segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Lembranças

Esta semana estive pensando muito no tempo do colégio. Melancolias a parte sempre teve muita coisa engraçada e boa na minha infância e adolescência. Coisas semelhante ao que acontece com a Susie na história em quadrinho, me aconteceu um ano inteiro, lá por 1989, quando eu sentava na frente do Alexandre Godinho. E nos anos seguintes eu senti muita falta porque ele não estava mais morando na nossa cidade, nem estudando na nossa escola. Lembro de quando ele me entregou o presente de amigo secreto no final do ano, no saguão do colégio, dizendo que ia morar em Rio Grande. Depois desse dia a gente não se encontrou mais. Até pouco tempo pelas redes sociais.
Também não encontrei mais a colega e amiga querida  Nislene. Depois que terminamos a oitava série juntas não nos encontramos mais. E na nossa época o máximo de comunicação a distância que tínhamos era o telefone. Um aparelho bem grandinho, que ficava na sala, porque ainda não tinha tanto telefone sem fio por aí.
Sinto saudade dos colegas dos primeiros anos de escola!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vende-se alegrias

O tio da pipoca, ou o tio do picolé. Não importa, ele vende alegria em saquinho ou no palito e isto é que é importante. Para consumir esta alegria, ou melhor para sentir tudo isto, basta deixar a criança interior falar.
Este tio é meu amigo de muito tempo! Quando eu estudava no CAVG ele sempre ia, inverno e verão, vender suas alegrias em porção. No inverno pipoca quentinha! No verão  sorvetes e picolés.
Agora ele está trabalhando na frente do colégio Gonzaga. Continua comercializando os mesmos produtos, pequenas alegrias para pequeninos clientes. Sempre que passo por ali bato um papo com ele.
E a ideia sempre se reforça, como pode tanta alegria caber em um saquinho!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Se eu fosse a Geni...

Estava contando a uma amiga uma situação que me aconteceu. O término de um "caso amoroso" no qual eu estava no caso e o outro não. Por um tempo as coisas me satisfaziam, mas faltava alguma coisa, eu queria mais, mas ele não queria o mais comigo. Sou muito honesta comigo e com os outros, então amigavelmente contei o que sentia por ele e como estava insatisfeita com o desamor que recebia. Queria que fosse de outro jeito ou não seria de jeito nenhum, no final das contas eu estava sozinha (mesmo acompanhada).
Ele então me perguntou com certo desdém: "tu queres namorar?". Na hora nem tive o insight. Só respondi que sim e se havia algo errado nisto.
Muitos meses, talvez anos, a sinapse se completou e me senti ainda triste, me senti uma Geni, que serve pra muita coisa (pra cuspir, pra transar, pra pegar na rua, pra salvar a cidade), mas não serve pra ser a mulher de alguém ou a namorada. Só que eu não sou Geni, humilde e boa, porque sim ela é cheia de bondade e é resignada. Ela engole "seu capricho" e pelo bem de todos se deita com o general ainda que preferisse "amar com os bichos", salvando a cidade que tanto a maltratava. Eu pensei... se eu fosse a Geni vocês estavam f****** porque eu diria pro general, joga logo uma bomba na cidade pois não vou deitar contigo.
Adoro Chico Buarque, desde criança. Vivia cantando "Morena de Angola" pela casa e dançando que nem doida como se tivesse os chocalhos amarrados nas canelas. A gente nunca cantava "Geni e o Zepelim" por causa da minha tia Geni. Eu não entendia porque, afinal a Geni era a heroína da cidade, salvava todo mundo apesar da ignorância e da ingratidão daquele povo cretino e hipócrita.
Entendia menos ainda a resignação (mas eu não sabia que esta era a palavra) e a humildade da Geni. Não compreendia como podia se submeter a tais afrontas e absurdos, colocar-se tão abaixo sendo ela muito melhor do que todos aqueles poderosos que foram em romaria a sua casa beijar sua mão e pedir pela sua salvação. Muito tempo depois fui perceber que isto é uma característica das pessoas genuinamente boas.
Geni é muito melhor que eu também. Porque se fosse eu no lugar dela não salvaria ninguém daquele lugar. Mas Geni  "ela é um poço de bondade", eu não. E ainda que pague o preço de tais decisões prefiro a consciência tranquila e a paz de espírito de me respeitar (já que outros não respeitam) a ter minha mão beijada num dia e receber uma cusparada no outro. Disse pra minha amiga que se eu fosse a Geni entrava no Zepelim e ajudava o general a acabar com a cidade. Mas sabendo da essência de bondade dela acho que agiria muito mal fazendo isto... é que ela é muito melhor que eu. Ela é muito melhor que muitos de nós.
Quanto ao meu caso... não, não joguei uma bomba do zepelim na cabeça dele não. Acabou e (para seguir com a trilha do Chico Buarque) pude ver a cara dele "ao sentir que sem ele eu passo bem demais/ E que venho até remoçando"...


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Tem dias que o nó aperta!
No cadarço,
na gravata...
na garganta,
no estômago,
nas tripas,
no peito.
E só afrouxa quando a lágrima rola,
o suspiro desamarra o grito que escapa,
o pé fica descalço,
a gravata sai da gola.
Tem dias que se sente o cansaço,
que se sente a saudade,
que parece faltar um pedaço.
Ás vezes falta um laço,
falta força, falta ar,
quando o nó aperta demais
precisamos lembrar que somos mais,
temos que lembrar que somos nós.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Releituras

Reler alguma coisa sempre se pressupõe um conhecimento prévio. Já se sabe do que trata o texto, o livro, a pessoa. Embora eu ame muitos livros de paixão, poucos são aqueles que eu releio. Aos que volto, volto pelo prazer descarado de reencontrar aquelas personagens. Sim, assim como eu "amarro" a leitura para não ter que me separar deles quando percebo que o livro está nas páginas finais, alguns volto a ler só pra encontrar aqueles personagens, lembrar que havia criado um som pr'aquela risada, um cheiro pr'aquela cena, um frio na barriga pr'aquela tórrida noite de amor.
Com o grupo de literatura, que criei com algumas amigas, acabei relendo este ano três livros. Livros que amei ler e reler também. Até pensei que sentiria as mesmas coisas em relação as personagens. Mas me surpreendi. N'algumas releituras me apaixonei ainda mais por alguns personagens, vi situações de forma mais clara noutras e até simpatizei com certas características de outros.

O primeiro foi O pequeno príncipe, que já reli inúmeras vezes sem nenhum motivo externo, só a vontade de "ouvir" novamente a risada gorda do principezinho! A primeira vez que o li era criança ainda e não lembro bem o que pensei a respeito. Das primeiras vezes que reli sempre fiquei com uma ideia que já tinha, mais a respeito de tudo que o principezinho trazia é que tínhamos que refletir, pensar, filosofar. Como se ele fosse uma pessoa adulta, só que com aparência de criança. Acho que a ideia de filosofar me levou pra isto. Desta última compreendi o entendimento daquele príncipe guri sobre a vida, o nosso aprendizado na terra e principalmente enxerguei a questão espiritual. Uma ideia que me veio de que Exúpery sabia que o espírito é imortal e como diz no livro o corpo é só uma casca pesada que não nos permite voar de volta pro nosso pequeno asteroide. Não tive nenhuma nova impressão sobre o livro, apenas acrescentei questões que não captei das outras vezes pela minha própria imaturidade na época. Compreendi claramente a importância de cuidar muito bem da nossa criança interior, pois é ela que nos impulsiona na busca da felicidade e dos nossos sonhos. É quem nos encoraja!

A segunda releitura foi  O amor nos tempos do cólera. Havia lido há bastante tempo. Pensava, até concluir a leitura, que minha interpretação do livro estava equivocada, porque nunca percebi o amor de Fermina Daza e Florentino Ariza como aquele amor a que o título se refere. Pelo contrário, sempre vi, da parte do Florentino uma obsessão pela mulher, que ficava em suspenso a cada caso que começava desde a gloriosa noite em que foi abusado no navio. Dela nunca percebi muito amor ou mesmo carinho por ele.
Para mim O amor nos tempos do cólera é a construção do bonito amor entre Juvenal Urbino e Fermina Daza. Em nenhuma das duas leituras me senti atraída por Florentino! Acho-o fraco, ainda que profundamente apaixonado. Mesmo que se entregue as paixões sem medo ou reservas.
Sem dúvida é uma linda história de amor, ou melhor duas, ou várias.
Minha intenção não é criticar nada, pois não sou crítica literária ou de cinema. E não critico nenhuma vírgula do que Gabo escreveu. Amo sua forma de escrever! Sou fã incondicional! Ainda que não tenha me apaixonado por Florentino Ariza, como me apaixonei por José Arcádio Buendía gostei muito de várias lições do livro, entre a mais importante é que NÃO HÁ IDADE PARA O AMOR.
Comparando com o filme confesso que fiquei decepcionada. Muitas coisas que considerei super importantes no livro se quer foram citadas no filme. Personagens importantes foram ignorados!

