer disposição, interesse e muito boa vontade. Criar um sujeito crítico e que sabe a diferença entre o que é bom ou ruim, o que deve ou não ser feito é mais ainda. E é nossa obrigação. Os caráteres não são formados a partir, apenas do que dizemos que pode ou não pode, até porque eles testam os limites. Ele é formado pelo nosso exemplo. Não é dizer que não pode ver o sexy hot e ser pego no flagra. É explicar claramente, sem moralismo ou meias verdades porque não pode.
Nunca vou esquecer de uma vez assistindo uma propaganda de campanha contra Aids em que eu perguntei pra minha mãe o que era sexo oral. Eu devia ter uns oito, nove anos. Ela disse que eu ainda era muito nova pra saber e que quando eu fosse maior me explicaria. Eu aceitei a resposta porque ela não mentiu. Mas acabei descobrindo o que era em conversas com colegas, e no próprio colégio onde haviam várias campanhas contra a Aids. Atualmente pouco se vê falar sobre HIV/Aids na televisão, não há campanhas sistemáticas como havia na minha infância e adolescência. Não é por acaso que estejam sendo notificados tantos casos entre jovens. Porque está acontecendo? Não é pela ideia de que já existem remédios e agora a Aids não mata. Não é não! É porque não se fala, não se orienta, não tem campanha na televisão pra provocar o debate na mesa do jantar. É por isso! É porque surgiu um moralismo que dita que tudo é feio e errado, mas que como bem antigamente acontecia, o moralismo tá de cueca, porque a boca fala uma coisa e as atitudes mostram outra.
Tá faltando muita coerência por aí! Não quer que o filho aprenda com exposição que mostra sexo, pois bem, conversa com ele. Orienta, prepara pra vida. Essa é tua obrigação como pai ou mãe. Não fica achando que vai ter uma hora certa. A hora certa é quando o filho pergunta. O filho perguntou? Beleza, responde de forma simples o que tu achas que ele vai compreender. Geralmente eles se dão por satisfeitos. Se surgirem novas perguntas, responde. Não tem certeza se deve falar sobre aquele assunto ou não sabe um jeito mais light de falar dele, faz que nem a mãe, diz que quando ele for maior vai explicar. Só não foge do assunto. Não deixa pra escola, porque, na escola tá tudo sendo proibido. Se o livro mostra o aparelho reprodutor masculino as mães puritanas vão lá reclamar e dizer que a escola tá falando de pornografia. Se o boneco vem com pênis fazem campanha pra fechar a fábrica, se se fala em educação sexual e a escola entrega uma camisinha pras criaturinhas verem como é, os pais surtam e vão lá fazer protesto dizendo que a escola tá estimulando o sexo.
Para completar o pacote de como despreparar seu filho pra vida os pais não participam das reuniões, não conhecem os amigos dos filhos, não conversam e muitas vezes nem sabe onde os filhos estão porque estão muito ocupados no mundo deles. Quando acontece alguma coisa fica a pergunta a culpa é de quem? Quer levar pro culto, pra missa, pro centro espírita? Ótimo, leva, dou o maior apoio, se for da vontade deles ir, claro! Mas esclareça! Não cria teu filho como se ele estivesse numa redoma na qual está protegido, a vida não é assim, tu devia saber bem disso!
Termino com a seguinte conclusão, era uma exposição que não tinha quase nenhuma visibilidade, (pelo menos eu não tinha ouvido falar até o fechamento da mostra) agora tem. Por conta da pressão e do fechamento muitas mídias estão falando e mostrando as obras que tanto estão sendo criticadas. (Já pensou que teu filho já deve ter visto alguma delas???? )
Quem não ia ver porque não tinha interesse talvez tenha ficado bem curioso e resolva ver na internet. Aliás, outra cidade já se prontificou a receber a mostra. Então...
Fotos da internet achadas pelo google imagens
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Quarenta anos
É engraçado como as coisas tem uma dimensão quando somos crianças e outra quando crescemos. Começa pela ideia de que os pais são grandes! Conforme vamos crescendo e nos aproximando da altura deles, eles já não parecem tão grandes assim. A mesma coisa acontece com os espaços onde costumávamos brincar. E com os números! Ah! Os números... queridos amigos estudiosos da matemática e aritmética os números assustam! Ou talvez só nos confundam um pouco. É que começamos a vida com apenas um dígito e com o passar do tempo estes dígitos vão aumentando e se agrupando com outros e parecem um numerão. Isto acontece com os números da idade e da balança. E eles vão nos causando medo conforme o período da vida. É, tem período em que os dígitos da balança são mais importantes, tanto quando estão baixos quando estão altos. Tipo boletim até uma fase, balança até outra fase, idade até outra, boletos até outra, extratos do banco até o fim da vida!
Lembro que quando eu era criança e fazia as contas de quantos anos eu teria no ano dois mil pensava comigo: nossa! No ano 2000 eu vou estar velha! O detalhe é que naquele ano eu completei 23 anos e me achava muito jovem e mal tinha começado a vida!
A ideia de que 20 anos é muito para uma criança deve ser porque apenas contamos os anos. Não temos ciência de que os anos não são apenas quantitativos, eles também são QUALITATIVOS. Quando cheguei nos anos 2000, além de me surpreender que o mundo não tinha acabado (graças! a Deus!) também me surpreendi de ser uma jovem recém saindo da faculdade que não tinha casa, nem marido, nem filhos e nem ideia de que rumo iria tomar depois que pegasse o diploma! Eu me sentia muito inexperiente e sem nenhum preparo para a vida. Eu tinha alguns sonhos e uma leve idealização de como talvez, fosse se desenrolar minha vida. Pra ser sincera nada aconteceu nem perto do que tinha idealizado.
Essa introdução é só para dar uma noção pra vocês de que, se lá na infância eu achava que com 20 estaria velha, que dirá o que pensava sobre ter 40 anos!!!!! Pois é! As mulheres dessa idade que eu conhecia eram já mulheres velhas (isso na minha infância!). Já eram mulheres maduras que tinham vivido suas escolhas e tinham até sofrido, tinha mulher com 40 anos viúva já há sei lá quanto tempo. E devia fazer bastante tempo porque a gente só conhecia ela por viúva, muitos anos depois que fui saber o nome dela. Então estes numerinhos da idade somados a todo o pré-conceito de como seria uma mulher de quarenta me fez pensar que... sei lá, eu estaria bem "coroa" nesta época.
Cá estou eu... quarentona! Não sou nada, nadinha do que a sociedade dizia na época que eu era criança e também não sou nada do que a sociedade diz que é a mulher de 40 hoje. Aliás, isso daria um globo repórter! hahahaha A mulher de 40 como é? Onde vive? De quê se alimenta?
Não sou viúva, nem separada, nem casada! Não tenho filhos! Já fui e voltei na fase de dúvida sobre o tempo da maternidade e o tempo que tá passando e deixando a maternidade mais longe. Já ignorei esse tempo! Já engravidei e pensei que ganhei do tempo! Abortei e pensei que o tempo tinha me ganho! E agora não tenho tempo pra dar tempo ao tempo, embora precise me dar este tempo. Decidi deixar quieto e daqui a pouco eu volto a avaliar o tempo. Formei, trabalhei, fui embora, trabalhei, não me adaptei e voltei. Comprei apartamento e fiquei longe da mãe. Resolvemos mudar, vendemos apartamento e mudamos. Daí pra ter experiência na vida nada melhor que construir sua própria casa, detalhe, não sou João de Barro, quase surtei. O pedreiro acabou, mudei. Tem muita coisa pra colocar no lugar, loquiei. Tá quase tudo pronto, descansei. Avaliei o passado, as escolhas, os ganhos, as perdas, harmonizei. Agora tô com quarenta comemorei! Não em grande estilo como estava programado desde os meus 15 anos de idade. Tive uns percalços este ano, por isso a festa a fantasia do 40 foi adiada para os 41.
Agora, olhando pra trás e analisando todos os planos que fiz, a verdade é que só fiz um plano. É o único plano que fiz para o futuro foi comemorar meus 40 anos com uma festa a fantasia, todo o resto que aconteceu e foi muito bom foi sem lista, sem plano, sem idealizar. Deu certo! Amei! A ideia de que depois dos quarenta ficamos velhos desapareceu e deu lugar a ideia muito melhor de que todo mundo com mais de quarenta é bem novo!
Lembro que quando eu era criança e fazia as contas de quantos anos eu teria no ano dois mil pensava comigo: nossa! No ano 2000 eu vou estar velha! O detalhe é que naquele ano eu completei 23 anos e me achava muito jovem e mal tinha começado a vida!
A ideia de que 20 anos é muito para uma criança deve ser porque apenas contamos os anos. Não temos ciência de que os anos não são apenas quantitativos, eles também são QUALITATIVOS. Quando cheguei nos anos 2000, além de me surpreender que o mundo não tinha acabado (graças! a Deus!) também me surpreendi de ser uma jovem recém saindo da faculdade que não tinha casa, nem marido, nem filhos e nem ideia de que rumo iria tomar depois que pegasse o diploma! Eu me sentia muito inexperiente e sem nenhum preparo para a vida. Eu tinha alguns sonhos e uma leve idealização de como talvez, fosse se desenrolar minha vida. Pra ser sincera nada aconteceu nem perto do que tinha idealizado.
Essa introdução é só para dar uma noção pra vocês de que, se lá na infância eu achava que com 20 estaria velha, que dirá o que pensava sobre ter 40 anos!!!!! Pois é! As mulheres dessa idade que eu conhecia eram já mulheres velhas (isso na minha infância!). Já eram mulheres maduras que tinham vivido suas escolhas e tinham até sofrido, tinha mulher com 40 anos viúva já há sei lá quanto tempo. E devia fazer bastante tempo porque a gente só conhecia ela por viúva, muitos anos depois que fui saber o nome dela. Então estes numerinhos da idade somados a todo o pré-conceito de como seria uma mulher de quarenta me fez pensar que... sei lá, eu estaria bem "coroa" nesta época.
Cá estou eu... quarentona! Não sou nada, nadinha do que a sociedade dizia na época que eu era criança e também não sou nada do que a sociedade diz que é a mulher de 40 hoje. Aliás, isso daria um globo repórter! hahahaha A mulher de 40 como é? Onde vive? De quê se alimenta?
Não sou viúva, nem separada, nem casada! Não tenho filhos! Já fui e voltei na fase de dúvida sobre o tempo da maternidade e o tempo que tá passando e deixando a maternidade mais longe. Já ignorei esse tempo! Já engravidei e pensei que ganhei do tempo! Abortei e pensei que o tempo tinha me ganho! E agora não tenho tempo pra dar tempo ao tempo, embora precise me dar este tempo. Decidi deixar quieto e daqui a pouco eu volto a avaliar o tempo. Formei, trabalhei, fui embora, trabalhei, não me adaptei e voltei. Comprei apartamento e fiquei longe da mãe. Resolvemos mudar, vendemos apartamento e mudamos. Daí pra ter experiência na vida nada melhor que construir sua própria casa, detalhe, não sou João de Barro, quase surtei. O pedreiro acabou, mudei. Tem muita coisa pra colocar no lugar, loquiei. Tá quase tudo pronto, descansei. Avaliei o passado, as escolhas, os ganhos, as perdas, harmonizei. Agora tô com quarenta comemorei! Não em grande estilo como estava programado desde os meus 15 anos de idade. Tive uns percalços este ano, por isso a festa a fantasia do 40 foi adiada para os 41.
Agora, olhando pra trás e analisando todos os planos que fiz, a verdade é que só fiz um plano. É o único plano que fiz para o futuro foi comemorar meus 40 anos com uma festa a fantasia, todo o resto que aconteceu e foi muito bom foi sem lista, sem plano, sem idealizar. Deu certo! Amei! A ideia de que depois dos quarenta ficamos velhos desapareceu e deu lugar a ideia muito melhor de que todo mundo com mais de quarenta é bem novo!
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
Os dias após aborto e curetagem
Há dois dias fui realizar a revisão do procedimento de curetagem que fiz no dia 02 de agosto após descobrir que o embrião que eu gestava havia morrido.Fico pensando num termo técnico que não seja morrer para o embrião ou feto na tentativa de afastar a ideia de que um filho morreu. Não consegui achar! Racionalmente feto e embrião parece com algo e não com alguém e consequentemente parece que não é um bebê. Parece, só parece! Não é como ter tido o filho nos braços e ele ter morrido. Não é como ter criado alguém até a adolescência e num dado momento esta pessoa ter desencarnado. Porque quando a gente gesta, pari e cria por um determinado tempo as pessoas a volta entendem que se perdeu um filho. É uma verdade inquestionável que o filho existiu! Mas quando tu gesta até um tempo e este filho não completa a gestação, ele não se desenvolve de uma semente até um neném fofinho, aquele filho não existe pra quem tá fora. A relação se deu apenas entre mãe e bebê e aqueles mais próximos da gestante.
Então mais uma vez, racionalmente e como espírita eu penso que aconteceu o que tinha que acontecer. Sim, racionalmente isto tá muito claro e jamais necessitaria uma explicação. Mas aqui dentro... ah! aqui dentro tá doendo e tá uma luta entre o cérebro e o coração. Alguns momentos o cérebro domina e a gente compreende até o fato de tá com o choro mais frouxo que o normal e nos auto consolamos com algo como "o luto faz parte" e "chorar é normal tu é humana". Só que eu queria ter superado completamente! Assim o conflito não seria tão grande! Queria já ter decidido se vou tentar de novo ou se vou parar por aqui! Queria não ter que lidar com o fato de que o tempo está passando e depois dos 40 as porcentagens de perda aumentam e as possibilidades de engravidar por método natural diminuem. Ou então saber que vou tentar e que tenho possibilidades de fazer um tratamento para engravidar sem dívidas, ou melhor, sem aumentar as dívidas que já tenho. Queria ficar plenamente feliz com a gravidez de outras mulheres, principalmente não voltando a pensar no interrompimento da minha. Porque é um ciclo sabe? Lembro que perdi, que tive que fazer a curetagem, lembro que faço 40 segunda, e vem as estatísticas sambando na minha cara. Aí eu respiro, penso racionalmente, faço uma prece e choro!
Não bastasse isso, parece que as danadas das estatísticas vem me seguindo. É notícia no face, é reportagem na tevê, é a médica da revisão dizendo que preciso atentar para o prazo de seis meses sem engravidar, mas que também preciso decidir logo se vou tentar e que o método que eu optar para evitar a gravidez por seis meses pode fazer com que demore um pouco mais para engravidar quando já estiver liberada, porque o tempo...
Daí que na minha cabeça racional de virginiana tá uma bagunça e chego a ficar zonza com o choque destas ideias aqui na caixola! O lado bom é que fisicamente está tudo ótimo! Útero recuperando bem e segundo a médica "bem bonitinho"! Nenhuma reação adversa, nem dor... física. Então como se diz por aqui "segue o baile"!