Atualmente estou relendo O caçador de pipas. Da primeira vez que li tive uma visão de tudo, principalmente do egoísmo e ciúme de Amir em relação a Hassan, muito diferente da que estou tendo hoje. Fui surpreendida pela História dos afegãos, pela visão de uma criança afegã, da atuação dos russos naquele território, a violência da guerra, os preconceitos e o ódio tão arraigado contra pessoas minimamente diferentes entre si. E além de todos os grandes problemas dos adultos (que afetavam também as crianças que não entendiam direito tudo aquilo de política), ainda tinha as coisas da infância, as necessidades de crescer, aprender, estudar, brincar e os garotos maiores que sempre amedrontavam os pequenos.
Sinto o mesmo peso no peito em relação aos abusos e sofrimentos vividos por Hassan. E, ainda que veja Amir mais egoísta, também compreendo os motivos que o levam a tal egoísmo e a angústia que sentia por se sentir mau. Mas ainda não chorei, como pensei que choraria de novo.

Os três livros são muito bem vistos literariamente. O primeiro um clássico da literatura. O segundo chega a ser dos mais cultuados pelos fãs de Gabriel García Márquez, mas meus favoritos dele são outros. E o terceiro um retrato da nossa história recente. Sim, da nossa história, pois o mundo é a nossa casa. Mesmo que ignoremos o que aconteceu no beco escuro por medo ou vergonha, ainda assim o acontecimento irá mexer conosco.

Estou amando o grupo de literatura, os livros, os filmes, os debates e as conversas sobre os livros e os autores. Ler é um ótimo exercício! Tenho uma "pequena" lista de releituras, entre elas Cem anos de solidão, mas como ainda tenho muitos livros que são as primeiras leituras estou cultivando a saudade dos Buendía.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dia de amar seu corpo - Love your body

Este ano eu conheci uma pessoa muito especial. Eu costumo dizer que tem gente que eu gosto de graça. É assim, olhei, pronto, já gostei. Tem outras que nem com reza braba! Mas faz parte da evolução do nosso espírito passar por estes aprendizados e saber lidar bem, também com estas antipatias gratuitas. Sim, tanto gostar quanto não gostar tem explicação. Mas não vou explicar aqui não. Porque vim para falar de uma pessoa muito especial que conheci este ano e me ensinou muitas coisas através de seus dramas e sofrimentos pessoais. E ensinou-me ainda mais coisas com seus olhos brilhantes, seu sorriso de pérola, seu jeito meigo e a sua força.
Esta pessoa tão especial tem uma história de vida rica, cheia de altos e baixos e de muita superação também. Ela própria, é bem provável, que não se considere uma pessoa tão especial assim, porque luta consigo mesma. A luta se apresenta com marcas (talvez algumas irreversíveis) no corpo e no tratamento para superar um transtorno alimentar, que coloca sua vida em risco e demonstra o seu desconforto com ele.
Não posso falar do que ela sente. Mas posso e sinto que devo dizer o bem que sua forma de sentir e amar as coisas mudou em mim.
Por causa desta pessoa tão especial fui pesquisar e saber como funciona e o que leva uma pessoa a um TA. Confesso que é bem complexo e difícil de entender. Para mim que relaciono, sempre, a extrema magreza a  fome e a miséria, é bem complicado compreender todo o mecanismo que leva a estes transtornos. Mas conviver com esta pessoa tão especial me fez perceber que, ao contrário do que podia imaginar, estas pessoas sofrem muito. Sofrem por não conseguirem ver que seu corpo é uma pequena parte do todo que elas são. Padecem  de uma tortura covarde em busca de um corpo de boneca Barbie. Sofrem ao serem bombardeadas por uma ideia de que a felicidade só é alcançada com um corpo magro e esguio.
Já sofri por pensar que era muito gorda. Agora olho as fotos daquela época e me pergunto aonde estava com a cabeça? E quando era criança meus pais brigavam comigo para comer e reclamavam o fato de eu ser magrela. Já passei por várias fases, fui bem magra até meus 9 anos de idade, quando comecei a menstruar, daí veio a adolescência, os hormônios e as calças tamanho 40. Fui morar sozinha e a saudade e a distância eram descontadas nas guloseimas e comidinhas. Então chegaram as calças tamanho 42. Há um ano atrás cheguei aos 64 quilos. Mas ao contrário do pânico que tinha com estes números da balança na adolescência, passei a me amar mais.
Não sei ao certo o que deu o start, se foi a minha busca por paz de espírito ou se foi a auto aceitação mesmo. Sei que o primeiro passo foi parar de fazer coisas que não gostava, deixar de lado aqueles desagrados que fazia comigo mesma. Neste exercício resolvi não pintar mais meu cabelo e deixá-lo na cor natural. Decidi que mesmo acima do peso, bem acima, ia participar da apresentação de dança do ventre. Sim, me apresentei com um ventre bem avantajado e nunca me senti tão bem. Como passava dos 30 e os joelhos estavam reclamando (e naquele vídeo do Pedro Bial sobre o filtro solar ele diz que precisamos cuidar dos nossos joelhos...) fui ao ortopedista e por fim na nutricionista.
Não espero que ninguém faça as coisas como eu, afinal... nem todo mundo é virginiana neurótica como eu, que pensa que tudo pode ser feito de forma organizada e mesmo dentro da desorganização há alguma lógica. Comecei o tratamento de reeducação alimentar vai fazer um ano e a cada dia que passa amo mais meu corpitcho. Não pelo corpo simplesmente, mas sim pelo aprendizado, por ter percebido que nós podemos nos tornar e fazer o que queremos desde que nos aceitemos.
Conhecer esta pessoa tão especial este ano me fez ver que muitas de nós colocamos no corpo o sofrimento que não conseguimos compreender. A guerra interior faz com que a gente se bombardei com pensamentos ruins sobre nóss mesmos, nos cega a ponto de não conseguir ver o que há de melhor na gente. Pegar na mão de outra pessoa que tá sofrendo estas angústias também nos ajuda a seguir adiante, buscando o melhor.
Queria poder dizer que meu encontro comigo mesma e meu encontro com esta pessoa tão especial este ano tivesse representado pra ela o mesmo que representou pra mim. Mas não posso.
Atualmente ela esta internada, buscando encontrar seu amor próprio, seu querer bem, sua paz. Meu pensamento a segue, na tentativa de fazer a ela o bem que ela me faz com sua amizade. Não sei se consigo, mas desejo muito.
Aprendi a amar meu corpo e estas buscas me ajudaram a me libertar de algumas ideias preconcebidas, preconceitos e pre-julgamentos. O corpo físico tornou-se apenas uma representação do que trago por dentro. Talvez alguns não consigam enxergar, e por isto valorizem tanto a embalagem, mas o conteúdo vou tentando qualificar a cada dia.
dia de amar seu corpo

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Salve Jorge!

Sou devota de São Jorge. E por curiosidade do que iria rolar fui assistir o primeiro capítulo da nova novela da Glória Peres que sempre trata de algum tema de interesse público, neste caso o tráfico de mulheres. Confesso que não gosto muito da atuação da atriz Nanda Costa, não a acho convincente. Mas Rodrigo Lombardi e Flávia Alessandra já comprovaram seu talento. No primeiro capítulo, apenas, não dá pra saber se a Morena terá uma representação boa mesmo.
Não assisti toda a novela não, tenho certeza de que Glória Peres não é uma mulher machista (pelo menos penso isto). No entanto, a parte que vi a mocinha do folhetim diz a uma amiga que há uma estrela para ela, que está reservada e a fará brilhar e conquistar seus objetivos. No dia seguinte ela conhece Theo. Não gostei! Quer dizer que uma mãe solteira da favela só tem uma estrela que brilha se encontrar "um príncipe encantado" que a tirara daquela situação? Espero que a coisa melhore. Tem muita gente boa ali, tem temas interessantes e importantes de serem debatidos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Frases de filmes que eu adoro!

Eu adoro livros e filmes. Algumas das frases que uso no meu dia-a-dia são cópias fiéis de falas de algum personagem. Outras me fazem entrar em êxtase só ao lembrar da cena e de toda a história da trama. Este é o caso da frase dita pela personagem  Zoe Barry, irmã de Erica Barry, no filme "Alguém tem que ceder". A cena acontece na casa de Érica, quando ela entra e diz: "_ Trouxe uma coisa pra você da feira" e entra o lindo do Keanu Reeves com umas flores na mão. É uma das cenas que mais gosto! 
Óbvio que quem me conhece deve estar perguntando... e as frases do Jack Nicholson? Minha frase favorita dele, depois de "querida cheguei" n'O iluminado, é a declaração de amor que ele faz no filme "Melhor é impossível". Não tem como não se derreter por alguém que te diz, "Você me faz querer ser uma pessoa melhor". <3 span="span">
E existem muitas outras declarações de amor que ficam na nossa mente para sempre. Em Love Story surgiu a máxima de que "amar é nunca ter que pedir perdão". Talvez a grande maioria das frases que irão aparecer por aqui sejam de amor, como vocês verão nas fotos. Mas são máximas que fizeram total sentido no momento.
São tantos filmes... algumas frases me matam de rir, como a frase do João Grilo n'O auto da Compadecida:
"Estou cansado desta agonia de ficar rico, ficar pobre, ficar rico, ficar pobre" ou aquela do Chicó, que foi incorporada por muita gente, "não  sei, só sei que foi assim". 
No filme O discurso do Rei gargalhei sozinha quando ouvi o Rei George V falar a seu filho George VI, "que nenhuma mulher divorciada fará parte da família real". Foi impossível não rir da previsão falha dele, depois de conhecer a história de Camila Parker e do Príncipe Charles.