Fico um pouco constrangida quando as pessoas perguntam sobre o bebê e tenho que dizer que abortei. Aliás, esta é a primeira vez que digo/penso/escrevo abortei, porque sei lá, na minha cabeça parece que abortar é algo que se fez por escolha. E a perda é involuntária! Mas o termo técnico é aborto espontâneo. post anterior, eles não querem me chatear, nem me dizer o que fazer, apenas querem que eu não fique triste, querem me ajudar a elevar o moral. Não levo a mal de coração! Mas acabo pensando será que vai dar tempo? Será que vou conseguir? E se acontecer de novo? Fico constrangida pelo constrangimento do outro. Percebo bem que a pessoa não sabe o que dizer, fica perdida e daí acaba por dizer o velho clássico "tenta de novo". Como disse no
A vida é assim mesmo! Não tem spoiller pra gente saber como que vai ser no próximo episódio, só vivendo pra ver.
Então mais uma vez, racionalmente e como espírita eu penso que aconteceu o que tinha que acontecer. Sim, racionalmente isto tá muito claro e jamais necessitaria uma explicação. Mas aqui dentro... ah! aqui dentro tá doendo e tá uma luta entre o cérebro e o coração. Alguns momentos o cérebro domina e a gente compreende até o fato de tá com o choro mais frouxo que o normal e nos auto consolamos com algo como "o luto faz parte" e "chorar é normal tu é humana". Só que eu queria ter superado completamente! Assim o conflito não seria tão grande! Queria já ter decidido se vou tentar de novo ou se vou parar por aqui! Queria não ter que lidar com o fato de que o tempo está passando e depois dos 40 as porcentagens de perda aumentam e as possibilidades de engravidar por método natural diminuem. Ou então saber que vou tentar e que tenho possibilidades de fazer um tratamento para engravidar sem dívidas, ou melhor, sem aumentar as dívidas que já tenho. Queria ficar plenamente feliz com a gravidez de outras mulheres, principalmente não voltando a pensar no interrompimento da minha. Porque é um ciclo sabe? Lembro que perdi, que tive que fazer a curetagem, lembro que faço 40 segunda, e vem as estatísticas sambando na minha cara. Aí eu respiro, penso racionalmente, faço uma prece e choro!
Não bastasse isso, parece que as danadas das estatísticas vem me seguindo. É notícia no face, é reportagem na tevê, é a médica da revisão dizendo que preciso atentar para o prazo de seis meses sem engravidar, mas que também preciso decidir logo se vou tentar e que o método que eu optar para evitar a gravidez por seis meses pode fazer com que demore um pouco mais para engravidar quando já estiver liberada, porque o tempo...
Daí que na minha cabeça racional de virginiana tá uma bagunça e chego a ficar zonza com o choque destas ideias aqui na caixola! O lado bom é que fisicamente está tudo ótimo! Útero recuperando bem e segundo a médica "bem bonitinho"! Nenhuma reação adversa, nem dor... física. Então como se diz por aqui "segue o baile"!
Fico um pouco constrangida quando as pessoas perguntam sobre o bebê e tenho que dizer que abortei. Aliás, esta é a primeira vez que digo/penso/escrevo abortei, porque sei lá, na minha cabeça parece que abortar é algo que se fez por escolha. E a perda é involuntária! Mas o termo técnico é aborto espontâneo. post anterior, eles não querem me chatear, nem me dizer o que fazer, apenas querem que eu não fique triste, querem me ajudar a elevar o moral. Não levo a mal de coração! Mas acabo pensando será que vai dar tempo? Será que vou conseguir? E se acontecer de novo? Fico constrangida pelo constrangimento do outro. Percebo bem que a pessoa não sabe o que dizer, fica perdida e daí acaba por dizer o velho clássico "tenta de novo". Como disse no
A vida é assim mesmo! Não tem spoiller pra gente saber como que vai ser no próximo episódio, só vivendo pra ver.
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
Da alegria a tristeza
Há dias penso se escrevo ou não esta minha história. Mas é uma via praticamente inevitável, sendo que minha forma de lidar com a tristeza ocorre de duas maneiras, a primeira que é limpando e organizando as coisas depois de ter chorado muito e a segunda é escrever sobre e assim organizar as ideias e os sentimentos (muitas vezes em meio a muitas lágrimas). Escrever não significa redigir um textão aqui no blog, o ato de escrever para entender meu sentimento pode ser contar por email pra um amigo o que passei, o que senti e o que sinto. Colocar as palavras no monitor, vê-las se formando sílaba a sílaba e reler me ajuda a enxergar o que tô sentindo.
A limpeza e organização funciona como se eu me livrasse da parte ruim da tristeza, é o ato físico de jogar fora a dor, a mágoa, a angústia e a culpa daquela melancolia. Fazer o exercício de mover os móveis de lugar e jogar fora o que não serve mais é muito mais que simbólico, ele me ajuda a me libertar daquela sensação negativa que me pesa. Principalmente porque a minha faxina sempre tem que ter música e quando tem música tem dança e cantoria. E já diz o ditado "quem canta seus males espanta".
A escrita também é parte da organização. Ela ajuda a organizar as ideias, como já disse e me faz perceber o que não serve e como posso agir a partir daquela tristeza.
Desta vez eu não pude fazer a limpeza física, do ambiente, talvez por isso vez ou outra o nó aperte na garganta. Então preciso o quanto antes recorrer a escrita para mandar embora as últimas sensações e medos que ainda restam.
Em menos de um mês eu fui da felicidade extrema a uma tristeza muito doída! Descobri em 6 de julho que estava grávida num teste de farmácia, contei ao meu companheiro, que há muito já estava desconfiado, no dia seguinte fiz um exame de sangue, que confundiu minhas ideias porque eu não sabia ler o resultado, mas no sábado confirmei a gravidez. Não foi planejada, mas foi muito desejada! No final do ano eu deixei de tomar o anticoncepcional. Primeiro sem contar a ninguém, mas depois resolvi que meu companheiro deveria participar da decisão, no que ele me apoiou, inclusive dizendo que ia mesmo me sugerir parar. Sendo assim, ambos sabíamos que poderia ocorrer uma gravidez. Eu, tendo visto relatos de mulheres que levaram de um ano a mais para engravidar após a parada acreditei que comigo também iria demorar. A notícia foi recebida com muita alegria por todos.
Tão logo fiquei sabendo, virginiana que sou, fui logo procurar meu médico para saber se estava fisicamente bem para a gestação. Fiquei pensando que estando com hipotireoidismo e tendo que tomar remédio para controlar o melhor era constatar se estava tudo bem. Na semana seguinte fui ao médico, que solicitou um ultrassom para saber quantas semanas o embrião teria e como estava se desenvolvendo. Pediu urgência! Ah! Esqueci de contar que estou com 39 anos, aquela idade que as pessoas ao mesmo tempo que incentivam dizendo que és jovem e podes ter uma gravidez tranquila te lembram que pode ter riscos, já que é a primeira. Então corri para o primeiro ultrassom.
Em 12 de julho fui lá para fazer o exame e saber como as coisas iam. Minha primeira pulga atrás da orelha. O médico que fez o exame não disse diretamente, mas disse que naquele tempo estimado as coisas deveriam estar mais adiantadas, deveríamos escutar o coração do bebê e ele estaria mais ativo. Meu mundo balançou e meu coração ficou numa angústia permanente até o próximo ultrassom, sugerido para daqui dez dias.
Neste tempo eu rezei muito! Fui ao meu médico que tentou tirar da minha mente a ideia de um bebê morto no meu ventre, mas enfim, ao mesmo tempo ele já me alertou que caso isso tivesse acontecido eu teria que fazer uma curetagem e tal. Saí com o mundo um pouco mais sacudido e tentando sorrir tirando a angústia do meu coração. Nunca o tempo passou tão devagar! Eu marquei o exame que deu um pouco mais de 10 dias e em primeiro de agosto lá fui eu para o ultrassom. E as coisas estavam iguais ao primeiro! Mesmo tamanho, sem batimentos e com um pequeno sangramento há três dias. A médica foi super atenciosa, um amor comigo, me explicou com a maior calma e compaixão do mundo que o feto estava morto e eu precisava retirar o saco gestacional através de um procedimento com meu médico ou procurando o PS.
Eu chorei! E rezei pra não ficar triste demais, nem ficar me sentindo culpada, nem pensar que eu não vou poder tentar de novo, nem que eu tivesse alguma mágoa ao ver outras mulheres grávidas neste momento. Meu maior medo foi ficar com mágoa, porque eu sei que estas coisas são parte de um grande aprendizado. Mas a gente é humano e falho e pode sentir coisas assim.
Então contei pro meu namorido o que aconteceu e não consegui não chorar. E contei pra família e me preparei psicologicamente para ir ao PS fazer a curetagem. Aliás tive medo da dor! No pronto socorro foi rápido, logo me passaram para a ginecologia, aqui demorou um pouco. Fiz o relato do caso, levei os exames, examina um residente, examina o médico e então eles me falam que tenho que ficar no hospital porque o procedimento é feito só no dia seguinte. Foram também muito atenciosos me falando com empatia tudo que seria feito e como. Faz a baixa, exames, coloca acesso e espera até a hora de colocar os compridos para provocar a abertura do colo do útero. Pensei, meu Deus me ajude, dizem que a dor é horrível. É mesmo, mas não mais que a dor da perda.
No mesmo quarto que eu duas moças com menos de 30 na mesma situação, mas com as gestações mais avançadas, bebês mais desenvolvidos. Já sabiam o sexo, já tinham escolhido os nomes. Neste momento me senti menos sofredora. Tinha ganho alguns presentinhos, já tinha pensado nos nomes possíveis, mas não tinha escutado o coração! Não tinha sentido vivo aquele ser que eu amava! Era uma semente germinando. Mas elas tinhas caminhado um pouco mais, já tinham enxoval, planejavam o quarto, chá. Senti uma grande tristeza pensando o quanto a dor era maior pra elas. O nó apertou na garganta! Segurei o choro! Fomos companheiras a noite toda, nossas cólicas aconteciam em intervalos muito próximos. E no dia seguinte fomos uma depois da outra pra sala de cirurgia e depois pra recuperação. Lá se foi mais uma manhã e quase toda a tarde comentando o que sentimos, o que choramos.
Cinco dias de repouso, abstinência sexual, revisão e o nó na garganta. A organização que pude fazer neste período foi guardar os presentes que havia ganho, até porque cada vez que olhava pra eles o nó apertava. Fui muito amparada com palavras de amor, carinho e consolo. Várias lágrimas se juntaram as minhas e sentir isto me consolou muito. Recebi palavras de muito amor! E recebi o incentivo de não desistir, embora neste momento ainda tenha um pouco de receio, justamente por não saber porque a gravidez foi interrompida. Acolho o incentivo com carinho, as pessoas não fazem por mal, elas apenas querem que a gente solte aquela tristeza e agarre uma nova chance de felicidade.
Passaram nove dias desse procedimento. Vira e mexe me assaltam pensamentos de como seria... Mas minhas preces foram atendidas pois consegui receber com felicidade sincera a notícia da gravidez de uma amiga querida.
Sigo adiante com o coração ainda dolorido, colocando as coisas que caíram no lugar, o nó está afrouxando e muito amor tem se multiplicado. Quanto as lágrimas, creio que seja inevitável deixá-las cair, faz parte de mim chorar, seja de alegria ou tristeza! Agradeço o apoio e o carinho do meu companheiro, dos meus pais, dos meus sogros, cunhados, irmãos, tios e amigos. Agradeço aos médicos e enfermeiros que me atenderam no São Francisco. Agradeço a Deus e a espiritualidade a oportunidade de sentir esta felicidade, mesmo tendo sido interrompida, também agradeço o aprendizado.
A limpeza e organização funciona como se eu me livrasse da parte ruim da tristeza, é o ato físico de jogar fora a dor, a mágoa, a angústia e a culpa daquela melancolia. Fazer o exercício de mover os móveis de lugar e jogar fora o que não serve mais é muito mais que simbólico, ele me ajuda a me libertar daquela sensação negativa que me pesa. Principalmente porque a minha faxina sempre tem que ter música e quando tem música tem dança e cantoria. E já diz o ditado "quem canta seus males espanta".
A escrita também é parte da organização. Ela ajuda a organizar as ideias, como já disse e me faz perceber o que não serve e como posso agir a partir daquela tristeza.
Desta vez eu não pude fazer a limpeza física, do ambiente, talvez por isso vez ou outra o nó aperte na garganta. Então preciso o quanto antes recorrer a escrita para mandar embora as últimas sensações e medos que ainda restam.
Em menos de um mês eu fui da felicidade extrema a uma tristeza muito doída! Descobri em 6 de julho que estava grávida num teste de farmácia, contei ao meu companheiro, que há muito já estava desconfiado, no dia seguinte fiz um exame de sangue, que confundiu minhas ideias porque eu não sabia ler o resultado, mas no sábado confirmei a gravidez. Não foi planejada, mas foi muito desejada! No final do ano eu deixei de tomar o anticoncepcional. Primeiro sem contar a ninguém, mas depois resolvi que meu companheiro deveria participar da decisão, no que ele me apoiou, inclusive dizendo que ia mesmo me sugerir parar. Sendo assim, ambos sabíamos que poderia ocorrer uma gravidez. Eu, tendo visto relatos de mulheres que levaram de um ano a mais para engravidar após a parada acreditei que comigo também iria demorar. A notícia foi recebida com muita alegria por todos.
Tão logo fiquei sabendo, virginiana que sou, fui logo procurar meu médico para saber se estava fisicamente bem para a gestação. Fiquei pensando que estando com hipotireoidismo e tendo que tomar remédio para controlar o melhor era constatar se estava tudo bem. Na semana seguinte fui ao médico, que solicitou um ultrassom para saber quantas semanas o embrião teria e como estava se desenvolvendo. Pediu urgência! Ah! Esqueci de contar que estou com 39 anos, aquela idade que as pessoas ao mesmo tempo que incentivam dizendo que és jovem e podes ter uma gravidez tranquila te lembram que pode ter riscos, já que é a primeira. Então corri para o primeiro ultrassom.
Em 12 de julho fui lá para fazer o exame e saber como as coisas iam. Minha primeira pulga atrás da orelha. O médico que fez o exame não disse diretamente, mas disse que naquele tempo estimado as coisas deveriam estar mais adiantadas, deveríamos escutar o coração do bebê e ele estaria mais ativo. Meu mundo balançou e meu coração ficou numa angústia permanente até o próximo ultrassom, sugerido para daqui dez dias.