Não posso esquecer da maravilhosa declaração de Leléu após salvar o matador Frederico Evandro de um touro desembestado em Lisbela e o prisioneiro de que "corno e touro a gente pega pelo chifre".

Outras frases  me fazem chorar como criança, este é o caso do poema Salgueiro Chorão, do filme Meu primeiro amor. 
"Salgueiro chorão com lágrimas escorrendo;
Porque você chora e fica gemendo?
Será porque ele lhe deixou um dia?
Será porque ficar aqui, não mais podia?
Em seus galhos ele se balança;
E ainda espera a alegria que aquele balançar lhe dava;
Em sua sombra abrigo ele encontrou;
Imagina que seu sorriso jamais se acabou;
Salgueiro chorão pare de chorar;
Há algo que poderá lhe consolar;
Acha que a morte para sempre os separou;
Mas em seu coração para sempre ficou."


Também tem votos de casamento em incontáveis películas, como os votos de Page no filme "Para sempre". Achei muito singela a declaração dela, e a dele também.
 

Em meio as várias cartas do personagem Gerry em P.S. Eu te amo, esta despedida/declaração de amor é uma das mais bonitas. Gosto muito quando ele diz numa das cartas o quão colorida ela estava no dia que se conheceram. 

E tem uma pixação maravilhosa que aparece n'O fabuloso destino de Amélie Poulain. Este filme é muitíssimo bonito, com tantas frases doces e bonitas, que escolhi duas, das que lembro mais claramente. "Sem você, a emoção de hoje seria pele morta da emoção do passado"



E também: "Uma mulher sem amor murcha como uma flor sem sol"



Fotos da internet


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sentinela do pampa no telhado


Tem dias pela manhã que passo aqui dentro do condomínio por vários quero-quero. Os sentinelas do pampa guardam a pracinha para as crianças. Na manhã de ontem flagrei o diálogo curioso do quero-quero com um pardal no telhado do bloco h. Não sei o que eles observavam, mas estavam atentos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Luxo no lixo


Samba Enredo 1989 - Ratos e Urubus, Larguem a Minha FantasiaG.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis (RJ)

Reluziu... É ouro ou lata
Formou a grande confusão
Qual areia na farofa
É o luxo e a pobreza
No meu mundo de ilusão
Xepa de lá pra cá xepei
Sou na vida um mendigo
da folia eu sou rei
Sai do lixo a pobreza
Euforia que consome
Se ficar o rato pega
Se cair urubu come
Vibra meu povo
Embala o corpo
A loucura é geral
Larguem minha fantasia
Que agonia... Deixem-me
Mostrar meu carnaval
Firme... Belo perfil!
Alegria e manifestação
Eis a Beija-flor tão linda
Derramando na avenida
Frutos de uma imaginação
Leba - laro - ô ô ô ô
Ebó lebará - laiá - laiá - ô
Reluziu...

PS.: Lembrei imediatamente do samba e do Joãozinho 30 quando vi esta caçamba pichada!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Aniversariante do dia, Eu!

Quando eu fiz 15 anos, há 20 anos atrás, eu não queria fazer. A ideia de que depois dos quinze o tempo voa e quando a gente vê já está com 30 me apavorava. Eu queria ficar com 15 assim... sem pressa, até me sentir preparada para fazer 20, depois 30 e por aí. A verdade é que o tempo passa voando sempre, mas nos pesa, ou nos massacra quando a gente tem muitas metas distantes e ao não alcançarmos nos sentimos frustrados. E me senti muitas vezes desajustada, como se não encaixasse em nenhuma situação, principalmente quando era adolescente. Sorte que passou a nóia!
Hoje completando 35 anos não vejo nada demais, nem peso, nem idade! (hahaha) Completar 35 não é um feito tão grande como o da minha avó que completou 90. E eu que pensava que nos anos dois mil seria uma velha! Sinto-me jovem e feliz! Muitas coisas mudaram, é verdade, mas o meu sentimento interior, aquela chama jovem segue sendo muito semelhante daquele lá dos meus 15 anos. Não tenho mais medo de envelhecer. Também não tenho, ou mantenho a ideia de que posso me preparar para completar determinada idade. Até porque a gente nunca está realmente preparado! Mas sei que posso me preparar (física, psicológica e espiritualmente) para viver com qualidade e paz interior em qualquer idade.
Não sei se foi a maturidade que fez isso, mas hoje me aceito muito melhor. E aceito inclusive os terríveis defeitos que tenho! Gosto da pessoa que sou e já não brigo mais tanto comigo mesma. Cuido bem da aparência externa, mas meu maior legado é o que tenho dentro. E dentro tenho muito amor e muitos amores, familiares e amigos guardados no peito, tesouro valioso!
Agradeço de coração aos meus pais e toda a minha família pela oportunidade desta vida com eles. Agradeço aos amigos queridos que tanto carinho me demonstram neste dia e em tantos outros. Agradeço a Deus! E que venham mais 35!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Amor

Uma vez me deram uma explicação, que hoje estava lembrando, do que Jesus quis dizer sobre "amar aos vossos inimigos". Por que como nós bem sabemos, amar a quem nos ama, aquelas pessoas de quem gostamos inteiramente "di grátis" é muito fácil. Mas conseguir conviver bem com pessoas que não simpatizamos é muito difícil!
E este amar não quer dizer amar, morrer de amores, passar acarinhando o outro. Quer dizer não odiar, não desejar mal, não cultivar ou alimentar a mágoa e os sentimentos ruins para com o outro. Vamos começar por não odiar, não desejar mal. Com o tempo... quem sabe consigamos transformar estes sentimentos e pensamentos. Porque para amar outra pessoa temos que ser completos e simplesmente amar e aqui vai uma coisa muito importante, amar sem esperar que o outro corresponda o sentimento na mesma intensidade.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

"Aproveita véio"!

Algumas pessoas da minha infância, parentes distantes ou amigos da família, são lendários. E acabaram por agregar nas nossas falas íntimas muitas expressões e palavras que fazem referência a eles. A Santa é uma delas. Ela era cunhada do marido da minha tia Rosa.
Entre suas expressões mais famosas esta "aproveita véio!". Ela sempre dizia isto para o filho quando ia na casa da minha avó, quando oferecia água gelada, dizia para ele ir ao banheiro e arrematava a frase com o famoso "aproveita véio!". É porque nada disto tinha na sua humilde casa. Um chalé bem pobre numa rua do bairro (ou seria vila?) Jardim Europa, aonde ela morava com o marido Darci e o filho.
A gente costumava fugir um pouco dela, pois ela não costumava tomar muitos banhos e seu cheiro não era lá dos melhores. Mas era uma pessoa de um coração imenso! Ela chegava sempre com a intenção de tomar chimarrão, mas o nojinho que guardavam minhas tias pelo fato de ela não escovar os dentes as impedia de matear juntas. Minha tia inventava uma dor de estômago ou algo do tipo e entregava o mate pra Santa. Ela sempre foi muito carinhosa, sempre nos pedia beijos e cumprimentos. Meu primo alemão fugia o quanto podia, o outro, o preto ia e beijava a tia logo, sem frescuras.
Na minha casa quase toda a semana ela passava pedindo pão, comidas, roupas ou qualquer outra coisa para alimentar sua família. Não lembro, apesar de toda a pobreza em que vivia, de tê-la visto triste. E ainda que faça muitos anos de sua partida (e já fazia alguns que não a via) consigo lembrar muito bem dela. Ela era muito magra, pernas e braços muito finos. Seu rosto era cheio de rugas e a pele curtida do sol. O cabelo castanho escuro pelo ombro era mal cuidado e seco demonstrando o quanto fora maltratada pela vida. Morreu relativamente nova, ainda que sua aparência fosse de uma mulher bem mais velha.
Das histórias da Santa a mais comentada entre nossa família é a de um convite que fez a uma ex-patroa para que lhe visitasse. Numa tarde chegou ela lá em casa. Papo vai, papo vem ela pergunta pra minha mãe se ela não tinha "guilha" (por "guilha" entenda-se lista telefônica ou guia (= guilha) telefônico). E a mãe não entendia e eu louca pra rir, sem saber a que ela se referia. Até que ela diz:
_Mais guria! Tu tem telefone faz um tempão e não sabe o que é "guilha"?! "Guilha" pra ver o número dos telefones.
Aaaaahhhhh!!!!! Pois foi esta a nossa expressão! E mais uma meia dúzia de minutos até encontrar o nome da ex-patroa entre tantas famílias.
A Santa era uma pessoa muito desembaraçada! Sem nenhum constrangimento ou sentimento de baixa estima, falava com a patroa, mulher até de algumas posses (como dizem os escritores antigos se referindo às famílias abastadas) como uma de nós, de igual pra igual, sem esta de classes ou diferenças sociais!
Depois de muita conversa sentada no sofá lá de casa ela resolveu convidar a amiga pra visitá-la. O detalhe é que a mulher nem ideia fazia de onde é que residia a dona Santa. Mas em todo o seu desembaraço lá vai ela explicando logo que não há porque de ela não vir, pois chegar na casa dela é muito fácil. E foi então dando todas as explicações e referências que a ela parecia serem necessárias.
_ A senhora pega o ônibus Bom Jesus, desce sem ser numa parada na outra, pega a estrada e vai.
Não há como uma pessoa conseguir chegar na casa de quem quer que seja com tais indicações, não é mesmo?
Minha mãe disse pra Santa, mas a mulher não vai achar tua casa!
_ Como num vai?! É só descer ali no Lauriano, pega a estrada e pronto. É só perguntar aonde eu moro, todo mundo me conhece!
Ah! A ingenuidade das pessoas, a simplicidade daquele tempo onde vivíamos realmente numa aldeia. Numa tribo aonde todos se conheciam. Aonde bastava perguntar pros gurizinhos jogando bola no meio da rua com traves marcadas por chinelos de dedos onde quem quer que fosse morava e lá eles iam correndo, sem camisas e de pés descalços gritando o nome da vizinha e apontando pra casa. E apoiada nesta ideia Santa argumentava que a ex-patrona (como dizia) viesse lhe visitar, tomar um mate e um café.
Não tenho certeza, mas acho que ela nunca veio visitar a Santa! Mas nada disse mudou o modo feliz de viver da Santa. Sim, um modo feliz que só agora consigo ver. Toda a miséria que vivia, as dificuldades da vida e os mal tratos não mataram a vontade de viver daquela mulher lutadora. Uma personagem rica com todas as suas cores. E ainda que seu odor fosse dos mais fétidos havia nela um frescor de vida, de vontade de viver que nem o tempo mais difícil foi capaz de apagar. Nada do que sofreu conseguiu silenciar sua gargalhada. A única coisa farta naquele corpo!