Neste tempo eu rezei muito! Fui ao meu médico que tentou tirar da minha mente a ideia de um bebê morto no meu ventre, mas enfim, ao mesmo tempo ele já me alertou que caso isso tivesse acontecido eu teria que fazer uma curetagem e tal. Saí com o mundo um pouco mais sacudido e tentando sorrir tirando a angústia do meu coração. Nunca o tempo passou tão devagar! Eu marquei o exame que deu um pouco mais de 10 dias e em primeiro de agosto lá fui eu para o ultrassom. E as coisas estavam iguais ao primeiro! Mesmo tamanho, sem batimentos e com um pequeno sangramento há três dias. A médica foi super atenciosa, um amor comigo, me explicou com a maior calma e compaixão do mundo que o feto estava morto e eu precisava retirar o saco gestacional através de um procedimento com meu médico ou procurando o PS.
Eu chorei! E rezei pra não ficar triste demais, nem ficar me sentindo culpada, nem pensar que eu não vou poder tentar de novo, nem que eu tivesse alguma mágoa ao ver outras mulheres grávidas neste momento. Meu maior medo foi ficar com mágoa, porque eu sei que estas coisas são parte de um grande aprendizado. Mas a gente é humano e falho e pode sentir coisas assim.
Então contei pro meu namorido o que aconteceu e não consegui não chorar. E contei pra família e me preparei psicologicamente para ir ao PS fazer a curetagem. Aliás tive medo da dor! No pronto socorro foi rápido, logo me passaram para a ginecologia, aqui demorou um pouco. Fiz o relato do caso, levei os exames, examina um residente, examina o médico e então eles me falam que tenho que ficar no hospital porque o procedimento é feito só no dia seguinte. Foram também muito atenciosos me falando com empatia tudo que seria feito e como. Faz a baixa, exames, coloca acesso e espera até a hora de colocar os compridos para provocar a abertura do colo do útero. Pensei, meu Deus me ajude, dizem que a dor é horrível. É mesmo, mas não mais que a dor da perda.
No mesmo quarto que eu duas moças com menos de 30 na mesma situação, mas com as gestações mais avançadas, bebês mais desenvolvidos. Já sabiam o sexo, já tinham escolhido os nomes. Neste momento me senti menos sofredora. Tinha ganho alguns presentinhos, já tinha pensado nos nomes possíveis, mas não tinha escutado o coração! Não tinha sentido vivo aquele ser que eu amava! Era uma semente germinando. Mas elas tinhas caminhado um pouco mais, já tinham enxoval, planejavam o quarto, chá. Senti uma grande tristeza pensando o quanto a dor era maior pra elas. O nó apertou na garganta! Segurei o choro! Fomos companheiras a noite toda, nossas cólicas aconteciam em intervalos muito próximos. E no dia seguinte fomos uma depois da outra pra sala de cirurgia e depois pra recuperação. Lá se foi mais uma manhã e quase toda a tarde comentando o que sentimos, o que choramos.
Cinco dias de repouso, abstinência sexual, revisão e o nó na garganta. A organização que pude fazer neste período foi guardar os presentes que havia ganho, até porque cada vez que olhava pra eles o nó apertava. Fui muito amparada com palavras de amor, carinho e consolo. Várias lágrimas se juntaram as minhas e sentir isto me consolou muito. Recebi palavras de muito amor! E recebi o incentivo de não desistir, embora neste momento ainda tenha um pouco de receio, justamente por não saber porque a gravidez foi interrompida. Acolho o incentivo com carinho, as pessoas não fazem por mal, elas apenas querem que a gente solte aquela tristeza e agarre uma nova chance de felicidade.
Passaram nove dias desse procedimento. Vira e mexe me assaltam pensamentos de como seria... Mas minhas preces foram atendidas pois consegui receber com felicidade sincera a notícia da gravidez de uma amiga querida.
Sigo adiante com o coração ainda dolorido, colocando as coisas que caíram no lugar, o nó está afrouxando e muito amor tem se multiplicado. Quanto as lágrimas, creio que seja inevitável deixá-las cair, faz parte de mim chorar, seja de alegria ou tristeza! Agradeço o apoio e o carinho do meu companheiro, dos meus pais, dos meus sogros, cunhados, irmãos, tios e amigos. Agradeço aos médicos e enfermeiros que me atenderam no São Francisco. Agradeço a Deus e a espiritualidade a oportunidade de sentir esta felicidade, mesmo tendo sido interrompida, também agradeço o aprendizado.
sexta-feira, 16 de junho de 2017
Herculanum - Rochester
Fazer o que né, me apaixonei por Rochester! Admito que não ter algumas explicações sobre determinados encontros retratados no romance me deixa meio desazada! É diferente dos livros do André Luiz, por exemplo, que sempre tem uma explicação de porque fulana e cicrano se encontraram naquela encarnação e naquelas condições. Sinto um pouco a falta destas explicações, mas André Luiz é um repórter da espiritualidade que vem sanar nossas dúvidas e como curioso que é acaba dando bem mais detalhes que outros autores.
Herculanum é um romance maravilhoso! Gente, quem já assistiu algum documentário, ou mesmo assistiu ao filme Pompéia vai adorar. Óbvio fala lugar, do que levou a erupção do Vesúvio e outras coisas. É um romance que fala de personagens afetados por todos estes acontecimentos e outras que tiveram suas vidas alteradas a partir destes acontecimentos.
O que achei fabuloso foi descobrir, no prólogo, que a história de Rochester está sendo contada sem que a gente perceba. Não vai ter spolier não, calma!
Então em breves linhas a história se resume um pouco a três famílias patrícias (romanas) amigas que vivem em Herculanum. Algumas personagens são pessoas do povo, plebeus ou não-romanos que estão ligados pelo amor ou pela vingança aqueles patrícios. O ponto culminante é a erupção do Vesúvio o aniquilamento das cidades de Pompéia e Herculano e a vida das pessoas que conseguiram salvar-se da lava, da fumaça sufocante, das pedras e do vapor assassino.
Considero que Caius Lucilius é o personagem principal desta aventura. É durante sua fuga de Herculano que tomamos conhecimento da existência, naquela região, de um discípulo de Jesus, quem vem a salvar a vida de Caius e convertê-lo ao cristianismo. Este discípulo é o centurião que converteu-se após conhecer Jesus. Ele conta sua história a Cáius e mais tarde vem a batiza-lo junto com Sempronius.
Para mim é difícil falar de um livro sem contar detalhes e pormenores, pelo medo de dar spoiler e contar detalhes muito importantes, não contarei mais nada. Apenas indico muito fortemente que o leiam.
A escrita de Rochester é simples e clara. As personagens são fortes e suas histórias incitam muitas reflexões sobre as paixões humanas, os vícios e as virtudes. Algumas ligações podem ser intuídas pela maneira como são narrados os encontros e as sensações das personagens umas com as outras. Como é o caso de Gundica e Virgilia, por exemplo. Todas as ligações são de outras reencarnações.
Além do romance em si é muito forte a impressão que sentimos diante da narração da erupção do Vesúvio, das cinzas tomando conta da cidade, dos vapores venenosos, das pedras que saltavam do vulcão antes da lava se derramar sobre as cidades e tudo que nelas continha.
Herculanum é um romance maravilhoso! Gente, quem já assistiu algum documentário, ou mesmo assistiu ao filme Pompéia vai adorar. Óbvio fala lugar, do que levou a erupção do Vesúvio e outras coisas. É um romance que fala de personagens afetados por todos estes acontecimentos e outras que tiveram suas vidas alteradas a partir destes acontecimentos.
O que achei fabuloso foi descobrir, no prólogo, que a história de Rochester está sendo contada sem que a gente perceba. Não vai ter spolier não, calma!
Então em breves linhas a história se resume um pouco a três famílias patrícias (romanas) amigas que vivem em Herculanum. Algumas personagens são pessoas do povo, plebeus ou não-romanos que estão ligados pelo amor ou pela vingança aqueles patrícios. O ponto culminante é a erupção do Vesúvio o aniquilamento das cidades de Pompéia e Herculano e a vida das pessoas que conseguiram salvar-se da lava, da fumaça sufocante, das pedras e do vapor assassino.
Considero que Caius Lucilius é o personagem principal desta aventura. É durante sua fuga de Herculano que tomamos conhecimento da existência, naquela região, de um discípulo de Jesus, quem vem a salvar a vida de Caius e convertê-lo ao cristianismo. Este discípulo é o centurião que converteu-se após conhecer Jesus. Ele conta sua história a Cáius e mais tarde vem a batiza-lo junto com Sempronius.
Para mim é difícil falar de um livro sem contar detalhes e pormenores, pelo medo de dar spoiler e contar detalhes muito importantes, não contarei mais nada. Apenas indico muito fortemente que o leiam.
A escrita de Rochester é simples e clara. As personagens são fortes e suas histórias incitam muitas reflexões sobre as paixões humanas, os vícios e as virtudes. Algumas ligações podem ser intuídas pela maneira como são narrados os encontros e as sensações das personagens umas com as outras. Como é o caso de Gundica e Virgilia, por exemplo. Todas as ligações são de outras reencarnações.
Além do romance em si é muito forte a impressão que sentimos diante da narração da erupção do Vesúvio, das cinzas tomando conta da cidade, dos vapores venenosos, das pedras que saltavam do vulcão antes da lava se derramar sobre as cidades e tudo que nelas continha.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Meu primeiro Rochester - A noite de S. Bartolomeu
Já ouviu falar da noite de São Bartolomeu? Pois então, foi um grande massacre que começou após a cerimônia de casamento da princesa Margot na França. O casamento arranjado pelo rei Carlos IX tinha o objetivo de acabar com as disputas entre católicos e protestantes, visto que Margot desposaria Henrique III que era protestante. O rei Carlos tinha em um dos líderes do movimento protestante um grande amigo, a quem tratava como pai. Sua simpatia não foi suficiente para acalmar os católicos em sua ira, que pelas costas do rei tramou a carnificina que teve início assim que Coligni (o amigo do rei e líder protestante) foi assassinado.
Óbvio que em meio a autorização para que católicos executassem protestantes muitos homens aproveitaram-se deste momento para matar seus inimigos. Alguns personagens deste livro aproveitaram para matar credores, adversários políticos e rivais no campo afetivo.
Neste livro Rochester nos conta sobre uma história de amor ambientada neste período e que tem seu ápice na Noite de S. Bartolomeu. Diana D'Armi a jovem filha do Barão João D'Armi (um viúvo perdulário) abandona sua filha aos cuidados de sua nova esposa Lourença. Esta uma mulher egoísta, mesquinha, vaidosa e promíscua que troca de amante com grande facilidade é justamente quem leva o seu algoz para casa. O barão de Mailor torna-se amante da baronesa D'Armi num momento em que se encontra financeiramente mal. Ele também não consegue explicar a estranha influência que Lourença exerce sobre ele. Neste encontro a pérfida mulher trama o casamento de Diana, na época uma criança por volta dos 4 anos e dona de uma herança que desperta muitos interesses, com Mailor e após o acerto de uma certa comissão para o pai da noiva, faz-se o casamento da menina. Depois disso a pobre não tem mais amparo! O marido a abandona a própria sorte numa floresta, o pai a vendeu como mercadoria e a madrasta sempre que pode manipula os homens para ganhar algo com Diana.
Todos aqueles que a deveriam auxiliar a abandonam ou a traem. Mas por alguma força ela consegue superar os perigos e descobrir toda a trama que se desenrolou até o momento em que toma consciência sobre sua própria vida.
O livro é rico em detalhes sobre o período, nomes, lugares e acontecimentos.
Confesso que senti falta de uma explicação sobre os laços que ligaram Diana a todos aqueles que a prejudicaram jurando lhe amar.
Indico demais a leitura pois a escrita de Rochester é maravilhosa e nos prende fazendo com que a gente não pare de ler.
Óbvio que em meio a autorização para que católicos executassem protestantes muitos homens aproveitaram-se deste momento para matar seus inimigos. Alguns personagens deste livro aproveitaram para matar credores, adversários políticos e rivais no campo afetivo.
Neste livro Rochester nos conta sobre uma história de amor ambientada neste período e que tem seu ápice na Noite de S. Bartolomeu. Diana D'Armi a jovem filha do Barão João D'Armi (um viúvo perdulário) abandona sua filha aos cuidados de sua nova esposa Lourença. Esta uma mulher egoísta, mesquinha, vaidosa e promíscua que troca de amante com grande facilidade é justamente quem leva o seu algoz para casa. O barão de Mailor torna-se amante da baronesa D'Armi num momento em que se encontra financeiramente mal. Ele também não consegue explicar a estranha influência que Lourença exerce sobre ele. Neste encontro a pérfida mulher trama o casamento de Diana, na época uma criança por volta dos 4 anos e dona de uma herança que desperta muitos interesses, com Mailor e após o acerto de uma certa comissão para o pai da noiva, faz-se o casamento da menina. Depois disso a pobre não tem mais amparo! O marido a abandona a própria sorte numa floresta, o pai a vendeu como mercadoria e a madrasta sempre que pode manipula os homens para ganhar algo com Diana.
Todos aqueles que a deveriam auxiliar a abandonam ou a traem. Mas por alguma força ela consegue superar os perigos e descobrir toda a trama que se desenrolou até o momento em que toma consciência sobre sua própria vida.
O livro é rico em detalhes sobre o período, nomes, lugares e acontecimentos.
Confesso que senti falta de uma explicação sobre os laços que ligaram Diana a todos aqueles que a prejudicaram jurando lhe amar.
Indico demais a leitura pois a escrita de Rochester é maravilhosa e nos prende fazendo com que a gente não pare de ler.
quinta-feira, 20 de abril de 2017
10 coisas que os pais devem fazer com os filhos
Existem muitas coisas que eram tabu antigamente! Antigamente, devemos dizer, é bem recente, tipo 30, 40 anos. Recente sim, parece que quando dizemos faz 10 anos, faz 20 anos, as coisas estão láááá longe, mas na verdade as coisas estão bem perto, estão dentro do nosso próprio ciclo de vida! É engraçado, por exemplo, quando uma criança de 10, 12 anos diz, a minha vida inteira, ou toda a minha vida, porque ela viveu ali, dez, doze anos. Se uma década é pouco na história de uma criança, porque na nossa vida é muito???? A experiência da criança vale tanto quanto a nossa, adultos.
É por isso que a gente precisa conversar sempre com as crianças que estão a nossa volta, não só para orientá-las, mas pra aprender com elas. Obviamente que pessoas mais vividas tem experiências importantes e consequentemente alguns conselhos do que fazer e do que não fazer na vida, mas vamos deixar claro que estas vivências não o tornam o dono da verdade,
Por isso é necessário conversar com as crianças contando nossas histórias, nossos erros e acertos, para que eles possam saber um pouco da vida e fazer suas escolhas com alguma base.
Fiz uma lista de coisas que meus pais fizeram comigo, uma lista de filha, com alguns assuntos espinhentos e outros considerados tabu que acho interessante que os pais falem com os filhos, sem constrangimentos ou repressões.
1 O mais polêmico, constrangedor e difícil imagino para os pais e para os filhos é o SEXO. Desde muito cedo a criança começa querer saber sobre as diferenças entre meninos e meninas, como nasceram, como que a semente chega na barriga da mãe e vira bebê. Então é bom falar a verdade e com clareza. Dizer que o filho é muito jovem pra saber daquilo e cortar o assunto pode fazer com que a curiosidade aumente mais. Fala a verdade! Aliás, uma dica básica, a verdade é o melhor caminho sempre. Mesmo que doa, e ela dói!
É óbvio que tu não vai mostrar um filme de sexo pra criança. Quando ela perguntar: "Como nascem as crianças?" Não me venha com repolho ou cegonha. Diz que o pai tem uma semente, a mãe tem outra e quando eles namoram as sementes se juntam e a criança começa a ser gerada. O namoro é algo que dependendo do tamanho da criança vai gerar uma outra pergunta, mais ou menos cabeluda. Crianças pequenas entendem namoro como, por exemplo beijo na boca. Tá bom, responde que sim e deu. Quando ela quiser saber mais alguma coisa ela vai perguntar, pode acreditar.
2 Porque meninos e meninas são diferentes? Porque todas as pessoas são únicas e diferentes. E todas são especiais. Homens e mulheres tem órgãos diferentes para a reprodução, para poder ter filhos, se quiserem um dia. Eles podem perguntar sobre gurias que gostam de gurias e guris que gostam de guris. A coisa mais importante a dizer neste caso é que acontece, que faz parte da diversidade das pessoas e que é amor e toda forma de amor é bonita. NUNCA, nunca diga pro seu filho que homem gosta de mulher, mulher gosta de homem e o que tá fora disso tá ERRADO. Porque dependendo da idade do seu filho, das dúvidas que ele tem naturalmente durante a adolescência isso vai tornar a vida dele muito difícil. Veja bem, quem pergunta sobre homossexualidade não necessariamente tem dúvida sobre a SUA. Muitas vezes ele tem amigos ou vê colegas que sofrem bulling por serem afeminados e querem ajudar este amigo. Colocar seu filho contra gays e lésbicas não impedirá que ele seja e muito provavelmente o tornará infeliz, porque a adolescência é uma época difícil da vida da gente. Eu sei porque a minha foi bem chorosa! Além disso é natural que existam dúvidas. aliás a gente tem dúvida de tudo, se é adulto ou criança, se o que sente pela amiga é só amizade ou se é amor, porque a gente sente ciúme dos irmãos mais novos, porque nossos primos podem fazer um monte de coisas que a gente não, porque eu não sou todo mundo? Determinar para os adolescentes que ele não podem ser/fazer alguma coisa sem um bom argumento criará muitas outras dúvidas e dores , algumas vezes. E consequentemente infelicidade. E eu tenho toda certeza do mundo que a coisa mais importante pra ti é saber que teu filho é feliz. Então... converse com a mente aberta!
3 Quando teu filho começar a te perguntar sobre sexo, prazer e etc, não diz pra ele que é ruim. Assim como no tópico número 1, isto pode causar mais curiosidade. Fala a verdade, que é bom. Verdade melhor sempre mesmo que doa? Pois é. Diz que é bom, que só pode ser feito quando tiver A PERMISSÃO DOS DOIS ENVOLVIDOS. Fala que precisa tomar alguns cuidados muito importantes, um deles É O USO DO PRESERVATIVO. Para os meninos diga que: NÃO É SEMPRE NÃO. E para as meninas diga que QUALQUER TOQUE NÃO CONSENTIDO É ABUSO SIM E DEVE SER DENUNCIADO. Fala pra ele que os parceiros devem conversar sempre para se conhecerem e para saber sobre o que gostam. E QUE QUEM GOSTA RESPEITA O OUTRO SEMPRE TAMBÉM. Isto não é incentivo, tampouco consentimento para que os filhos façam sexo. É uma orientação para QUANDO (porque eles irão fazer sexo um dia) eles estiverem prontos para isso saibam que precisam se prevenir de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e abusos!
4 Converse com seus filhos sobre o toque, o beijo e a permissão. Crianças também se sentem culpadas quando sofrem abusos e acabam não falando por medo e vergonha. Além disso tem o fato de que os abusadores ameaçam a criança com a morte dos pais. Diga que se um toque não for agradável e causar desconforto deve falar com os pais. Fale que ninguém pode tocar suas partes íntimas. Aproveita pra mostrar o vídeo do lado, ele é muito bom pra ajudar as crianças a entenderem o que é toque bom e o que é toque ruim.Conversar sobre isso vai ajudar para que ela se senta a vontade para conversar contigo sempre que tiver dúvidas. Porque a coisa funciona assim: se a criança tem dúvida e pergunta pro pai e ele manda perguntar pra mãe e a mãe diz que ele é muito pequeno pra saber ele vai perguntar pro amigo mais velho e isso pode dar certo e o amigo ser o cara que sabe das coisas, mas pode dar errado e o amigo causar uma baita confusão na cabeça do teu filho.
5 Outro tema difícil são as DROGAS. Mas, como qualquer tema a conversa é o que ajudará teu filho fazer a melhor escolha. Aqui a verdade também é a melhor resposta. Dizer que é ruim não é um bom caminho, principalmente se por acaso tu fumar ou beber. Fala pra ele que existem vários tipos de drogas e que elas causam danos a saúde, dependendo do tipo mais rápido ou mais devagar. Fala que inicialmente elas causam uma sensação boa e que é atrás desta sensação que os usuários (nunca diga drogados) vão e acabam se viciando. Ninguém se vicia em qualquer coisa que seja se a coisa for ruim e ele não gostar. Então seja honesto! Mostre as consequências do vício. E não julgue aqueles que estão passando por este problema. Eu sempre falei sobre isto com a minha mãe e nunca tive vontade de experimentar das drogas ilícitas, mas tenho certeza que se tivesse experimentado poderia ter contado abertamente pra ela e não seria julgada. Proibir não é uma boa ideia!
6 Fale sobre os idosos. Devemos ensinar as crianças a respeitarem e a valorizarem os mais velhos. Oportunize que eles convivam com os avós. Tá certo que hoje em dia os avós participam ativamente da vida dos netos, muitos fazendo as vezes dos pais levando na escola, buscando e cuidando. Mas é importante falar sobre a necessidade das crianças ajudarem os avós, deixando claro que eles não são empregados deles.
7 Este assunto faz lembrar de outro tema a necessidade de nossos filhos saberem que não tem empregados. Que eles precisam cuidar das suas coisas, limpar o que sujam, manter seus pertences organizados. E caso tenha uma auxiliar que cuide da casa deve deixar claro que esta profissional tem que ser respeitada. Não é porque tem alguém que organiza e limpa que el@ vai jogar as coisas, sujar e não se responsabilizar pela sua bagunça.
8 Converse sobre as coisas que seu filho gosta e sobre o que não gosta também. Isto vai demonstrar pra ele que estás interessado na opinião dele. Pergunte pelos amigos, pela escola, pelo que gosta de fazer no dia-a-dia. Deixe ele falar e preste atenção! Dedique toda a sua atenção a esta conversa, que pode ser no caminho da escola pra casa, pode ser antes de dormir, pode ser durante as refeições.
9 Falando em refeições... faça pelo menos uma, UMA DAS REFEIÇÕES com teu filho. O melhor seria que fossem todas, mas se não for possível, escolha uma delas e faça, como um ritual. Comam juntos, falem do tempo, do planejamento do dia, de como o cheiro do café é bom de manhã! Enfim, esteja presente em pelo menos uma refeição da criança.
10 Diga pro seu filho o quanto ele é amado e querido. Demonstre com gestos, auxilie nos temas da escola, jogue bola, brinque de quebra-cabeça, assista o filme ou a série favorita DELE, ande de bicicleta, faça piqueniques, ensine a cozinhar, convide ele e os amigos para fazerem trabalhos, festa do pijama e dormidão em sua casa. Dá trabalho, faz bagunça, mas são lembranças que nunca serão esquecidas. Caso teu filho seja adolescente deixe ele ir nas festinhas, no cinema ou shopping com os amigos. Leva e busca ele, claro, mas deixa ele ficar lá só com os amigos, aprendendo a se cuidar. Isso vai ajudá-lo a ter autonomia. E isso fará muita diferença quando ele precisar se virar sozinho. Sei disso porque fui um pouco protegida e tem algumas coisas com as quais não lido tão bem, por causa desta proteção.
Nenhuma das coisas que tô falando aqui é verdade absoluta. Mas são coisas que eu vivi na minha infância e adolescência e me fez muito bem. É experiência própria! Perceber que muitos jovens não tem nada disso na sua vida e estão adoecendo emocional e psicologicamente me causa enorme tristeza.
É por isso que a gente precisa conversar sempre com as crianças que estão a nossa volta, não só para orientá-las, mas pra aprender com elas. Obviamente que pessoas mais vividas tem experiências importantes e consequentemente alguns conselhos do que fazer e do que não fazer na vida, mas vamos deixar claro que estas vivências não o tornam o dono da verdade,
Por isso é necessário conversar com as crianças contando nossas histórias, nossos erros e acertos, para que eles possam saber um pouco da vida e fazer suas escolhas com alguma base.
Fiz uma lista de coisas que meus pais fizeram comigo, uma lista de filha, com alguns assuntos espinhentos e outros considerados tabu que acho interessante que os pais falem com os filhos, sem constrangimentos ou repressões.
1 O mais polêmico, constrangedor e difícil imagino para os pais e para os filhos é o SEXO. Desde muito cedo a criança começa querer saber sobre as diferenças entre meninos e meninas, como nasceram, como que a semente chega na barriga da mãe e vira bebê. Então é bom falar a verdade e com clareza. Dizer que o filho é muito jovem pra saber daquilo e cortar o assunto pode fazer com que a curiosidade aumente mais. Fala a verdade! Aliás, uma dica básica, a verdade é o melhor caminho sempre. Mesmo que doa, e ela dói!
É óbvio que tu não vai mostrar um filme de sexo pra criança. Quando ela perguntar: "Como nascem as crianças?" Não me venha com repolho ou cegonha. Diz que o pai tem uma semente, a mãe tem outra e quando eles namoram as sementes se juntam e a criança começa a ser gerada. O namoro é algo que dependendo do tamanho da criança vai gerar uma outra pergunta, mais ou menos cabeluda. Crianças pequenas entendem namoro como, por exemplo beijo na boca. Tá bom, responde que sim e deu. Quando ela quiser saber mais alguma coisa ela vai perguntar, pode acreditar.
2 Porque meninos e meninas são diferentes? Porque todas as pessoas são únicas e diferentes. E todas são especiais. Homens e mulheres tem órgãos diferentes para a reprodução, para poder ter filhos, se quiserem um dia. Eles podem perguntar sobre gurias que gostam de gurias e guris que gostam de guris. A coisa mais importante a dizer neste caso é que acontece, que faz parte da diversidade das pessoas e que é amor e toda forma de amor é bonita. NUNCA, nunca diga pro seu filho que homem gosta de mulher, mulher gosta de homem e o que tá fora disso tá ERRADO. Porque dependendo da idade do seu filho, das dúvidas que ele tem naturalmente durante a adolescência isso vai tornar a vida dele muito difícil. Veja bem, quem pergunta sobre homossexualidade não necessariamente tem dúvida sobre a SUA. Muitas vezes ele tem amigos ou vê colegas que sofrem bulling por serem afeminados e querem ajudar este amigo. Colocar seu filho contra gays e lésbicas não impedirá que ele seja e muito provavelmente o tornará infeliz, porque a adolescência é uma época difícil da vida da gente. Eu sei porque a minha foi bem chorosa! Além disso é natural que existam dúvidas. aliás a gente tem dúvida de tudo, se é adulto ou criança, se o que sente pela amiga é só amizade ou se é amor, porque a gente sente ciúme dos irmãos mais novos, porque nossos primos podem fazer um monte de coisas que a gente não, porque eu não sou todo mundo? Determinar para os adolescentes que ele não podem ser/fazer alguma coisa sem um bom argumento criará muitas outras dúvidas e dores , algumas vezes. E consequentemente infelicidade. E eu tenho toda certeza do mundo que a coisa mais importante pra ti é saber que teu filho é feliz. Então... converse com a mente aberta!
3 Quando teu filho começar a te perguntar sobre sexo, prazer e etc, não diz pra ele que é ruim. Assim como no tópico número 1, isto pode causar mais curiosidade. Fala a verdade, que é bom. Verdade melhor sempre mesmo que doa? Pois é. Diz que é bom, que só pode ser feito quando tiver A PERMISSÃO DOS DOIS ENVOLVIDOS. Fala que precisa tomar alguns cuidados muito importantes, um deles É O USO DO PRESERVATIVO. Para os meninos diga que: NÃO É SEMPRE NÃO. E para as meninas diga que QUALQUER TOQUE NÃO CONSENTIDO É ABUSO SIM E DEVE SER DENUNCIADO. Fala pra ele que os parceiros devem conversar sempre para se conhecerem e para saber sobre o que gostam. E QUE QUEM GOSTA RESPEITA O OUTRO SEMPRE TAMBÉM. Isto não é incentivo, tampouco consentimento para que os filhos façam sexo. É uma orientação para QUANDO (porque eles irão fazer sexo um dia) eles estiverem prontos para isso saibam que precisam se prevenir de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e abusos!
4 Converse com seus filhos sobre o toque, o beijo e a permissão. Crianças também se sentem culpadas quando sofrem abusos e acabam não falando por medo e vergonha. Além disso tem o fato de que os abusadores ameaçam a criança com a morte dos pais. Diga que se um toque não for agradável e causar desconforto deve falar com os pais. Fale que ninguém pode tocar suas partes íntimas. Aproveita pra mostrar o vídeo do lado, ele é muito bom pra ajudar as crianças a entenderem o que é toque bom e o que é toque ruim.Conversar sobre isso vai ajudar para que ela se senta a vontade para conversar contigo sempre que tiver dúvidas. Porque a coisa funciona assim: se a criança tem dúvida e pergunta pro pai e ele manda perguntar pra mãe e a mãe diz que ele é muito pequeno pra saber ele vai perguntar pro amigo mais velho e isso pode dar certo e o amigo ser o cara que sabe das coisas, mas pode dar errado e o amigo causar uma baita confusão na cabeça do teu filho.
5 Outro tema difícil são as DROGAS. Mas, como qualquer tema a conversa é o que ajudará teu filho fazer a melhor escolha. Aqui a verdade também é a melhor resposta. Dizer que é ruim não é um bom caminho, principalmente se por acaso tu fumar ou beber. Fala pra ele que existem vários tipos de drogas e que elas causam danos a saúde, dependendo do tipo mais rápido ou mais devagar. Fala que inicialmente elas causam uma sensação boa e que é atrás desta sensação que os usuários (nunca diga drogados) vão e acabam se viciando. Ninguém se vicia em qualquer coisa que seja se a coisa for ruim e ele não gostar. Então seja honesto! Mostre as consequências do vício. E não julgue aqueles que estão passando por este problema. Eu sempre falei sobre isto com a minha mãe e nunca tive vontade de experimentar das drogas ilícitas, mas tenho certeza que se tivesse experimentado poderia ter contado abertamente pra ela e não seria julgada. Proibir não é uma boa ideia!