Recados perdidos!

Levar chave teste e fios! Tomara que ele tenha perdido o bilhete, mas não tenha esquecido de levar o material!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Jogo do copo, do compasso, caneta #HistóriasDeFantasma

Sempre tive medo desta "brincadeira" que, em certa fase da vida, várias pessoas praticam para satisfazer curiosidades sobre seu futuro. Talvez o que mais tenha me causado medo tenha sido o filme "O exorcista" em que uma menina, no início da adolescência, é possuída por um espírito que atormenta toda a família chegando a tirar a vida de um dos padres que a tenta exorcizar. O filme frequentou meus pesadelos por dias seguidos depois de tê-lo assistido, coisa que não faço mais nem que me paguem.
Várias vezes na minha adolescência escutei falar de gente que fez o jogo do copo. No colégio aonde eu estudava contavam que uma guria tinha feito. Durante as perguntas o  copo quebrou e a moça ficou estranha, perturbada. Possivelmente obsediada pelo espírito que veio responder seus questionamentos. Para quem não crê é bem provável que isto tudo pareça uma grande bobagem. Mas trata-se de contato com os espíritos, espíritos estes ainda não evoluídos visto que os que alcançaram algum grau na escala espiritual não tem tempo para joguinhos.
A situação que mais me impressionou foi a do ex-namorado de uma amiga. Estávamos eu, duas amigas e  mais o namorado de uma delas. Elas resolveram fazer o tal jogo do oculto em que se escrevia o alfabeto, números e as palavras sim e não num caderno. Duas pessoas faziam um círculo com a mão, colocavam a caneta no meio e através da caneta, que apontava as letras, as perguntas eram respondidas. Este moço, não acreditava naquilo. Eu não quis participar da brincadeira, mas estava presente. Ele perguntou ao espírito se ele sofreria um acidente de moto, ao que teve uma resposta positiva. Várias vezes ele perguntou e todas as vezes teve a mesma resposta. Quando perguntou o dia a resposta foi de que tal pergunta não podia ser respondida. Algum tempo depois o rapaz sofreu um acidente de moto e perdeu uma das pernas. Não faço ideia de como está o rapaz hoje em dia.
Na época não era espírita. Embora já acreditasse na doutrina ainda não havia começado a estudar e tinha lido poucos livros sobre o assunto. Mas como já havia tido a péssima experiência do filme nunca gostei das tentativas de saber do futuro através de consultas aos espíritos justamente por saber que quem vem nos responder são zombeteiros, entre outros. Parto do princípio de que o esquecimento é uma benção, não lembro quem fui e o que fiz na outra encarnação como uma proteção a mim mesma. E o futuro virá, no momento que tiver que vir. Sendo que, na verdade, o futuro é hoje, é o presente.
Ontem na aula de Doutrina no Centro Jesus comentamos o quadro do fantástico, bem ruim por sinal, que fala sobre fantasmas. No programa falaram sobre o jogo do copo e outras aparições de espíritos num casarão em Recife, casa aonde morou o escritor Gilberto Freyre. Ainda que muitos fantasmas que vejamos por aí possam ser criação da nossa mente e, principalmente, do nosso medo, isto não estingue a existência deles. Dos 21 minutos de matéria a coisa mais importante foi dita no final, "NÃO FAÇA O JOGO DO COPO".  A Federação Espírita alerta e confirma no vídeo os riscos de tal atitude!
Comentando o episódio do programa dominical lembrei do caso que relatei acima. E mais uma vez reforcei a ideia de que devemos respeitar os espíritos e aceitar a dádiva da ignorância quanto ao futuro.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Um poncho fantasma sobre as crianças famintas #HistoriasDeFantasmas

Minha família tem histórias que não acabam mais. Tem situações de altruísmo, engraçadas, tristes, emocionantes... Sempre gostei muito de escutar estas histórias de um tempo nem tão distante, mas acontecidas com pessoas tão próximas de mim. Os causos que aconteceram com minha bisavô são das que mais me emocionam, principalmente pela sua fibra e coragem de criar seus filhos praticamente sozinha com o suor do seu trabalho. Mais me orgulho por ela ter criado seus filhos logo no inicinho do século, períodos de fome e recessão.

Era uma época em que as mulheres não votavam. Era uma época que apenas as mulheres pobres trabalhavam tão duro quanto os homens. Labutavam em casa, na lavoura, aonde houvesse trabalho. Minha bisa era uma destas mulheres de fibra que pegaram na enxada para não deixar os filhos passarem fome, mas ainda assim muitas vezes viveram maus bocados.

Houve uma época, na colônia, em que suas refeições consistiam em amendoim torrado e chimarrão! Nada mais! Para completar ainda tinha um vizinho gozador que fazia piadas quanto a energia que teriam, fazendo, claro, uma referência ao potencial afrodisíaco do amendoim. A vó Mila não respondia pra ele, mas resmungava com minha avó:
_ Este filho da puta, até parece que não sabe que isto é a única coisa que temos pra comer!
E a velha jamais se deu por vencida e nunca baixou seu ânimo, seguia trabalhando, mesmo sofrendo com a fome, mesmo passando frio.

Numa noite destas de miséria na colônia foi que apareceu pra ela o espírito de um dos maridos falecidos. Sim, minha bisa teve muitos amores, ou companheiros, ou amantes. Até porque... naquela época as mulheres tinham que casar, tinham que ter um homem provedor da casa. Mas pelas histórias que ouço dela, me parece que ela teve muitos homens e também teve muitos filhos, mas viveu muito tempo por conta própria! E eu considero que o mérito da criação dos filhos é todo dela e da sua fibra.

Foi nesta noite fria de um agosto rigoroso que ele surgiu. Ela estava pronta para dormir e os filhos pequenos todos deitados numa mesma cama, com poucas cobertas, muito provavelmente improvisada. Então ele surgiu com seu poncho jogado para trás sobre o ombro.
_ Que miséria mulher!, disse ele tirando o poncho e cobrindo as crianças mal agasalhadas. A bisa contava que ele jogou o pala pra cima e quando caiu sobre as crianças já não estava mais lá.

Todos sempre queriam saber se na manhã seguinte o poncho ainda os cobria. Ou se a situação de miséria havia mudado. Nem o pala estava lá, tampouco a situação mudou. Mas creio que ela teve uma certeza, alguém, mesmo que num outro plano, olhava por ela.

Muito tempo de miséria ainda foi vivido pela minha vó Mila acompanhada da vó Mália e da Edite, as filhas com quem sempre esteve próxima. Ela desencarnou bem velhinha com 96 anos de idade, com o cabelo ainda bem pretinho preso numa trança bem comprida. Ela se foi de uma forma muito tranquila, que me alivia, pois foi tanto tempo de trabalho aqui, que seu desencarne deveria mesmo ter sido como foi. Minha mãe conta que ela estava tomando uma canja no hospital e conversando com ela e minha tia Ieda. A bisa deu um bocejo e se foi. Deixando muitas histórias pra gente sempre lembrar dela. Pra gente nunca esquecer dela!

sábado, 28 de julho de 2012

Cores...