6 Fale sobre os idosos. Devemos ensinar as crianças a respeitarem e a valorizarem os mais velhos. Oportunize que eles convivam com os avós. Tá certo que hoje em dia os avós participam ativamente da vida dos netos, muitos fazendo as vezes dos pais levando na escola, buscando e cuidando. Mas é importante falar sobre a necessidade das crianças ajudarem os avós, deixando claro que eles não são empregados deles.
7 Este assunto faz lembrar de outro tema a necessidade de nossos filhos saberem que não tem empregados. Que eles precisam cuidar das suas coisas, limpar o que sujam, manter seus pertences organizados. E caso tenha uma auxiliar que cuide da casa deve deixar claro que esta profissional tem que ser respeitada. Não é porque tem alguém que organiza e limpa que el@ vai jogar as coisas, sujar e não se responsabilizar pela sua bagunça.
8 Converse sobre as coisas que seu filho gosta e sobre o que não gosta também. Isto vai demonstrar pra ele que estás interessado na opinião dele. Pergunte pelos amigos, pela escola, pelo que gosta de fazer no dia-a-dia. Deixe ele falar e preste atenção! Dedique toda a sua atenção a esta conversa, que pode ser no caminho da escola pra casa, pode ser antes de dormir, pode ser durante as refeições.
9 Falando em refeições... faça pelo menos uma, UMA DAS REFEIÇÕES com teu filho. O melhor seria que fossem todas, mas se não for possível, escolha uma delas e faça, como um ritual. Comam juntos, falem do tempo, do planejamento do dia, de como o cheiro do café é bom de manhã! Enfim, esteja presente em pelo menos uma refeição da criança.
10 Diga pro seu filho o quanto ele é amado e querido. Demonstre com gestos, auxilie nos temas da escola, jogue bola, brinque de quebra-cabeça, assista o filme ou a série favorita DELE, ande de bicicleta, faça piqueniques, ensine a cozinhar, convide ele e os amigos para fazerem trabalhos, festa do pijama e dormidão em sua casa. Dá trabalho, faz bagunça, mas são lembranças que nunca serão esquecidas. Caso teu filho seja adolescente deixe ele ir nas festinhas, no cinema ou shopping com os amigos. Leva e busca ele, claro, mas deixa ele ficar lá só com os amigos, aprendendo a se cuidar. Isso vai ajudá-lo a ter autonomia. E isso fará muita diferença quando ele precisar se virar sozinho. Sei disso porque fui um pouco protegida e tem algumas coisas com as quais não lido tão bem, por causa desta proteção.
Nenhuma das coisas que tô falando aqui é verdade absoluta. Mas são coisas que eu vivi na minha infância e adolescência e me fez muito bem. É experiência própria! Perceber que muitos jovens não tem nada disso na sua vida e estão adoecendo emocional e psicologicamente me causa enorme tristeza.
terça-feira, 11 de abril de 2017
Violência contra mulher não é natural!
Desde que me conheço por gente sou contra a submissão da mulher ao homem. Sou feminista sim, precisamos do feminismo sim e para ser feminista não é preciso ser esteriótipo, basta ser mulher e pensar em todos os momentos de medo e tensão que passamos na rua ao lado de homens desconhecidos. Isto basta! O esteriótipo da feminista feia, peluda, que odeia homem é cruel! As mulheres que defendem mulheres que não conseguem se defender não podem ser tratadas assim. Do mesmo jeito que considerar uma mulher que gosta de se embelezar, usar maquiagem e moda de fútil, isto também é cruel. Ninguém é obrigada a ser feminista, aliás é por isto que o feminismo existe, para que nenhuma mulher seja obrigada a nada!
Quando eu era criança bem próximo de mim havia uma história de violência contra uma mulher que trabalhava para sustentar a casa, os filhos e um homem viciado em carteado, que não levava um grão de feijão pra casa e ainda perseguia a sua companheira, ameaçava e acusava de tudo que podia numa violência psicológica sem fim. Numa época em que ser mãe solteira era ser puta (e ainda existe quem pense assim hoje!) ela tentou manter a relação. Várias vezes saiu de casa com os filhos e umas trouxas de roupa e deixou pra trás casa, móveis e aquele que a fazia infeliz. Foram tantas vezes até que se deu conta de que já era considerada sem vergonha, mesmo estando naquele vai e volta com seu "legítimo" marido, mesmo que fosse com o pai dos seus filhos. Então decidiu que não precisava daquilo!
Seguiu em frente trabalhando muito! Criou os filhos com a força do seu braço e sempre teve olhares tortos por não ter se submetido calada a uma vida de violência dentro do lugar que deveria ser o mais seguro pra ela e seus filhos. Recriminavam por ela ter "deixado" o marido! Um homem que como sabemos nunca lhe respeitou e que depois da separação nunca procurou pelos filhos. Talvez no fim da vida né? Com o peso da idade, com a dor das doenças a consciência aponte a solidão e o porquê dela, então... pode ser que o arrependimento surja. Pode ser, não é certo! Afinal de contas quem pensa que é proprietário de uma mulher também crê que tudo que faz lhe é permitido da agressão verbal e psicológica a física. Ele pensa que tudo pode afinal é homem.
Eu vi isto na minha infância e nunca achei natural, nunca aceitei. Nunca consegui achar que ela que estava errada e que deveria mudar. Aliás, sempre achei que ela deveria mudar de casa, de marido, até que ela mudou! É uma mulher forte, que eu amo de todo coração!
Esta história poderia ter acabado mal, porque ele a ameaçava de morte! Sorte que nunca tentou!
Porque caso de assassinato de mulheres acontecem todo dia!
Há cinco anos atrás mais ou menos, quando meu pai foi fazer uma cirurgia e precisou ficar na UTI algum tempo estava internada uma moça que foi incendiada pelo ex-companheiro na esquina do hospital onde trabalhava. Num dos horários de visita os pais dela estavam lá e vocês não tem noção do sofrimento daquela gente humilde. A moça morreu! E a gente pensa que é sorte quanto sabe de algum caso de violência perto da gente que não termina assim.
Foi nesta época que uma amiga muito amada me contou meio por alto as brigas que tinha com o companheiro. O detalhe é que ela estava com a filha pequena noutro estado e sem nenhum parente ou suporte por perto. Numa das conversas por messenger ou msn, nem lembro, perguntei se ele era violento. Ela jurou que não, mas eu não acreditei. Uns dias mais tarde ela me mandou uma mensagem para o celular pedindo que entrasse na sua conta da rede social e mudasse a senha, pois desconfiava que ele estava acessando suas conversas. Um tempo mais tarde ela me disse que ele a agrediu. Orientei que ela fizesse um boletim de ocorrência e ela argumentava que seria inútil pois ele era policial e na cidade pequena pouca gente daria importância ao que ela dizia. Alguns meses mais tarde ela descobriu que estava grávida e concomitantemente descobriu que ele tinha outra mulher e que também estava grávida. Com a outra ele ia ao médico e acompanhava, com minha amiga não. Quando minha amiga dizia que ia embora ele ameaçava tirar o filho deles, dizia que ela seria presa se tentasse levá-lo embora. Então ela saiu de casa. Depois de uma briga com agressões físicas. Ela estava GRÁVIDA e começou a perder líquido amniótico. O bebê nasceu com sequelas. E eu ia sabendo destas coisas e não podia fazer nada. Ela fez o B.O. e tal como previa ninguém se importou. Ela estava sozinha! Ela quase perdeu o filho! Ela teve que ir pra outra cidade com ele mais uma vez sozinha.
Ele seguiu sua rotina sem nenhuma alteração! Enquanto ela estava dilacerada com um filho no hospital e o outro longe dela.
Quando o bebê ficou bem ela voltou pra sua cidade natal, mas a violência não acabou pois ele colocava o filho mais velho contra ela dizendo que a culpa de estarem longe um do outro era da mãe. O caçula precisa de cuidados especiais, que muitas vezes não se consegue na rede básica, mas o pai se nega ajudar com valores extra pensão alimentícia. Ela se desdobra para ajudar e sustentar as crianças, por sorte agora não está mais sozinha, esta perto da família.
Estes são apenas dois, três dos casos de violência que conheço! E tu aí do outro lado se pensar um pouco, se observar amigas, tias, primas talvez perceba também. É por isso que precisamos do feminismo. Fico feliz se tu nunca sofreu assédio ou violência, fico feliz de coração, mas não quer dizer que assédio e violência não existam. E não é por falta de jogo de cintura que as denúncias estão aparecendo. É porque o feminismo está ajudando as mulheres a se darem conta, a perderem o medo e a entenderem que a culpa nunca é da vítima, que elas não estão sozinhas. Vocês tem todo direito de não serem feministas, o feminismo defenderá este direito. Mas por favor defendam as mulheres!
Quando eu era criança bem próximo de mim havia uma história de violência contra uma mulher que trabalhava para sustentar a casa, os filhos e um homem viciado em carteado, que não levava um grão de feijão pra casa e ainda perseguia a sua companheira, ameaçava e acusava de tudo que podia numa violência psicológica sem fim. Numa época em que ser mãe solteira era ser puta (e ainda existe quem pense assim hoje!) ela tentou manter a relação. Várias vezes saiu de casa com os filhos e umas trouxas de roupa e deixou pra trás casa, móveis e aquele que a fazia infeliz. Foram tantas vezes até que se deu conta de que já era considerada sem vergonha, mesmo estando naquele vai e volta com seu "legítimo" marido, mesmo que fosse com o pai dos seus filhos. Então decidiu que não precisava daquilo!
Seguiu em frente trabalhando muito! Criou os filhos com a força do seu braço e sempre teve olhares tortos por não ter se submetido calada a uma vida de violência dentro do lugar que deveria ser o mais seguro pra ela e seus filhos. Recriminavam por ela ter "deixado" o marido! Um homem que como sabemos nunca lhe respeitou e que depois da separação nunca procurou pelos filhos. Talvez no fim da vida né? Com o peso da idade, com a dor das doenças a consciência aponte a solidão e o porquê dela, então... pode ser que o arrependimento surja. Pode ser, não é certo! Afinal de contas quem pensa que é proprietário de uma mulher também crê que tudo que faz lhe é permitido da agressão verbal e psicológica a física. Ele pensa que tudo pode afinal é homem.
Eu vi isto na minha infância e nunca achei natural, nunca aceitei. Nunca consegui achar que ela que estava errada e que deveria mudar. Aliás, sempre achei que ela deveria mudar de casa, de marido, até que ela mudou! É uma mulher forte, que eu amo de todo coração!
Esta história poderia ter acabado mal, porque ele a ameaçava de morte! Sorte que nunca tentou!
Porque caso de assassinato de mulheres acontecem todo dia!
Há cinco anos atrás mais ou menos, quando meu pai foi fazer uma cirurgia e precisou ficar na UTI algum tempo estava internada uma moça que foi incendiada pelo ex-companheiro na esquina do hospital onde trabalhava. Num dos horários de visita os pais dela estavam lá e vocês não tem noção do sofrimento daquela gente humilde. A moça morreu! E a gente pensa que é sorte quanto sabe de algum caso de violência perto da gente que não termina assim.
Foi nesta época que uma amiga muito amada me contou meio por alto as brigas que tinha com o companheiro. O detalhe é que ela estava com a filha pequena noutro estado e sem nenhum parente ou suporte por perto. Numa das conversas por messenger ou msn, nem lembro, perguntei se ele era violento. Ela jurou que não, mas eu não acreditei. Uns dias mais tarde ela me mandou uma mensagem para o celular pedindo que entrasse na sua conta da rede social e mudasse a senha, pois desconfiava que ele estava acessando suas conversas. Um tempo mais tarde ela me disse que ele a agrediu. Orientei que ela fizesse um boletim de ocorrência e ela argumentava que seria inútil pois ele era policial e na cidade pequena pouca gente daria importância ao que ela dizia. Alguns meses mais tarde ela descobriu que estava grávida e concomitantemente descobriu que ele tinha outra mulher e que também estava grávida. Com a outra ele ia ao médico e acompanhava, com minha amiga não. Quando minha amiga dizia que ia embora ele ameaçava tirar o filho deles, dizia que ela seria presa se tentasse levá-lo embora. Então ela saiu de casa. Depois de uma briga com agressões físicas. Ela estava GRÁVIDA e começou a perder líquido amniótico. O bebê nasceu com sequelas. E eu ia sabendo destas coisas e não podia fazer nada. Ela fez o B.O. e tal como previa ninguém se importou. Ela estava sozinha! Ela quase perdeu o filho! Ela teve que ir pra outra cidade com ele mais uma vez sozinha.
Ele seguiu sua rotina sem nenhuma alteração! Enquanto ela estava dilacerada com um filho no hospital e o outro longe dela.
Quando o bebê ficou bem ela voltou pra sua cidade natal, mas a violência não acabou pois ele colocava o filho mais velho contra ela dizendo que a culpa de estarem longe um do outro era da mãe. O caçula precisa de cuidados especiais, que muitas vezes não se consegue na rede básica, mas o pai se nega ajudar com valores extra pensão alimentícia. Ela se desdobra para ajudar e sustentar as crianças, por sorte agora não está mais sozinha, esta perto da família.
Estes são apenas dois, três dos casos de violência que conheço! E tu aí do outro lado se pensar um pouco, se observar amigas, tias, primas talvez perceba também. É por isso que precisamos do feminismo. Fico feliz se tu nunca sofreu assédio ou violência, fico feliz de coração, mas não quer dizer que assédio e violência não existam. E não é por falta de jogo de cintura que as denúncias estão aparecendo. É porque o feminismo está ajudando as mulheres a se darem conta, a perderem o medo e a entenderem que a culpa nunca é da vítima, que elas não estão sozinhas. Vocês tem todo direito de não serem feministas, o feminismo defenderá este direito. Mas por favor defendam as mulheres!
segunda-feira, 10 de abril de 2017
Perdi o medo de Emannuel
Levei muito tempo até ter coragem de pegar um dos livros psicografados pelo Chico Xavier narrados pelo espírito Emmanuel. Confesso que tinha um pouco de medo da linguagem e do próprio né? Porque se ele davam umas alfinetadas no Chico, que diria pra mim? Medo da resposta! hahahaha Além disso sempre lembrava da história de que o médium doava ectoplasma para a materialização de alguns espíritos e entre eles estava o seu mentor e contam que quando ele aparecia o pessoal estremecia. Forma tantas histórias de que as pessoas tinham medo dele que me contagiei deste medo. Medo besta e bobo, porque o espírito Emmanuel é só luz e bondade. Ele é direto e reto, sem rodeios ou nhenhenhé! O que me agrada muito, não sou fã de nariz de cera!
Pensei que a linguagem dos seus livros fosse rebuscada e difícil, já que são lembranças de muito tempo atrás. Cheguei a pensar que fosse mais difícil que André Luiz. Mas fui surpreendida com um texto simples e poético!
Decidi que começaria pelo início, ou seja com o Livro "Há dois mil anos", mas ele não estava disponível na biblioteca. Fiquei olhando o que tinha e me deparei com "Paulo e Estevão", um romance espírita do qual muita gente já havia falado e sugerido a leitura. Teve quem tivesse tecido inúmeros elogios, então resolvi lê-lo. Fui lendo com certo receio e muita precaução. Tudo o que diziam do livro e do Emmanuel era a pura verdade. Perdi o medo!! Óbvio que não tenho intenção de dar de cara com ele por aí né? Ainda não tô preparada! hahaha Tô anos luz de distância do Chico!
Mas vamos falar de "Paulo e Estevão"?
Eu sempre pensei, equivocadamente, que Paulo havia sido um dos 12 apóstolos. Daqueles que acompanharam Jesus na divulgação do Evangelho e no Calvário. Sim, ele foi o apóstolo mais atuante e exemplar divulgador da doutrina de amor de Jesus pelo mundo. Mas antes disso tivemos Jeziel, que adotou o nome de Estevão depois de anos de escravidão nas galeras. Acontece que ele já era um seguidor atuante da doutrina do Mestre, mesmo sem saber. Seguia seu coração e servia a todos, mesmo como escravo, com amor genuíno. Em recompensa por sua dedicação foi libertado e adotou o novo nome Estevão. Era um pregador inspirado pela espiritualidade! Sua doçura e bondade atraía as pessoas e despertou a ira do sinédrio na pessoa Saulo de Tarso, um doutor da lei de Moisés que não admitia uma doutrina superior a mosaica, ainda mais vinda de um carpinteiro que foi morto entre ladrões.
Estevão foi o primeiro mártir da doutrina do Cristo e Saulo o primeiro perseguidor. As qualidades de Saulo como orador, estudioso da lei, creio no meu entender, que foram o que levou Jesus a buscá-lo na estrada de Damasco. A cegueira física foi o que fez com que Saulo se curasse da cegueira do fanatismo. Foi ela que lhe permitiu olhar para dentro de si mesmo, julgar-se e principalmente perdoar-se. Saulo foi exemplo vivo da humildade e de que podemos sim mudar e nos transformar, desde que queiramos verdadeiramente. Só depois de bastante tempo trabalhando o evangelho é que mudou seu nome. "É preciso enterrar o homem velho!" Paulo passou de perseguidor dos seguidores do Mestre a um divulgador atuante e exemplar da sua doutrina de amor. Também foi muito perseguido por seus ex-companheiros de Sinédrio.
Foi Paulo também que criou o termo cristão, para designar aqueles que seguiam o evangelho do Cristo. Sua história nos traz conhecimento de um passado histórico que só ouvimos falar pela bíblia e pelo próprio evangelho. Nas aulas de história ouvimos falar de Pilatos, de Nero e outros, mas neste livro conseguimos nos sentir lá (o que certamente aconteceu!). Mostra como o poder e o fanatismo cega as pessoas a ponto de não enxergarem seus próprios irmãos, a virarem as costas pros próprios filhos.
Recomendo a leitura! Deixem o medo de lado e não se assustem com o tamanho do livro! Aproveitem as belas palavras, a narrativa poética e rica e os exemplos inspiradores. Já estou louca para ler os próximos! Ah! Não briguem por não ter dado mais detalhes, mas queria apenas aguçar a curiosidade de vocês! Leiam, tenho certeza de que irão gostar!
Pensei que a linguagem dos seus livros fosse rebuscada e difícil, já que são lembranças de muito tempo atrás. Cheguei a pensar que fosse mais difícil que André Luiz. Mas fui surpreendida com um texto simples e poético!
Decidi que começaria pelo início, ou seja com o Livro "Há dois mil anos", mas ele não estava disponível na biblioteca. Fiquei olhando o que tinha e me deparei com "Paulo e Estevão", um romance espírita do qual muita gente já havia falado e sugerido a leitura. Teve quem tivesse tecido inúmeros elogios, então resolvi lê-lo. Fui lendo com certo receio e muita precaução. Tudo o que diziam do livro e do Emmanuel era a pura verdade. Perdi o medo!! Óbvio que não tenho intenção de dar de cara com ele por aí né? Ainda não tô preparada! hahaha Tô anos luz de distância do Chico!
Mas vamos falar de "Paulo e Estevão"?
Eu sempre pensei, equivocadamente, que Paulo havia sido um dos 12 apóstolos. Daqueles que acompanharam Jesus na divulgação do Evangelho e no Calvário. Sim, ele foi o apóstolo mais atuante e exemplar divulgador da doutrina de amor de Jesus pelo mundo. Mas antes disso tivemos Jeziel, que adotou o nome de Estevão depois de anos de escravidão nas galeras. Acontece que ele já era um seguidor atuante da doutrina do Mestre, mesmo sem saber. Seguia seu coração e servia a todos, mesmo como escravo, com amor genuíno. Em recompensa por sua dedicação foi libertado e adotou o novo nome Estevão. Era um pregador inspirado pela espiritualidade! Sua doçura e bondade atraía as pessoas e despertou a ira do sinédrio na pessoa Saulo de Tarso, um doutor da lei de Moisés que não admitia uma doutrina superior a mosaica, ainda mais vinda de um carpinteiro que foi morto entre ladrões.
Estevão foi o primeiro mártir da doutrina do Cristo e Saulo o primeiro perseguidor. As qualidades de Saulo como orador, estudioso da lei, creio no meu entender, que foram o que levou Jesus a buscá-lo na estrada de Damasco. A cegueira física foi o que fez com que Saulo se curasse da cegueira do fanatismo. Foi ela que lhe permitiu olhar para dentro de si mesmo, julgar-se e principalmente perdoar-se. Saulo foi exemplo vivo da humildade e de que podemos sim mudar e nos transformar, desde que queiramos verdadeiramente. Só depois de bastante tempo trabalhando o evangelho é que mudou seu nome. "É preciso enterrar o homem velho!" Paulo passou de perseguidor dos seguidores do Mestre a um divulgador atuante e exemplar da sua doutrina de amor. Também foi muito perseguido por seus ex-companheiros de Sinédrio.
Foi Paulo também que criou o termo cristão, para designar aqueles que seguiam o evangelho do Cristo. Sua história nos traz conhecimento de um passado histórico que só ouvimos falar pela bíblia e pelo próprio evangelho. Nas aulas de história ouvimos falar de Pilatos, de Nero e outros, mas neste livro conseguimos nos sentir lá (o que certamente aconteceu!). Mostra como o poder e o fanatismo cega as pessoas a ponto de não enxergarem seus próprios irmãos, a virarem as costas pros próprios filhos.
Recomendo a leitura! Deixem o medo de lado e não se assustem com o tamanho do livro! Aproveitem as belas palavras, a narrativa poética e rica e os exemplos inspiradores. Já estou louca para ler os próximos! Ah! Não briguem por não ter dado mais detalhes, mas queria apenas aguçar a curiosidade de vocês! Leiam, tenho certeza de que irão gostar!
quarta-feira, 22 de março de 2017
Sopa de pedra
Quando eu era criança ouvia falar da história de uma mulher muito pobre que fazia sopa de pedra para seus filhos. Era uma coisa que eu não entendia! Na verdade ainda hoje não entendo. Minha mãe conta as histórias da sua infância e como passou necessidade e não tiveram comida muitas vezes, como sobreviviam com dificuldades e apoiados no empreendedorismo do tio Toninho que fazia todo tipo de trabalho possível para levar alguma comida pra casa. Não é um tempo tão distante não década de 50 e 60, talvez um pedaço de 70, um período relativamente próximo de nós.
Considero um tempo bem próximo de mim. Porque quando eu nasci em 1977 ainda estávamos sob a ditadura militar e tinha ainda muita pobreza. Aliás, hoje ainda existe muita pobreza. A mãe costumava dizer (e diz ainda) que a gente não sabe o que é passar trabalho ou fome. Graças a Deus e ao trabalho dela e do pai não sabemos. Isso quer dizer que o tempo de criança dela foi muito mais difícil que o meu. Praticamente não haviam casas na redondeza por onde ela morava e as pessoas não tinham a quem pedir ajuda, porque estava todo mundo no mesmo barco.
Sempre fui pobre, mas sou uma privilegiada! Era nesta época de colégio, que eu não tinha nenhuma vontade de comer que a mãe contava (com o intuito de me fazer comer) que tinha uma mulher que alimentava os filhos com sopa de pedra. E eu pensava, mas como que as pessoas comem pedra????? Que coisa horrível deve ser!
O tempo foi passando e pude perceber que muita coisa mudou. O bairro onde eu morava já não é mais tão despovoado, nos lugares onde era apenas campos agora estão cheios de casas. A população cresceu e vários auxílios ajudaram as pessoas a terem suas próprias casas. Mas ainda assim tem gente que passa fome, mesmo com bolsa família, mesmo com pastoral da criança, mesmo com sopão de rua. Porque é muita gente no nosso país, gente que trabalha e ainda assim não tem como botar comida em casa, ainda assim passa perrengue porque tem que pagar transporte caro e de baixíssima qualidade, tem que pagar água, luz, alguns tem que pagar aluguel e por aí vai. E mesmo tendo gente um pouco melhor na vida, ainda tem gente que precisa apelar pra sopa de pedra ou papelão. É, não faz muito tempo vi uma reportagem em que uma senhorinha (não lembro em que lugar) se alimentava e aos filhos com sopa de papelão! Eu, que sempre tive comida em casa não consigo saber o que é pior neste cardápio sopa de pedra ou de papelão.
Enquanto estas pessoas estão tendo que optar por esta fonte de alimento os políticos estão desviando verbas públicas, as pessoas que deveriam fiscalizar os alimentos estão aceitando propina e deixando carne podre ir pras prateleiras dos mercados, os agrotóxicos poluir os rios, além dos alimentos e por aí vai. Ainda por cima temos que ver os intelectualoides dizendo que tudo que acontece no país é culpa do povo que não sabe votar! Do povo que tá, ainda, na miséria!
Agora a "carne fraca" tá mostrando os horrores que são os bastidores da indústria da carne, mas isto é só pra tirar o foco da reforma da previdência, que é o que vai destruir a vida das pessoas, muito mais do que a carne podre do açougue fedorento!
Considero um tempo bem próximo de mim. Porque quando eu nasci em 1977 ainda estávamos sob a ditadura militar e tinha ainda muita pobreza. Aliás, hoje ainda existe muita pobreza. A mãe costumava dizer (e diz ainda) que a gente não sabe o que é passar trabalho ou fome. Graças a Deus e ao trabalho dela e do pai não sabemos. Isso quer dizer que o tempo de criança dela foi muito mais difícil que o meu. Praticamente não haviam casas na redondeza por onde ela morava e as pessoas não tinham a quem pedir ajuda, porque estava todo mundo no mesmo barco.
Sempre fui pobre, mas sou uma privilegiada! Era nesta época de colégio, que eu não tinha nenhuma vontade de comer que a mãe contava (com o intuito de me fazer comer) que tinha uma mulher que alimentava os filhos com sopa de pedra. E eu pensava, mas como que as pessoas comem pedra????? Que coisa horrível deve ser!
O tempo foi passando e pude perceber que muita coisa mudou. O bairro onde eu morava já não é mais tão despovoado, nos lugares onde era apenas campos agora estão cheios de casas. A população cresceu e vários auxílios ajudaram as pessoas a terem suas próprias casas. Mas ainda assim tem gente que passa fome, mesmo com bolsa família, mesmo com pastoral da criança, mesmo com sopão de rua. Porque é muita gente no nosso país, gente que trabalha e ainda assim não tem como botar comida em casa, ainda assim passa perrengue porque tem que pagar transporte caro e de baixíssima qualidade, tem que pagar água, luz, alguns tem que pagar aluguel e por aí vai. E mesmo tendo gente um pouco melhor na vida, ainda tem gente que precisa apelar pra sopa de pedra ou papelão. É, não faz muito tempo vi uma reportagem em que uma senhorinha (não lembro em que lugar) se alimentava e aos filhos com sopa de papelão! Eu, que sempre tive comida em casa não consigo saber o que é pior neste cardápio sopa de pedra ou de papelão.
Enquanto estas pessoas estão tendo que optar por esta fonte de alimento os políticos estão desviando verbas públicas, as pessoas que deveriam fiscalizar os alimentos estão aceitando propina e deixando carne podre ir pras prateleiras dos mercados, os agrotóxicos poluir os rios, além dos alimentos e por aí vai. Ainda por cima temos que ver os intelectualoides dizendo que tudo que acontece no país é culpa do povo que não sabe votar! Do povo que tá, ainda, na miséria!
quinta-feira, 16 de março de 2017
Uma estranha atração
Minha bisavó dizia que para conhecer os homens devemos observar como ele trata a própria mãe. Completava argumentando que "se um homem trata mãe sua própria mãe e não a respeita, dificilmente tratará outra mulher com respeito". Minha mãe aprendeu com ela a observar e eu, por minha vez, aprendi por tabela. Creio que esta linha de pensamento é um bom método de "avaliação" do caráter de uma pessoa, neste caso homens e mulheres, afinal todos tem ou tiveram mãe.
Este parâmetro a gente usa quando não sabe os antecedentes do cara com quem estamos nos relacionando, como forma de avaliar seu caráter, vamos assim dizer. E a gente já se espanta e coloca as barbas de molho quando sabe que aquele a quem estamos conhecendo tem atitude rude com sua genitora. Então imaginem qual não é o meu total choque quando descubro que homens condenados pelo assassinato de mulheres recebem cartas de outras mulheres querendo se relacionar com eles. E mais, enquanto ainda cumprem pena pela morte que causaram!
Quando eu soube que o maníaco do parque, um assassino em série de mulheres, estava por se casar não soube o que pensar. Sim, creio que as pessoas merecem uma segunda chance, mas nosso sistema prisional infelizmente não recupera ninguém. A defesa dele diz que ele é semi imputável e ao mesmo tempo ele nunca me pareceu arrependido dos crimes cruéis que cometeu. O que pra mim é um agravante! É sinal de que não houve mudança.
Ontem, no estudo das obras de Andre Luiz comentamos que mesmo o pior criminoso tem alguém que o ama e ao mesmo tem alguém por quem sente amor. De maneira geral este ente querido é a mãe da vida atual ou de outras, ou um familiar com quem teve elo afetuoso forte. Claro que estes os personagens destes casos também devem ter. Creio que tenha. Mas, no caso de pessoas de fora da família que buscam o convívio com estes homicidas não entendo. Ainda não atingi este nível de evolução! É claro que ele tem direito a amar e ser amado, não quero que lhe seja negado este direito, no entanto, é preciso muita coragem para buscar por um homem destes lá dentro do presídio para constituir uma família.