Esquadros

Adriana Calcanhotto

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...
Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Palmas e correntes na casa do Biso - #Histórias de Fantasmas

Batidas, barulhos, mesas girantes foram os primeiros fenômenos espíritas relatados. As irmãs Fox foram as primeiras médiuns a manter contato com o mundo espiritual. O contato se dava através de pancadas e batidas, que com o tempo foram transformadas em letras do alfabeto e daí a "conversa" evoluiu. Depois vieram os fenômenos das mesas girantes, também contato entre o mundo espiritual e físico, que atraiu o então professor Rivail, futuro codificador da doutrina Espírita Allan Kardec.
Tendo este breve conhecimento é natural, ou pra alguns assustadora a ideia, de que certos sons escutados em casas antigas nada mais é do que a presença de certos espíritos ali. Bem como sentir a energia dos locais.
Na casa do meu bisavô haviam manifestações deste gênero. Conta minha mãe que o vovô dela morava na avenida Domingos de Almeida, nas imediações do colégio Ginásio do Areal. A casa era daquelas construções antigas, com alicerce feito de grandes blocos de pedras. Havia porão e sótão, cheio de coisas velhas. É provável que por ali.. um dia... tenham vivido escravos. 
A mãe conta que se escutava barulho de correntes pela casa. Ela conta que muitas vezes se escutava baterem palmas e chamar na frente da casa "em ponto de meio dia" e quando se ia ver quem era, não havia ninguém. Nunca se viu nenhum espírito pela casa, pelo menos que se saiba... 
Hoje vou fazer mais algumas pesquisas com a família e garimpar novos causos e historinhas.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

"A cena mais triste que já vi!"

Ninguém jamais suspeitou que a mãe sofresse de depressão, considerada uma das doenças do século. Nenhum outro mal a afligia. Não havia doenças do coração, nem reumatismo, artrose ou esclerose comuns para a idade de 80 anos. Realizava, apesar da idade avançada, todo o trabalho da casa, sem queixas e com agilidade. Vivia tranquila com o marido numa região da colônia de Canguçu. Da casa do alto do morro podia ver a casa de uma das filhas. Viviam aparentemente felizes.

Um domingo antes de completar 80 anos chamou todos os filhos para um almoço de família em sua casa. Vieram todos, menos Laerte, que decidiu não ir porque no próximo sábado seria o aniversário da mãe e ele iria aparecer. A mãe preparou um farto almoço, com ótimas sobremesas. Todos se divertiram, conversaram e riram aproveitando toda a felicidade daquele momento em que estavam reunidos, irmão, sobrinhos, filhos, netos.

Fernando seu pai não cabia em si de tão contente por estarem juntos enchendo a casa com gargalhadas, fala  alta e correria de crianças. O tempo rolou devagarinho naquele domingo de sol, quando puderam sentar na grama e sentir a brisa ao pôr do sol.

Na segunda feira nada havia mudado. A casa estava limpa, as coisas organizadas em seu lugar, Laura não era mulher de deixar arrumação pra depois. Pediu ao esposo que fosse a venda buscar alguns mantimentos e coisas para o almoço, isto eram pouco mais de oito da manhã. Mesmo tendo mais de 50 anos de casado, nunca desconfiou da intenção da esposa. Foi com seu carrinho até o armazém, alguns quilometros da casa.

Ela então preparou tudo com muito cuidado. Posicionou a cadeira, lançou a corda e apertou o laço. Colocou a corda em volta do pescoço e jogou-se no espaço com a mesma firmeza que fazia qualquer dos afazeres domésticos.
Ao voltar para casa Fernando se depara com a mulher já morta, pendurada por uma corda na sala de estar. Ainda que viva cem anos ele jamais entenderá como ela conseguiu colocar a corda tão alto, sendo de estatura baixa. Ainda que viva cem anos nunca conseguirá esquecer da visão que teve. E ainda que viva mais cem anos não saberá o porquê daquela atitude de deixar a vida.

Os vizinhos chamaram os filhos e o primeiro a chegar foi Laerte. Não haverá trauma maior para um filho do que ver a mãe enforcada.
_ Foi a cena mais triste que já vi! Entrar em casa e ver meu pai abraçado nas pernas da minha mãe morta! O pai nunca mais foi o mesmo depois daquilo! E como conseguir não é mesmo?

Quem imaginaria que um amor de infância acabaria assim?
Laura e Fernando se conheceram crianças e se gostaram. Ele prometeu que iria casar com ela, ela aceitou. Pelos doze anos foi pedir ao pai dela pra namorá-la. O velho olhou, com uma cara feia e disse que eles podiam ser amigos, mas namorar ainda estava muito cedo.
Fernando era um rapazinho sozinho na vida. Com dezesseis anos voltou a casa dela pra tentar mais uma vez o namoro. O pai dela disse que ainda estava cedo, que ele não tinha trabalho.  Ele resolveu arranjar um emprego junto a um armazém. 

Fernando tinha certeza de que ela seria sua mulher. Com dezoito anos ele já havia arrendado um pedaço de terra pra trabalhar. Os vizinhos davam força, o homem do armazém disse que faria um caderno pra ele e outros ofereceram dinheiro emprestado para eles casarem. Ele não quis o empréstimo. Voltou a pedir permissão para o namoro. Como ele se esforçava o pai decidiu dar uma chance, mas ele tinha que ter mais do que o que oferecia pra casar.

Não conseguia saber o que fazer pra conseguir chegar a uma condição melhor. Trabalhava de meieiro, arrendava, até que o pai da moça percebeu o quanto ele estava sozinho, o quanto ele era sozinho e deixou que ela fosse viver com ele. Mas havia a condição de casar.
O amigo da venda abriu um caderno pra vender fiado e ele seguiu pegando pesado no trabalho. Aos poucos conseguiram casar. Foram juntando dinheiro para comprar as terras que arrendavam. Conseguiram um valor grande, mas o dono da terra queria um pouco mais. Faltava uma parte. Com ajuda de um amigo, que emprestou, conseguiu completar o dinheiro. O dono das terras perguntou como ele havia conseguido o valor, ele contou, com sinceridade que a parte que faltava havia pego emprestado. O homem disse que ele devolvesse o valor para o amigo e que ele pagasse o restante quando tivesse. E foi assim que comprou suas terras, aos poucos, sempre dialogando muito com a esposa e decidindo juntos o futuro da família.
A vida foi de muito sacrifício e trabalho. E foi uma vida muito boa também! Tiveram e criaram os filhos com amor e carinho, sempre incentivando o estudo. Seu lema era "não temos nada pra deixar de herança, a herança de vocês é o estudo!". Tudo era dividido e decidido junto e ele acreditou que assim também seria na morte. Mas isto... ela decidiu solita! E ele segue solito vivendo na casa dos dois, limpando, cozinhando, arrumando a casinha com o carinho e o cuidado que lhe são peculiares. A saudade aperta sim, sufoca até. Faz parte, é o que dizem.  Só seu Fernando não quer morar com nenhum filho, quer viver na sua casinha, até quando Deus quiser!


PS.: Esta história, como a maioria dos meus contos, é baseada na história real de um senhorzinho muito guerreiro e querido que conheci. Tem algumas modificações mas o cerne é verdadeiro.
Quem podia prever ou se quer pensar no mais louco dos delírios que a história de amor que começou na infância acabaria com o suicídio dela?

terça-feira, 17 de julho de 2012

O homem gigante - Histórias de Fantasma

Entre as histórias que escutava quando criança de aparições e fantasmas sempre estava a do "Homem gigante". Hoje em dia, conversando com minha mãe, testemunha ocular do fato, a gente se pergunta se o homem seria tão grande assim, como aos olhos de uma criança. Ou se tudo não passava de imaginação.

Assim como a mulher de branco que aparecia pelos campos da Bom Jesus, o gigante também era uma história recorrente e várias pessoas contavam tê-lo visto. Não se sabe ao certo se o objetivo dos causos era impressionar as crianças ou exaltar a coragem de quem havia visto o tal gigante de perto.

Minha mãe conta que ela e a família haviam ido visitar o avô. A noite era quente e enluarada. O caminho era relativamente grande, visto que eles viviam no mato (aonde hoje é o bairro Dunas) e a casa do vovô era na Domingos de Almeida (aonde hoje é o colégio Ginásio do Areal). Eles iam andando, pois naquela época visitar os amigos e parentes era o divertimento, visto que não havia luz elétrica nem televisão. Os passeios eram recheados de boas conversas com gente amiga e um grande frege entre os irmãos na volta pra casa.

Foi em meio a este frege todo que o homem gigante apareceu com seu macacão de brim e botas de borrachas gigantes! A mãe conta que vinham naquela algazarra quando viram o homem. Uns ficaram mudos, outros falaram pro meu avô: "_Papai olha  homem!" Meu avô, que minha mãe diz que era o herói dela, respondeu: "_Deixa o homem!"
O homem passou e foi s'mbora.
A mãe conta que o homem ia crescendo, cada vez se tornando maior, até sumir pelo meio das árvores.

Fico pensando que bem pode ser o espírito d'algum lenhador que ainda não havia se apercebido da morte. Ou talvez, minha mãe cogita, seja um homem comum, apenas com uma estatura um pouco mais avantajada e por conta de tantos causos de assombração criaram uma imagem de um homem realmente gigante. Vai saber? Ela mesma não sabe se era um homem ou um espírito, ainda que tenha participado do acontecido.

No meio das historinhas criadas pela mente das crianças tá o sonho que a minha sobrinha Larissa teve depois de escutar a história do homem gigante pela primeira vez. Leiam e digam se a imaginação não é como fermento.

Larissa  Soares  Guadalupe.

  Eu  tava  tomando  café  com  a  minha  dinda  Danieli    e  ela  pediu  pra  minha
 Vó  contar   a  história  do gigante  e  ai  a  hora  que  eu  fui  dormir  eu  sonhei  com  o  gigante.
Eu  tava  no  computador  pois  o  gigante  era  uma  lenda  ai  eu  imprimi  uma  foto  do  gigante e  ele  apareceu  na  janela  e   eu  fiquei   do  lado  da   cama  olhando   a  foto  e  a  cara  dele  muito  assustada e  ele  pergunto  meu nome, eu respondi  e  perguntei  o  nome  dele  e  a gente ficou  conversando  e  no  final  ele  era  bonzinho  e  legal.
Ele  tinha  rugas,  o  nariz achatado  e  sobrancelha grande.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O fantasma do meu avô e a vizinha fofoqueira - Histórias de Fantasmas


Eu gosto muito desta história, mas preciso contar um pouco da história da família da minha mãe pra que possam compreender bem como as coisas aconteceram. Já contei em outros textos que a família da minha mãe sempre foi bem pobre e veio da colônia para morar na cidade. A vida era bem dura, quando mudaram para o mato a casa resumia-se a uma tapera, faltavam janelas, problemas no telhado entre outros. Fico imaginando minha mãe e meus tios pequenos, meus avós e minha bisa, mais minha tia avó em volta dos cuidados da casa e tudo mais no meio daquele mato de eucaliptos, numa época em que tudo era mais escasso. Mas a simplicidade daqueles tempos também era outra.

A lua era quem iluminava as noites, numa lua clara como o dia, conta minha mãe. O céu era pesado de estrelas e o perfume da noite era um cheiro gostoso de eucalipto, dama da noite e jasmins. Como o cheiro da nossa infância era bom! E como ele nos remete a lugares tão lejos! O cheiro da comida da minha tia Eva e o perfume do tio Teco fazem com que eu volte aos cinco, seis anos de idade!

E as histórias que minha mãe e minha avó contam me envolvem de tal forma que algumas já são minhas também, ainda que não as tenha vivido. Foram tantas vezes que as ouvi quando criança que parece que algumas até são como um filme que assisti, quando as pessoas comentam as imagens invadem minha cabeça. Esta história do meu avô, por exemplo me povoa o imaginário de um jeito que se pudesse projetaria as imagens da minha imaginação num telão pra que todos pudessem ver.


Meu avô morreu muito jovem. Perdeu a visão, prejudicada, segundo dizem, pelas consequências da segunda guerra mundial onde foi pracinha e perdeu um olho por conta do erro de um médico, que acreditava que não havia como recuperar a visão. O outro olho teve um terço da visão recuperada pelo doutor Paulo Sidney Castagno. O vô morreu aos 50 anos do coração. E é aí que a história se desenrola.



Lá no mato ao lado da casa aonde morava a família da minha mãe vivia uma vizinha, a dona Irene. Meu avô não ia muito com ela, nunca tratou mal, mas deixava claro de que não simpatizava com a dita cuja. Achava-a bisbilhoteira, fofoqueira, intrometida, falcatrua. Sempre na hora das refeições dava um jeito de ir na casa da vó. O vô disse que não queria ela lá e nem os filhos na casa dela. Mas minha mãe ia de vez enquando.

Depois que meu vô faleceu começaram a apedrejar a casa da dona Irene. Sim, a pedra batia na casa, fazia barulho, eles saiam pra ver e não havia nada. Nem pedra, nem ninguém que a tivesse jogado. Um dia ela disse que meu avô, o seu Bispo, como ela o chamava, estava por lá. Depois disse que o tinha visto saindo da casa e entrando na patente, com a camisa branca aberta. Minha mãe disse que ela estava louca que o vô tinha morrido. E as pedras seguiam rolando pelo telhado dela.

Resolveram cuidar, investigar. Como na casa dela haviam duas portas, meu tio Toninho ficou numa porta e o marido dela na outra. Quando eles escutavam a pedrada saia cada um por uma porta, faziam a volta na casa, cada um por um lado e... nada. Ela insistia que era o seu Bispo.



Uma outra vizinha que era de terreira dizia que era mesmo meu vô que não queria a dona Irene por lá. Então ela escutou no ouvido dela:

"_ Eu te avisei!"

Dias depois ela arrumou uma casa noutra rua e se mudou. Contou que viu uma última vez meu avô perto da casa durante a mudança. E depois nunca mais.

O vô fez com que ela se afastasse da sua família. Vai ver que do lado espiritual conseguiu enxergar algo que, no plano físico não seja possível. Como eu poderia duvidar com tantos olhos buscando as pedras sem achar? Como diria uma personagem do livro Tieta do Agreste “mistééério”! Para os espíritas apenas uma comprovação do que eles já sabem... a vida continua sim.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Poltergeist - História de Fantasmas

A história foi contada inúmeras vezes e entre as pessoas que a contavam estava a minha bisavó Corália, uma mulher muito séria, que não mentia. A dona Corália era mãe do meu avô Dorocildo, pai da minha mãe. Naquela casa, lá em Porto Alegre aconteciam fenômenos inexplicáveis. A bisavó, contava pra minha mãe e meus tios que dos armários saltavam sacos de farinha, arroz, açúcar.
Que uma vez, naquela casa vinham tesouras e facas direto na direção deles, no ar, não se sabe como elas pararam sem atingir ninguém.

As histórias aterrorizavam a imaginação da minha mãe! Diz que uma das tias era de encarar os desafios, e que eles deitavam na cama e aquela coisa jogava as cobertas longe. Esta tia resolveu enfrentar e disse que duvidava aquilo acontecer com ela. Deitou e cobriu-se, e veio a força e jogou a coberta pra fora da cama. Ela puxou a coberta e disse, quero ver? E lá se foi o cobertor pra longe dela.

Algo inexplicável acontecia por lá! Parou de acontecer, assim como começou, sem nenhuma explicação. Nos perguntamos porque coisas como estas acontecem numa família, mas nenhuma explicação nos chegou. Dizem que um poltergeist pode acontecer quando uma menina, ou garota entrando na adolescência sofre algum tipo de abuso sexual e sua energia acaba por realizar os fenômenos. Não sei se dentro da doutrina espírita isso é falado. Mas, somos energia e a energia de uma pessoa em situação de abuso deve realmente ser muito forte!
O que sei, pela doutrina Espírita, provado cientificamente, os médiuns de efeitos físicos. Pessoas que pela sua presença tem a aptidão de produzir fenômenos materiais. Diz no livro dos médiuns questão 160 "Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais como os movimentos dos corpos inertes, os ruídos, etc. Podem ser divididos em médiuns facultativos e médiuns involuntários. (Ver 2ª parte, caps. II e IV)."

Contam,  também que próximo de onde era a Pepsi-Cola, aqui em Pelotas, que havia uma casa aonde aconteciam fenômenos inexplicáveis. Estes aconteciam sob a "tutela" de um gurizinho. Falam que também objetos eram movidos sem que ninguém os tocasse, coisas voam. Lembro da minha mãe contar que os talheres se entortavam e quebravam, no melhor estilo Uri Geller. As histórias acontecidas aqui, bem pertinho de mim deixavam meus cabelos em pé!