É o caso do Guilherme de Pádua, do goleiro Bruno e de outros casos que não tomamos conhecimento por serem de menor repercussão! Gente, eles não estão se relacionando com as mulheres que tinham antes de cometer homicídio. Eles não estão se relacionando com pessoas que convivem dentro da prisão. Eles estão se relacionando com mulheres que buscaram por eles. Sei lá, não sei como funciona esta troca de correspondência, mas são pessoas que sabiam dos crimes cometidos por eles e, ainda assim, aceitaram se relacionar, casar e projetam um futuro junto com eles.
Dá pra entender o quão louco é isto! Eu não consigo compreender! A pessoa que vai em busca de um homem nesta situação tem que ter um espírito muito elevado. Porque acho que não sairia da minha cabeça, por exemplo que o Bruno matou, esquartejou, deu de comer aos cachorros e ocultou o corpo da mãe do filho dele. Eu sei, não devemos julgar. Eu sei, temos que perdoar. Mas é uma atração muito estranha! Ele não demonstra arrependimento do que fez! Agora que as pessoas criticaram a contratação dele por aquele time lá e que vários patrocinadores foram embora ele reclama, como se estivesse sendo injustiçado que "quer apenas jogar"!
Tudo bem, tá certo é tua profissão, deve ser reintegrado a sociedade. Correto! Perfeito! Mas numa posição de destaque? Com pompa e circunstância como se tivesse cometido um delito leve? Numa profissão que encanta e influencia milhares de pessoas, inclusive e principalmente crianças?
É uma atração muito estranha a que leva as pessoas a irem com seus filhos no campo pra pedir autógrafo e tirar foto com um homem que matou com requintes de crueldade a mãe do seu filho! Filho que vai crescer sem mãe! Que sabe-se-lá quantos traumas não tem, já que o tempo em que a mãe estava desaparecida ficou com a ex-mulher do Bruno, que sabia o que ele tinha feito!
Não é como tu estar num relacionamento e a pessoa cometer um crime. Não é. Tu sabe o que a pessoa fez! Saiu em toda a imprensa! Tem foto dele saindo pra depor rindo. Ele estava RINDO, porque acreditava (como realmente aconteceu) que não ia pagar pelo que fez!
Talvez Freud, Jung ou Reich expliquem (ou vai saber nem eles consigam) o que leva uma mulher, igual a que foi morta pelo futuro namorado/marido/amante, a buscar este tipo. Eu tive que escrever pra ver se clareava minhas ideias a respeito disso. Porque realmente não consigo compreender. Entendam bem, antes de mais nada quero esclarecer, não tô julgando estas mulheres, elas são livres para amar e se relacionar com quem bem entendem. O que me intriga é a atração por um assassino condenado! Mesmo que seja um homicida de homens, mesmo assim acho perturbador saber tudo o que ele fez e ainda assim querer esta relação.
Este parâmetro a gente usa quando não sabe os antecedentes do cara com quem estamos nos relacionando, como forma de avaliar seu caráter, vamos assim dizer. E a gente já se espanta e coloca as barbas de molho quando sabe que aquele a quem estamos conhecendo tem atitude rude com sua genitora. Então imaginem qual não é o meu total choque quando descubro que homens condenados pelo assassinato de mulheres recebem cartas de outras mulheres querendo se relacionar com eles. E mais, enquanto ainda cumprem pena pela morte que causaram!
Quando eu soube que o maníaco do parque, um assassino em série de mulheres, estava por se casar não soube o que pensar. Sim, creio que as pessoas merecem uma segunda chance, mas nosso sistema prisional infelizmente não recupera ninguém. A defesa dele diz que ele é semi imputável e ao mesmo tempo ele nunca me pareceu arrependido dos crimes cruéis que cometeu. O que pra mim é um agravante! É sinal de que não houve mudança.
Ontem, no estudo das obras de Andre Luiz comentamos que mesmo o pior criminoso tem alguém que o ama e ao mesmo tem alguém por quem sente amor. De maneira geral este ente querido é a mãe da vida atual ou de outras, ou um familiar com quem teve elo afetuoso forte. Claro que estes os personagens destes casos também devem ter. Creio que tenha. Mas, no caso de pessoas de fora da família que buscam o convívio com estes homicidas não entendo. Ainda não atingi este nível de evolução! É claro que ele tem direito a amar e ser amado, não quero que lhe seja negado este direito, no entanto, é preciso muita coragem para buscar por um homem destes lá dentro do presídio para constituir uma família.
É o caso do Guilherme de Pádua, do goleiro Bruno e de outros casos que não tomamos conhecimento por serem de menor repercussão! Gente, eles não estão se relacionando com as mulheres que tinham antes de cometer homicídio. Eles não estão se relacionando com pessoas que convivem dentro da prisão. Eles estão se relacionando com mulheres que buscaram por eles. Sei lá, não sei como funciona esta troca de correspondência, mas são pessoas que sabiam dos crimes cometidos por eles e, ainda assim, aceitaram se relacionar, casar e projetam um futuro junto com eles.
Dá pra entender o quão louco é isto! Eu não consigo compreender! A pessoa que vai em busca de um homem nesta situação tem que ter um espírito muito elevado. Porque acho que não sairia da minha cabeça, por exemplo que o Bruno matou, esquartejou, deu de comer aos cachorros e ocultou o corpo da mãe do filho dele. Eu sei, não devemos julgar. Eu sei, temos que perdoar. Mas é uma atração muito estranha! Ele não demonstra arrependimento do que fez! Agora que as pessoas criticaram a contratação dele por aquele time lá e que vários patrocinadores foram embora ele reclama, como se estivesse sendo injustiçado que "quer apenas jogar"!
Tudo bem, tá certo é tua profissão, deve ser reintegrado a sociedade. Correto! Perfeito! Mas numa posição de destaque? Com pompa e circunstância como se tivesse cometido um delito leve? Numa profissão que encanta e influencia milhares de pessoas, inclusive e principalmente crianças?
É uma atração muito estranha a que leva as pessoas a irem com seus filhos no campo pra pedir autógrafo e tirar foto com um homem que matou com requintes de crueldade a mãe do seu filho! Filho que vai crescer sem mãe! Que sabe-se-lá quantos traumas não tem, já que o tempo em que a mãe estava desaparecida ficou com a ex-mulher do Bruno, que sabia o que ele tinha feito!
Não é como tu estar num relacionamento e a pessoa cometer um crime. Não é. Tu sabe o que a pessoa fez! Saiu em toda a imprensa! Tem foto dele saindo pra depor rindo. Ele estava RINDO, porque acreditava (como realmente aconteceu) que não ia pagar pelo que fez!
Talvez Freud, Jung ou Reich expliquem (ou vai saber nem eles consigam) o que leva uma mulher, igual a que foi morta pelo futuro namorado/marido/amante, a buscar este tipo. Eu tive que escrever pra ver se clareava minhas ideias a respeito disso. Porque realmente não consigo compreender. Entendam bem, antes de mais nada quero esclarecer, não tô julgando estas mulheres, elas são livres para amar e se relacionar com quem bem entendem. O que me intriga é a atração por um assassino condenado! Mesmo que seja um homicida de homens, mesmo assim acho perturbador saber tudo o que ele fez e ainda assim querer esta relação.
quarta-feira, 15 de março de 2017
O feminismo é necessário! É uma esperança
Vivemos numa sociedade machista, patriarcal onde muitas mulheres sofrem abusos e violências caladas, com vergonha e culpa pelo seu sofrimento. É verdade que muita coisa mudou, mas nos recantos mais pobres a coisa ainda segue e ainda há quem diga que estas mulheres gostam.
Conheço uma moça jovem, bem estudada, que foi casada há mais de 15 anos com um cara que ela considerava seu grande amor. Fizeram planos, construíram um lar, tiveram filhos. Mas por inúmeros motivos a relação tornou-se insustentável. Ele claro, não quis a separação, então foi tornando as coisas difíceis. Até de fato tudo acontecer. Separação de corpos, outra casa, divisão de bens etc. Aquela pessoa que parecia bom pai teve que ser acionado na Justiça para pagar pensão e depois de muitas tentativas da mãe para que o pai participasse da vida dos filhos ele disse, claramente, que "não tinha interesse"! É, o pai tem direito de dizer que NÃO TEM INTERESSE EM CONVIVER COM OS FILHOS, deve ser porque ele acha que o valor que paga de pensão é o suficiente para suprir todas as faltas das crianças, inclusive a afetiva!
Quem tem uma criança perto de si sabe bem que o valor da pensão geralmente não cobre todos os gastos que se tem com uma criança, porque este gasto vai além da comida. Acontece que uma grande parte dos homens se considera isento de responsabilidade com os filhos SÓ PORQUE DEPOSITA A PENSÃO, coisa que é obrigação! E vamos e venhamos, alguns só fazem porque dá cadeia! Aliás, uma das poucas coisas que resulta em prisão. Então...
Mas não querer conviver com filhos não é privilégio só de pai "comum", celebridades também acham que basta colocar o nome na certidão, depois de inúmeros testes de DNA, pagar a indenização e já basta para que o filho ou filha fique feliz. Foi assim que agiu o Pelé, aquele que fala de si na terceira pessoa e não quis saber da filha ou dos filhos dela. Portanto, não é coisa de ignorante! É coisa de gente que acha que filho é responsabilidade DA MULHER e só. Tem até um ditado né? "Quem pariu Matheus que embale"!
Isto é um tipo de violência sim, contra mulher, contra a família!
É por isto que precisamos de feminismo! É por isto que precisamos criar meninos e meninas de forma igual, cuidando da casa, ajudando em todas as tarefas e mostrando que filhos são responsabilidade do casal (mesmo que ele esteja vivendo separado!).
Contei esta história para ilustrar que muitas vezes não conhecemos as pessoas! Ninguém próximo deste casal fazia ideia de que após a separação, que pareceu amigável, ele teria esta atitude. Os filhos esperam pelo pai e acabam descontando na mãe a "culpa" da separação. Uma amiga que separou-se depois de ter sido agredida pelo companheiro quando estava grávida e por conta da agressão perdeu líquido amniótico e em consequência disso problemas na formação do bebê vivia a constante dor de ver sua filha mais velha a culpando pela separação. A filha ligava e o pai não atendia o celular, pagava pensão apenas para a filha mais velha e foi preciso entrar na Justiça para que o filho fosse incluído. Uma criança especial que precisava de vários tratamentos específicos, que o valor da pensão não cobria. Para completar o pai dizia pra filha que eles não estavam juntos por culpa da mãe. Violência clara durante a relação e após a separação!
Não bastando estes dois casos trago outro, também verídico, também de alguém conhecido. Um relato que após tua leitura vais pensar será que é a fulana? Ou a ciclana? Ela tá falando de alguém que eu conheço? Porque nós mulheres conhecemos vários relatos semelhantes. Sabemos de pais que não pagam pensão e exigem direito a visita. Sem contar aqueles que pagam pensão e se acham no direito de determinar como que a mãe deve usar o dinheiro.
Esta história é triste! É a história de uma mulher que não teve sorte na vida amorosa. Ficou grávida na adolescência e foi abandonada. Mais tarde outro companheiro e uma vida infeliz! Agressões, brigas, privações, outro filho e um destino de trabalho. Outro filho sem pai, sem pensão! Ela trabalhava para manter os filhos, para dar tudo que podia, tudo que eles queriam. Encontrou outro companheiro. Pensou, desta vez hei de ser feliz. Que nada! O fulano tinha uma vida de crime. Ela quis fugir, ele ameaçava os filhos, os netos, agredia. Exigia visita! Exigia droga, exigia dinheiro dentro da tranca. Sobre ele a acusação de abuso infantil. "Um bandido dizem uns!", "ela gosta dessa vida acusam outros" e ela lutando pra ter uma vida reta, trabalhando direto sem parar para comer. Até que a doença a parou!
Vários dias sem conseguir comer, muitas dores, fraquezas, diarreia, médicos sem saber o diagnóstico. Mas todos próximos desconfiando. São dias no pronto socorro sem saber a doença e exposta a todos os vírus, bactérias e doenças nos corredores superlotados. Então um médico diz que é uma infecção grave. Levam para isolamento. Após mais exames o diagnóstico, soro positivo! Além da dor física, da fome porque não consegue comer a vergonha, o medo, a culpa! Ninguém se coloca no lugar daquela mulher murcha na cama do hospital! Ninguém pensa como deve estar a cabeça dela! A raiva deve estar lhe corroendo por dentro! Ela não quer falar nem ouvir sobre o companheiro, ou ex. Deve desejar internamente que sofra tudo que ela passa neste momento. Deve se sentir culpada por desejar algo assim pra alguém. E ainda tem muita luta pra vencer, muita luta pra travar. Mas a primeira luta é pela vida! Antes de qualquer coisa é superar este momento crítico, passando pela infecção quase generalizada e passar para o tratamento do hiv. Sei que ela pode se recuperar. Quado estava na secretaria de saúde vi muitas pessoas ficarem muito mal e depois se recuperarem, com o apoio da família e dos amigos.
Isto tudo porque ela passou é violência! Foi a vida toda passando de uma situação pra outra com vergonha e sentindo culpa por tudo que lhe acontecia. Aguentava calada, porque se a culpa é minha tenho que aguentar quieta! Cheia de vergonha, com medo da reação do outro, que só faltou dizer que não foi dele que pegou! Mais uma violência!
Talvez se ela tivesse crescido perto de uma feminista as coisas hoje fossem diferentes! Quem sabe se na primeira agressão lá atrás já não teria denunciado o ex companheiro e ela se sentiria mais protegida? Sabe-se-lá se tivesse exigido pensão e participação dos pais dos filhos na criação não seria outro o quadro atual? Cogitações apenas. A única coisa real é que precisamos do feminismo! Precisamos de todas as feministas! Sim, precisamos daquelas que são chamadas de radiciais, que não aceitam uma vírgula machista pra cima de nós. Sim, precisamos daquelas que fazem passeada, levam cartazes, rasgam o verbo e a roupa em defesa da igualdade de direitos. Precisamos muito dos homens que não consideram justa esta maneira da sociedade proceder com as mulheres. Precisamos que corrijam os amigos abusadores, os que fazem piadinhas machistas e homofóbicas, os que consideram que cuidado da casa e dos filhos é obrigação da mulher porque ele é o "PROVEDOR" da família, sendo que na maioria dos lares brasileiros as mulheres também trabalham.
Sabe escrevendo este texto fiquei pensando em quantas outras histórias reais, parecidas com estas eu conheço! Quantas acabaram mal com a morte das mulheres, com filhos abandonados ou perdidos!Quanta tristeza! Lá na vila tem muita história assim e eu posso afirmar que as mulheres não gostam da violência que sofrem, que elas não são culpadas e que querem mudar este final. Sejamos empátic@s, deixemos o julgamento de lado e vamos tentar ajudar estas mulheres da melhor forma possível! Nem uma a menos!