Eram barulhos de louça sendo lavada, colchões pegando fogo e mais uma série de acontecidos que povoavam minha mente infantil de medo. Hoje, através do estudo da doutrina Espírita encontro algumas explicações e sinto-me menos apavorada com este tipo de acontecimento, pois todo o efeito tem causa. Mas esta história da família da minha mãe, do lado do meu vô, estes pacotes voando pelo ar sem que ninguém os jogassem ainda é um fato intrigante.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A mulher de branco - Histórias de Fantasmas

A temida mulher de branco é uma personagem comum entre os contos de assombração pelo mundo todo. Ouvi várias histórias diferentes de mulheres assombrações. Algumas que surgiam nas estradas pedindo carona aos caminhoneiros e despediam-se na frente do cemitério.
Uma das histórias mais famosas conta que numa cidade havia uma moça muito bonita que ia nos bailes e dançava a noite toda com os rapazes. No final da noite o rapaz se oferecia pra levá-la em casa, colocava gentilmente seu casaco sobre os ombros da frágil donzela, que se despedia dele no portão da casa. Outras vezes era no portão do cemitério.
O moço muito cavalheiro deixava com ela o casaco, com o intuito "desinteressado" de reencontrar a dama encantadora. Geralmente no dia seguinte ele voltava a casa da moça com a desculpa de resgatar o casaco. Mas a surpresa algumas vezes era aterradora, a dona da casa dizia logo de saída que não havia jovem alguma vivendo ali. Vai então que ele via o retrato ou com a descrição a mulher dava-se conta de que a jovem em questão se tratava da filha falecida.
Mas uma das histórias da mulher de branco que mais escutei na vida foi a da minha tia Rosa e do meu avô. A família da minha mãe, como já contei em outras historinhas por aqui, era muito pobre. Eles vieram da colônia para a cidade morar num lugar que chamavam de "vila preta", aonde hoje se localiza a avenida República do Líbano, a Cohab dois, por ali...
Depois ofereceram pro meu vô uma casa no mato, pra cuidar do mato (aonde atualmente é o bairro Dunas). Nesta época meu avô já tinha ido lutar na Itália, do lado dos aliados contra os nazistas na segunda Guerra Mundial. Sim, ele foi pracinha e namorou umas italianinhas por lá, claro! Por causa de uns estilhaços e catarata ele acabou perdendo a visão de um olho. Conforme ele contava, o doutor meteu o dedo no olho dele arrancou e deu pro gato comer. Como podem ver, meu vôzinho era, também, um contador de histórias.  E neste mato foi preciso reformar toda a casa, que parecia aquela da música, não tinha porta e nem janelas.
Bem, mas a história é de fantasma, ou melhor, da mulher de branco! Mas contei tudo isto pra vocês se localizarem, geograficamente, na história. Meu avô e minha tia Rosa, na época criança pela volta dos oito anos, acho, foram buscar lenha. A noite era de lua clara que, naqueles tempos em que não havia iluminação pública, clareava como o dia com sua luz prata. A tia Rosa conta que meu vô vinha com uma mão no ombro dela e com a outra segurava o saco de lenhas sobre a cabeça, quando de longe avistaram uma mulher vindo em sua direção, quando atravessavam o campo, próximo da caixa d'água. Ele chamou atenção da tia dizendo:
_ Lá vem a chininha, deve ter achado que demoramos demais!
Meu vô chamava a minha vó por este apelido. Seguiram caminhando, então minha tia disse que a mulher não pisava no chão, mas voava, flutuava no ar. Passou por eles falando coisas incompreensíves e tocou no ombro da tia Rosa.
Com medo ela disse:
_ Papai a mulher me tocou!
Deixa a mulher, deixa que ela vá.
Acho que meu vô conhecia a mulher de branco. Sério, a vó disse que ele contava que foi tomar água uma vez numa sanga, na colônia e quando ele encheu as mãos pra levar a boca surgiu uma mulher pedindo um gole, quando ele colocou água no quepe e ergueu o rosto pra lhe alcançar ela já havia sumido.

Todos os relatos sobre a mulher de branco narram uma moça muito bela que moreu jovem, algumas vezes por amor, outras em acidentes trágicos e noutras ainda... assassinadas por algum namorado ou amante ciumento. Algumas destas histórias fizeram parte da série histórias extraordinárias e fazem parte do imaginário, dos mitos e lendas de todas as cidades.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lobisomen - História de Fantasma

Qualquer um pode ser ou se transformar num lobisomem. Sim, tu não acreditas? Pois quando eu era criança todo mundo conhecia pelo menos um na sua rua ou no bairro. Toda a cidade tinha um que aterrorizava os cidadãos com seus caninos e garras afiadas. Reza a lenda que, para virar um lobisomem existem duas ou três maneiras. Uma delas, que acho a mais sedutora, acontece se um homem deitar no mesmo local aonde esteve deitado um animal. De acordo com as narrações que escutei na infância a sombra do bicho no qual o candidato deve deitar não precisa, necessariamente ser de um lobo, pode ser uma vaca, um boi, um cavalo, ou qualquer outro animal.  Mas tem que deitar imediatamente após o animal levantar, o local deve estar "quente". Pelo menos esta era a teoria que meu tio Zé.

Tinha também aquela história de que numa família aonde nasce sete homens em sequência o último seria um lobisomem. Para evitar a tragédia o irmão mais velho tinha que batizar o caçula. Quando eram sete mulheres a "maldição" contava que a última seria bruxa, se a mais velha não a batizasse. Ou ainda se depois de sete mulheres nascesse um guri, este seria lobisomem. O mesmo acontecia na sequencia de homens, só que a mulher seria bruxa.  Esta parte de quem nasce lobisomem é meio confusa pra mim!
Também tornava-se lobisomem todo aquele que fosse atacado pelo monstro e ferido por mordidas ou arranhões.
Os lobisomens todos sabem, são aqueles homens que se transformam em lobos nas noites de lua cheia. Cresciam pêlos por todo o corpo do vivente, as garras eram afiadas e os caninos bem aparentes. O objetivo dos caninos do lobisomem não era o mesmo dos vampiros, mas havia alguma semelhança.

Para que o homem contaminado deixasse de ser lobisomem era preciso ferí-lo com um objeto cortante e tirar sangue do bicho. Desta forma ele voltaria a sua  normalidade, deixando de uivar para o céu nas noites de lua. Outra versão diz que o lobisomem nunca deixa de ser lobisomem, desta forma a única solução é matar o monstro. Para isto é preciso um tiro com bala de prata no coração.
Diziam também que na noite em que se transformava em lobisomem o cidadão arrancava suas roupas e as deixava todas do avesso jogadas por onde passava.

Das histórias de lobisomem a que mais lembro era uma que minha mãe contava. Ela contava que a mulher estava deitada esperando o marido, já de camisola vermelha. Mas ele estava atrasado. Ao escutar um barulho no pátio da casa ela foi ver do que se tratava. Deu de cara com um lobisomem que a perseguiu. Na tentativa de pegá-la rasgou com os dentes a camisola dela. Ela conseguiu fugir para dentro da casa e trancar-se. Adormeceu sem perceber a chegada do marido.
Na manhã seguinte, estava fazendo um cafuné no bem amado. Foi quando ele sorriu e ela viu o pedaço da sua camisola preso nos dentes do esposo. A expressão mais assustadora pra mim ao escutar esta história era a frase com que minha mãe encerrava.
"_ Era ele o lobisomem!"

Meu Deus!,  eu pensava. A mulher era casada com o lobisomem e ele queria matá-la, o que sobraria, ou melhor, o que ele não faria comigo que não sou nada dele? Hoje acho a história engraçada, mas confesso que na época ficava a-pa-vo-ra-da! E o mais apavorante não era isto e sim o fato de que eu morava numa casa com um pátio grande e, às vezes, precisava ir, de noite, buscar  a toalha na peça do tanque de roupas. Tchê! O pátio era iluminado, mas eu ia correndo e voltava correndo pra dentro de casa.

O tio Jocely também sempre contava que na frente da casa aonde ele morava quando rapaz vivia um lobisomem. Ele contava que numa noite de lua cheia o cara entrou no quarto dele, mas não era como um cachorro qualquer. Era um bicho grande que andava de pé. Um cachorro enorme, de pêlo preto que caminhava em duas patas! O cachorrão entrou e tocou no meu tio. Ele achando que era o irmão sentou na cama e começou a conversar e o outro não respondia. Sentou ao lado dele e ficou parado, com uma respiração ofegante. Parecendo um cão mesmo. Então meu tio, ainda no escuro, passou a mão pelo rosto daquele ser que havia chegado e só encontrou pêlos. Ficou sem saber que reação ter, ficou paralisado de medo. Então o lobisomem foi embora sem fazer nada com ele.
Todos na rua sabiam que o filho da senhora que alugava a casa pro meu tio e o irmão dele era um lobisomem e nas noites de lua andava pelas ruas amedontrando as pessoas. Ninguém gostava dele, nem lhe dirigia a palavra com medo do monstro em que se transformava. Mas o tio Jocely é pessoa boa demais, sempre foi, desde novo. Nunca tratou mal pessoa nenhuma, nem mesmo o lobisomem! Talvez por isto o bichão não lhe tenha feito nada.

É tanta história de lobisomem que até perco as contas e acabo por esquecer alguns detalhes! Outro causo que o pessoal contava muito é que, o cara que ia se transformar no lobisomem se reborcava (como dizem por aqui os mais velhos) no capim, bem no lugar aonde durante o dia havia estado outro animal qualquer. Daí então começava a metamorfose, primeiro os pêlos das orelhas começavam a crescer, em seguida os dentes e em questão de segundos o homem estava coberto de pêlos e virado num lobo, geralmente negro. Foi um cachorro preto destes, muito maior que um cachorro grande "normal" que deu uma carreira no Zé Luiz. Más o que! Ele vinha de bicicleta naquela noite enluarada, quando se deparou com o cachorrão. Foi então que começou a pedalar o mais rápido que pode, com toda a força para deixar o lobo pra trás. Mas ele era muito rápido e quando menos esperava estava ao lado da bicicleta de novo! E foi assim o caminho inteiro até chegar em casa! Dava distância mandando pedal e quando via a fera estava do seu lado de novo! Parecia assombração, mas era um cachorro, pensava ele. Grande... preto... mas um cachorro. Estava ali diante dele! Só que o medo foi crescendo cada vez que o cão chegava perto.