PS.: Certamente as protagonistas destas histórias irão se reconhecer. Peço desculpas por ter contado suas histórias sem pedir permissão! Aproveito para dizer que seus relatos são importantes para que outras mulheres em situação semelhante saibam que não estão sozinhas e que denunciar, que não calar é o melhor. Vocês são exemplos de coragem pra mim e eu as amo! <3
Conheço uma moça jovem, bem estudada, que foi casada há mais de 15 anos com um cara que ela considerava seu grande amor. Fizeram planos, construíram um lar, tiveram filhos. Mas por inúmeros motivos a relação tornou-se insustentável. Ele claro, não quis a separação, então foi tornando as coisas difíceis. Até de fato tudo acontecer. Separação de corpos, outra casa, divisão de bens etc. Aquela pessoa que parecia bom pai teve que ser acionado na Justiça para pagar pensão e depois de muitas tentativas da mãe para que o pai participasse da vida dos filhos ele disse, claramente, que "não tinha interesse"! É, o pai tem direito de dizer que NÃO TEM INTERESSE EM CONVIVER COM OS FILHOS, deve ser porque ele acha que o valor que paga de pensão é o suficiente para suprir todas as faltas das crianças, inclusive a afetiva!
Quem tem uma criança perto de si sabe bem que o valor da pensão geralmente não cobre todos os gastos que se tem com uma criança, porque este gasto vai além da comida. Acontece que uma grande parte dos homens se considera isento de responsabilidade com os filhos SÓ PORQUE DEPOSITA A PENSÃO, coisa que é obrigação! E vamos e venhamos, alguns só fazem porque dá cadeia! Aliás, uma das poucas coisas que resulta em prisão. Então...
Mas não querer conviver com filhos não é privilégio só de pai "comum", celebridades também acham que basta colocar o nome na certidão, depois de inúmeros testes de DNA, pagar a indenização e já basta para que o filho ou filha fique feliz. Foi assim que agiu o Pelé, aquele que fala de si na terceira pessoa e não quis saber da filha ou dos filhos dela. Portanto, não é coisa de ignorante! É coisa de gente que acha que filho é responsabilidade DA MULHER e só. Tem até um ditado né? "Quem pariu Matheus que embale"!
Isto é um tipo de violência sim, contra mulher, contra a família!
É por isto que precisamos de feminismo! É por isto que precisamos criar meninos e meninas de forma igual, cuidando da casa, ajudando em todas as tarefas e mostrando que filhos são responsabilidade do casal (mesmo que ele esteja vivendo separado!).
Contei esta história para ilustrar que muitas vezes não conhecemos as pessoas! Ninguém próximo deste casal fazia ideia de que após a separação, que pareceu amigável, ele teria esta atitude. Os filhos esperam pelo pai e acabam descontando na mãe a "culpa" da separação. Uma amiga que separou-se depois de ter sido agredida pelo companheiro quando estava grávida e por conta da agressão perdeu líquido amniótico e em consequência disso problemas na formação do bebê vivia a constante dor de ver sua filha mais velha a culpando pela separação. A filha ligava e o pai não atendia o celular, pagava pensão apenas para a filha mais velha e foi preciso entrar na Justiça para que o filho fosse incluído. Uma criança especial que precisava de vários tratamentos específicos, que o valor da pensão não cobria. Para completar o pai dizia pra filha que eles não estavam juntos por culpa da mãe. Violência clara durante a relação e após a separação!
Não bastando estes dois casos trago outro, também verídico, também de alguém conhecido. Um relato que após tua leitura vais pensar será que é a fulana? Ou a ciclana? Ela tá falando de alguém que eu conheço? Porque nós mulheres conhecemos vários relatos semelhantes. Sabemos de pais que não pagam pensão e exigem direito a visita. Sem contar aqueles que pagam pensão e se acham no direito de determinar como que a mãe deve usar o dinheiro.
Esta história é triste! É a história de uma mulher que não teve sorte na vida amorosa. Ficou grávida na adolescência e foi abandonada. Mais tarde outro companheiro e uma vida infeliz! Agressões, brigas, privações, outro filho e um destino de trabalho. Outro filho sem pai, sem pensão! Ela trabalhava para manter os filhos, para dar tudo que podia, tudo que eles queriam. Encontrou outro companheiro. Pensou, desta vez hei de ser feliz. Que nada! O fulano tinha uma vida de crime. Ela quis fugir, ele ameaçava os filhos, os netos, agredia. Exigia visita! Exigia droga, exigia dinheiro dentro da tranca. Sobre ele a acusação de abuso infantil. "Um bandido dizem uns!", "ela gosta dessa vida acusam outros" e ela lutando pra ter uma vida reta, trabalhando direto sem parar para comer. Até que a doença a parou!
Vários dias sem conseguir comer, muitas dores, fraquezas, diarreia, médicos sem saber o diagnóstico. Mas todos próximos desconfiando. São dias no pronto socorro sem saber a doença e exposta a todos os vírus, bactérias e doenças nos corredores superlotados. Então um médico diz que é uma infecção grave. Levam para isolamento. Após mais exames o diagnóstico, soro positivo! Além da dor física, da fome porque não consegue comer a vergonha, o medo, a culpa! Ninguém se coloca no lugar daquela mulher murcha na cama do hospital! Ninguém pensa como deve estar a cabeça dela! A raiva deve estar lhe corroendo por dentro! Ela não quer falar nem ouvir sobre o companheiro, ou ex. Deve desejar internamente que sofra tudo que ela passa neste momento. Deve se sentir culpada por desejar algo assim pra alguém. E ainda tem muita luta pra vencer, muita luta pra travar. Mas a primeira luta é pela vida! Antes de qualquer coisa é superar este momento crítico, passando pela infecção quase generalizada e passar para o tratamento do hiv. Sei que ela pode se recuperar. Quado estava na secretaria de saúde vi muitas pessoas ficarem muito mal e depois se recuperarem, com o apoio da família e dos amigos.
Isto tudo porque ela passou é violência! Foi a vida toda passando de uma situação pra outra com vergonha e sentindo culpa por tudo que lhe acontecia. Aguentava calada, porque se a culpa é minha tenho que aguentar quieta! Cheia de vergonha, com medo da reação do outro, que só faltou dizer que não foi dele que pegou! Mais uma violência!
Talvez se ela tivesse crescido perto de uma feminista as coisas hoje fossem diferentes! Quem sabe se na primeira agressão lá atrás já não teria denunciado o ex companheiro e ela se sentiria mais protegida? Sabe-se-lá se tivesse exigido pensão e participação dos pais dos filhos na criação não seria outro o quadro atual? Cogitações apenas. A única coisa real é que precisamos do feminismo! Precisamos de todas as feministas! Sim, precisamos daquelas que são chamadas de radiciais, que não aceitam uma vírgula machista pra cima de nós. Sim, precisamos daquelas que fazem passeada, levam cartazes, rasgam o verbo e a roupa em defesa da igualdade de direitos. Precisamos muito dos homens que não consideram justa esta maneira da sociedade proceder com as mulheres. Precisamos que corrijam os amigos abusadores, os que fazem piadinhas machistas e homofóbicas, os que consideram que cuidado da casa e dos filhos é obrigação da mulher porque ele é o "PROVEDOR" da família, sendo que na maioria dos lares brasileiros as mulheres também trabalham.
Sabe escrevendo este texto fiquei pensando em quantas outras histórias reais, parecidas com estas eu conheço! Quantas acabaram mal com a morte das mulheres, com filhos abandonados ou perdidos!Quanta tristeza! Lá na vila tem muita história assim e eu posso afirmar que as mulheres não gostam da violência que sofrem, que elas não são culpadas e que querem mudar este final. Sejamos empátic@s, deixemos o julgamento de lado e vamos tentar ajudar estas mulheres da melhor forma possível! Nem uma a menos!
PS.: Certamente as protagonistas destas histórias irão se reconhecer. Peço desculpas por ter contado suas histórias sem pedir permissão! Aproveito para dizer que seus relatos são importantes para que outras mulheres em situação semelhante saibam que não estão sozinhas e que denunciar, que não calar é o melhor. Vocês são exemplos de coragem pra mim e eu as amo! <3
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Bicicleta é vida
Há muito tempo eu achava que trocar o ônibus por bicicleta seria ótimo. Eu ganharia tempo, qualidade de vida, faria exercício e perderia uns quilinhos. Então eu decidi pegar a bicicleta da minha sobrinha lá de fora e começar a andar, até chegar num ponto de ir pro trabalho pedalando. Hoje consigo fazer isto (uhúl!)! Faz uns dois ou três meses que venho e volto do trabalho de magrela. É ótimo porque é rápido e não preciso ficar esperando ônibus. Ganho tempo, pois um percurso de meia hora a pé, leva 10 ou 15 minutos de bike. E economizo a academia, mas ainda não perdi os quilinhos que pretendo (ainda, mas vou!).
No início do ano de 2016, quando trouxe a bichinha e comecei a treinar, andava só dentro do Humuarama, que tinha pouco movimento de carros e me sentia segura. Fazia um percurso de 30 minutos dentro do loteamento e voltava pra casa. Daí comecei a me arriscar um pouquinho mais e ia até a casa do Rafa, que era umas seis quadras da minha e tinha que atravessar a Ferreira Vianna com todo o fluxo de carros indo ou voltando do Laranjal.
Quando me mudei pensei que seria a hora certa para pedalar, mas comecei a indo pro trabalho a pé (levava meia hora e tinha que acordar pelo menos meia hora mais cedo), pois minha mãe me desencorajava um pouco, porque tinha medo que eu fosse atropelada andando de bicicleta. Mas depois de um percurso no sábado a tarde de uns 20 ou 30 minutos, como dá pra ver na rota (aqui embaixo), eu achei que poderia sim ir pro trabalho de bicicleta. Mas antes de me sentir totalmente segura fomos fazer um passeio pelo centro no domingo a tarde! Foi tranquilo, até porque no domingo o centro é super calmo e com poucos carros.
Daí em diante comecei a sentir mais coragem para arriscar vir para o centro no dia-a-dia.
Estes meses foram muito bons e descobri que andar de bicicleta é ótimo. Me supero todo dia, pois todo dia tem uma subidinha, pequeninha, mas que me desafia. E apesar de estar sentindo as pernas algumas vezes, consigo vencer o percurso, é só não parar na pista (como sempre dizia Raulzito!).
Mas nem tudo são flores e precisamos lembrar que sim, alguns motoristas gostam de mostrar o quanto são machos e poderosos e podem nos derrubar com um pequeno deslocamento de vento. Outro dia um senhor, muito mal educado, diga-se, reclamou que eu estava "atrapalhando" a passagem dele, que estava andando de bicicleta na calçada! E eu estava na rua, com parte da bicicleta sobre a faixa de pedestres e bloqueando a rampa para cadeirantes. Fiquei chateada, porque ele foi grosso! Mas me serviu de lição, porque agora sempre presto muita atenção quando paro para não ficar sobre a faixa e pra não bloquear a rampa.
Tem alguns motoristas que, mesmo tendo muito espaço a direita, fazem questão de vir bem coladinhos na pista de ciclistas, é uma atração inexplicável! E ainda tem alguns motociclistas que circulam na faixa de ciclistas de boas, acho que pra eles é tudo a mesma coisa.
Eu tento fazer tudo o mais certinho possível, como boa virginiana, não podia ser diferente! Evito ao máximo andar sobre a calçada, já andei, mas evito, porque é lugar de pedestres. Espero o sinal abrir pra mim, mesmo que não venha carro. Evito andar na contramão, embora ande duas quadras pra chegar ao trabalho. Tenho um espelho e pretendo colocar luzes e comprar um capacete.
Foram bons aprendizados que tive neste ano. Andar de bicicleta é vida e nos ajuda a valorizar a vida também, afinal é a nossa pele que rala no caso de um tombo!
Que 2017 tenha mais passeios de bicicleta e idas e vindas pro trabalho, com segurança!
No início do ano de 2016, quando trouxe a bichinha e comecei a treinar, andava só dentro do Humuarama, que tinha pouco movimento de carros e me sentia segura. Fazia um percurso de 30 minutos dentro do loteamento e voltava pra casa. Daí comecei a me arriscar um pouquinho mais e ia até a casa do Rafa, que era umas seis quadras da minha e tinha que atravessar a Ferreira Vianna com todo o fluxo de carros indo ou voltando do Laranjal.
Quando me mudei pensei que seria a hora certa para pedalar, mas comecei a indo pro trabalho a pé (levava meia hora e tinha que acordar pelo menos meia hora mais cedo), pois minha mãe me desencorajava um pouco, porque tinha medo que eu fosse atropelada andando de bicicleta. Mas depois de um percurso no sábado a tarde de uns 20 ou 30 minutos, como dá pra ver na rota (aqui embaixo), eu achei que poderia sim ir pro trabalho de bicicleta. Mas antes de me sentir totalmente segura fomos fazer um passeio pelo centro no domingo a tarde! Foi tranquilo, até porque no domingo o centro é super calmo e com poucos carros.
Daí em diante comecei a sentir mais coragem para arriscar vir para o centro no dia-a-dia.
Estes meses foram muito bons e descobri que andar de bicicleta é ótimo. Me supero todo dia, pois todo dia tem uma subidinha, pequeninha, mas que me desafia. E apesar de estar sentindo as pernas algumas vezes, consigo vencer o percurso, é só não parar na pista (como sempre dizia Raulzito!).
Mas nem tudo são flores e precisamos lembrar que sim, alguns motoristas gostam de mostrar o quanto são machos e poderosos e podem nos derrubar com um pequeno deslocamento de vento. Outro dia um senhor, muito mal educado, diga-se, reclamou que eu estava "atrapalhando" a passagem dele, que estava andando de bicicleta na calçada! E eu estava na rua, com parte da bicicleta sobre a faixa de pedestres e bloqueando a rampa para cadeirantes. Fiquei chateada, porque ele foi grosso! Mas me serviu de lição, porque agora sempre presto muita atenção quando paro para não ficar sobre a faixa e pra não bloquear a rampa.
Tem alguns motoristas que, mesmo tendo muito espaço a direita, fazem questão de vir bem coladinhos na pista de ciclistas, é uma atração inexplicável! E ainda tem alguns motociclistas que circulam na faixa de ciclistas de boas, acho que pra eles é tudo a mesma coisa.
Eu tento fazer tudo o mais certinho possível, como boa virginiana, não podia ser diferente! Evito ao máximo andar sobre a calçada, já andei, mas evito, porque é lugar de pedestres. Espero o sinal abrir pra mim, mesmo que não venha carro. Evito andar na contramão, embora ande duas quadras pra chegar ao trabalho. Tenho um espelho e pretendo colocar luzes e comprar um capacete.
Foram bons aprendizados que tive neste ano. Andar de bicicleta é vida e nos ajuda a valorizar a vida também, afinal é a nossa pele que rala no caso de um tombo!
Que 2017 tenha mais passeios de bicicleta e idas e vindas pro trabalho, com segurança!
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