Quando avistou a casa da esquina pensou, agora é que vamos ver. Pedalou o mais que pode, desceu da bicicleta ainda andando! A magrela se estatelou de um lado e foi o quanto pulou a cerca da casa. Entrou no alpendre da casa e olhou para rua... lá estava o lobo negro, rosnando e mostrando os dentes pra ele, numa ameaça. O Zé entrou pra dentro de casa e deixou a bicicleta na rua. Teve certeza, embora até aquela noite não acreditasse em histórias de fantasmas e monstros, que aquele cachorrão era um lobisomem.

E eu aqui, escutando a chuva... vendo alguns relâmpagos que clareiam a casa toda... vôu verificar, pra ter certeza só... de que a porta esta fechada com a chave. E que... e que, só pra conferir, na rua não tem nenhum lobo preto rondando a quadra!

terça-feira, 26 de junho de 2012

O pé redondo - Histórias de fantasmas


Quando eu era criança, era muito comum, em noites que se juntava toda a família as pessoas contar histórias de terror, principalmente para apavorar as crianças. Todo mundo tinha um causo pra contar de assombração, de fantasma, da mulher de branco, de lobisomem e por aí ia...

Nossos olhos ficavam abotoados de pavor imaginando aquelas criaturas e a situação se desenrolando seja lá aonde tinha se passado. Na minha família todo tipo de causo de assombração aconteceu e pensei em dividí-las com uma série contando aqueles de que lembro.

Começo a série com a história de um primo da mãe, o Vilnei. Dizem as más línguas que ele era mentiroso, inventava histórias cheias de detalhes, que amedrontavam quem escutava e que jurava de pés juntos, cruzando os dedos e tudo de que se tratava da mais pura verdade. 

Teve uma época em que a bicicleta era um meio de transporte único para os trabalhadores, os namorados que iam visitar as amadas ou para quem precisava levar um recado, ou fazer compras, enfim... Hoje tem pessoas que querem cultivar (ou seria replantar?) a ideia na tentativa de um mundo com menos poluição, menos carros, menos estresse. A ideia é boa e tem germinado, tomara que cresça muito e dê frutos. 

Mas naquele tempo em que a bike era o meio de transporte, esse primo da mãe não fugia a regra e andava de bicicleta pra todos os lados, pro serviço, pras festas, nos passeios.
O Vilnei contava que tudo aconteceu numa noite de lua cheia tão clara que iluminava tudo! Ele vinha da Sanga Funda, ou seria do Fragata? Bem, ele vinha num destes caminhos pedalando naquela noite enluarada. Antes de chegar perto do cemitério contava ele que alguma coisa pediu uma carona. E a bicicleta ficou pesada que só vendo! E ele pedalava sem coragem de olhar pra trás ou pro lado e descobrir do que se tratava.

Tremia de medo olhando apenas pra frente e fazendo tremendo esforço nas pernas pra movimentar a bicicleta. Num momento de coragem olhou por baixo do braço e viu... viu o pé redondo do caroneiro aterrorizante. Com certeza deve ter pedalado um pouco com os olhos fechadas na tentativa de não ver mais nada. Quando chegou perto na frente do cemitério o caroneiro saltou gritando:
_ Muito obrigado!

E o Vilnei, como dizemos por aqui, se cagando perna abaixo de medo da assombração. Chegou em casa e jogou a bicicleta em qualquer lugar e se socou debaixo das cobertas tapando a cabeça. Todos queriam saber o que tinha acontecido com ele, qual era o problema. Mas ele apenas disse:
_ Dei carona pro diabo!

Esta história foi contada tantas e tantas vezes na minha infância que perdi a conta! Povoava nosso imaginário, nos amedontrava demais. Hoje em dia, comentando o causo chegamos a achar graça do acontecido e nos perguntamos, como é que sentíamos tanto medo!
O Vilnei, muitos anos mais tarde foi encontrado morto com uma facada em frente a casa em que vivia sozinho. Nunca se descobriu o assassino ou o motivo do crime. Esta sim é uma história de terror! Talvez a palavra correta seja trágica! Um causo muito triste da vida real, causo de morte matada e das quais os jornais estão cheias.


sábado, 16 de junho de 2012

Dores do corpo e da alma

E aí vejo a dor nos teus olhos, mas tu me diz que não há dor alguma.
Teu corpo ontem forte, ágil e viril, agora está frágil, pequenino e fraco
Mas a tua fé segue firme, ainda que tudo ocorra ao contrário do que tu pensas e acreditas,
Dia-a-dia a tua ideia de como as coisas iriam acontecer vão caindo por terra e as palavras, os diagnósticos médicos se comprovam.
Na tua ilusão nada disso está acontecendo!
Teu corpo passa por dores horríveis, o reflexo esta nos teus olhos, que foram vivos... hoje eles estão opacos...
E teu disfarce não me engana, teu suspiro te delata.
Juro que queria que todos os teus ais fossem de amor, teus vômitos de porre, tuas noites em claro de pura farra!
Que teu desânimo fosse preguiça de gente jovem que tem a vida pela frente e tua inapetência a consequência de um amor não correspondido.
Teu corpo exibe marcas que tu tentas esconder e tua alma... essa traz tatuada a cicatriz de cada uma destas dores. E mesmo que tentes sufocar ou apagar os sinais são vistos, e muitas vezes marcam nossa alma também!
É tão terrível esperar, no silêncio, que tu solte um gemido ou uma tosse dolorida para ter a certeza de que ainda segues vivo.
É aterradora a ideia, da possibilidade, de chegar em casa e ter te acontecido algo.
O respeito pela opção que fizeste existe. Mas como compreender? Como engolir o choro vendo que tua dor esta diante de mim sem disfarces? Sim, porque ela está, tentativa de escondê-la é tão ineficaz como o gato que se esconde atrás da cortina mas deixa a cola de fora.
E não nos dói o fato de ter, a nossa frente a tua dor, exposta, explícita. O que dói é não poder fazer nada, é saber que tem muito mais dor lá no fundo, medo, fragilidade e angústia que gritam silenciosos e não podemos dizer "fala queremos te ouvir", pois negas sempre o que sentes.
Ficamos assim, meio de banda, ao lado, olhando e observando como se não o tivéssemos fazendo e rezando pra que as dores do corpo sirvam para fortalecer a alma. Eu sei que serve!

PS.: Escrevi com uma inspiração especial/espiritual.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cartas guardadas

Não costumo comemorar o dia dos namorados. Não, só pelo motivo de não ter namorado, mas porque realmente sou péssima com datas. Lembro dias antes do aniversário das pessoas e no dia mesmo acabo esquecendo ou lembrando tarde da noite. O mais engraçado é que, meu primeiro namorado que tinha uma memória horrível e esquecia tudo e perdia tudo também, sempre lembrava de aniversário de namoro e coisas assim. E eu, que não perco nada e lembro de quase tudo (na época lembrava de tudo, agora eu estou  parecendo a Dory) nunca lembrava da data. Até hoje não faço nem ideia do dia, lembro só que foi em agosto de 1996. Já serve né?

Neste ano eu dei uma revirada nas minhas caixas de lembranças, com mil cartinhas, postais, bilhetes e tudo mais. Encontrei um chaveiro que meu pai tinha feito pra mim há séculos e que meu amigo Alexandre tinha escrito o nome dele, tri abusado! Encontrei até a logo marca de uma meia da Gang que tinha guardado como lembrança de um presente de amigo secreto do colégio. Meu amigo secreto tinha sido o Alexandre e aquele foi o último ano em que nós estudamos juntos. Depois a gente se perdeu e agora se reencontrou pelo facebook.

Encontrei uns cartões de natal das amigas e o convite de um aninho do filho de uma amigona! Tem tanta coisa lá! E algumas daquelas coisas eu jurava que já tinham ido fora! É que quando mudei da casa em que nasci, cresci e quase envelheci tive que me desapegar de muitas coisas, tipo cadernos velhos da primeira série, agendas e mais agendas cheias de adesivos e histórias da minha adolescência, papéis de carta, e mais uma série de cousas que li e reli, abracei e beijei e depois me despedi. O engraçado, ou não, é que tem coisas que me desfiz que penso que ainda tenho, chego a procurar nas caixas! E outras... que penso que já foram fora estão lá e vez por outra dou de cara!

Tenho alguns trabalhos da faculdade, uns "xerox", um caderno em que colei a foto do Johnny Depp.  Sim, tem as cartas. Estas são as mais importantes de tudo que tem ali. Cartas que troquei com meu primeiro namorado! Algumas, inclusive, com rascunhos das que eu mandei pra ele, são raros, mas tem. Cartas, cartões e postais que recebi de amigos. Expressões e palavras de amor e carinho que guardo nas cartas guardadas nas caixinhas, mas que me aquecem o coração e a alma toda vez que releio.

Comemorar o dia dos namorados é bom, mas eu gosto mesmo é de celebrar o amor todo dia e toda vez que remexo neste baú de lembranças trago amigos pra pertinho de mim. Posso sentir o carinho de alguns que já fizeram a viagem.